5 anos de Aventuras em Galar

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Feliz aniversário!

 

              5 anos. 5 anos? Como assim, 5 anos?! Aventuras em Galar faz 5 anos! Que loucura!

 

              A jornada de Aventuras em Galar teve início em 2019, mas o seu fim ainda permanece distante. Em 5 anos, estamos prestes a alcançar o marco do Capítulo 30! É uma viagem a um passo lento, com tempo para descansar, olhar em redor e observar o mundo à nossa volta. Afinal, a vida é mesmo assim. Por vezes vivemos num ritmo mais acelerado, noutras alturas está tudo mais tranquilo.

 

              Apesar dos bloqueios criativos que se fizeram sentir principalmente no último ano, continuo orgulhoso do trabalho realizado até então. Sei que a caminhada é longa, mas é muito gratificante continuar a escrever esta história magnífica pela qual me continuo a apaixonar todos os dias.

 

              Quero deixar um agradecimento muito especial a todos os meus companheiros da Aliança Aventuras, sem eles não teria a energia, inspiração, carinho e atenção para continuar este desafio! E agradeço igualmente aos leitores, a todos eles. Aos que continuam a acompanhar a história, aos que abandonaram por variadas razões e àqueles que ainda estão por vir. Sem vocês nada disto seria possível!

 

Gosto de pensar que a história de Victor, Gloria, Hop e todas as restantes personagens marca não só a minha vida, mas também a vossa. Afinal, são as ligações humanas que fazem o mundo girar e acontecer. E eu sou um sortudo por poder criar este mundo mágico e magnífico! Continuaremos, em frente, a desbravar este universo único.

 

Feliz aniversário, Aventuras em Galar!


Notas do Autor - Capítulo 29


CAPÍTULO 29

O desafio continua


De regresso


Se eu vos disser que o último capítulo que escrevi para a história principal de Aventuras em Galar foi em outubro de 2022 vocês acreditam? Pois, eu também não. Mas a verdade é essa. E eu nem me apercebi de o tempo passar tão rápido.

O Capítulo 29 marca o meu regresso à escrita rotineira. Por isso, o título “O desafio continua” também se aplica ao próprio autor, para além das suas personagens. Um pequeno lembrete para mim e para os restantes escritores e criativos que se encontram numa fase mais atribulada.

A verdade é que durante longos meses não senti motivação nem encontrei tempo para tal feito. Mas, numa das minhas entradas silenciosas pelo Discord, o querido Shadow deixou-me uma mensagem simpática. Acabámos por trocar palavras sobre as nossas vidas atribuladas e o próprio acabou por me motivar bastante para sair desta bolha de falta de inspiração. E, finalmente, voltei a debruçar-me sobre esta história apaixonante. Aqui deixo os meus sinceros agradecimentos ao meu colega, companheiro e amigo Shadow!

 

O reencontro


Depois de longos capítulos com o trio protagonista separado, Victor, Gloria e Hop voltam a encontrar-se. Os sentimentos são muitos e bastante complexos. Mas todos eles se encontram rodeados por outras pessoas, o que não facilita a comunicação entre os três. Quem nunca passou por isso? Querer dizer ou fazer algo com um amigo próximo, mas sentir-se “travado” devido à presença de terceiros? É isso que vemos acontecer, constantemente, neste capítulo.

Mas, nada temam! A estadia por Hammerlocke ainda vai durar por mais um capítulo e brevemente teremos respostas para todas as pontas soltas.

 

Gloria e Oleana

 

Aqui estão duas personagens que nunca planeei juntar, mas a escrita uniu, involuntariamente.

Ao longo da Temporada 1, Gloria acabou por se tornar no elemento do núcleo protagonista que ficou mais “apagado”, algo que se alinha com as intenções da personagem: esta sua indecisão e interesse por explorar outras vertentes do universo Pokémon são características da própria, que começarão agora a ser exploradas.

Oleana, uma personagem exterior ao núcleo íntimo de Gloria, reconhece o interesse da jovem por outras temáticas. Esta é uma personagem chave na nossa história, que pretendo introduzir aos poucos. Penso que esta ligação com Gloria pode ser uma abordagem inicial bastante interessante para os leitores a conhecerem.

