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Notas do Autor - Capítulo 7


CAPÍTULO 7
Treino matinal

Hop VS Sonia

            Apesar de todo o treino matinal de Hop, a força de Sonia e o seu Yamper são incomparáveis à experiência de Grookey e Wooloo juntos. A prova disso é que, em poucos minutos, a investigadora conseguiu vencer a equipa do moreno.
            A verdade é que, desde o início, Hop julgou as capacidades de Sonia. Quer seja pela rapariga ter abandonado o seu irmão, ou a própria ter desistido do Gym Challenge, Hop nunca levou a sério o caráter da jovem. No entanto, o jogo alterou-se por completo durante este combate.
            Agora que sentiu a derrota na pele, Hop sabe que nunca poderá suceder o legado de Leon. E, no fundo, isso era tudo o que ele queria. Para somar a isso, os seus Pokémon parecem desiludidos com ele. Agora, como será que o rapaz vai dar a volta à situação?

Marnie

            Marnie está de volta para uma pequena aparição. Na Route 2, depois de ver o seu almoço roubado por um Nickit, ela e Morpeko combatem contra o selvagem, acabando por capturá-lo, concluído assim a primeira captura da sua equipa.
            Mais tarde, a jovem chega até casa de Magnolia, no entanto, o trio protagonista já não se encontra presente. Para além destes núcleos de outros personagens servirem para contar a sua história, também são usados para demonstrar a evolução do tempo na história.
            Entre apresentações e conversas, Magnolia oferece uma Dynamax Band a Marnie, tal como fizera com Victor, Gloria e Hop. No entanto, a jovem revela-se apreensiva graças à força hostilidade que o seu irmão demonstra contra aquela mecânica. Depois de ouvir as palavras de Magnolia, a treinadora acaba por aceitar o presente, mas pede sigilo.

De Wedgehurst para… Motostoke?

            Voltamos a encontrar Victor, Gloria e Hop na Wedgehurst Station. Antes de apanharem o expresso rumo a Motostoke, o grupo despede-se de Sonia. Para aqueles que se habituaram à sua presença no grupo, não se preocupem! Ela estará de volta muito em breve.
            Agora, o trio protagonista segue, confortavelmente, rumo a Motostoke. Aqui, percebe-se que Hop continua afetado pelo resultado do confronto anterior. Como será que o jovem lidará com todos os seus sentimentos?


Capítulo 7


            Hop fechou a grande porta de madeira da casa de Magnolia atrás de si. A brisa matinal tocou o seu rosto, fazendo com que o rapaz despertasse. À sua volta, a Route 2 parecia adormecida. Ao longe, conseguia ver o sol a surgir timidamente na linha do horizonte.

            O rapaz cerrou os seus punhos e começou a caminhar na direção do jardim da propriedade da Professora. Parou junto à margem do lago, observando atentamente a calmaria do local. Por momentos, perdeu-se no som relaxado da sua respiração, mas logo a seguir voltou a atenção para o seu foco principal. Levou a sua mão até ao bolso do casaco que vestia e pegou nas duas Poké Balls, arremessando-as ao ar. As figuras de Grookey e Wooloo apareceram à sua frente, um pouco confusas com as circunstâncias em que se encontravam.

            - Desculpem acordar-vos tão cedo. – começou o rapaz, coçando a cabeça. – Mas é por uma boa causa! Vamos ter o nosso primeiro combate hoje! – exclamou, recebendo exclamações de entusiasmo das duas criaturas como resposta. – Por isso mesmo, acho que nos devemos preparar. O meu irmão Leon contava-me que, antes de qualquer combate, o Treinador deve sempre treinar os seus Pokémon. E, uma vez que nós nunca tivemos a oportunidade de testar os vossos poderes, acho que esta é a altura perfeita. – explicou, esboçando um sorriso. – Concordam comigo?

            Grookey e Wooloo acenaram afirmativamente e começaram a seguir as indicações ordenadas pelo jovem. Os dois Pokémon lutaram entre si, ou contra objetos do local, colocando à prova técnicas que já conheciam. Grookey movia-se agilmente, utilizando o seu ramo de madeira para atacar com Branch Poke, uma técnica apreendida com o auxílio de Hop. Já Wooloo, utilizava o seu corpo esférico para rebolar pela superfície, escapando aos ataques do seu companheiro de equipa.

            O treino prolongou-se por várias horas, sendo acompanhado pelo nascer do sol, que, naquele momento, já se encontrava alto no céu azul de Galar. Hop, Grookey e Wooloo, no entanto, só se aperceberam do passar do tempo quando a porta da casa se abriu, revelando as figuras dos gémeos Walter e das mulheres Magnolia.

            - Treino matinal? – saudou Victor, aproximando-se do rapaz.

            - Acho que lhe podes chamar isso. – Hop sorriu, passando a mão pela sua testa suada.

            Estás pronto? – perguntou Sonia, aproximando-se também.

            - Sim, estamos. – Hop voltou-se para os seus Pokémon e sorriu.

            - Mal posso esperar para ver isto! – exclamou Gloria entusiasmada.

            Depois de alimentar Grookey e Wooloo com algumas Oran Berries e regressar as duas criaturas para o interior das suas Poké Balls, Hop e Sonia caminharam até à arena de combate onde Magnolia, Victor e Gloria já se encontravam. O moreno e a ruiva ocuparam os dois lados do campo, observando as figuras um do outro frente a frente.

            - O combate entre Hop e Sonia está prestes a começar! – exclamou Magnolia, no centro do local. – O primeiro treinador que conseguir vencer os dois Pokémon do adversário é o vencedor. Preparados? Comecem!

            Hop sentiu o nervosismo tomar conta do seu corpo. Havia muita coisa em jogo, especialmente a sua reputação como Treinador Pokémon. Ele queria seguir as pisadas de Leon e, como tal, não podia perder o seu primeiro desafio. Desse por onde desse, ele teria de conseguir vencer. Do outro lado do campo, Sonia parecia mais tensa do que o normal. A rapariga queria mostrar ao moreno o seu verdadeiro poder, uma vez que nunca o conseguiu mostrar realmente ao seu irmão, Leon. Aquele era um momento importante para os dois.

            - Wooloo, sai cá para fora! – Hop lançou uma das cápsulas ao ar, revelando o corpo da pequena ovelha, que se posicionou no centro da arena, pronta para o combate.

            - Antes de teres a oportunidade de combater contra o meu Ivysaur, vais ter de enfrentar o meu grande companheiro de jornada. – começou a ruiva, pegando numa Poké Ball. – Apresento-te o Yamper!

            Um pequeno cão apareceu à frente de Sonia. O seu corpo era castanho, com alguns apontamentos amarelos por todo o seu pelo. A cauda tinha o formato de um raio e o seu rabo era esculpido em forma de coração. A criatura quadrupede permanecia com a sua língua de fora, pronta para qualquer indicação da sua treinadora.


