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Milo


DESCRIÇÃO



Idade: 20 anos

Classificação: Líder de Ginásio de Turffield

Estreia: Capítulo 13 - Ficar mais forte

História: Milo é o Líder de Ginásio de Turffield, especializado em Pokémon Grass-Type. Depois de crescer na companhia dos seus avós, entre os campos e a natureza de Turffield, Milo decidiu partir numa jornada por Galar. Gosta de se exercitar no meio da natureza, acompanhado pelos seus Pokémon. Apesar de parecer forte e destemido, é um rapaz tímido e sensível.

EQUIPA








Espécie: Appletun (Macho)
Tipo: Grass-Type / Dragon-Type
Habilidade: -
Ataques: Headbutt | Protect | Bullet Seed |   Dragon Pulse
Estreia: Capítulo 13 - Ficar mais forte
História: Quando era criança, Milo tropeçou em Applin. Desde então, os dois tornaram-se amigos inseparáveis. Appletun e Milo partilham uma forte   ligação desde sempre.

Espécie: Appletun Gigantamax (Macho)
Tipo: Grass-Type / Dragon-Type
Habilidade: -
Ataques: Max Guard | Max Overgrowth | Max   Wyrmwind | G-Max Sweetness
Estreia: Capítulo 15 - Força da natureza
História: Na forma Gigantamax, Appletun revela o verdadeiro poder da natureza. Foi derrotado por Victor e o seu Rookidee Dynamax.


Espécie: Roselia (Fêmea)
Tipo: Grass-Type | Poison-Type
Habilidade: Poison Point
Ataques: Stun Spore | Mega Drain | Magical Leaf | Poison Sting 
Estreia: Capítulo 13 - Ficar mais forte
História: Budew foi capturado durante um treino na Wild Area. Roselia foi venceu os Pokémon de Hop durante o seu combate contra Milo.




Espécie: Oddish (Macho)
Tipo: Grass-Type | Poison-Type
Habilidade: -
Ataques: Acid | Sweet Scent | Mega Drain | Stun   Spore 
Estreia: Capítulo 15 - Força da natureza
História: Oddish foi utilizado na disputa contra Victor. Apesar do esforço de Milo, o Pokémon foi derrotado por Timburr.

Notas do Autor - Capítulo 13


CAPÍTULO 13

Ficar mais forte


Líderes de Ginásio


            Um capítulo inteiro focado num Líder de Ginásio? Sim! Eles vieram para ficar mesmo. Sempre soube que, tal como os restantes personagens da história, os Líderes de Ginásio teriam o seu tempo de brilhar, para que os leitores consigam perceber melhor a sua história e personalidade. No entanto, não sabia se deveria criar um cantinho lá no página do “Especial” ou simplesmente dedicar um capítulo da história principal. Optei pela segunda hipótese porque, na verdade, todos os Líderes de Ginásio são importantes e não devem ser colocados à parte.

            De uma forma geral, a história de cada um pode ser contada de várias formas distintas, com passagens no tempo e alguns acontecimentos mais marcantes na sua história. Enquanto escrevia, imaginava um episódio de Pokémon Twilight Wings. Acho que essa foi a minha principal inspiração.

 

Milo


            A história de Milo começa quando este, num ambiente de natureza de Turffield, dá de caras com o seu principal companheiro – Applin. Depois de convencer os seus avós a ficar com a criatura, os dois tornam-se inseparáveis.

            A vida do Líder de Ginásio foi marcada pelos seus avós. Apesar de perder o avô cedo na sua vida, o jovem inspirou-se nele para partir numa jornada, onde prometeu ficar mais forte. Mais tarde, a sua avó acaba por morrer igualmente, mesmo antes de Milo se tornar num Líder de Ginásio. Esta relação tão forte entre Milo e os seus avós é inspirada em mim mesmo. Felizmente, ainda tenho todos os meus avós comigo e sinto-me muito ligado a eles. Tenho memórias que sei que nunca esquecerei. E aprendi coisas com eles que nunca mais ninguém me ensinou. Então, esta é uma pequena homenagem aos meus avós. João, Conceição, António e Clara. Obrigado.