 

Dottler VS Abra/Kadabra


O interesse de Dottler pelo trabalhos dos cientistas da Macro Cosmos vai de encontro ao conflito interno que Gloria, a sua Treinadora, tem de enfrentar ao longo destes capítulos: explorar algo que não era suposto, a priori. Ao mesmo tempo, a curiosidade do Pokémon desperta o interesse de Avery, apaixonado por Pokémon Psychic-Type.

              O confronto entre ambos os jovens revela-se vantajoso para Avery, que domina as habilidades psíquicas e usa isso a seu favor. A evolução de Abra é um lembrete do seu potencial, que a partir de agora chocará com a evolução de Gloria enquanto Treinadora Pokémon, servindo de catalisador para a personagem.

              No que diz respeito a Avery, foi bastante interessante ver a personagem desenrolar-se ao longo do conflito. Todos os seus truques e estratégias surgiram naturalmente, o que me surpreendeu. Senti que a personagem falava diretamente contigo: “Deixa-me fazer isto desta maneira, eu sei como vencer este combate!” – E não é que conseguiu mesmo?


Capítulo 29

 


A noite no Pokémon Center de Hammerlocke era habitualmente agitada. Vários turistas chegavam à cidade em busca de uma cama para descansar, enquanto diversos jovens treinadores acabavam mais um intenso dia de treinamentos e, consequentemente, aguardavam a sua vez para receberem os devidos cuidados médicos.

 

A Enfermeira Joy permanecia, atenta e séria, atrás do grande balcão do estabelecimento, concentrando-se nas necessidades únicas de cada utente.

 

- Boa noite. – cumprimentou a mulher de cabelo rosa a um novo grupo de jovens que era finalmente atendido. – Em que vos posso ajudar?

 

- Olá. – cumprimentou Victor, num suspiro que revelava cansaço.

 

- Ainda têm quartos disponíveis? – Gloria perguntou, ao lado do irmão.

 

- Idealmente, cada quarto com duas camas individuais, por favor. – a cabeça de Marnie surgiu por cima dos ombros dos dois gémeos.

 

- Também precisamos que dê uma olhadela aos nossos Pokémon. – falou Bede, penteando levemente o cabelo platinado.

 

- Claro que sim. – assentiu a enfermeira, partilhando a sua atenção entre o computador à sua frente e o grupo de jovens que aguardava em silêncio os seus pedidos.

 

Dois pares de passos apressados aproximaram-se do grupo. Pareciam urgentes, assim como os seus sussurros, que fizeram o grupo de jovens voltar-se para trás.

 

- Eu não acredito que combatemos ao lado daqueles dois patifes! – protestou a ruiva.

 

- Não tínhamos conhecimento de que eles já estavam naquela Max Raid Battle… foi uma coincidência estranha, sim. Mas nós não tivemos qualquer responsabilidade nisso. – sussurrou o moreno.

 

- Eu só sei que precisamos de uma boa noite de descanso! Nós e os nossos companheiros. – Sonia levantou o olhar para a frente, encontrando os rostos de Victor, Gloria, Bede e Marnie voltados para si. – Por Arceus! – exclamou.

 

A atenção de Hop voltou-se também para a sua frente. Encontrou os olhos dos seus antigos companheiros de viagem, concentrados na sua figura. De imediato, se apercebeu que pareciam cansados e depois lembrou-se que provavelmente também teria aquele aspeto. Depois reparou nos pequenos sorrisos que os seus lábios desenhavam. E, então, sentiu um calor familiar que permanecia adormecido há vários dias.

 

Victor e Gloria aproximaram-se. Sonia cumprimentou os gémeos, abraçando cada um deles individualmente. Estava feliz por voltar a rever aquelas caras jovens e familiares. Tendo em conta a última vez que tinham estado juntos, este era um momento para se voltarem a conectar.

 

- Olá, amigo. – falou Victor, num tom doce.

 

- Bons olhos te vejam. – sorriu Gloria.

 

- Olá… - disse Hop, sem deixar de sentir uma ligeira estranheza ao reencontrar os velhos amigos. – Estão com um ar cansado.

 

- Vocês também. – a voz de Bede ouviu-se.

