Archive for November 2019
Wild | Capítulo 7 - Notas do Autor
Olá aventureiros!
Bem-vindos a “Wild”, uma magnífica
história onde um pequeno ser humano é acolhido por um grupo de Pokémon
selvagens que desafiam as barreiras da amizade e do amor.
Neste segmento mais informal, falo
sobre os temas de cada capítulo, revelo várias curiosidades e levanto algumas
suposições para o capítulo seguinte.
Pedido de desculpas
Este é o
principal ponto deste capítulo. Vários pedidos de desculpas foram feitos e, a
partir de agora, novas mudanças começam a surgir na história.
Wild e
Peter foram os primeiros a lamentar-se e a arrepender-se do sucedido no
capítulo anterior. Depois de um castigo que durou um mês e que os manteve em
casa, os dois rapazes chegam à conclusão que, realmente, o que eles fizeram não
foi correto. Não só mentiram à sua família como a colocaram em risco. Tal como
aconteceu com os Pokémon que habitavam a torre de vigia abandonada. No mesmo
seguimento, espero que tenham gostado e achado interessante a comparação feita
por Susan. De facto, só me apercebi das semelhanças entre a “visita” à torre
com o “ataque” de Nate, enquanto produzia o diálogo! E deu muito mais
significado a toda a história envolvente.
Por falar em
Nate, ele foi outro grande protagonista deste capítulo. Após o confronto
com Peter (que mostrou finalmente o seu poder), o Pokémon elétrico revelou a
verdadeira razão do seu ataque a Wild e a toda a sua família. No fundo, ele
também tem um bom coração, só uma forma muito diferente de o mostrar. Mas,
daqui em diante, veremos um Nate diferente e com vontade de se redimir.
Outros pontos
Para além da
história principal, queria sublinhar, igualmente, outros tópicos que acho
relevantes.
Um deles é a
forma como vemos uma Susan diferente, autoritária e um pouco insegura,
sem saber o que fazer ou o que pensar relativamente ao comportamento de Wild e
Peter. Mais uma vez, a forma como o rapaz se comporta, tem efeitos nos outros
elementos da história.
O outro
ponto é relativamente a Carol e à sua relação com o jovem protagonista.
Espero que tenham gostado das descrições submarinas e das suas interações.
Infelizmente, não houve muito mais espaço neste capítulo, nem nos próximos,
para desenvolver esta relação entre os dois. Mas estou a preparar algo muito
fofo para o final!
Capítulo 8
Com a
desculpa de arranjarem mais comida para um grande almoço preparado pela sua
família, Wild, com a ajuda de Peter e Rory, atacam um treinador de passagem
pela Wild Area. Mas… o que acontecerá quando Wild conhecer outro humano? E quem
é ele?
Obrigado por
continuarem a acompanhar as aventuras de Wild! Até ao próximo capítulo!
Wild | Capítulo 7
Capítulo 7 - Desculpem
Susan sempre
mostrara ser uma mulher e uma mãe amável, mas após a saída clandestina de Wild
e Peter para a torre de vigia abandonada, a sua postura mudara completamente. Agora
a mulher agia de forma controladora e autoritária. Os rapazes ficaram de
castigo durante várias semanas. Durante esse período, não puderam sair do
recinto da casa. Só podiam brincar até à hora de jantar e, logo depois, era
momento de irem dormir. A sequencia repetiu-se por longas semanas, nas quais
Wild e Peter se lamentavam várias vezes pelo ocorrido.
Tommy, pelo contrário,
ganhara a confiança dos seus pais por ter salvo os dois jovens rebeldes. Agora
no seu novo corpo, o gigante Pokémon acostumava-se a novos hábitos e
comportamentos. Já Susan, a figura maternal do grupo, questionava-se várias
vezes por que razão Wild e Peter tinham cometido aquele ato de rebeldia. Ela
não percebia se estava a fazer o papel de mãe de forma errada, ou se eram eles
que agiam como se não tivessem recebido nenhuma educação da sua parte. Por
outro lado, George argumentava que atos daquele tipo eram normais e naturais de
acontecer a todas as crianças, quer fossem humanas ou Pokémon. Por último,
Rory, a filha mais nova do casal, mantinha-se calma e sossegada, admirando o
novo corpo e poder do seu irmão mais velho.
No último
dia do castigo, os dois rapazes sentaram-se com Susan e George no jardim da
casa. O casal continuava apreensivo quanto ao comportamento dos jovens e queria
ter a certeza que o castigo tinha tido o efeito pretendido.
- Estamos
finalmente livres? – foram as primeiras palavras de Peter, ao sentar-se num dos
bancos de madeira do jardim.
- Se queres
ser livre, e não ter de obedecer a regras, podes sair por aquele portão ali ao
fundo e nunca mais voltar. – respondeu Susan prontamente.
- Nós somos
uma família. – murmurou George. – Uma família muito pouco convencional, eu sei,
mas ainda funcionamos como uma.
- Eu estou
muitíssimo arrependido pelo que fiz. – afirmou Wild, com as bochechas coradas.
– Como já disse, a culpa foi inteiramente minha. Fui eu que tive a ideia de
visitarmos a torre. Eu devo ser responsável, não o Peter.
- Ambos o
fizeram. – cortou a borboleta. – O Peter não foi obrigado a nada. Ele foi de
livre vontade e, como tal, deve ser responsabilizado da mesma forma.