            Hop usou o seu Rotom Phone para descobrir mais informações sobre aquele Pokémon.

            - Yamper, um Pokémon Electric-Type. – disse o aparelho eletrónico. – Este Pokémon é usado por humanos para comandar hordas de Pokémon. Quando corre, gere energia na sua cauda.

            - Oh não… - murmurou Victor, do lado de fora do campo.

            - O que foi? – Gloria parecia confusa.

            - Nenhum de nós sabia que a Sonia tinha um Yamper… - falou o rapaz. – Acho que o Hop não estava à espera disso.

            - Ele sabe o que fazer, com certeza. Afinal, é irmão do Leon. – a gémea encolheu os ombros.

            - O Hop não é o Leon. – sublinhou Victor, voltando a atenção para o campo de batalha.

            - Vamos começar com Growl. – ordenou o moreno.

            Wooloo emitiu um ruído que, ao atingir a figura de Yamper, fez com que o seu status de ataque diminuísse.

            - Tackle!

            Yamper saiu disparado na direção de Wooloo que, sem qualquer indicação do seu treinador, permaneceu imóvel, deixando-se atingir pelo adversário. O que surpreendeu a maioria foi o resultado do choque. Wooloo moveu-se apenas alguns centímetros e Hop esboçava um sorriso orgulhoso.

            - Sabes, Sonia, durante o nosso treino matinal descobri que Fluffy é a habilidade do Wooloo. E, segundo o Pokédex, o dano causado por ataques de contacto direto diminuem em metade. Se a isso adicionares o efeito do Growl anterior...

            - Já percebi a tua estratégia, Hop. – cortou Sonia. – Vejo que o Leon te ensinou bem. Mas não é por isso que me vais vencer tão facilmente.

            - Isso é o que vamos ver. Wooloo, usa Tackle agora!

            Aproveitando a proximidade de Yamper, Wooloo lançou-se contra a criatura Electric-Type, atingindo-a com o seu corpo de lã. O Pokémon de Sonia sofreu alguns danos, mas nada suficientemente forte para o derrotar.

            - Nós também temos as nossas estratégias, Hop. – afirmou a ruiva, remexendo nos óculos que usava na cabeça. – Nuzzle!

            Yamper começou a correr à volta do campo de batalha, ativando a corrente elétrica que se localizava no interior do seu corpo. A cauda em forma de raio começava a mostrar pequenos feixes de luz. A eletricidade que ali se formava foi utilizada para atacar Wooloo que não só sofreu os danos do ataque, como ficou também paralisado.

            - Pokémon com paralisia elétrica têm 25% de chance de falhar um ataque e a sua velocidade diminui em 50%, Hop! – exclamou Victor. – Tem cuidado!

            - Temos tudo controlado, certo Wooloo? – afirmou Hop. – Vamos atacar com Tackle!

            A pequena ovelha tentou sair do local e realizar as ordens indicadas pelo treinador, mas o seu corpo estava completamente paralisado.

            - Tens a certeza, querido Hop? – Sonia deixou-se rir. – Bite!

            Sem mais demoras, Yamper correu na direção de Wooloo, atacando a ovelha com uma forte mordida. O Pokémon de Hop deixou escapar um último grito, antes de cair no chão inconsciente.

            - Oh não… - murmurou Hop, observando o corpo de Wooloo. – Pensava que…

            - Nem tudo está perdido, ainda tens o Grookey! – exclamou Victor, tentando animar o rapaz que estava visivelmente abalado.

            Hop assentiu em silêncio. Depois de recuperar o corpo de Wooloo para o interior da sua Poké Ball, o moreno lançou o seu segundo e último Pokémon para dentro do campo de batalha. Grookey apareceu com um ar sério, erguendo o seu ramo de madeira com orgulho.

            - Grookey, infelizmente o Wooloo não conseguiu derrotar o Yamper, portanto está tudo nas tuas mãos! – exclamou o treinador, recebendo a atenção da criatura Grass-Type. – Vamos começar com Scratch!

            O macaco saltitou na direção de Yamper, que se tentou esquivar do ataque, mas o Pokémon de Hop era mais rápido, atingindo-o.

            - Usa Spark agora! – gritou Sonia.

            À volta do corpo de Yamper, uma corrente elétrica começou a ganhar forma. O Pokémon quadrupede concentrou o seu poder naquele golpe, que lançou na direção de Grookey, que foi arremessado no ar, caindo do outro lado do campo.

            - Grookey! – exclamou Hop assustado.

            O macaco estremeceu no chão ao ouvir a voz do seu treinador. Mesmo ferido, conseguiu levantar-se do chão, com a ajuda do seu ramo de madeira, que usava agora para se segurar de pé. Grookey voltou o seu olhar para Yamper, que o observava em silêncio. Ele tinha de conseguir vencer o seu primeiro combate. Não porque o seu treinador assim o pedia, mas por ele mesmo. Num impulso, saiu disparado na direção do Electric-Type, atacando-o várias vezes com Branch Poke. Yamper caiu no chão, ferido e cansado.

            - Termina com ele! Usa Scracth! – pediu Hop uma última vez.

            Grookey aproximou-se mais uma vez do corpo de Yamper, erguendo as suas garras no ar, pronto para atacar.

            - Bite, agora!

            No último segundo, Yamper levantou-se, aproveitando a proximidade de Grookey para um último ataque. O macaco Grass-Type, de guarda baixa, acabou por ser atingindo num golpe fulminante. O Pokémon de Hop caiu no chão inconsciente.

            - Wooloo e Grookey estão inconscientes! – exclamou Magnolia. – Sonia é a vencedora deste combate!

            Hop correu até ao corpo de Grookey, segurando o Pokémon nos seus braços. O pequeno macaco acordou, confuso, e olhou o treinador com indiferença e rancor. Tudo o que Grookey desejava era poder vencer o seu primeiro combate, mas Hop não fora capaz de ordenar os seus Pokémon para os levar até à vitória.

            - Eu sei que a culpa é minha. – murmurou o rapaz para o Pokémon, que permaneceu em silêncio e com um ar hostil.

            Sem dizer mais nada, o moreno colocou o macaco no interior da sua Poké Ball e baixou o rosto, escondendo a vergonha que sentia no momento. Ele não conseguira vencer o seu primeiro combate. Pelo contrário, Sonia conseguiu vencer os seus dois Pokémon, num piscar de olhos, utilizando apenas o seu Yamper. Hop nem sequer tivera a oportunidade de lutar contra Ivysaur. O rapaz estava desiludido com ele mesmo.

            - Vai correr melhor para a próxima. – murmurou Gloria, que se aproximava acompanhada de Victor.

            - Deste o teu melhor, amigo. – disse o rapaz.

            - Não dei nada. – ripostou Hop de forma fria. – Desiludi os meus Pokémon.