 

- Foram dias intensos na Wild Area. – respondeu Sonia.

 

- Tal como nós! – exclamou Marnie.

 

- Estão a viajar em conjunto? – questionou o moreno, com uma expressão um tanto surpresa.

 

- Encontrámo-nos quando saímos de Motostoke. – explicou o gémeo, sentindo o ar desconfiando do outro.

 

- Decidimos juntar forças para chegar até aqui. – completou Gloria.

 

- A nossa passagem pela Wild Area foi… de muita descoberta. – falou Hop, lançando um olhar curioso a Sonia.

 

- Tenho a certeza de que temos muita conversa para meter em dia. Mas, acho que precisamos todos de descansar urgentemente. – falou a ruiva, deixando escapar um pequeno riso. – E se nos voltássemos a encontrar amanhã? Eu e o Hop vamos visitar o Energy Plant. Podem acompanhar-nos, se quiserem!

 

Hop assentiu, confirmando aquilo que Sonia dissera. Naquele momento, sentia o seu corpo a pedir um banho quente e uma cama confortável, mas reencontrar os seus amigos fez com que uma réstia de felicidade e excitação regressasse. Antes julgava sentir a sua falta, mas agora tinha a certeza.

 

• • •

 

Os fantasmas que rondavam as ruas noturnas de Hammerlocke eram sucedidos por pessoas curiosas que visitavam aquele local histórico. Toda a cidade era construída dentro das muralhas do antigo castelo de Hammerlocke, cercada por corredores de água por onde circulavam pequenos rios, atravessados por pontes de madeira movediças.

 

Antigamente, era assim que a família real se protegia a si e ao seu povo. Agora, as memórias que restam do passado relembram a história da população de Galar.

 

O coração da cidade era o grande palácio real. Na verdade, nos tempos antigos, o edifício assemelhava-se mais a um castelo e era conhecido como Hammerlocke Castle. Porém, após os trágicos acontecimentos de The Darkest Day, as estruturas sofreram diversas alterações, pelo que os sucessores mais recentes da corte decidiram alterar a sua denominação para palácio e, sucessivamente, para Galar Palace. Aproximando, assim, a família real de toda a população da região.

 

Galar Palace era uma estrutura grandiosa repartida por diversas áreas. O edifício residencial da família real era privado e mais resguardado do público. Diversos seguranças vigiavam os grandes portões de ferro da mansão. Apenas membros da família real ou convidados podiam aceder às suas instalações.

 

O Hammerlocke Stadium, por sua vez, funcionava na zona pública do edifício, localizada no centro da cidade, fazendo uso dos grandes terrenos reais, onde assentava o recinto do estádio gigante. Na mesma área, encontrava-se o Energy Plant, responsável por transmitir energia a toda a região de Galar.

 


Era para lá que se dirigiam Victor, Gloria, Hop, Sonia, Bede e Marnie. Já passava da hora de almoço quando o grupo decidiu, finalmente, sair do Pokémon Center, onde aproveitaram a manhã para descansar e relaxar.

 

Sonia ocupava a dianteira do grupo, acompanhada por Bede e Marnie que escutavam atentamente as suas explicações e apontamentos históricos à medida que caminhavam pelas ruas da cidade. Mais atrás, seguiam Victor, Gloria e Hop. Os gémeos ouviam as palavras do amigo com todo o entusiasmo. Era bom estarem juntos de novo.

 

- Só quando descobri que o meu Rotom Phone estava sem bateria é que me apercebi que estava incontactável. Mas, depois, a Sonia apareceu.

 

- Então foi por isso que não atendeste as nossas chamadas… - concluiu Victor.

 

- Sim, infelizmente.

 

- Sou a única a achar tudo isto irónico? - questionou Gloria. - A tua relação com a Sonia mudou do dia para a noite. Literalmente.

 

- É verdade. - o moreno esboçou um sorriso. - Quando começámos a nossa aventura, não gostava dela por causa do Leon… parece que agora os papéis se inverteram.

 

- Como te sentes sobre tudo aquilo? - perguntou o gémeo, num tom calmo.

 

- É muita coisa para processar. Só sei que não estou pronto para lidar com o Leon. E não sei quando estarei.