- Eu peço
desculpa também. – murmurou o coelho, com uma voz arrastada. – Mas vocês sabem
o sacrifício que eu faço para estar aqui trancado durante estas semanas todas?!
Quanto tempo se passou?! Um mês?!
- E eu não
visito a Carol desde que a conheci! Eu tenho pensado nela todos os dias! Ela
deve pensar que eu me esqueci dela, com certeza…
-
Exatamente. – acenou George. – Mas é isso mesmo que vocês devem compreender.
Todos nós fazemos sacrifícios, diariamente, para que, como família, possamos
funcionar de forma correta e saudável para o benefício de todos.
- Vocês não
percebem que, ao invadir aquela torre, estariam a meter toda a gente em perigo?
Vocês, nós, e os Pokémon que lá habitavam. – Susan explicava seriamente. – É
quase como que se vocês se tornassem no Nate.
- Não,
nunca! – exclamou Bunnelby, exaltado.
- Tens a
certeza? Vocês invadiram a torre, como se fosse a vossa própria casa. E depois,
quando os Pokémon que já lá estavam a viver, se protegeram e vos atacaram,
vocês atacaram-nos de volta. Foi exatamente isso que o Nate fez connosco,
lembram-se?
Os dois
amigos calaram-se e refletiram por alguns momentos. De facto, eles nunca
pararam para pensar daquela forma. E, na verdade, o próprio Golurk os chamara
de invasores. Tal como Duskull, que tentara defender o guardião da torre antes
de eles o atacarem. Talvez eles tivessem agido da mesma forma que Nate. E isso
assustava-os profundamente.
- Nós não
fizemos por mal… - murmurou Wild. – Tudo o que nós queríamos era visitar a
torre, sem levantar qualquer problema.
- Mas quando
o problema surgiu, vocês tentaram resolve-lo. – cortou George. – Eu acho que
isso também diz muito de vocês. Talvez sejam mais corajosos e fortes do que
qualquer um de nós imaginava.
- A verdade
é que só nos safámos porque o Tommy nos seguiu. – admitiu Peter. – Os meus
ataques não funcionavam naqueles fantasmas horripilantes!
Susan
deixou-se rir com as palavras do Pokémon e todos voltaram a atenção para o seu
corpo. A feição séria e autoritária da Pokémon parecia desvanecer aos poucos.
- Desculpem.
– disse. – Eu sei que prolonguei este castigo por demasiado tempo. – admitiu,
levantando a cabeça e encarando os dois rapazes. – Mas vocês não deviam ter
feito isto atrás das nossas costas. Eu sei que pensam que nós não vos
percebemos, especialmente tu, querido Wild. – ela falava, esboçando um meigo
sorriso. – Mas vocês não nos podem esconder este tipo de coisas.
- O que eu e
a Susan vos queremos dizer é que, da próxima vez, devem consultar-nos primeiro.
– concluiu o panda.
- Sim. Por
favor, não nos escondam mais nada.
- Eu
prometo, mãe. – respondeu Wild, de forma sincera e angelical, como só ele
sabia. – Daqui para a frente, não irão existir mais segredos entre nós.
- Acho que
têm razão. – assentiu Peter. – Esconder coisas de vocês é bastante difícil
mesmo.
O casal
riu-se e entreolhou-se, antes de se voltar para os rapazes novamente.
- Sendo
assim, o vosso castigo terminou.
O corpo de
Carol parecia flutuar pelas calmas águas do pacifico lago da Wild Area. Wild,
apenas de calções de banho, agarrava-se ao corpo da Pokémon que lhe mostrava as
belezas da profundeza daquele local. Várias rochas e corais marinhos serviam de
habitat para diferentes espécies de criaturas aquáticas, como Magikarp, Feebas
ou Wishiwashi, que coabitavam de forma calma e civilizada.
No entanto, nenhuma
daquelas criaturas conseguia despertar a atenção de Wild, como Carol fazia. A
beleza e subtileza da serpente marinha continuavam a hipnotizar o rapaz que,
naquele momento, observava atentamente as escamas do corpo de Milotic, que
brilhavam com os raios de sol, à medida que a criatura se aproximava da
superfície do lago.
Wild olhou
em volta, captando, mais uma vez, a beleza daquele lugar magnífico. O lago espalhava-se
por longos metros à sua volta e, numa das suas margens, George, Rory e Peter
tomavam banhos de sol.
Carol
aproximava-se lentamente do grupo enquanto que Wild, sentado sobre o seu corpo,
penteava os seus cabelos claros, compridos e molhados.
- Vejam quem
está de volta! – exclamou Rory, ao mesmo tempo que chapinhava na água.
- Como foi
essa viagem? – perguntou George, que supervisionava a filha mais nova.
- Ótima!
Linda! Esplêndida! Espetacular! – respondeu Wild fascinado.
- Foi uma
bela aventura! – gargalhou Carol.
- O que
viste, companheiro? – perguntava Peter curioso.
- Imensos
corais e plantas marinhas! E lindos Pokémon aquáticos! – afirmava o rapaz
excitado. – Mas o meu favorito foi um Mantine gigante que passou mesmo por cima
de nós!
- Existem
imensas espécies de Pokémon neste lago. É por isso que eu gosto tanto de viver
aqui. – explicou a serpente.
- E esta
paisagem é maravilhosa!
Todos
acenaram e concordaram com a pequena Wynautt. À frente do grupo, o lençol de
água estendia-se por vários longos metros. Haviam vários grupos de diferentes
espécies de Pokémon que brincavam ao longo do lago, mas um em particular chamou
à atenção do pequeno Wild. Vários Vanillite que brincavam alegremente acabavam
de ser atingidos por algum ataque, deixando-os gravemente feridos.