            - O que estás a dizer?! As tuas estratégias foram muito boas, para um treinador iniciante como tu. – afirmou Sonia, aproximando-se também do trio.

            - Como conseguiste? – questionou Hop, voltando a sua atenção para a ruiva.

            - O quê?

            - Vencer-me só com o teu Yamper. Quer dizer, eu sou assim tão fraco?

            - Não, nada disso Hop! Não te martirizes! – exclamou a investigadora. – Mas sabes que eu tenho mais experiência, certo? Eu e o Yamper já nos conhecemos há bastante tempo.

            - Eu tentei seguir os conselhos do meu irmão… - murmurou o moreno.

            - Fizeste o teu melhor, Hop. – Magnolia juntou-se aos jovens, recebendo a atenção de todos. – Mesmo sendo um treinador iniciante, é notório o esforço que tiveste com os teus Pokémon. Mas é óbvio que a Sonia tem mais experiência que tu. Eu sei que, se continuares assim, serás um excelente treinador no futuro.

            - Mas o Grookey parecia tão desiludido…

            - É normal, afinal os Pokémon também têm sentimentos. – respondeu a mulher. – Pensava que te tinha ensinado isso. Como treinador, o teu trabalho é saber lidar com as emoções dos teus Pokémon. Tens de saber dar a volta por cima e sair vitorioso! – exclamou, mexendo os braços no ar.

            - Vitorioso é coisa que eu não sou… - murmurou o moreno.

            - Chega desta conversa. – cortou a Professora. – Vamos para dentro preparar o almoço. Já tenho as vossas Dynamax Band prontas e vocês devem partir ainda hoje de volta para Wedgehurst, correto?

            O grupo concordou com a mais velha e acompanharam-na de volta para o interior do edifício.

            Hop, no entanto, continuava perdido nos seus pensamentos depressivos. O rapaz estava desiludido com ele mesmo e sentia vergonha do seu trabalho. Teria de arranjar uma maneira de seguir os conselhos de Leon e Magnolia, recuperando a confiança dos seus Pokémon, especialmente de Grookey.

• • •

            Já passava da hora de almoço. Naquela altura do dia, a Route 2 era invadida por vários treinadores, que procuravam combater uns com os outros, ou simplesmente expandir a sua equipa, capturando novos Pokémon.

            Marnie encontrava-se no meio dos mantinhos de erva do local, acompanhada pelo seu Morpeko que se esquivava de um ataque de uma criatura selvagem. O Pokémon assemelhava-se a uma pequena raposa de pelo castanho. Os seus membros pequenos contrastavam com a sua grande cabeça e cauda gigante. Os olhos amarelos da raposa fitavam a figura de Marnie que, naquele momento, procurava informações no Pokédex.


            - Nickit, um Pokémon Dark-Type. – começou. – Astuto e cauteloso, este Pokémon sobrevive roubando a comida dos outros. Depois, elimina os seus rastos com a ajuda da sua cauda felpuda.

            - Então foi assim que roubaste o meu almoço! – exclamou Marnie. – Para teu azar, o Morpeko é um grande defensor dos seus alimentos. Thunder Shock!

            A alta velocidade de Morpeko era imbatível. Das pequenas bochechas, o Pokémon lançou raios elétricos que atingiram o corpo de Nickit, fazendo-o cair no chão fraco. Podia ser um ladrão astuto, mas as suas capacidades de combate não eram, sem dúvida, as melhores.

            Marnie aproveitou a fraqueza do Dark-Type para arremessar uma Poké Ball que guardava dentro da sua mala. O corpo de Nickit transformou-se numa luz branca, que depois foi sugada para o interior da cápsula esférica. A rapariga observou atentamente o instrumento que, depois de três vibrações concluiu, finalmente, a primeira captura de Marnie.

            - Boa! – exclamou a menina, felicitando Morpeko e apanhando a Poké Ball do chão, guardando-a. – Um novo amigo. – sorriu, enquanto o ratinho subia para o seu ombro, onde acompanhava normalmente a treinadora. – Acho que estamos perto da casa da Professora Magnolia. Segundo o que o Piers disse, é aquela ali, mesmo a seguir à ponte. – explicava, enquanto apontava para a casa do outro lado do rio.

            Marnie continuou a sua caminhada alegremente. A rapariga estava feliz por poder, finalmente, viajar pela região de Galar, e descobrir novos locais, pessoas e Pokémon. A cidade de Spikemuth, por vezes, começava a tornar-se pequena para uma menina tão sonhadora como ela. Admirava todas as pequenas experiências que fizera até então, desde andar de comboio, viajar sozinha, até capturar o seu primeiro Pokémon selvagem. Tudo com a ajuda de Morpeko que, desde o primeiro momento, não largara a sua treinadora. Os dois partilhavam desde então uma forte ligação.

            Sem se aperceberem, os dois já estavam à frente da entrada do único edifício da Route 2. Marnie levou a mão até à campainha da casa e com o dedo indicador pressionou-a, fazendo com que a campainha soasse no interior de todo o edifício. Momentos depois, a porta abriu-se, revelando a figura de uma senhora de bata branca.

            - Professora Magnolia? – perguntou Marnie.

            - Eu mesma, menina. – sorria a mulher. – Em que posso ajudar?

            - Boa tarde! – cumprimentou a treinadora, esboçando um grande sorriso. – O meu nome é Marnie. Venho da cidade de Spikemuth. O meu irmão disse-me que deveria conhecer a Professora Magnolia no início da minha jornada, portanto aqui estou eu. – explicou, deixando escapar um pequeno riso.

            - Spikemuth? – Magnolia repetiu, dando voltas na sua cabeça. – Espera! És a irmã do Piers?

            - Sou sim.

            - Oh, com certeza! Por favor, entra!

            Magnolia abriu a porta por completo, deixando a rapariga passar para o interior da sua casa. As duas caminharam até à sala, onde se sentaram no sofá.

            - Tem uma casa muito bonita. – elogiou Marnie, olhando em volta as prateleiras cheias de livros e os quadros de pintura coloridos.

            - Obrigado querida. – a senhora sorriu. – Mas então, o Piers deixou finalmente que a sua irmã mais nova saísse numa jornada. Muito bem. – comentou.

            - Não podia ficar em casa para sempre. – riu a rapariga. – Na verdade, foi ele que me ofereceu o meu Pokémon Inicial. – ela dizia, enquanto Morpeko, no seu ombro, acenava sorridente para Magnolia.

            - Oh, que querido! – exclamou a Professora, cumprimentando o Pokémon de volta. – Vejo que são bons amigos.

            - Acho que sim. – sorriu a treinadora. – A minha irmã, Marley, também me ofereceu um Rotom Phone antes de voltar a partir para mais uma das suas viagens.

            - Interessante. – comentou Magnolia. – Isso significa que agora o teu irmão está sozinho?