 

- Com calma, Hop. - tranquilizou Gloria. - Nós estamos aqui para ti. Se tu quiseres, claro.

 

- Quanto a isso… estás pronto para te juntares a nós, de novo? Viajar sem ti não tem piada! - exclamou Victor.

 

            - Hm. - murmurou. - Acho que…

 

            - Sejam muito bem-vindos!

 

            A voz de Rose ocupou todo o espaço sonoro. Quando os três jovens levantaram a cabeça, aperceberam-se que já se encontravam na entrada do Energy Plant. Naquele momento, Sonia cumprimentava Rose e uma mulher de cabelos claros com um aperto de mão cordial. Bede e Marnie lançavam olhares aos restantes, para que se aproximassem do grupo. A conversa teria de ficar por ali.

 

            - Presidente Rose, muito obrigado por nos receber. - agradeceu a ruiva.

 

            - Ora essa! O gosto é todo nosso. Não é todos os dias que recebemos um comité de jovens com tanto potencial! - exclamava, enquanto observava atentamente cada figura à sua frente, que retribua com olhares de respeito e admiração. - Deixem-me apresentar-vos a Oleana. - o seu olhar voltou-se para a mulher ao seu lado. - A Secretária da Pokémon League, Vice-Presidente da Macro Cosmos e a grande responsável pela invenção das Dynamax Band, que cada um de vós carrega.

 

            - Que gentileza. - Oleana falou num tom firme, esboçando um pequeno sorriso nos lábios. Os mais jovens observavam-na com atenção, interesse e admiração. - Bem-vindos ao Energy Plant. Lá dentro, irão encontrar um…

 

            - Senhor Presidente Rose!

 

            Ouviu-se uma voz estridente atrás do grupo. Todos se viraram, curiosos por descobrir quem se dignava a interromper o discurso de Oleana. Uma rapariga de cabelo rosa e com um laço na cabeça corria na direção da pequena plateia. Os seus olhos pareciam reluzir à medida que se aproximava de Rose.

 

            - Klara! Por favor, eu disse-te para teres calma.

 

            Outro rapaz seguia atrás da jovem. O seu cabelo, loiro e comprido, caía-lhe pelos ombros. Na cabeça segurava uma grande cartola que chamava a atenção de todos à sua volta.

 

            - Eu disse-te que o íamos encontrar aqui. - murmurou a outra, como se mais ninguém ali estivesse.

 

            - Mas não é assim que se abordam as pessoas… - Avery tinha as bochechas rosadas. - Pedimos desculpa pelo incómodo. - falou, dirigindo-se finalmente aos presentes.

 

            - Ora… a que se deve tanto entusiasmo? - questionou Rose.

 

            - Sou uma grande fã! - exclamou Klara. - Queria finalmente conhecê-lo pessoalmente.

 

            - Aqui estou! - riu o homem. - Obrigado pelo voto de confiança. - sorriu. - E quem são os meus leais seguidores?

 

            - O meu nome é Klara. E este é o Avery. - respondeu.

 

            - Somos Treinadores Pokémon. - completou. - Os Psychic-Type são a minha especialidade. A Klara deixa-se encantar pelos Poison-Type.

 

- Para além disso, também desejo ser uma grande estrela da música!

 

- Acredito que todos vocês serão grandes influências em Galar, no futuro. - sorriu Rose. - Mas bom, já aqui estão, talvez se possam juntar ao grupo e visitar todos juntos o Energy Plant.

 

Sonia lançou um olhar de soslaio aos restantes elementos. Alguns deles ainda pareciam confusos com aquela interrupção e energia caótica. Outros, pareciam mais curiosos e interessados em dar-se a conhecer.

 

            - Penso que não haverá problema. - afirmou a ruiva. - Aproveitem para se conhecerem. Avery, Klara. Estes são Victor e Gloria, irmãos gémeos de Postwick. - dizia, apontando para eles e sorrindo. - Depois temos Hop, o irmão mais novo de Leon, o atual Campeão de Galar. - de imediato se arrependera de o apresentar daquela maneira, atendendo à forma como o mesmo reagira, com uma expressão séria e fechada. - Bede é um apaixonado por Pokémon Fairy-Type. - o platinado acenou com a cabeça, com um olhar sério. - E, por fim, Marnie. Especializada em Dark-Type e irmã de Piers, Líder de Ginásio Spikemuth. - a jovem esboçou um sorriso simpático.