- O que é
que se está ali a passar? – questionava Wild, que permanecia sentado sob o
corpo de Carol, ainda dentro de água.
- Saiam do
lago! – gritou George.
Naquele
momento, o corpo de um Pokémon surgia atrás de várias rochas, que se situavam à
beira do lago. O seu corpo assemelhava-se a uma aranha amarela com quatro patas
e um bigode. Na sua cabeça, dois olhos grandes eram acompanhados por quatros
mais pequenos e, ao longo do seu corpo, vários apontamentos em azul e roxo
contrastavam com o amarelo.
Galvantula
disparou um potente Electro Web na direção de Carol e Wild, que
escaparam para fora da água mesmo a tempo. Wild rebolou pelo solo, mas logo se
levantou, certificando-se que Milotic estava estável e em segurança.
- Tiveram
saudades minhas? – gritou o Pokémon, aproximando-se do grupo, mantendo, no
entanto, uma certa distância dos adversários.
Wild deixou
o queixo cair, revelando o estado de surpresa por reencontrar aquela figura tão
marcante na sua vida.
- Não
acredito…
- Nate. –
murmurou Peter, cerrando o punho.
- A cicatriz
fica-te bem. – murmurou a aranha, deixando escapar uma gargalhada.
- Quem é
este? – perguntou Carol, visivelmente confusa.
- É o Nate.
O rival do Wild, que o atacou e lhe fez aquela cicatriz na barriga. – explicou
Rory.
- Como te
atreves a aparecer aqui!? – gritou George, a fúria era visível nos seus olhos.
– Não te aproximes da minha família novamente!
- Ou então o
quê? – provocou a aranha.
- Ou então
eu…
- Deixa isto
comigo George. – murmurou Peter, olhando por cima do ombro. – Eu mesmo vou
resolver este problema.
Bunnelby
voltou-se para a frente, encarando o corpo de Galvantula. Nate observava-o
também atentamente. Ali, naquele momento, os dois Pokémon, finalmente frente a
frente, preparavam-se para colocar o seu poder e força à prova. Se, por um
lado, Peter queria fazer jus á sua promessa de vencer finalmente Nate, este
queria mostrar a todos o seu novo poder na sua nova forma evoluída.
- Não vais
escapar desta vez.
Peter lançou-se
na direção do Pokémon, preparando-se para o atacar com um Double Slap,
mas Nate fora mais rápido, escapando facilmente ao ataque e contra-atacando com
o seu Fury Cutter. Bunnelby saltou por cima do corpo do seu adversário, esquivando-se
do seu ataque e preparando uma forte investida com o Quick Attack.
Galvantula acabou atingindo, mas não parecia muito afetado com o choque físico.
- Tanto
tempo depois e continuas o mesmo fracote. – murmurou Nate.
- E tu
continuas o mesmo infeliz e arrogante de sempre!
Bunnelby
deixou que os seus sentimentos tomassem controlo do seu corpo e saiu disparado
na direção de Galvantula, atingindo-o em cheio com o seu novo ataque, Take
Down. O choque provocado pelo embate fez com que os dois Pokémon fossem
projetados para lados opostos.
- Agora sim.
– gargalhou Nate. – É disso que estou a falar!
Uma pequena esfera
de eletricidade começou a ser formada à frente da boca de Galvantula, aumentando
lentamente de tamanho, até ser disparada contra o corpo de Bunnelby, que, sem
tempo para se esquivar, foi alvo da Electro Ball do adversário.
O Pokémon,
projetado por alguns metros, caiu no chão ferido, mas ele não estava pronto
para desistir tão cedo. Levantou-se do chão, calmamente, pronto para continuar
o combate.
- Eu sei que
tu consegues, amigo! – incentivava Wild, que observava a batalha atentamente.
O coelho
sorriu e acenou ao seu companheiro, recordando todos os momentos que vivera com
ele até então. Aquele era o momento de mostrar o quanto gostava e se preocupava
com ele, vencendo o seu adversário em comum.
As orelhas
de Peter começaram a formar uma aura de cor castanha, que rapidamente se fundiu
em várias bolas de lama, lançadas na direção de Nate. A aranha tentou
esquivar-se do ataque, mas as quantidades de bolas lançadas na sua direção eram
demasiadas para ele escapar ileso. O Pokémon acabou por ficar preso num monte
de lama formada pela técnica Mud Shot.
- Oh não. – sussurrou,
verificando que, de facto, estava ali preso.
- Acabou,
Nate!
Peter voltou
a preparar um potente Take Down, saindo disparado na direção do seu
adversário que, sem forma de escapar, foi atingido em cheio. O seu corpo foi
arrastado pela lama e rebolou pelo chão, sujando todo o seu pelo amarelo com a
sujidade da terra.
Os
ferimentos de Nate eram visíveis para todos os presentes, mas, mesmo assim, o
Pokémon ergueu-se lentamente do chão, levantando o seu olhar até aos corpos de
Wild e Peter, que o observavam em silencio. Naquele momento, o Pokémon tremia e
parecia revelar, pela primeira vez, a sua fraqueza e insegurança.
- Desculpem.
Fez-se
silencio. Nenhum dos presentes queria acreditar naquilo que ouvira. Uma figura
tão temível e forte como Nate mostrava, finalmente, o seu lado mais íntimo.