            - Ele e eu. – a rapariga encolheu os ombros. – Mas ele tem o Ginásio para liderar e eu uma jornada para fazer. Para além disso, nunca estamos sozinhos quando temos os nossos Pokémon, não é verdade?

            - É verdade sim, Marnie. – a mulher sorriu. – Que pena, gostaria que conhecesses um grupo de treinadores que saiu daqui ainda há pouco. Talvez se encontrem noutra ocasião. – disse ela. – Agora que penso nisso… acho que tenho um presente para ti!

            Antes mesmo que Marnie pudesse questionar Magnolia, a mulher levantou-se do sofá e abandonou a divisão, voltando momentos depois com uma caixa nas suas mãos.

            - Aqui está. – disse, colocando a caixa no colo da treinadora.

            - O que é isto, Professora? – perguntou a rapariga confusa.

            - Abre, por favor.

            Marnie assentiu e começou a abrir a caixa de cartão colorida. No interior, uma pulseira reluzia um brilho peculiar. A bracelete branca era decorada com uma listra vermelha e azul. Era uma Dynamax Band.


            - Oh, não. – murmurou a rapariga.

            - Oh, sim! – fez Magnolia. – É uma Dynamax Band, querida. Fiz algumas para os treinadores que saíram daqui há pouco e sobrou uma. Talvez seja o destino mesmo. – gargalhou.

            - Eu não posso aceitar…

            - Porquê?

            - O meu irmão é absolutamente contra este fenómeno Dynamax. Não posso desiludi-lo desta maneira. – explicou.

            - Marnie. – Magnolia inclinou o seu corpo na direção da rapariga, encarando-a seriamente. – Se tu queres ser uma verdadeira Treinadora Pokémon, deves fazê-lo à tua maneira. Não podes ignorar uma mecânica tão potente como esta apenas porque o teu irmão não é a favor dela.

            - É difícil.

            - Eu percebo que sim, querida, mas não rejeites esta oferta. Guarda esta Dynamax Band contigo e usa-a apenas quando te sentires preparada.

            Marnie calou-se e o silêncio instalou-se na divisão. De facto, se ela queria ser realmente independente, não deveria continuar a seguir as ordens ou os pedidos feitos pelo seu irmão. Mas, ao mesmo tempo, a rapariga também não queria dar-lhe razões para o próprio se chatear com ela.

            - Vou aceitar. Mas só a vou usar quando tiver realmente a certeza que estou pronta para tal. – disse. – Mais uma coisa… não comente nada disto com o meu irmão, pode ser?

            • • •

            O céu alaranjado antecedia à caída da noite em Galar. Victor, Gloria, Hop e Sonia já se encontravam de volta a Wedgehurst. O grupo encontrava-se naquele momento na estação de comboios da cidade, mais conhecida como Wedgehurst Station. As paredes do local eram construídas de tijolos encarnados que contrastavam com os azulejos brancos e brilhantes do chão do estabelecimento. Para além do grande balcão da receção, ali existiam ainda máquinas de conveniência com produtos alimentares e expositores com várias bugigangas.


            - Aqui têm os vossos bilhetes. – disse a rececionista da bilhetaria do estabelecimento. – O comboio de Wedgehurst com destino a Motostoke parte dentro de cinco minutos.

            - Obrigado. – sorriu Victor, entregando os outros bilhetes a Gloria e Hop, que se encontravam ao seu lado.

            - Tudo pronto? – perguntou Sonia, que se encontrava em frente ao trio.

            - Acho que sim… - murmurou Gloria, triste por ter que se despedir da sua nova amiga. – Quando nos voltamos a ver? – perguntou.

            - Em breve, talvez. – sorriu a ruiva. – Entretanto, continuem a capturar Pokémon e a evoluírem como treinadores! Eu acredito em vocês.

            - Vamos tentar. – murmurou Hop vagamente.

            - Obrigado por toda a ajuda, Sonia! – exclamou Victor.

            - Até um dia, pessoal! – acenou a jovem.

            Depois de se despedirem da ruiva, o trio atravessou as cancelas de segurança, passando para a plataforma de embarque, onde um grande comboio cinzento já aguardava todos os viajantes. Ao entrarem por uma das portas de serviço, dirigiram-se para os lugares indicados nos bilhetes, atravessando o mar de gente que se encontrava no interior daquela carruagem. Minutos depois, conseguiram finalmente sentar-se nos bancos almofadados e confortáveis do expresso.

            - Finalmente, podemos descansar um pouco depois de tanta caminhada. – suspirou Victor.

            - Em breve estaremos em Motostoke! – exclamou Gloria ansiosa. – Uma cidade completamente nova, com novos Pokémon e pessoas para conhecer!

            - Espero que sim... – murmurou Hop, tentando esconder a tristeza que sentia no momento. O resultado do seu primeiro combate ainda estava presente na sua mente.

            Minutos depois, o comboio começou a circular, abandonando o interior da Wedgehurst Station, e revelando o céu pintado pelas cores do pôr-do-sol daquele dia. Mais um que chegava ao fim.

            Os três treinadores encostaram-se nos bancos, aproveitando para relaxar com aquela magnífica paisagem como fundo. Mesmo no meio de todo o ruído presente no interior do comboio, aquele era o momento ideal para se desligarem do mundo exterior. Ao mesmo tempo, o expresso continuava a circular a alta velocidade pelos caminhos de ferro, fazendo com que as novas aventuras ficassem cada vez mais perto dos jovens aventureiros.

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Magnolia


DESCRIÇÃO

Idade: 70 anos

Classificação: Professora Pokémon | Investigadora

Estreia: Capítulo 6 - Mais vale tarde do que nunca

História: Magnolia é a uma mulher inteligente e perspicaz. Como Professora Pokémon de Galar, o seu estudo e investigação concentram-se no fenómeno Dynamax. É responsável por gerir a Pokémon School de Galar, onde leciona vários jovens sobre diferentes tópicos acerca do mundo das criaturas de bolso. No final de cada ano letivo, oferece os Pokémon Inicais regionais aos três melhores alunos, entregando ainda uma Carta de Recomendação a cada um.



EQUIPA




Nome: Indeedee (Macho)
Tipo: Psychic-Type | Normal-Type
Habilidade: -
Ataques: -
Estreia: Capítulo 26 - Continuar em frente
História: Indeedee é o companheiro de Magnolia, responsável por ajudar a professora a cuidar da sua casa e organizar o seu laboratório.



Nome: Indeedee (Fêmea)
Tipo: Psychic-Type | Normal-Type
Habilidade: -
Ataques: -
Estreia: Capítulo 26 - Continuar em frente
História: Indeedee é a companheira de Magnolia, responsável por ajudar a mulher a organizar as suas lides domésticas.