 

            Klara ficava deslumbrada cada vez que Sonia mencionava nomes conhecidos. Para a jovem, natural de Spikemuth, Piers era uma grande referência. Assim como Leon, que a própria acompanhara, de longe e através da televisão, ao longo da sua jornada até ao topo da Pokémon League. Avery, por sua vez, permanecia mais sereno, não deixando revelar mais do que admiração e simpatia por todos os presentes.

 

- Agora que estão todos apresentados, presumo que possa regressar ao ponto anterior. - falou Oleana, retomando as rédeas da situação. - Atrás destas portas, vamos encontrar o Energy Plant, liderado por cientistas da Macro Cosmos.

 

- O meu patrocinador. - murmurou Bede, com um tom orgulhoso.

 

- Exatamente. - confirmou Rose.

 

- Entremos, finalmente, para descobrir um pouco mais do trabalho que aqui é desenvolvido.

 

Oleana assumiu a liderança do grupo, partindo na frente de todos. Retirou um cartão magnético do bolso da sua bata branca e passou-o na ranhura da porta. Apenas as pessoas que tinham autorização podiam aceder ao interior do edifício. Ouviu-se a porta a desbloquear e, logo a seguir, a mesma abriu-se sozinha. Rose e Oleana passaram de imediato, seguidos pelos oito jovens. Depois de todos entrarem, a porta fechou-se automaticamente.

 

O corredor era escuro, iluminado por pequenos holofotes no chão. As paredes de metal pareciam emitir um ruído constante. No seu interior, a energia circulava por cabos e fios de tamanhos diversos. O grupo caminhou durante alguns segundos até chegar a um átrio em forma de quadrado. Na parede em frente, a porta de um elevador ganhava forma. Nas outras duas paredes, portas envidraçadas apresentavam dois grandes laboratórios, onde diversos cientistas trabalhavam de forma concentrada. Todas as portas eram de acesso privado e exclusivo.

 

- É aqui que a magia acontece. - anunciou o homem, erguendo os dois braços.

 

- No interior destes laboratórios, os cientistas da Macro Cosmos transformam a energia extraída das Galar Mine em eletricidade. Esta eletricidade é responsável por alimentar o grande gerador que faz chegar a energia a toda a região de Galar.

 

- Fantástico! - exclamou Victor, olhando em volta.

 

- Tudo começa e acaba aqui. - murmurou Hop, fitando a porta do elevador ao fundo do corredor.

 

- E onde se localiza o grande gerador? - questionou Sonia.

 

- Questão bastante pertinente. - afirmou Oleana, com um pequeno sorriso no rosto. - Estamos mesmo em cima dele.

 

- Oh! - exclamou Gloria.

 

- Está devidamente protegido. - completou Rose. - Apenas um restrito círculo de pessoas tem acesso ao gerador. Como podem imaginar, é um dos recursos mais valiosos que possuímos. Como tal, não está aberto para visitas externas..

 

- O que acontece se o gerador falhar? - questionou Marnie.

 

- Galar fica sem energia. - respondeu Bede, prontamente.

 

- Esperemos que isso nunca aconteça! - exclamou Klara, colocando a mão no peito de forma dramática.

 

- Este gerador… - falou Avery. - É o mesmo responsável por fazer chegar a energia a Isle of Armor?

 

- É sim. - assentiu a mulher de cabelo louro. - Utilizamos cabos submarinos, devidamente protegidos e revestidos, para fazer chegar a eletricidade à ilha.

 

- Isle of Armor… - repetiu Victor. - Não é aí que se localiza o Master Dojo?

 

- Sim! Nós estudámos lá! - exclamou a jovem de cabelo rosa, entusiasmada.

 

- Uau! - Hop parecia curioso. - Um dia quero ir até lá!

 

A atenção voltou-se para a Poké Ball que saltara da mala de Gloria. A figura de Dottler iluminou o local. O Pokémon começou a circular pelos presentes e aproximou-se de uma das portas dos laboratórios. Observava o seu interior com admiração e curiosidade. Os seus olhos começaram a brilhar num tom encarnado à medida que a criatura armazenava toda a informação presente à sua frente.