- O que é
que tu disseste? – questionou Wild.
- Estou
farto destes jogos estúpidos. – admitiu Nate. – Toda a nossa disputa é ridícula
e sem sentido algum.
- Como
assim? Foste tu que nos atacaste e iniciaste tudo isto! – retorquiu Peter.
- Vocês não sabem,
mas eu já vos observo há muito tempo. Naquele dia, quando tudo começou, eu já
observava a vossa família há várias semanas. Mas eu estava farto de ser uma
simples sombra que vocês não sabiam que existia. Então intrometi-me no vosso
jogo.
- O que
estás a dizer? – Wild parecia confuso.
- Tu
acertaste-me com a bola porque eu assim o queria. Eu conseguia escapar
perfeitamente… mas eu queria ser atingindo.
- Porquê?
- Eu queria
brincar com vocês. – confessou. – Só isso.
- Então
porque é que atacaste o Wild? – perguntava George.
- Eu não
sei. Foi o mesmo instinto, penso eu. Toda a vontade de querer ser vosso amigo
transformou-se numa espécie de ódio.
- Isso é uma
palavra muito forte… - murmurou Rory.
- Todos
vocês pertencem a um grupo, a uma família. Têm alguém que goste e cuide de
vocês. Eu nunca tive isso em toda a minha vida. – admitiu, com um olhar
brilhante. – Tudo o que eu queria era ter o que vocês têm. Fazer parte da vossa
família.
Fez-se
silêncio e o único som que se ouvia agora era o choro de Nate. Um choro de
tristeza, mas também de alívio, por revelar toda a verdade àquele grupo que ele
tanto admirava secretamente. Tudo o que ele queria era ser um deles. Poder
sentir-se amado e integrado num grupo com outros Pokémon.
- Tu és
muito especial, Wild. Eu nunca quis magoar-te ou deixar-te essa cicatriz. Com
certeza já passaste por muito na vida.
- Nate…
- Nem todos
os seres humanos têm a sorte de encontrar Pokémon que os amem como a tua
família o faz contigo. Nem mesmo treinadores especialistas. Tu és um rapaz
sortudo. – disse, em forma de despedida. – Eu espero que saibas dar valor a
isso.
A aranha
preparava-se para virar costas e abandonar o local, estava tudo dito, finalmente.
Wild e os outros elementos do grupo observavam o Pokémon em silêncio. Todos
eles sentiam um misto de emoções por Nate. Se antes ele era visto como uma
criatura temível e malvada, então agora todo o seu ódio se transformara em mera
fraqueza.
- Espera!
Wild correu
na direção de Nate, que se surpreendeu com o gesto do rapaz, parando a meio do
seu caminho.
- Tu não
tens de ficar sozinho. – murmurou o menino. – Porque não vens connosco? –
perguntou, de forma inocente.
- Eu não
posso fazer isso. Já magoei demasiado a tua família.
- Podes,
pelo menos, vir-nos visitar. – a voz de George fez-se ouvir, enquanto se
aproximava dos dois.
- Porque
estão a ser tão simpáticos comigo? Eu ataquei-vos e ameacei a vossa segurança!
- Porque nós
somos assim. – disse Rory, aparecendo também acompanhada de Peter e Carol.
- Bons
rivais também são bons amigos. – afirmou o coelho, esboçando um pequeno
sorriso.
- Para a
próxima, tenta só deixar os pequenos Vanillite de fora da tua vingança. – riu
Milotic. – Eles não têm culpa de nada…
O grupo
deixou escapar uma gargalhada em uníssono. Nate observou-os com atenção. Era
aquilo que ele queria. Um grupo de amigos, uma família que se preocupasse
realmente com ele. E parecia que isso estava mais perto de acontecer do que ele
imaginava.
- Têm a
certeza? – voltou a perguntar.
- Sim! –
insistiu o rapaz.
- Se tu és
importante para o Wild, então deves ser importante para todos nós. – admitiu
George. – Afinal, é ele quem nos mantem a todos unidos. Verdade?
Nate
calou-se e concordou com a cabeça. De facto, era um simples rapaz quem mantinha
um grupo de diferentes espécies de Pokémon unido. A forma como uma mera criança
conseguia despertar várias relações e sentimentos entre múltiplas criaturas
distintas era algo que deixava a pensar qualquer um.
Último trailer de Pokémon Sword e Pokémon Shield
No dia 11 de novembro, o site
oficial de Pokémon Sword e Pokémon Shield foi atualizado com um novo e,
provavelmente, último trailer antes do lançamento dos novos títulos.
O vídeo disponibilizado mostra cenas
e informações já conhecidas do público e revela novos Pokémon, que ainda não
foram devidamente apresentados.
Fonte:
Pokémon Oficial
Já têm as vossas cópias pré-compradas?
Está na hora de começar a aventura por Galar!
Wild | Capítulo 6 - Notas do Autor
Olá aventureiros!
Bem-vindos a “Wild”, uma magnífica
história onde um pequeno ser humano é acolhido por um grupo de Pokémon
selvagens que desafiam as barreiras da amizade e do amor.
Neste segmento mais informal, falo
sobre os temas de cada capítulo, revelo várias curiosidades e levanto algumas
suposições para o capítulo seguinte.
Torre de vigia
Esta foi,
provavelmente, a ideia mais aleatória, mas significativa, que eu já tive. Esta
torre de vigia, localizada na Wild Area, simboliza imensas coisas. Guerra,
luta, sangue, desespero, aventura e ação. E, ao longo do capítulo, conseguimos
perceber e distinguir todas essas ideias.