Notas do Autor - Capítulo 6



CAPÍTULO 6
Mais vale tarde do que nunca

Novas capturas

            Sem perder mais tempo, o trio, acompanhado por Sonia, aventura-se pela Route 2. Aqui, a investigadora captura um Skwovet e revela que, quando saiu na sua jornada, há cinco anos atrás, não capturou tantos Pokémon como desejaria por ter medo deles. Para superar este obstáculo, a jovem admite que contou com a ajuda de Leon.
            Sendo a única que, até ao momento, não tinha realizado nenhuma nova captura, os amigos ajudam Gloria a encontrar um Pokémon para capturar. Depois de deixar escapar alguns adversários selvagens, a jovem consegue capturar um Blipbug, depois de uma disputa contra Scorbunny.

Magnolia

            Depois de chegarem finalmente ao seu destino, o grupo reencontra a Professora Magnolia. Numa conversa animada, o trio entrega as suas Wishing Stars à Professora, que informa os jovens sobre tudo o que têm de saber relativamente à mecânica Dynamax.
            Os gémeos também acabam por relatar o sucedido em Slumbering Weald. Magnolia e Sonia mostram-se surpreendidas pelo ocorrido e, em privado, as duas comentam o significado que este acontecimento pode ter. Cabe agora a Sonia investigar o caso.

A disputa continua

            A rivalidade de Hop continua face a Sonia. O rapaz desafia a jovem para uma batalha no dia seguinte. À força, a ruiva acaba por aceitar.
            Sozinhos, Victor e Hop pensam em estratégias que o rapaz pode usar na disputa. No entanto, o gémeo mais novo admite que não será fácil, uma vez que Sonia mostra ser uma treinadora experiente. O outro admite que tentará de tudo para terminar com a sua hostilidade naquele combate. Neste momento, percebe-se que talvez Hop comece a olhar para Sonia de uma maneira diferente.
            Por sua vez, Gloria e Sonia comentam a relação passada da ruiva com Leon. A jovem admite, entre algum secretismo, que Leon fez algo de grave, que ela nunca irá esquecer ou perdoar. Da mesma maneira, a razão de ter desistido do Gym Challenge está diretamente relacionada com isso. Aqui, Gloria mostra-se curiosa em descobrir o que Sonia esconde. Será que gémea vai conseguir descobrir?


Capítulo 6


            O sol voltava a brilhar no céu azul e brilhante de Galar, dando início a mais um dia ameno e ensolarado, perfeito para a continuação da viagem de vários Treinadores Pokémon.

            Depois de uma noite bem dormida no Pokémon Center de Wedgehurst, Victor, Gloria, Hop e Sonia, aproveitaram para tomar o pequeno almoço na cafetaria do estabelecimento, partindo, logo de seguida, para a Route 2, onde ficava o próximo destino do trio de treinadores.

            Naquele momento, o grupo encontrava-se no trilho da rota. Várias árvores e arbustos decoravam o local, que servia de habitat a imensas espécies de Pokémon que começavam a despertar calmamente. Victor, Gloria e Hop observavam atentamente a figura de Sonia, que se encontrava no meio dos montinhos de erva, a combater uma criatura típica da região.

            Ivysaur encontrava-se à frente do corpo da jovem, fitando calmamente a figura de um pequeno esquilo à sua frente. A criatura estava tão concentrada enquanto comia uma Berry, que nem se apercebera da presença de Sonia. O seu pelo era de diferentes tons de castanho, inclusive a sua cauda, grande e peluda. As grandes bochechas do Pokémon estavam cheias de comida que ele mastigava alegremente.


            - Skwovet, um Pokémon Normal-Type. – disse o Rotom Phone de Gloria, que apontava na direção da criatura. – Pode ser encontrado a comer Berries de todos os tipos. Muitas vezes, armazena o interior das suas bochechas com comida para se alimentar mais tarde.

            - Ivysaur, ataca com Razor Leaf! – ordenou Sonia.

            O Pokémon quadrupede reuniu a sua energia, fazendo com que um conjunto de folhas saísse do interior da planta das suas costas, atingindo, finalmente, o corpo de Skwovet em cheio. O Pokémon estremeceu e caiu ao chão ferido. O golpe de Ivysaur era demasiado forte para uma criatura tão indefesa como aquela.

            - Vamos terminar o nosso encontro com o Vine Whip!

            Duas lianas saíram disparadas das costas de Ivysaur na direção do pequeno esquilo que, depois de atingindo, contorceu o seu corpo no chão. Os ataques de Ivysaur eram realmente fortes, o que revelava um grande treinamento por parte do Pokémon e da sua treinadora.

            Sonia, por sua vez, apressou-se a encontrar uma Poké Ball dentro da carteira que logo arremessou contra o corpo de Skwovet que, sem escapatória possível, entrou na cápsula, acabando por ser capturado facilmente. A jovem apanhou a esfera do chão e guardou-a no interior da mala. De seguida, agradeceu a Ivysaur, que a observava alegremente, antes de o voltar a colocar no interior da sua Poké Ball, arrumando-a igualmente. Ao virar-se, deparou-se com as figuras dos três treinadores iniciantes, que a observavam surpreendidos.

            - O Ivysaur é realmente forte. – murmurou Victor espantando. – O pequeno Skwovet nem teve oportunidade de fugir!

            - Tu és fantástica! – exclamou Gloria.

            - Obrigada aos dois. – riu a jovem, corando ligeiramente.

            - Costumas capturar muitos Pokémon? – questionou Hop, que até ao momento permanecera em silêncio.

            - Nem por isso. Quando saí em jornada não consegui capturar muitos Pokémon, na verdade. – explicou.

            - Porquê? – questionou a gémea mais velha.

            - No início, eu tinha medo…

            - Medo de Pokémon? – repetiu Hop.

            - Sim. – confessou a ruiva. – Mas o teu irmão conseguiu ajudar-me com o passar do tempo. – disse, esboçando um pequeno sorriso enquanto recordava os tempos antigos. – Mas e vocês? Já capturaram algum Pokémon, para além dos vossos Pokémon Iniciais?

            - Um Rookidee! – respondeu Victor animado.

            - Antes de sair de Postwick, os meus pais ofereceram-me um Wooloo. – disse Hop. – Tradição de família.

            - Eu lembro-me do Wooloo do Leon! – riu-se. – Então e tu, Gloria?

            - Por enquanto sou só eu e o Scorbunny… - murmurou a rapariga.

            - Temos que tratar disso. – sorriu a investigadora. – Vamos fazer-nos à estrada e encontrar um Pokémon para a Gloria capturar!

            Todos assentiram e concordaram com a ideia da mais velha, acompanhando-a calmamente pelos trilhos da rota.

            Os minutos passavam e parecia que nenhum dos presentes conseguia encontrar um Pokémon que a gémea mais velha conseguisse capturar. Muitos deles acabavam por escapar por entre os arbustos ou até mesmo durante as batalhas. Gloria começava a ficar desanimada. Talvez aquele não fosse o dia ideal para ela fazer a sua primeira captura.