            Com a passagem do tempo, percebemos a forma como Milo se fortalece a si aos seus Pokémon. Sendo um jovem ativo, a imagem física é importante para si e, portanto, ele pratica desporto e treina fisicamente com os seus Pokémon na Wild Area, sítio onde conhece uma treinadora. Nessa, sim! Este encontro ainda vai dar pano para mangas!

            Rose também dá as caras por aqui. O novo Presidente da Pokémon League de Galar dá início às suas alterações e começa a construir vários estádios por toda a região. Neste momento, Milo consegue alcançar o seu objetivo. Depois de se especializar em Pokémon Grass-Type, o jovem ganha o título de Líder de Ginásio de Turffield. Há que sublinhar ainda as palavras de Rose para Milo, sobre a forma como este demonstra ser, que contrasta com a forma como ele é, de facto. Não é por Milo ser um jovem rapaz musculado que não tem sentimentos, ou é estúpido ou ignorante. Muito pelo contrário, ele é um rapaz bastante emocional e frágil – e é isso que o torna tão único e especial.

            Finalmente, no presente, Milo é derrotado por Marnie! E, logo a seguir, é informado pelo seu assistente que três novos desafiantes vindos de Postwick são o seu próximo adversário. Quem serão eles?




Capítulo 13


                A brisa soprava pelos hectares infinitos que compunham as planícies e quintas de Turffield. As várias plantações de produtos biológicos dançavam ao som do vento, ao mesmo tempo que os agricultores lavravam e cuidavam das suas propriedades. As famílias daquela povoação eram muito ligadas à terra e a tudo o que provinha dela.

 

            Numa altura onde o desenvolvimento tecnológico começava a ganhar alguma atenção por parte da população das maiores cidades de Galar, os habitantes de Turffield continuavam a viver em contacto com o meio ambiente. Os membros mais velhos das famílias ocupavam os seus dias na agricultura e a na criação de Wooloo. As crianças, por sua vez, brincavam diariamente nos campos floridos da civilização, de forma livre e saudável.

 

            Um menino de cabelos alaranjados brincava pelo campo agrícola da sua família. Parecia distraído e distante, enquanto passava a ponta dos seus dedos pelas ramas e folhas que vedavam o terreno da sua herança. Permaneceu ali por longos momentos. Era como se estivesse a comunicar, realmente, com aqueles elementos da natureza. Na verdade, era ali que o rapaz se sentia bem. Para ele, aqueles eram os seus verdadeiros amigos.

 

            Continuou a andar, agora concentrado num jardim com diferentes espécies de flores. Umas eram amarelas, outras azuis, outras vermelhas. Algumas eram mais pequenas, outras maiores. As pétalas de umas pareciam mais pontiagudas, outras eram mais arredondas. Com a sua mão, cumprimentava as amigas coloridas, que lhe respondiam com um silêncio simpático.

 

            Perdido no meio de toda a vegetação, o menino tropeçou e caiu no chão de terra. Gritar por ajuda seria em vão. Não havia ninguém por perto. Em vez disso, gemeu baixinho, e levantou-se, sentando-se sobre a terra do local. Os seus joelhos estavam arranhados, assim como os seus braços e cotovelos. Sentia algum ardor nas feridas, mas ainda estava demasiado dorido para se tentar levantar e caminhar até casa.

 

            Enquanto procurava por algum sinal de ajuda, os seus olhos pousaram sobre uma pequena maçã caída ao seu lado. A razão da sua queda era uma simples fruta. Ou talvez não. O menino arregalou os olhos ao ver a maçã arrastar-se pelo chão. Abanou a cabeça, tentando clarear as ideias. Talvez tivesse batido tão forte com a cabeça durante a queda, que agora estava mesmo a delirar. Mas não. Era mesmo real. Ainda que hesitante, o rapaz inclinou o seu corpo na direção da fruta, vendo com mais atenção o que se passava.