Este
capítulo marca um ponto de viragem na história de Wild e a esta torre de vigia
é o símbolo disso. A partir de agora, o rapaz percebe que, de facto, todos
os seus atos têm repercussões no mundo à sua volta. E se ele os faz, tem de
se responsabilizar por eles.
Para além
disso, acho que este local pode vir a ser explorado mais tarde, de
várias formas distintas…
Wild e Peter
A amizade
dos dois cresce cada vez mais, e este plano maluco é a prova disso. Os dois
acreditam realmente que podem enfrentar um local desconhecido e Pokémon nunca
antes vistos juntos! Se isso não é uma grande prova de amizade, então não sei!
Chamo a
atenção para a cena do quarto, onde os dois têm reações completamente
distintas. Wild, com a sua ingenuidade, não percebe o significado de todo
aquele sangue no chão, mas Peter, pelo contrário, percebe e mostra-se afetado
com isso. A forma como entramos na sua mente e percebemos a sua perspetiva
sobre o mundo à sua volta é também bastante interessante e dá que pensar! Pode
não parecer, mas Peter é realmente um Pokémon inteligente e astuto.
Wild, por
sua vez, aprendeu da pior maneira como os seus planos afetam aqueles à sua
volta.
Tommy
Sendo
referido ao longo de todo o capítulo como o “impulsionador” para o
acontecimento desta investigação, Tommy revela-se quando o grupo mais precisa
de si. Ele não só ajuda o seu irmão mais novo, como também evolui! E, para além
disso, dá-lhe uma grande lição de vida. No fundo, parece que todos temos alguma
coisa a aprender com Tommy, não?
Capítulo 7
Quais serão
as consequências de Wild e Peter após este incidente? E o que acontece quando
os habitantes do lago da Wild Area são atacados? Parece que várias caras
familiares estarão de volta no próximo capítulo…
Obrigado
por continuarem a acompanhar as aventuras de Wild! Até ao próximo capítulo!
Wild | Capítulo 6
Capítulo 6 - Não se pode mudar o que está feito
Bunnelby
saltou na direção de Duskull, atacando-o com Quick Attack, no entanto, o
Pokémon fantasma desvaneceu-se no ar. Era como se o ataque de Peter não tivesse
nenhum efeito sobre ele. Segundos depois, o seu corpo voltava a aparecer, desta
vez no lado oposto do quarto. O coelho voltou a correr na direção do
adversário, desta vez usando a técnica Double Slap, que, mais uma vez,
não mostrara nenhum efeito contra o fantasma.
Silêncio.
Já era noite e a maioria dos Pokémon que habitavam a Wild Area dormiam
calmamente. No topo de uma montanha, a majestosa casa de madeira estava
igualmente adormecida. Pelo menos, parecia. A verdade é que, no seu interior,
um rapaz permanecia acordado, sentado sobre a sua cama.
Wild
observava com atenção o quarto à sua volta, pensativo. Todos os membros da sua
família pareciam adormecidos. O menino sorriu.
-
Peter! – sussurrou. – Está na hora. Vamos!
O
Bunnelby adormecido na outra cama da divisão acordou rapidamente, revelando um
sorriso, tal como Wild fizera.
Naquele
momento, um dos maiores planos daquela dupla imparável entrava em ação. Aborrecidos
do seu dia-a-dia vulgar, Wild e Peter organizaram uma saída noturna secreta,
sem o conhecimento ou a autorização de nenhum membro da família. O plano
consistia em visitar uma torre de vigia abandonada da Wild Area, onde esperavam
poder encontrar Pokémon que nunca viram anteriormente. Os rapazes sabiam que
poderia ser arriscado, ou um pouco perigoso, mas os dois acreditavam que,
juntos, poderiam fazê-lo.
Em
silêncio, os dois abandonaram o seu quarto, desceram até ao piso inferior da
casa e saíram porta fora, tentando fazer o menor barulho possível.
-
Achas que alguém vai descobrir? – Wild perguntava, fechando o grande portão do
jardim atrás de si.
-
Espero que não. – respondeu Peter. - Fomos cuidadosos.
A
dupla começou então a caminhar pelos trilhos da Wild Area. Era a primeira vez
que o faziam durante a noite, o que era um pouco estranho, mas rapidamente se
adaptaram. Tentaram permanecer em silencio, para não acordarem nenhum Pokémon
selvagem, no entanto, graças a todo o entusiasmo que sentiam, era quase
impossível.
-
Mal posso esperar para conhecer novos Pokémon! – exclamava Wild enquanto
caminhava ao lado de Peter. – Que espécies de Pokémon achas que vamos
encontrar?
-
Não faço ideia. Eu nunca estive lá antes.
-
Eu sabia que nós tínhamos de visitar esta torre de vigia desde o dia em que o
Tommy nos falou dela. – admitiu o rapaz. – Parece tão fixe!
-
E é, com certeza.
-
O que achas que acontece se alguém descobrir o que fizemos?
Por
mais que Wild quisesse ser rebelde ou aventureiro por apenas alguns momentos,
ele não podia deixar de sentir que estava a enganar toda a sua família. Por
outro lado, ele sabia perfeitamente que nem Susan ou George lhe dariam
permissão para fazer o que estava a fazer naquele momento. Talvez aquela fosse
a melhor solução. E, caso algo de mal acontecesse, ele sabia que era o
responsável. E ele assumiria a culpa até ao fim.