            - Desisto! – protestou, encostando o corpo contra o tronco de uma árvore, acompanhada por Scorbunny que estava igualmente desanimado.

            - Acho que é a primeira vez que te ouço dizer isso. – afirmou Victor surpreendido.

            - Eu não consigo! – exclamou, levantando os braços no ar, em forma de protesto.

            - Vais mesmo dar-me razão? – provocou Hop.

            - Por cima de ti! – exclamou Sonia, apontando para a árvore.

            Num dos ramos do arvoredo onde Gloria se encostava, uma pequena lagarta permanecia silenciosa, escondida atrás de várias folhas. Quando se apercebeu da atenção dos treinadores, a Pokémon estremeceu. Esperava que pudesse passar despercebida. Mas o seu plano não correu como planeado.

            Naquele momento, Gloria e Scorbunny observavam atentamente a figura da lagarta. O seu corpo era constituído por cinco partes distintas, coloridas em vários tons de azul, amarelo e branco. As antenas no topo da cabeça eram usadas para captar informação à sua volta. Os seus grandes olhos refletiam o que observava que, naquele instante, era a figura de Gloria enquanto segurava o seu Rotom Phone pessoal.


            - Blipbug, um Pokémon Bug-Type. – disse o Pokédex. – É um colecionador de informação constante, tornando-o numa criatura bastante inteligente. Apesar disso, não é muito forte.

            - Acho que se estava a tentar esconder de nós no meio daquelas folhas… - murmurou Sonia. – Sorte a vossa, a mim não me escapa nada! – brincou. – Gloria, porque não tentas capturá-lo?

            - Segundo o Pokédex nem é assim tão forte. Talvez nem precises de combater. – apontou Victor.

            - Posso tentar…

            A rapariga retirou uma Poké Ball da sua mala e lançou-a contra a figura de Blipbug. No entanto, a pequena lagarta contra-atacou, saltando do ramo da árvore mesmo antes da cápsula poder atingir o seu corpo. No solo, a criatura fitou o rosto de Gloria, como se estivesse a provocá-la. Todos os presentes se espantaram com a inteligência de Blipbug para escapar à captura da jovem treinadora.

            - Pode não ser forte, mas é de facto inteligente. – afirmou o gémeo.

            - Scorbunny, estás pronto para um combate? – perguntou Gloria, recebendo resposta afirmativa por parte do Fire-Type. – Vamos com Tackle!

            O coelho saiu disparado na direção de Blipbug que, usando a técnica Struggle Bug, conseguiu resistir ao ataque de Scorbunny, atacando-o ao mesmo tempo. Gloria surpreendeu-se com aquela técnica e cerrou o seu punho. Ela sabia que, de uma maneira ou de outra, teria de capturar aquela Pokémon.

            - Growl!

            Scorbunny abriu a sua boca, lançando um guincho, que ecoou por todo o local, capaz de diminuir o poder de ataque de Blipbug, que estremeceu.

            - Eu sei que é uma nova técnica, mas eu acredito que és capaz, Scorbunny! – incentivou a rapariga, antes de dar a última ordem. – Ember!

            O coelho de fogo concentrou a sua energia por breves instantes. Depois, começou a correr pelo chão, à medida que as palmas das suas patas começavam a formar chamas de fogo. Scorbunny correu na direção do corpo de Blipbug, atingindo-o com os seus membros inferiores, causando um grande dano na pequena lagarta, que caiu tonta no chão.

            - Agora, Gloria! – chamou Sonia. – Lança a Poké Ball!

            A gémea assentiu e, sem perder mais tempo, lançou outra Poké Ball que guardava na carteira. O corpo de Blipbug transformou-se numa luz que logo foi sugada para a cápsula esférica. Depois do instrumento balançar várias vezes, acabou por parar, concluindo a primeira captura da jovem treinadora, que saltou no ar entusiasmada. Scorbunny fez questão de acompanhar a sua mestre, saltando para o colo da rapariga que riu de alegria.

            - É assim que se faz! – exclamou Victor, orgulhoso da irmã.

            - Muito bem! – concordou Hop.

            - Estou muito orgulhosa! – gargalhou Sonia, abraçando a rapariga.

            - Mais vale tarde do que nunca, não é? – brincou a treinadora.

            - Não é assim tão tarde, maninha. – discordou Victor. – Ainda estamos no início da nossa aventura.

            - A verdade é que, se não nos despacharmos, não chegaremos a casa da minha avó antes da hora de almoço. – interrompeu Sonia, aproveitando a deixa.

            - Nesse caso, vamos fazer-nos à estrada! – concordou Hop, liderando o caminho.

            Os raios de sol continuavam a acompanhar o grupo de viajantes durante todo o seu percurso. Aproveitando o clima quente daquele dia, os jovens reuniram-se junto da margem do grande lago da Route 2, para uma curta pausa, onde almoçaram calmamente, acompanhados pelos seus Pokémon, que brincavam alegremente pelo local. Depois de satisfazerem as suas barrigas esfomeadas, voltaram-se a fazer à estrada.

            Não demorou até atravessarem a ponte por onde passava o rio, chegando finalmente a casa da Professora Magnolia, um local já conhecido por todos, afinal, a Pokémon School de Galar funcionava ali mesmo.

            O edifício de dois andares era erguido em tijolos escuros e tinha várias janelas, que forneciam luz solar para o interior do local. À frente da casa encontrava-se uma grande horta, onde vários alimentos, para consumo humano e Pokémon, eram plantados e cuidados por Magnolia e os seus alunos. Ao lado da casa principal, existia também uma pequena estufa, onde a professora lecionava as suas aulas. No exterior, podia ainda ser encontrado um campo de batalha, onde os jovens alunos treinavam as suas capacidades práticas de combate.

            Victor, Gloria e Hop observavam alegremente à sua volta. Depois de terem passado tantos anos das suas vidas a estudar naquele local, estavam de volta, mas como Treinadores Pokémon. O sentimento era diferente e a responsabilidade era outra.

            - Chegaram finalmente!

            Uma voz fez-se ouvir atrás do grupo. Todos se viraram entusiasmados, encontrado a figura de uma senhora de cabelo claro e de olhos verdes. Usava um vestido amarelo, da mesma cor dos sapatos que calçava, e por cima vestia uma bata branca e comprida que lhe chegava até aos pés. Na mão, segurava uma bengala que a auxiliava no equilíbrio.


            - Avó! – exclamou Sonia, envolvendo a senhora num abraço forte.

            - Minha querida neta… - murmurou a senhora, deixando-se rir. – Como estás tu?

            - Ótima. Cheia de trabalho, na verdade. – afirmou. – Mas trouxe companhia!

            - Olá Professora Magnolia. – disseram os três treinadores em uníssono.