 

            A fruta vermelha parecia servir de habitat para um pequeno verme de cor verde. Os seus olhos espreitavam pelo topo da maçã, enquanto o resto do corpo se prolongava até à parte de trás da fruta, arrastando o objeto pelo chão.

 


            A criança piscou os olhos várias vezes, observando o fenómeno que acontecia mesmo à sua frente. Por sua vez, a criatura parecia surpreendida pela atenção que o menino lhe dava. A maçã pausou a sua caminhada vagarosa e virou-se para o rapaz, observando-o em silêncio.

 

            - Tu… és… um… Pokémon?

 

            As palavras saíram da boca do rapaz de uma forma arrastada. Era como se ele não acreditasse no que os seus olhos viam. Habitualmente, só estava em contacto com criaturas como Wooloo e alguns Yamper que eram usados para controlar os rebanhos da família. Mas nunca na sua vida ele vira um Pokémon que vivia dentro de uma maçã. Aquilo era único. Ele tinha de mostrar aquela descoberta aos seus familiares.

 

            Aproximou-se do seu corpo, pegando na criatura com as duas mãos de forma delicada. A maçã não reagiu, permanecendo imóvel e em silêncio enquanto o rapaz se levantava calmamente e começava a caminhar pelos terrenos cultivados, ignorando o ardor das suas feridas.

 

            Momentos depois, o menino aproximou-se da casa da sua família, dirigindo-se para a parte da frente da habitação, onde duas pessoas descansavam no alpendre. Um senhor de idade, com um chapéu de palha na cabeça, permanecia sentado sobre um banco de madeira. De pé e ao seu lado, uma senhora folheava um livro de forma calma e serena. Os olhos dos dois idosos dirigiram-se para a criança, que se aproximava a passos largos com um sorriso estampado no rosto.

 

            - Onde é que andaste, rapaz? – falou o senhor, compondo o chapéu na sua cabeça.

 

            - Avô, avó! – exclamou. – Vejam o que eu encontrei!

 

            - Milo, porque estás todo arranhado?! – a senhora surpreendeu-se ao ver as feridas pelo corpo do menino. – Espera…

 

            - Encontraste um Pokémon?

 

            O velho levantou-se do banco, aproximando-se do pequeno Milo que permanecia com um sorriso no rosto. Nas suas mãos, a pequena criatura permanecia imóvel.

 

            - Acho que sim. – respondeu ele, sorridente. – Mas nunca tinha visto assim um antes.

 

            - Com certeza. É um Applin. – falou o senhor. – Não são muito vistos por aqui.

 

            - Onde encontraste esse pequeno? – perguntou a avó com um ar curioso.

 

            - Na quinta, no meio de algumas flores.

 

            - Talvez o devas devolver ao seu habitat natural, querido…

 

            - Oh… - o rapaz baixou o olhar para o chão. – Eu pensava que podia brincar um pouco com ele. Talvez ele goste de brincar comigo também. – lamentou.

 

            - Talvez… - murmurou o homem. – Mas, para isso, os dois devem prometer que se vão portar bem.

 

            Milo esboçou um largo sorriso e levantou os seus braços no ar, erguendo o corpo de Applin na direção dos céus. O Pokémon voltou o seu olhar para a criança que o segurava. Era um menino tão puro e sensível. Talvez eles pudessem mesmo ser amigos. Mesmo que se tivessem conhecido por um mero acaso.

 

            – Ouviste? Acho que podemos ser amigos! – gargalhou a criança.

 

            - Com juízo. – sublinhou o avô.

 

            - Agora, vamos para dentro tratar dessas feridas! – ordenou a senhora, abrindo a porta de casa à sua frente.

 

• • •

 

            As gripes e constipações, provocadas pelo tempo fresco e gelado do inverno, aumentavam drasticamente o número de camas ocupadas no Pokémon Center de Turffield.