-
Talvez fiquemos de castigo. – murmurou Peter, pensativo. – Porquê? Estás
arrependido? – perguntou.
-
Acho que é demasiado tarde para isso.
Com
toda a conversa, os dois nem repararam que, naquele momento, se aproximavam do
local que eles tanto ansiavam. À sua frente, uma gigante torre construída de
pedra erguia-se. Parecia que não tinha fim, era demasiado alta para qualquer um
deles avistar o seu topo. As paredes eram preenchidas por várias janelas de
vidro, sendo que, muitas delas, estavam quebradas.
Os
dois entreolharam-se. Era impossível não sentir um pouco de nervosismo na presença
daquele monumento gigante. Na realidade, era uma torre de vigia bastante
antiga, que retornava a séculos atrás, época de uma das maiores guerras de todo
o mundo Pokémon, segundo o livro de Tommy.
-
Uau! – exclamou Wild, observando a torre à sua frente. – É enorme!
Peter
permanecia em silêncio, olhando atentamente aquele monumento. Em tantos anos de
exploração, ele nunca observara algo daquela dimensão ou importância. Nenhum
deles fazia ideia o que existia no seu interior, mas Bunnelby tinha a certeza
que teria de manter Wild em segurança. Afinal, naquele momento, eram só eles os
dois.
-
Não vamos perder mais tempo aqui fora. – disse. – Vamos entrar.
Peter
saiu na frente, sendo seguido pelo rapaz. O interior da torre era frio e
arrepiante. As suas paredes de pedra estavam nuas. A pouca mobília que existia
estava partida e espalhada por todo o lado. Parecia que uma tempestade tinha
passado por ali. Não uma, mas duas, três, ou até mais. Na realidade, aqueles
eram vestígios que permaneciam de uma guerra violenta e sangrenta.
O
canto da sala, que constituía o primeiro andar da torre, dava início a um lance
de escadas que continuava até ao topo do monumento.
-
É mesmo real… - murmurava Wild, observando com atenção tudo à sua volta.
-
Parece que os livros do Tommy não se enganam. – concordou Peter, caminhando na
direção das escadas. – Vamos continuar.
O
coelho começou a subir as escadas de pedra em forma de caracol, que pareciam
não ter fim à vista. O rapaz seguia-o em silêncio, mas sempre com um olhar
atento. Passaram por salas de vigia, rodeadas por janelas estilhaçadas, com
vista para o exterior. Em vários andares existiam alguns escritórios com papéis
espalhados por todo o lado. Noutro andar eram as casas de banho e os
balneários, onde os militares faziam a sua higiene, no entanto, agora, graças
ao seu abandono, estava ali instalado um cheiro horrível a esgoto. Nos últimos
andares, já perto do topo, era onde se encontravam vários quartos, com camas e
beliches de todos os tamanhos e feitios. Era ali que os militares descansavam,
quando as circunstâncias o permitiam.
A
dupla entrou num dos dormitórios. Os lençóis das camas estavam rasgados e
esvoaçavam no ar, graças à brisa que entrava na divisão através de uma janela
partida. No cimo de uma mesa permaneciam alguns livros cobertos de poeira
enquanto que, no chão, várias gotas de sangue seco se encaminhavam na direção
da janela. Wild não percebia muito bem o significado daquilo, mas Peter sabia
perfeitamente o que aquilo representava: o desespero e o final trágico de
alguém que não via nenhuma saída, para além da sua própria morte.
Peter
caminhou pelo quarto e arrastou o seu corpo até à beira da janela, observando a
paisagem daquela altura. As cidades longínquas marcavam presença com as suas
luzes brilhantes, no entanto, o resto da Wild Area ao seu redor parecia
totalmente adormecida. A natureza daquela zona selvagem contrastava imenso com
a realidade urbana das cidades em desenvolvimento à sua volta. Apesar de ser um
Pokémon, ele sabia que todo aquele crescimento urbanístico acontecia devido ao
aumento do capitalismo por todo o mundo. Ele ainda não percebera se aquilo era
algo bom ou mau, mas, por enquanto, gostaria de manter a sua distância daqueles
centros comerciais, onde os Pokémon eram vistos como simples mascotes de
entretenimento.
Peter
só despertou dos seus pensamentos quando os gritos de Wild se fizeram ouvir. O
Pokémon virou-se rapidamente, encontrando o pequeno rapaz a chorar, no chão,
sendo observado por uma criatura que levitava no ar. O seu corpo era coberto
por um robe escuro e, no rosto, a máscara de uma caveira assustava os seus
adversários. Aquele Pokémon era conhecido como Duskull.
-
Wild, não tenhas medo!
-
Peter… o que se passa? – Wild levantava-se do chão, limpando o seu rosto
molhado, confuso com o rumo daquele combate.
-
Acho que está na altura de voltarmos para casa.
-
Rápido! Antes que eu vos apanhe! – a voz de Duskull fez-se ouvir.
Peter
pegou na mão de Wild, saiu daquele quarto assombrado e começou a correr com o
rapaz, descendo o lance de escadas de pedra. A visita à torre estava dada como
cancelada. Ou, pelo menos, era isso que eles pensavam. O corpo de Duskull
apareceu à frente da dupla, surpreendendo Wild, que lançara mais um grito. O
Pokémon fantasma parecia decidido em continuar a perseguir os dois,
especialmente a criança indefesa.
-
Vai assustar outro! – gritou Peter.
-
Não me apetece! – riu o fantasma.