 

- Dottler! - protestou a rapariga, correndo na sua direção. - Por Arceus, o que pensas que estás a fazer?!

 

- Parece interessado. - apontou Marnie.

 

- Peço imensa desculpa. - lamentou-se a jovem, segurando o Pokémon entre o seu peito e os dois braços. - O Dottler não costuma fazer estas coisas.

 

- Não há nada a lamentar. - falou Oleana, aproximando-se. - A curiosidade é uma boa estratégia de desenvolvimento. E o teu Dottler parece bastante entusiasmado por conhecer o trabalho dos cientistas.

 

- Não fazia ideia…

 

- Os Pokémon também têm as suas paixões. Tal como nós. - a mulher esboçou um pequeno sorriso. - Talvez pudesses deixar o Dottler experimentar um Poké Job com os cientistas da Macro Cosmos.

 

- Isso é possível?

 

- Claro que sim! - respondeu Rose. - Todas as pessoas que detêm, pelo menos, um Pokémon podem enviá-los para um Poké Job. Há diversos postos de trabalho disponíveis. As áreas e as durações também são variáveis. - explicou o homem.

 

            - O capitalismo no seu melhor… - murmurou Sonia entre dentes.

 

            - É uma forma dinâmica e inovadora dos Pokémon ganharem experiência e novas capacidades. - completou.

 

            - Parece-me interessante. - assentiu Gloria. - Mas, não sei se conseguiria sobreviver sem o Dottler comigo durante muito tempo.

 

            - A decisão é tua.

 

            - Antes de tomares uma decisão. Gostaria de desafiar-te para um duelo. - era Avery quem falava, recebendo olhares surpresos dos restantes.

 

            - Combater comigo?

 

            - Exatamente. - confirmou. - Sou apaixonado por Psychic-Type, por isso, gostaria de testar os dotes psíquicos do teu Dottler.

 

            - Um teste, portanto? - riu a jovem. - Vamos a isso.

 

• • •

 

            O elevador conduziu o grupo até ao rooftop do edifício, onde um recinto de combate os aguardava. O sol começava a baixar no horizonte à medida que todos os elementos ocupavam os seus lugares. Gloria e Dottler instalavam-se num lado, enquanto Avery e Abra se posicionavam do lado oposto do campo. Atrás das linhas, Victor, Hop, Sonia, Bede, Marnie, Avery, Klara e Rose aguardavam com entusiasmo o início do confronto. Oleana, por sua vez, aproximava-se do centro do campo de batalha.

 

            - Estão prontos para dar início ao combate? - questionou, recebendo um aceno afirmativo dos dois lados. - Cada Treinador poderá usar um Pokémon à sua escolha. Que vença o melhor! - exclamou, levantando os braços no ar e afastando-se para as linhas laterais,

 

            Dottler e Abra posicionaram-se em frente aos dois jovens. Os seus olhares cruzavam-se, atravessando o recinto de combate de um polo a outro. Dottler registava todas as informações ao seu redor, enquanto Abra parecia levitar adormecido.

 

            - Dottler, começa com Light Screen.

 

            Uma barreira brilhante surgiu em frente aos olhos encarnados do grande casulo. Aquela técnica era responsável por diminuir o poder de ataque das técnicas especiais lançadas pelo adversário,

 

            - Ataca. - a voz de Avery saiu firme, surpreendendo a adversária.

 

            Abra despertou finalmente e saiu disparado na direção de Dottler. O seu punho, que começava a reluzir numa luz forte, desferiu um duro golpe na figura de Dottler que se deixou arrastar durante alguns metros. Apesar da técnica Drain Punch não ser super-efetiva contra o Bug-Type, Gloria sentiu a força irradiante dos adversários.

 

            - Confusion!

 

            Os olhos de Dottler voltaram a reluzir numa cor encarnada, penetrando a figura de Abra que agora era iluminada por uma luz da mesma cor. O pequeno inseto concentrou as suas energias para fazer rodopiar o corpo do Psychic-Type no ar, mas este antecipou-se, escapando-se com um fugaz Teleport.