 

            Naquela altura do ano, a população da cidade, maioritariamente envelhecida, enfrentava o problema das alterações climáticas e a drástica diminuição na produção dos produtos agrícolas. Muitas pessoas, inclusivamente, deixavam de se alimentar da melhor maneira, devido à falta de suplementos alimentares para as suas famílias.

 

            De momento, Milo encontrava-se ao lado de uma cama no interior da ala hospitalar do Pokémon Center da cidade. As máquinas à sua volta apitavam, registando os batimentos cardíacos do utente deitado sobre a cama: o avô do rapaz. O idoso permanecia com os seus olhos semicerrados e uma máscara respiratório na sua boca e nariz. Todo o seu corpo estava coberto por várias mantas. À exceção da cara, que revelava um ar cansado. Ao lado da cama, sentada sobre uma cadeira, a avó do rapaz permanecia, segurando a mão do seu marido.

 

            A Enfermeira Joy permanecia de pé do outro lado da cama, com um bloco de notas em mão. A jovem ditava os resultados dos últimos exames realizados ao senhor.

 

            - Os pulmões estão cada vez mais fracos. Assim como o seu coração. – disse num tom sério.

 

            Milo permaneceu em silêncio, observando o rosto do seu avô, que parecia adormecido.

 

            - Acha que ele consegue recuperar? – o rapaz perguntou numa voz trémula.

 

            - Não posso prometer coisas sem ter a certeza delas. – respondeu Joy. – Quando for necessário, podemos ligar o seu corpo às máquinas respiratórias. Depois, aguardaremos a sua reação.

 

            - Não. – a voz do homem ouviu-se finalmente. No entanto, o idoso permanecia com os olhos cerrados. – Não me liguem a umas máquinas artificiais. Deixem-me morrer em paz.

 

            - Mas querido… - a mulher murmurou. – É o melhor para ti.

 

            - A avó tem razão. – concordou o rapaz.

 

            - Não Milo. – insistiu o homem. – Tu ainda és muito novo para perceberes este tipo de coisas. Mas eu não quero perder a minha dignidade antes de morrer. Quero morrer em paz, de forma pacífica. Em contacto com toda esta terra que me viu crescer. Se o destino diz que esta é a minha vez de ir, então não vou prolongar mais o seu desejo.

 

            Milo baixou o seu olhar para o chão. Apesar de ainda ser um pré-adolescente, o menino percebia minimamente tudo aquilo que o seu avô dizia. No entanto, ele não conseguia deixar de sentir uma forte tristeza a invadir o seu coração. Era como se estivesse a abdicar de uma parte dele mesmo.

 

            - E a avó? – perguntou. – Quem vai tomar conta dela?

 

            - Achas mesmo que a tua avó precisa de alguém que tome conta dela? – o homem riu-se de forma abafada, deixando escapar uma tosse rouca. – Ela é uma mulher independente. Quem é que toma conta de ti, jovem rapaz? É ela. A tua avó cozinha, trata de toda a casa, das nossas plantações, do rebanho…

 

            - Como irei fazer tudo isso sem ti? – a mulher interrompeu, deixando algumas lágrimas rolarem pelo seu rosto.

 

            - Eu sei que irás conseguir. – o homem respondeu numa voz calma, acariciando o rosto da sua esposa. – E o Milo também te pode ajudar.

 

            - Não nos podemos colocar à frente do seu futuro. – falou a idosa. – Lembraste do que tínhamos falado? – ela perguntou, recebendo um aceno afirmativo do homem.

 

            - Do que estão a falar? – o menino questionou, confuso.

 

            - Da tua jornada, obviamente. Está quase na altura. – explicou a avó de forma simples.

 

            - Ainda faltam alguns anos. E, se for necessário, eu posso adiar essa ideia.

