- Back to Home »
- Aventuras em Galar , Capítulos »
- Capítulo 13
A
brisa soprava pelos hectares infinitos que compunham as planícies e quintas de
Turffield. As várias plantações de produtos biológicos dançavam ao som do vento,
ao mesmo tempo que os agricultores lavravam e cuidavam das suas propriedades.
As famílias daquela povoação eram muito ligadas à terra e a tudo o que provinha
dela.
Numa altura onde o desenvolvimento tecnológico começava a
ganhar alguma atenção por parte da população das maiores cidades de Galar, os
habitantes de Turffield continuavam a viver em contacto com o meio ambiente. Os
membros mais velhos das famílias ocupavam os seus dias na agricultura e a na
criação de Wooloo. As crianças, por sua vez, brincavam diariamente nos campos
floridos da civilização, de forma livre e saudável.
Um menino de cabelos alaranjados brincava pelo campo
agrícola da sua família. Parecia distraído e distante, enquanto passava a ponta
dos seus dedos pelas ramas e folhas que vedavam o terreno da sua herança. Permaneceu
ali por longos momentos. Era como se estivesse a comunicar, realmente, com
aqueles elementos da natureza. Na verdade, era ali que o rapaz se sentia bem.
Para ele, aqueles eram os seus verdadeiros amigos.
Continuou a andar, agora concentrado num jardim com
diferentes espécies de flores. Umas eram amarelas, outras azuis, outras
vermelhas. Algumas eram mais pequenas, outras maiores. As pétalas de umas
pareciam mais pontiagudas, outras eram mais arredondas. Com a sua mão,
cumprimentava as amigas coloridas, que lhe respondiam com um silêncio
simpático.
Perdido no meio de toda a vegetação, o menino tropeçou e
caiu no chão de terra. Gritar por ajuda seria em vão. Não havia ninguém por
perto. Em vez disso, gemeu baixinho, e levantou-se, sentando-se sobre a terra
do local. Os seus joelhos estavam arranhados, assim como os seus braços e
cotovelos. Sentia algum ardor nas feridas, mas ainda estava demasiado dorido
para se tentar levantar e caminhar até casa.
Enquanto procurava por algum sinal de ajuda, os seus
olhos pousaram sobre uma pequena maçã caída ao seu lado. A razão da sua queda
era uma simples fruta. Ou talvez não. O menino arregalou os olhos ao ver a maçã
arrastar-se pelo chão. Abanou a cabeça, tentando clarear as ideias. Talvez
tivesse batido tão forte com a cabeça durante a queda, que agora estava mesmo a
delirar. Mas não. Era mesmo real. Ainda que hesitante, o rapaz inclinou o seu
corpo na direção da fruta, vendo com mais atenção o que se passava.
A fruta vermelha parecia servir de habitat para um
pequeno verme de cor verde. Os seus olhos espreitavam pelo topo da maçã,
enquanto o resto do corpo se prolongava até à parte de trás da fruta,
arrastando o objeto pelo chão.
A criança piscou os olhos várias vezes, observando o fenómeno
que acontecia mesmo à sua frente. Por sua vez, a criatura parecia surpreendida
pela atenção que o menino lhe dava. A maçã pausou a sua caminhada vagarosa e
virou-se para o rapaz, observando-o em silêncio.
- Tu… és… um… Pokémon?
As palavras saíram da boca do rapaz de uma forma
arrastada. Era como se ele não acreditasse no que os seus olhos viam.
Habitualmente, só estava em contacto com criaturas como Wooloo e alguns Yamper
que eram usados para controlar os rebanhos da família. Mas nunca na sua vida
ele vira um Pokémon que vivia dentro de uma maçã. Aquilo era único. Ele tinha
de mostrar aquela descoberta aos seus familiares.
Aproximou-se do seu corpo, pegando na criatura com as
duas mãos de forma delicada. A maçã não reagiu, permanecendo imóvel e em
silêncio enquanto o rapaz se levantava calmamente e começava a caminhar pelos
terrenos cultivados, ignorando o ardor das suas feridas.