Várias
ondas de energia começaram a ser lançadas desde o corpo de Duskull até
Bunnelby, que caiu no chão atordoado. O pequeno coelho fora atingindo pela
técnica Pursuit.
-
Levanta-te, Peter! – exclamou o rapaz. – Se não podemos descer, subimos!
-
Acham mesmo que podem fugir? – Duskull gargalhava. – O guardião da torre é
invencível!
Agora
era Wild que pegava na mão de Bunnelby e o arrastava escadaria a cima,
ignorando por completo a voz de Duskull. O rapaz não sabia para onde se
dirigia, mas o que mais o preocupava agora era fugir daquele Pokémon assustador
e salvar o seu amigo.
Após
alguns minutos de corrida, a dupla alcançou o topo da torre, que era protegido
por uma porta de metal. O rapaz tentou empurra-la, mas parecia impossível. Era
demasiado pesada.
-
Afasta-te.
Peter
levantou-se, e esticou os seus braços, enquanto observava atentamente a porta à
sua frente. Depois de a encarar durante alguns segundos, lançou-se contra ela,
atingindo-a com as suas fortes orelhas. A porta abriu-se finalmente, provocando
um forte estrondo por toda a torre.
-
Vamos!
Wild
atravessou a porta de metal e deixou-se surpreender com aquele local. Era uma
espécie de terraço, mesmo no topo da torre. Ali, algumas bandeiras que ele
desconhecia eram erguidas e vários canhões apresentavam-se estragados devido à
sua ferrugem. Peter, ao seu lado, observava atentamente o local,
surpreendendo-se com uma grande figura que os encarava em silêncio. Aquele
Pokémon assemelhava-se a uma armadura gigante, com ombros fortes, mãos grandes
e pés achatados. O seu corpo era revestido por um tom torquesa, com alguns
apontamentos amarelos. O seu nome era Golurk, e naquele momento, a criatura não
parecia feliz com as suas visitas.
-
Quem se atreve a despertar o guardião desta torre de vigia?!
A
voz de Golurk impunha respeito a qualquer um. Wild e Peter encolheram-se,
agarrando-se um ao outro. Os dois amigos estavam encurralados. De um lado, um
Duskull perseguia-os, do outro, um gigante Golurk ameaçava-os.
-
Senhor guardião… o meu nome é Wild. – começou o rapaz. – Eu e o meu amigo,
Peter, estamos de passagem. Só queríamos explorar esta torre, sem causar
problemas a ninguém…
-
Silêncio! – cortou o Pokémon, aproximando-se a passos largos da dupla. O chão
parecia estremecer com os seus movimentos. – Ninguém vos autorizou a entrar
nesta propriedade. Correto?
-
Correto, senhor guardião. – acenou o rapaz, assustado.
-
Então porque haveria eu de ter misericórdia de vós? Intrusos! Invasores!
O
gigante Pokémon foi rodeado por uma aura amarela que envolveu todo o seu corpo.
Naquele segundo, o Pokémon reuniu toda a sua força na técnica Heavy Slam,
lançando-a contra Bunnelby, que foi projetado contra um dos pilares do terraço,
caindo no chão inconsciente.
Wild
estremeceu, assustado com a força bruta do Pokémon, que vencera o seu
companheiro com um só golpe.
-
Um de dois abatido. – disse, como se estivesse a transmitir uma mensagem ao seu
exército. – Continuar operação!
O
corpo de Golurk envolveu-se e começou a rolar pelo chão na direção de Wild. O
rapaz começou a correr, esquivando-se do Rollout do adversário, mas ele
sabia que não podia fugir para sempre. Podia escapar, saindo pela mesma porta
por onde entrou, mas não estava disposto a abandonar o seu companheiro de longa
data. Teria de enfrentar aquele Pokémon inevitavelmente. Pelo menos, era isso
que ele pensava, antes de ver um feixe de gelo voar por cima do seu corpo e
atingir Golurk em cheio. O Pokémon estremeceu e cancelou o ataque. Aquela
técnica, conhecida como Ice Shard, era super efetiva contra Pokémon da
espécie de Golurk e Wild sabia muito bem quem era o portador daquele ataque.
-
Tommy?
O
corpo de Snover revelava-se à porta do terraço da torre. O Pokémon parecia
cansado, mas não surpreendido.
-
Eu mesmo. – respondeu.
-
O que estás aqui a fazer?
-
Segui-vos, para vossa sorte. Eu sabia que não vos devia ter contado a história
sobre esta magnífica torre… - murmurou.
-
Podemos discutir isso depois? – Wild estava mais preocupado com o estado do seu
amigo. – O Peter foi atacado…
-
E a seguir vão ser vocês! – gritou Golurk, interrompendo a conversa.
-
Encontrei um Duskull pelo caminho… -
murmurou Tommy. – Já tratei dele e agora vou tratar de ti também! – disse,
virando-se para o corpo de Golurk, que se levantava do chão.
Um
novo feixe de gelo foi lançado na direção de Golurk, que se deixou atingir,
mais uma vez, pelo Ice Shard de Snover. O gigante rugiu, mas não
mostrava ares de cansaço. Felizmente, a proteção do seu corpo mantinha-o
protegido o suficiente. O Pokémon recuperou as suas energias e preparou-se para
o atacar o novo adversário.
O
punho de Golurk foi rodeado por uma energia de cor roxa, que parecia aumentar o
seu poder ao mesmo tempo que o Pokémon corria na direção de Snover. Este, na
tentativa de se esquivar, acabou por ser atingindo pelo potente Shadow Punch
de Golurk, caindo no chão ferido.