 

            - Não é uma ideia. Vai mesmo acontecer. Dentro do tempo estabelecido. – o homem insistiu. – Tens de seguir os teus sonhos enquanto tens tempo, Milo. Eu e a tua avó conseguimos perceber perfeitamente a forte relação que tu tens com aquele Applin que encontraste quando eras mais pequeno.

 

            - São verdadeiros amigos. – completou a senhora.

 

            Milo esboçou um fraco sorriso, lembrando-se do seu companheiro Pokémon, com quem brincava todos os dias. Depois de o encontrar no terreno da família, Applin nunca mais o abandonara.

 

            - Portanto, está decidido. Quando a altura chegar, vais conhecer a região de Galar com o teu amigo. – concluiu o homem na sua voz trémula. – E leva o meu chapéu. É teu agora.

 

            - O quê?!

 

            O rapaz estremeceu. O chapéu do seu avô era quase como um objeto de marca da sua identidade. Sempre que se lembrava dele, imaginava-o com aquele chapéu na cabeça. Quer fosse durante a prática da agricultura, enquanto tratava do rebanho da família, ou simplesmente quando passeava, o senhor usava sempre aquele objeto. Eles os dois eram inseparáveis.

 

            A avó levantou-se e caminhou até ao armário do quarto hospitalar, retirando um grande chapéu de palha do seu interior. O objeto era enorme, contrastando com a pequena cabeça de Milo. A senhora aproximou-se do rapaz e inclinou-se um pouco, colocando o chapéu na sua cabeça. Apesar de lhe ficar um pouco grande, o menino sentia-se especial enquanto o usava.

 

            - Vou tomar bem conta dele. – murmurou. – Obrigado, avô.

 

 

• • •

 

            O sol começava a esconder-se atrás das montanhas de Turffield. O céu alaranjado assemelhava-se a uma tela colorida, que Milo observava atentamente. O rapaz permanecia sentado sobre os vários bancos que existiam no miradouro da cidade. Na sua cabeça, usava um grande chapéu de palha, onde o pequeno Applin descansava tranquilamente.

 

            Do alto daquela colina, conseguia observar toda a civilização que o vira crescer. Dali, os campos cultivados pareciam não ter fim. Alguns eram floridos, noutros cresciam produtos agrícolas. Com o passar dos anos, algumas famílias estabeleceram-se na cidade, aumentando o número de casas construídas em Turffield.

 

            Do outro lado do local, erguia-se outra colina. Nela, estavam desenhadas algumas gravuras que se diziam ser lendárias, uma vez que, fosse qual fosse a altura do ano, acontecesse o que acontecesse àquelas terras, aqueles desenhos não desapareciam. Assemelhavam-se a uma criatura gigante, no meio, e, à sua volta, apresentavam-se outras mais pequenas.

 

            - Estás pronto, amigo? – perguntou o rapaz, recebendo várias exclamações de Applin como resposta. – A nossa aventura está quase a começar! Nem acredito. A minha avó diz que ficará bem sozinha, mas eu tenho sempre algum receio. Pelo menos, sei que estarei a orgulhar o desejo do meu querido avô. – o jovem levantou o olhar para o céu laranja. – Sabes, andei a pensar muito nisto. Queria homenageá-lo de uma forma única. Então lembrei-me. – Applin ouvia as palavras do rapaz com atenção. – O meu avô era conhecido por adorar viver na natureza, no meio da sua quinta, cultivando animadamente. Também aprendi isso com ele. Então, será que, se eu me focasse em Pokémon Grass-Type, o estaria a homenagear? Agora que penso, é das minhas especialidades preferidas também. – a pequena maça saltitou do cimo da cabeça do rapaz para o seu colo, surpreendendo o jovem. O Pokémon esbugalhou os seus olhos, soltando vários grunhidos animados, como se estivesse a concordar com as palavras ditas. – Sim, também acho que ele iria achar uma ótima ideia. – disse, sorrindo. – Está na altura de ficar mais forte!