            - Estão tão crescidos! – exclamou a senhora, abraçando os três de uma vez só. – O que fazem por aqui?

            - Talvez devêssemos falar lá dentro, avó. – disse Sonia, mesmo antes dos outros responderem.

            Os presentes concordaram com a sugestão e acompanharam Magnolia até ao interior do edifício. A Professora conduziu-os até à grande sala de estar da sua casa, decorada com um grande sofá e paredes cheias de prateleiras de livros coloridos. Victor, Gloria, Hop e Sonia sentaram-se no sofá comprido, enquanto Magnolia ocupava o lugar na única poltrona da divisão.

            - Então, do que se trata tudo isto, jovens? – questionou num tom de voz mais sério.

            - Nós encontrámos isto. – começou Hop, retirando um objeto da sua mochila.

            - Acreditamos que são Wishing Stars. – completou Victor, mostrando também a sua.

            - Todos nós encontrámos uma. – afirmou Gloria, segurando a pedra brilhante com as duas mãos.

            - Fantástico! – exclamou a mulher, com um olhar brilhante. – Todos os vossos desejos vão-se realizar. – afirmou seriamente.

            - O quê? – a gémea parecia confusa.

            - Diz-se que, quem tem a sorte de encontrar uma Wishing Star consegue realizar todos os seus sonhos. – explicou a Professora.

            - E se eu não souber qual é o meu sonho? – questionou a rapariga.

            - Bem, isso já uma conversa diferente… - Magnolia coçou a cabeça, olhando por cima dos seus óculos triangulares.

            - Eu quero ser tão forte como o meu irmão Leon! – exclamou Hop entusiasmado.

            - Com certeza… - sussurrou Sonia.

            - Eu quero conhecer todos os Pokémon que conseguir. – atirou Victor, encolhendo os ombros.

            - Mas… onde encontraram estes pequenos tesouros? – questionou a mais velha.

            - Em Postwick. – o moreno respondeu prontamente. – Relativamente perto de Slumbering Weald.

            - Esperem… o quê?! – Sonia parecia surpreendida. – Vocês estiverem em Slumbering Weald?

            - Bem… - Hop limpou a sua garganta. – O meu Wooloo fugiu para lá depois de se assustar com o Charizard do Leon. Nós tínhamos de o ir resgatar.

            - Nem mesmo eu me atrevo a entrar lá. – murmurou a investigadora.

            - Slumbering Weald é um local bastante misterioso no mapa de Galar. – indicou Magnolia. – Como foi essa experiência?

            - Nós conseguimos encontrar o Wooloo, mas… - o moreno calou-se, virando o seu olhar para os dois gémeos.

            Naquele momento, Victor e Gloria eram o centro das atenções. Os dois irmãos entreolharam-se em silêncio. Apesar de confusas, as memórias daquele dia continuavam bem vivas nas suas mentes.

            - Havia muito nevoeiro. – começou Victor numa voz arrastada. – E nós vimos uma figura ao longe.

            - Eu pensava que era o Wooloo, então corri em seu auxílio. – explicou Gloria. – Estava errada, obviamente.

            - Eram duas criaturas… pareciam Pokémon. – o rapaz voltou a falar. – Mas estavam feridos. E os seus corpos não pareciam reais. Era como se a névoa os estivesse a atravessar.

            - Quando nos tentámos aproximar, eles uivaram muito alto. Depois disso, desmaiámos e só voltámos a acordar à noite. – finalizou a gémea.

            - Como é que vocês saíram de lá? – questionou Sonia estupefacta.

            - O Leon e o Charizard encontraram-nos. – explicou Hop.

            - Ao menos isso… - suspirou a jovem ruiva.

            - Mas que Pokémon eram esses? – Magnolia parecia bastante interessada no assunto.

            - Nunca os vimos antes. – respondeu Victor.

            - Mas não pareciam comuns… - afirmou Gloria. – Havia algo neles que era único.

            - Interessante. – murmurou a mulher.

            - Acho que não devem voltar a esse local. – opinou Sonia. – Tiveram sorte porque o Leon vos conseguiu encontrar. Caso contrário, não sabemos o que poderia ter acontecido.

            Os gémeos assentiram. Os dois sabiam que a jovem tinha razão. Se Charizard não os tivesse resgatado a tempo, talvez eles ainda se encontrassem perdidos no meio de toda aquela névoa. O pensamento daquela ideia era, no mínimo, assustador.

            - Quanto às vossas Wishing Stars, eu mesma posso incorporá-las numa Dynamax Band. Isto é, se quiserem. – sugeriu a Professora.

            - Claro que sim! – exclamou Hop.

            - A força Dynamax permanece um mistério para todos. Por isso, é importante que saibam que deve ser usada cautelosamente e com responsabilidade. – explicou. – Para além disso, este poder só pode ser usado em locais específicos, conhecidos como Power Spots. No fundo, são locais na região de Galar onde a energia Dynamax existe em quantidades elevadas para que o processo possa ocorrer devidamente. E não se iludam. Os vossos Pokémon não ficam realmente gigantes. – disse, deixando escapar uma gargalhada. – É uma mera simulação e projeção dos seus corpos num tamanho absurdo. Mas é claro, o seu poder também aumenta. E deve ser controlado por alguém realmente capaz. As técnicas dos próprios Pokémon também se alteram. Portanto, é preciso muito cuidado e atenção quando ativarem as vossas Dynamax Bands. – dizia seriamente.

            - No fundo, é um instrumento que pode ser muito bom, mas, ao mesmo tempo, pode provocar consequências irreversíveis. – comentou Sonia.

            - Certo. – Victor assentiu com uma feição séria.

            - Se é assim tão perigoso porque continuam a usar essa energia? – questionou Gloria.

            - Porque faz parte da nossa cultura! – argumentou Hop rapidamente. – É isto que torna a Pokémon League de Galar tão única no mundo Pokémon! – exclamou.

            - Eu tenho as minhas dúvidas… - murmurou a rapariga.

            - Seja como for, a decisão de usar, ou não, este poder é de cada pessoa individualmente. – afirmou Magnolia. – Mas sim, Hop, o que tu dizes é realmente verdade. Em combates oficiais, muitos Líderes de Ginásio usam este poder. E se os treinadores escolhem ignorar a força Dynamax, a percentagem de vencer a batalha desce automaticamente. – explicou.

            - Basicamente, os treinadores são obrigados a usar Dynamax, se querem vencer. – apontou Sonia num tom irónico.

            - Não tinha pensado nisso dessa maneira. – pensou Victor.

            - Terei as vossas Dynamax Bands prontas amanhã. – disse Magnolia, levantando-se da sua poltrona finalmente. – Aproveitem o resto do dia para descansar.

            - Avó, posso falar consigo? – Sonia levantou-se do sofá.

            - Claro. Vamos até ao meu escritório? – propôs a mulher.