 

            - Muito bem! - exclamou o jovem treinador, orgulhoso. - Volta a usar Drain Punch.

 

            Gloria cerrou o punho e manteve-se em silêncio enquanto observava a figura do adversário ganhar força enquanto corria na sua direção. Do lado de fora das linhas de combate, os espectador surpreendiam-se com as técnicas utilizadas.

 

            - Ela não vai fazer nada?! - Marnie parecia preocupada.

 

            - Não me parece. - murmurou Victor, sem perder a confiança na irmã.

 

            - Struggle Bug!

 

            Dottler aproveitou-se da proximidade de Abra para contra-atacar. Por sua vez, a mordida do pequeno inseto revela-se mais forte do que a técnica utilizada pelo adversário, que sofria agora graves danos com um ataque super-efetivo. Abra caiu de costas no recinto, sentindo a dor invadir todo o seu corpo.

 

            - Abra! - chamou Avery. - Força! Este desafio ainda não acabou!

 

            A criatura deixou escapar alguns grunhidos. Mexia o seu corpo no chão. Tentava levantar-se, mas, em simultâneo, contorcia-se de dores. Sentiu um longo formigueiro invadir toda a sua figura, antes de uma luz incandescente invadir o campo de batalha. O corpo do Pokémon começou a crescer e quando, finalmente, a luz se dissipou, uma criatura diferente ocupava o seu lugar.

 

- Kadabra, um Pokémon Psychic-Type. - o rapaz já segurava o seu Rotom Phone, conferindo as novas atualizações do seu Pokémon Inicial. - Usa as suas habilidades psíquicas para levitar enquanto dorme, utilizando a cauda como almofada. Os seus poderes psíquicos são armazenados na estrela que detém na testa.

 


Uma criatura humanoide de corpo amarelo surgiu no lugar do pequeno Abra. No topo da cabeça existiam duas orelhas longas e pontiagudas. Logo abaixo, no centro da testa, destacava-se uma estrela vermelha. No seu rosto, dois longos bigodes estendiam-se até ao peito. Os ombros e abdominais castanhos e grossos contrastavam com os membros inferiores finos e estreitos, que terminavam em três garras brancas. Na parte de trás do seu corpo, surgia uma cauda grande e grossa. Na mão direita, segurava uma colher de prata, responsável por amplificar os seus poderes psíquicos.

 

Gloria observava atentamente a fisionomia do Pokémon adversário. Agora era notoriamente maior que Dottler, o que se tornava ligeiramente ameaçador. A jovem voltou a atenção para o Bug-Type, que fitava curiosamente a criatura do outro lado do recinto, reunindo todas as suas informações.

 

- O desafio continua! - exclamou, retomando o confronto. - Confusion.

 

- Protect.

 

Uma barreira de energia surgiu em frente ao corpo do Psychic-Type, que se protegeu de forma bem sucedida contra a técnica utilizada. O seu olhar focou-se na figura de Dottler. Conseguiam entender-se telepaticamente, através das suas energias psíquicas.

 

- Struggle Bug!

 

O Bug-Type lançou-se na direção da criatura humanoide, que se esquivou sem grande dificuldade.

 

Do outro lado do campo de batalha, diversas Poké Balls começaram a levitar em redor da cartola preta de Avery. Parecia que a energia psíquica que irradiava daquele confronto se refletia naqueles objetos. Gloria surpreendeu-se com aquela manobra de distração, que parecia surtir os efeitos desejados.

 

-       Disable.

 

Os olhos de Kadabra começaram a brilhar num tom encarnado. Do outro lado do recinto, a figura de Dottler foi iluminada por um contorno da mesma cor, fazendo o Bug-Type estremecer. Aquela técnica bloqueava o último ataque utilizado, Struggle Bug.

 

Gloria percebeu, finalmente, que a tática de Avery era bloquear todas as suas tentativas de ataque. Agora restava apenas uma técnica Psychic-Type, que não causava grandes danos no adversário, e duas habilidades defensivas. A jovem treinadora cerrou o punho, sentindo-se encurralada.

 

- Oh não. - murmurou Sonia.

 

- Ele meteu a Gloria num canto. - disse Hop.