 

• • •

 

            Na Wild Area, Milo treinava animadamente pelos trilhos de Dappled Grove. O jovem exercitava o seu corpo, usando diversos instrumentos espalhados pelo local. Saltava por cima de rochas, corria pela vegetação de erva e praticava musculação, pegando em vários troncos de madeira. Praticar exercício físico era fundamental para o rapaz, que via o seu corpo crescer de dia para dia.

 

            O seu companheiro, Applin, também se encontrava no local. Naquele momento, o Pokémon enfrentava uma criatura selvagem. O corpo pequeno e bípede do Pokémon era verde. No seu rosto amarelo existiam dois pequenos olhos e, no topo da cabeça, havia uma semente.

 


            - Budew, um Pokémon Grass-Type e Poison-Type. – falou o Pokédex de Milo. – O seu pólen é altamente tóxico. Este Pokémon é muito sensível às alterações climáticas.

 

            O jovem observava os dois Pokémon que rapidamente se envolveram num combate aceso. Enquanto Applin atacava com Astonish e se protegia recorrendo, várias vezes, ao movimento Withdraw, Budew absorvia a energia do adversário com a técnica Absorb. A batalha renhida entre as duas criaturas foi interrompida quando Milo aproveitou a fraqueza da criatura selvagem para lançar uma Ultra Ball. Sem grande dificuldade, concluiu a captura.

 

            - Muito bem, amigo! – exclamou o rapaz, apanhando a esfera do chão e acariciando o seu Pokémon.

 

            - Applin, um Pokémon Grass-Type e Dragon-Type. – falou outra voz robótica. – Mantem-se escondido, durante toda a sua vida, dentro de uma maçã, escapando aos ataques dos seus maiores inimigos: as aves. A maçã não serve apenas de casulo, mas também de alimento.

 

            Milo levantou-se rapidamente, surpreso por ouvir outro Pokédex no local. Virou-se na direção do som, encontrando uma jovem, aparentemente da mesma idade, que segurava um Pokédex na mão. Os seus cabelos eram negros e compridos e a sua pele era morena.

 

            - Quem és tu?! – ele perguntou agitado.

 

            - Desculpem interromper o vosso treino. – disse a rapariga, esboçando um sorriso nos lábios. – Observei-vos enquanto exercitavam. Gosto da vossa energia! – exclamou, levantando os braços no ar. – Querem combater?

 

            - Obrigado! – o rapaz agradeceu, corando ligeiramente, enquanto colocava a mão por cima do chapéu na sua cabeça. Não era comum receber elogios de treinadores desconhecidos, muito menos de raparigas. – Com certeza! O meu nome é Milo. – cumprimentou.

 

            - Eu sou a Nessa. – respondeu a jovem, segurando uma Dive Ball na mão, pronta para dar início à disputa.

 

• • •

 

            Milo permanecia de pé, concentrado e em silêncio, enquanto observava o trabalho de vários homens e Pokémon, que construíam um novo e enorme edifício na cidade de Turffield. Ao seu lado, um homem de fato cinzento acompanhava-o. Rose esboçava um sorriso nos seus lábios.

 

            - Turffield Stadium, finalmente, a ser construído! – exclamou, abrindo os braços.

 

            - Com todo este tamanho, certamente irá demorar algum tempo até estar terminado. – comentou o jovem.

 

            - Não julgues as capacidades destes homens e Pokémon, Milo! – brincou o homem. – Estas novas instalações são necessárias para o novo formato da Pokémon League de Galar. Vai ser um fenómeno!

 

            - Espero que sim.

 

            - Por falar nisso. – Rose limpou a sua garganta e virou o seu corpo na direção de Milo, que também se virou. – Parabéns. Passaste no teu exame de admissão. Serás o próximo Líder de Ginásio de Turffield. Especialista em Grass-Type. – anunciou, de forma animada.

 

            O rapaz permaneceu imóvel, sem dizer nada. Parecia que não conseguia acreditar nas palavras que o homem à sua frente dizia. Tantos anos de esforço e luta seriam finalmente recompensados.