Momentos depois, o menino aproximou-se da casa da sua
família, dirigindo-se para a parte da frente da habitação, onde duas pessoas descansavam
no alpendre. Um senhor de idade, com um chapéu de palha na cabeça, permanecia
sentado sobre um banco de madeira. De pé e ao seu lado, uma senhora folheava um
livro de forma calma e serena. Os olhos dos dois idosos dirigiram-se para a
criança, que se aproximava a passos largos com um sorriso estampado no rosto.
- Onde é que andaste, rapaz? – falou o senhor, compondo o
chapéu na sua cabeça.
- Avô, avó! – exclamou. – Vejam o que eu encontrei!
- Milo, porque estás todo arranhado?! – a senhora
surpreendeu-se ao ver as feridas pelo corpo do menino. – Espera…
- Encontraste um Pokémon?
O velho levantou-se do banco, aproximando-se do pequeno
Milo que permanecia com um sorriso no rosto. Nas suas mãos, a pequena criatura
permanecia imóvel.
- Acho que sim. – respondeu ele, sorridente. – Mas nunca
tinha visto assim um antes.
- Com certeza. É um Applin. – falou o senhor. – Não são
muito vistos por aqui.
- Onde encontraste esse pequeno? – perguntou a avó com um
ar curioso.
- Na quinta, no meio de algumas flores.
- Talvez o devas devolver ao seu habitat natural,
querido…
- Oh… - o rapaz baixou o olhar para o chão. – Eu pensava
que podia brincar um pouco com ele. Talvez ele goste de brincar comigo também.
– lamentou.
- Talvez… - murmurou o homem. – Mas, para isso, os dois
devem prometer que se vão portar bem.
Milo esboçou um largo sorriso e
levantou os seus braços no ar, erguendo o corpo de Applin na direção dos céus.
O Pokémon voltou o seu olhar para a criança que o segurava. Era um menino tão
puro e sensível. Talvez eles pudessem mesmo ser amigos. Mesmo que se tivessem
conhecido por um mero acaso.
– Ouviste? Acho que podemos ser
amigos! – gargalhou a criança.
- Com juízo. – sublinhou o avô.
- Agora, vamos para dentro tratar
dessas feridas! – ordenou a senhora, abrindo a porta de casa à sua frente.
• • •
As gripes e
constipações, provocadas pelo tempo fresco e gelado do inverno, aumentavam
drasticamente o número de camas ocupadas no Pokémon Center de Turffield.
Naquela
altura do ano, a população da cidade, maioritariamente envelhecida, enfrentava
o problema das alterações climáticas e a drástica diminuição na produção dos
produtos agrícolas. Muitas pessoas, inclusivamente, deixavam de se alimentar da
melhor maneira, devido à falta de suplementos alimentares para as suas
famílias.
De momento,
Milo encontrava-se ao lado de uma cama no interior da ala hospitalar do Pokémon
Center da cidade. As máquinas à sua volta apitavam, registando os batimentos
cardíacos do utente deitado sobre a cama: o avô do rapaz. O idoso permanecia
com os seus olhos semicerrados e uma máscara respiratório na sua boca e nariz.
Todo o seu corpo estava coberto por várias mantas. À exceção da cara, que
revelava um ar cansado. Ao lado da cama, sentada sobre uma cadeira, a avó do
rapaz permanecia, segurando a mão do seu marido.
A Enfermeira
Joy permanecia de pé do outro lado da cama, com um bloco de notas em mão. A
jovem ditava os resultados dos últimos exames realizados ao senhor.
- Os pulmões
estão cada vez mais fracos. Assim como o seu coração. – disse num tom sério.
Milo
permaneceu em silêncio, observando o rosto do seu avô, que parecia adormecido.
- Acha que
ele consegue recuperar? – o rapaz perguntou numa voz trémula.
- Não posso
prometer coisas sem ter a certeza delas. – respondeu Joy. – Quando for
necessário, podemos ligar o seu corpo às máquinas respiratórias. Depois,
aguardaremos a sua reação.
- Não. – a
voz do homem ouviu-se finalmente. No entanto, o idoso permanecia com os olhos
cerrados. – Não me liguem a umas máquinas artificiais. Deixem-me morrer em paz.
- Mas querido…
- a mulher murmurou. – É o melhor para ti.
- A avó tem
razão. – concordou o rapaz.
- Não Milo.