 

- Ainda tens muito para aprender sobre Psychic-Type! - atirou Avery, levantando os braços no ar. - Kadabra, Psybeam.

 

O Pokémon ergueu a colher no ar, segurando-a com as duas garras. Fechou os olhos e concentrou toda a sua energia num raio púrpura que disparou do objeto, atingindo o corpo de Dottler com violência. O Bug-Type sentiu o seu corpo enfraquecer drasticamente à medida que a sua cabeça começava a andar à roda. Os efeitos secundários da técnica utilizada começavam a fazer-se sentir.

 

- Oh não! - protestou a rapariga, observando a figura do seu Pokémon.

 

- Confusão instalada. Hora de acabar com isto. Drain Punch.

 

Kadabra utilizou o teletransporte para se aproximar do adversário sem qualquer hesitação. Cerrou o punho, puxou-o atrás e lançou-o na direção de Dottler, arremessando-o tragicamente contra o chão. O Bug-Type deixou escapar um longo gemido antes de ficar inconsciente aos pés da jovem treinadora.

 

Gloria estava incrédula. O seu olhar dividia-se entre a figura imperativa de Kadabra e o ar frágil de Dottler. Lamentava ter colocado o seu Pokémon numa posição tão vulnerável como aquela. E estava irritada por se ter deixado manipular por Avery, que acabara por liderar a batalha tal como um mágico manipula a sua audiência, fazendo-a acreditar nos seus truques.

 

- Dottler está inconsciente. Avery e Kadabra são os grandes vencedores! - afirmou Oleana, de regresso ao centro do recinto de combate.

 

A mulher voltou-se na direção de Gloria, agora ajoelhada sobre a figura de Dottler. Na mão, carregava um Super Potion, que ofereceu à jovem entristecida.

 

- Obrigado. - murmurou, aceitando a oferta e borrifando o produto sobre o corpo do Pokémon, que começou a despertar lentamente. - Peço muita desculpa, Dottler.

 

- Não. Não peças desculpa. - a voz de Oleana era forte e grave. Gloria levantou o seu olhar confuso para a mulher. - Como esperas que os teus Pokémon ganhem experiência sem lidarem com as derrotas?

 

- Mas… eu falhei. O Avery passou-me a perna.

 

- Certo. É para isso que estes confrontos servem. Aprender. Crescer. Melhorar.

 

Gloria calou-se. Não tinha mais forças para enfrentar a persistência de Oleana. Mas ainda tinha uma coisa por fazer.

 

            - Dottler. - murmurou, pegando na criatura com as duas mãos. - O teu esforço e dedicação foram notáveis. - o Pokémon deixou escapar pequenos grunhidos de exclamação. - Acho que devias experimentar um Poké Job com os cientistas do Energy Plant. O que te parece? Talvez por um dia.

 

            Os olhos do Bug-Type reluziram como resposta e a jovem esboçou um sorriso.

 

            - Parece que estão de acordo. - falou Oleana.

 

            - Porta-te bem. - disse, antes de retroceder a figura do Pokémon para o interior da Poké Ball.

 

            Gloria esticou o braço, entregando a esfera bicolor a Oleana, que a aceitou com cuidado. A loura fitou o objeto por alguns segundos, voltando-se para encontrar o rosto da mais nova.

 

            - Dar espaço para os nossos Pokémon crescerem é essencial. Espero que saibas que aquilo que estás a fazer é importantíssimo para o Dottler. E para ti também. - falou. - Tenho a certeza que também tens outras paixões que gostarias de explorar, Gloria. - a jovem piscou os olhos e permaneceu em silêncio, surpreendida com a veracidade das palavras daquela mulher desconhecida. - Vemo-nos amanhã.

 

            A Treinadora de Postwick ficou a observar a figura de Oleana afastar-se, segurando a Poké Ball de Dottler na sua mão. Rose juntou-se a ela, acompanhando-a na caminhada com o céu alaranjado como tela de fundo. Do outro lado, o grupo de jovens aproximava-se da amiga, que permanecia alheia a tudo o resto que se passava em seu redor. A sua cabeça estava ocupada em tentar perceber como Oleana a entendia tão bem. Finalmente, sentia-se compreendida.


                  

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