            - Antes disso… - interrompeu Hop, levantando-se também. – Sonia, quero desafiar-te para um combate!

            - O quê? – a jovem parecia surpreendida pela repentina proposta.

            - Eu vi a força do teu Ivysaur quando capturaste o Skwovet. E quero que os meus Pokémon tenham rivais à altura. – começou. – E admito que não fui com a tua cara de início. – disse, baixando a cabeça. – Talvez possamos resolver esse problema numa batalha.

            - Uau… - suspirou a ruiva. – Achas mesmo?

            O jovem assentiu com a cabeça e um silêncio instalou-se no local. Por momentos, Sonia confundiu Hop com Leon, o seu antigo companheiro de viagem. Por outro lado, o moreno queria tentar perceber a força de Sonia e a verdadeira razão dela ter abandonado o seu irmão no passado. Talvez aquela fosse a única forma de tal acontecer.

            - A Sonia aceita. – afirmou Magnolia, terminando com o silêncio na sala. – Amanhã de manhã terão o vosso confronto.

            A mulher abandonou a divisão, caminhando na direção do seu escritório pessoal. Sonia, confusa e surpreendida com a reação da sua avó, correu atrás dela, fechando a porta do escritório atrás de si.

            - O que foi aquilo?! – questionou.

            - É óbvio que o rapaz precisa de combater contigo. – afirmou simplesmente. – Seja por que motivo for. E tu também precisas de voltar a dar alguma ação à tua equipa, não achas querida?

            - Talvez… - assentiu a jovem pensativa.

            - Mas diz-me, o que querias falar comigo? – a senhora sentou-se na cadeira atrás da sua secretária e pousou as mãos por cima da base da mesa, aguardando a resposta da neta.

            Sonia limpou a garganta e olhou em volta, certificando-se que as duas se encontravam sozinhas no escritório.

            - É sobre os gémeos.

            - O que têm eles?

            - Eu achei aquilo que eles disseram muito estranho... – explicou.

            - O quê?

            - Eu acho que eles viram as figuras dos Guardiões de Galar em Slumbering Weald. - sussurrou

            Fez-se silêncio no local. Magnolia franziu a testa e, por breves momentos, a feição na sua cara alterou-se radicalmente. A mulher parecia surpresa.

            - Isso não é possível. – lançou.

            - A mim também me custa acreditar, mas a forma como eles descrevem a situação é tão única... Para além disso, porque razão é que eles estariam a fingir uma coisa destas?

            - Bem visto… - pensou a professora.

            - Mas se isso se confirmar realmente… o que é que significa?

            - Isso é o que terás de descobrir. – a Professora deixou escapar um suspirou e encostou as suas costas na cadeira. – Esta é a tua grande oportunidade como investigadora, Sonia.

• • •

            A noite estava instalada, tal como os jovens viajantes que já se encontravam a descansar confortavelmente nas respetivas divisões da casa de Magnolia.

            Victor e Hop dividiam o quarto de hóspedes e, naquele momento, os rapazes discutiam técnicas de combate para o dia seguinte.

            - O Ivysaur é Grass-Type e Poison-Type e o Skwovet é Normal-Type… exatamente os mesmos tipos dos meus Pokémon! – comentou o moreno.

            - Na verdade, o Grookey tem desvantagem contra técnicas Poison-Type, portanto deves ter isso em alerta. – afirmou Victor, folheando um livro de capa dura.

            - Achas que consigo vencer a Sonia?

            - Eu não sei, Hop. – confessou o gémeo. – Ela parece uma Treinadora Pokémon experiente, mesmo tendo desistido do Gym Challenge. Nós somos apenas iniciantes. Não me parece a situação mais equilibrada de todas, honestamente.

            - De qualquer das maneiras, vou dar o meu melhor. E tentar deixar os nossos problemas naquela batalha.

            - Mas que problemas? Eu nunca percebi realmente o que tu tens contra ela… - murmurou Victor.

            - Ela deixou o meu irmão sozinho! – exclamou o rapaz. – Isso não é justo.

            - Hop, eu sei que o Leon é o teu ídolo, mas tu sabes que ninguém é perfeito, certo? As pessoas cometem erros. E nós não sabemos o que se passou entre eles os dois. – o rapaz falava calmamente. – Deixa isso de lado e certifica-te que aproveitas o combate da melhor maneira.

            Hop assentiu em silêncio. Ele sabia que, no fundo, o seu amigo tinha razão. Não podia julgar uma pessoa que acabara de conhecer por influência de outro alguém.

            - Obrigado, amigo. – disse, esboçando um sorriso.

            Na divisão ao lado, Gloria e Sonia experimentavam roupas da neta de Magnolia. O quarto da jovem estava todo desarrumado, com vestuário espalhado pelo chão, caixas de maquilhagem abertas e gargalhadas pelo ar.

            - Tu e a tua avó estão a ser muito simpáticas connosco. – admitiu Gloria. – Muito obrigado.

            - Ora essa! – Sonia deixou-se rir. – Vocês os três são uns queridos.

            - Achas mesmo? – a mais nova arqueou a sobrancelha. – O Hop não tem sido muito simpático contigo.

            - Ele não faz por mal. – Sonia encolheu os ombros. – Eu percebo. O Leon deve-lhe ter contado histórias da nossa viagem e ele não deve ter ficado com a melhor impressão de mim.

            - O que aconteceu, realmente?

            Fez-se um curto silêncio no quarto. Sonia sentou-se à beira da cama e Gloria encarou-a de pé, aguardando uma resposta.

            - Nós éramos tão novos e ingénuos. Tal como vocês agora. – começou, deixando escapar uma gargalhada. – Pensávamos que eramos melhores amigos, apesar de todas as nossas diferenças. Mas a verdade é que não éramos realmente. – suspirou. – Eu não te posso dizer o que aconteceu realmente, mas é algo que eu tenho a certeza que o Leon se arrepende profundamente. Mas depois das coisas estarem feitas, não há nada a fazer.


            - Mas porque é que o abandonaste?

            - Eu não abandonei ninguém! – ripostou a jovem. – No mínimo, salvei-me a mim mesma. Eu desisti da minha jornada e do Gym Challenge porque deixei de me identificar com todo o mediatismo à volta da Pokémon League. – explicou.

            - O Leon teve algo a ver com isso?

            - O Victor parece ser o gémeo mais inteligente, mas tu realmente tens uma astúcia impressionante. – comentou a investigadora, baixando de seguida a cabeça e voltando a encarar o chão. – Mas sim, teve. – respondeu finalmente. – Fim da história, está bem?

            Gloria engoliu em seco. Sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo. Talvez Leon não fosse aquele herói que tanta gente imaginava e admirava. E, aparentemente, Sonia era a única pessoa que conhecia, verdadeiramente, o Campeão de Galar. Os segredos e mistérios do passado continuavam a ter repercussões no presente.

  

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