Talvez
o desafio de Tommy fosse mais difícil do que ele estava à espera. Mas ele não
estava disposto a desistir tão cedo. Levantou o seu corpo do chão de pedra e
ergueu o seu braço no ar, que começou a emitir um brilho verde. Era a sua nova
técnica, conhecida como Wood Hammer. Snover lançou-se na direção do
adversário e acertou-o em cheio, fazendo o seu corpo cambalear e cair no chão.
Golurk
observava surpreendido o rosto de Snover. O Pokémon estava admirado com a força
do seu adversário. E, por outro lado, Tommy mostrava-se também surpreendido com
o seu poder, que parecia aumentar cada vez mais. Naquele momento, o Pokémon
sentiu o seu corpo ser invadido por uma luz fluorescente, enquanto que os seus
membros aumentavam lentamente de tamanho. Agora, o seu corpo era coberto por um
pelo branco, à exceção das suas mãos e pés, cobertos de folhas verdes. Os seus
olhos roxos refletiam uma criatura abominável das neves. Tommy era agora um
Abomasnow.
-
Oh sim! – exclamava Wild. – O Tommy evoluiu!
-
Oh não… - murmurava Golurk, caído no chão.
Sem
perder mais tempo, Tommy voltou a erguer os seus braços, que desta vez se
iluminaram de uma cor azulada. O Pokémon recém-evoluído golpeou o seu
adversário com os dois punhos, deixando-o imediatamente inconsciente. Uma
técnica de gelo como Ice Punch era muito potente contra um Pokémon do
tipo terra como Golurk.
Abomasnow
levantou o seu olhar, encontrando Wild junto do corpo de Peter.
-
Obrigado. – murmurou o rapaz.
-
Obrigado eu… fizeste-me evoluir!
-
Tu estás… bem grande agora! – exclamou o menino.
Naquele
momento, Peter acordava. Esfregou os seus olhos, ainda um pouco atordoado, e
surpreendeu-se ao dar de caras com a nova forma de Tommy.
-
Wow! – gritou. – Que grandalhão!
-
Tu e eu temos que falar. – Tommy mostrava um ar mais sério. – De quem foi a
belíssima ideia de virem aqui parar?
-
O Peter não tem culpa. – interveio Wild. – A ideia foi minha. E o Peter veio comigo
porque é o único que me compreende.
-
O que é que tu queres dizer com isso?
-
O pai e a mãe são super protetores comigo… achas mesmo que eles me deixariam
estar aqui agora? – explicou. – E tu, Tommy, andas sempre agarrado aos livros e
ocupado com as tuas coisas…
-
Bem… eu não vejo nenhum livro aqui. – riu-se. – Portanto, acho que estás um
pouco enganado.
-
Então, como é que descobriste que nós estávamos aqui? – perguntava Peter,
enquanto se levantava calmamente.
-
O vosso quarto é mesmo ao lado do meu… e eu fiquei a ler até tarde e ouviu-vos
a saírem. – afirmou. – Decidi seguir-vos e ver o que andavam a tramar…
-
Ainda bem que o fizeste. – admitiu o coelho.
-
Mas o que fazemos agora? – perguntou Wild. – Nós invadimos a torre e nenhum
destes Pokémon pareceu contente com a nossa visita.
-
Não acho que o Duskull vá ser problema. – confessou Tommy. – Mas talvez este
Golurk…
-
O Duskull assustador disse que ele era uma espécie de guardião. - confessou
Peter. – De facto, ele agia como tal.
-
Será que ele nos vai procurar depois de acordar? – questionava Wild.
-
Eu acho que sei como resolver isto.
Tommy
aproximou-se do gigante corpo inconsciente de Golurk, caído no chão e lançou
uma forte rajada de gelo na sua direção. Icy Wind cobriu o corpo do
Pokémon, congelando-o por completo.
-
Talvez o sol derreta o gelo, mas isso irá demorar algum tempo. – murmurou.
-
Podemos fazer o mesmo com a porta. Ela estava bem trancada antes. – explicou
Peter.
Abomasnow
acenou com a cabeça e os outros dirigiram-se para a saída do terraço. Wild
observou uma última vez o corpo congelado de Golurk. Ele lamentava
profundamente que a sua aventura terminasse daquela maneira. Nunca tencionara
que um Pokémon inocente acabasse congelado por sua causa. Mas ele sabia que
aquela era a única solução para aquele problema.
De
volta ao interior da torre, os três amigos fecharam a porta e Tommy voltou a
usar o seu Icy Wind, congelando-a e dificultando ainda mais a sua
abertura.
-
Eu espero que mais ninguém cometa o mesmo erro que nós cometemos… - admitiu
Wild. – Eu nunca quis incomodar estes Pokémon.
-
Não se pode mudar o que está feito. – murmurou
Tommy. – Agora, acho que te devias preocupar com o que vais dizer à mãe e ao
pai. Aposto que, a esta altura, já deram pela nossa falta.
Wild
estremeceu. Um simples plano para visitar uma torre de vigia abandonada
virara-se completamente do avesso. Um Pokémon fora ferido, outro congelado, e o
seu irmão mais velho evoluíra a tentar protege-lo. Mas não havia como escapar
novamente da realidade. Ele tinha de se responsabilizar pelos seus atos. E era
isso que ele iria fazer, qualquer que fosse a consequência.