 

            - Está a falar a sério? – perguntou incrédulo.

 

            - Claro que sim, rapaz! – Rose gargalhou. – Tenho a certeza de que serás ótimo neste trabalho. És um jovem forte, destemido e reconhecido por toda a cidade. Todos te adoram, sabias?

 

            - Não. Não sabia… - murmurou, enquanto os seus olhos começavam a brilhar calmamente.

 

            - Eu sei o quanto sofreste com a morte dos teus avós. O teu avô, foi a tua maior inspiração para partires numa jornada. E a tua avó, infelizmente, partiu muito recentemente. – Rose falou num tom de voz baixo e delicado. – Por fora, podes parecer um rapaz poderoso e sem sentimentos, mas, no fundo, és tão frágil como qualquer outra pessoa. Eu sei que serás um ótimo adversário para todos os Treinadores Pokémon que decidirem participar no Gym Challenge de Galar. Todos terão alguma coisa a aprender contigo, com certeza.

 

            Milo sorriu em silêncio, sentindo as suas bochechas corarem lentamente. Voltou o seu corpo para a frente, encarando todos os materiais que começavam a dar forma ao Turffield Stadium. O estádio onde seria Líder de Ginásio. O seu grande objetivo estava, finalmente, atingindo. O jovem voltou o seu olhar para o céu, enquanto passava a mão pelo chapéu de palha na sua cabeça. Se os seus avós tivessem vivos, certamente, estariam orgulhosos do seu neto.

 

• • •

 

            Turffield Stadium estava ao rubro. O público nas bancadas do estádio aplaudia o encerramento de mais um combate de Milo contra uma jovem treinadora, que levara a melhor. Depois de entregar o merecido prémio à sua desafiante, o jovem observou a rapariga de cabelos escuros a afastar-se com o seu Morpeko ao ombro.

 

            Agora como Líder de Ginásio, o rapaz usava um uniforme único e exclusivo Grass-Type. A t-shirt era branca com vários apontamentos verdes nas mangas e, no centro, estava desenhada uma folha, que representava os Pokémon da natureza. Os seus calções verdes tinham escrito o número “831”, que representava o alimento preferido da dieta de Milo: vegetais. À cintura, usava um cinto, onde deixava suspensas as suas Poké Balls. Nos pés, calçava umas botas pretas com alguns apontamentos verdes, ideais para a prática da agricultura.

 


            Milo lidava bem com a derrota. Ele tinha plena consciência do seu poder e valor. Se usasse os seus Pokémon mais fortes contra treinadores iniciantes, todos acabariam por perder. Ser um Líder de Ginásio implicava saber avaliar o nível e o poder de cada Treinador Pokémon, de forma a escolher uma equipa devidamente equilibrada para combater.

 

            Naquele momento, o jovem abandonava a arena, deixando para trás o ruído de vários espectadores. O trabalho daquele dia estava dado como terminado. Caminhou pelos corredores interiores do edifício, até chegar ao seu escritório, onde o seu assistente já o aguardava.

 

            - Belo trabalho, Milo! – exclamou ele, como fazia todos os dias.

 

            - Esta última treinadora era particularmente especial. – falou o jovem.

 

            - Marnie.

 

            - Sim, sim, Marnie. – repetiu o Líder de Ginásio. – O seu irmão é o Piers. Aqueles Pokémon Dark-Type têm um poder diferente nas mãos dela. Gostei. – ele falava, enquanto remexia nos papéis em cima da sua secretária.

 

            - Se o Piers é o seu irmão então ela tem um ótimo professor. – comentou o assistente. – De qualquer das maneiras, temos novos desafiantes agendados para amanhã. É um trio, vindo de Postwick. Chegaram ontem à noite à cidade e hoje de manhã vieram diretos ao estádio.

 

            - Interessante. – respondeu o jovem, arrumando as suas Poké Balls no cinto. – Vamos ver se estão à nossa altura.


                  


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