– insistiu o homem. – Tu ainda és muito novo para perceberes este tipo de
coisas. Mas eu não quero perder a minha dignidade antes de morrer. Quero morrer
em paz, de forma pacífica. Em contacto com toda esta terra que me viu crescer.
Se o destino diz que esta é a minha vez de ir, então não vou prolongar mais o
seu desejo.
Milo baixou
o seu olhar para o chão. Apesar de ainda ser um pré-adolescente, o menino
percebia minimamente tudo aquilo que o seu avô dizia. No entanto, ele não
conseguia deixar de sentir uma forte tristeza a invadir o seu coração. Era como
se estivesse a abdicar de uma parte dele mesmo.
- E a avó? –
perguntou. – Quem vai tomar conta dela?
- Achas
mesmo que a tua avó precisa de alguém que tome conta dela? – o homem riu-se de
forma abafada, deixando escapar uma tosse rouca. – Ela é uma mulher
independente. Quem é que toma conta de ti, jovem rapaz? É ela. A tua avó
cozinha, trata de toda a casa, das nossas plantações, do rebanho…
- Como irei
fazer tudo isso sem ti? – a mulher interrompeu, deixando algumas lágrimas
rolarem pelo seu rosto.
- Eu sei que
irás conseguir. – o homem respondeu numa voz calma, acariciando o rosto da sua
esposa. – E o Milo também te pode ajudar.
- Não nos
podemos colocar à frente do seu futuro. – falou a idosa. – Lembraste do que
tínhamos falado? – ela perguntou, recebendo um aceno afirmativo do homem.
- Do que
estão a falar? – o menino questionou, confuso.
- Da tua
jornada, obviamente. Está quase na altura. – explicou a avó de forma simples.
- Ainda
faltam alguns anos. E, se for necessário, eu posso adiar essa ideia.
- Não é uma
ideia. Vai mesmo acontecer. Dentro do tempo estabelecido. – o homem insistiu. –
Tens de seguir os teus sonhos enquanto tens tempo, Milo. Eu e a tua avó
conseguimos perceber perfeitamente a forte relação que tu tens com aquele
Applin que encontraste quando eras mais pequeno.
- São
verdadeiros amigos. – completou a senhora.
Milo esboçou
um fraco sorriso, lembrando-se do seu companheiro Pokémon, com quem brincava
todos os dias. Depois de o encontrar no terreno da família, Applin nunca mais o
abandonara.
- Portanto,
está decidido. Quando a altura chegar, vais conhecer a região de Galar com o
teu amigo. – concluiu o homem na sua voz trémula. – E leva o meu chapéu. É teu
agora.
- O quê?!
O rapaz
estremeceu. O chapéu do seu avô era quase como um objeto de marca da sua
identidade. Sempre que se lembrava dele, imaginava-o com aquele chapéu na
cabeça. Quer fosse durante a prática da agricultura, enquanto tratava do
rebanho da família, ou simplesmente quando passeava, o senhor usava sempre
aquele objeto. Eles os dois eram inseparáveis.
A avó
levantou-se e caminhou até ao armário do quarto hospitalar, retirando um grande
chapéu de palha do seu interior. O objeto era enorme, contrastando com a
pequena cabeça de Milo. A senhora aproximou-se do rapaz e inclinou-se um pouco,
colocando o chapéu na sua cabeça. Apesar de lhe ficar um pouco grande, o menino
sentia-se especial enquanto o usava.
- Vou tomar
bem conta dele. – murmurou. – Obrigado, avô.
• • •
O sol
começava a esconder-se atrás das montanhas de Turffield. O céu alaranjado
assemelhava-se a uma tela colorida, que Milo observava atentamente. O rapaz
permanecia sentado sobre os vários bancos que existiam no miradouro da cidade. Na
sua cabeça, usava um grande chapéu de palha, onde o pequeno Applin descansava
tranquilamente.
Do alto
daquela colina, conseguia observar toda a civilização que o vira crescer. Dali,
os campos cultivados pareciam não ter fim. Alguns eram floridos, noutros
cresciam produtos agrícolas. Com o passar dos anos, algumas famílias
estabeleceram-se na cidade, aumentando o número de casas construídas em Turffield.
Do outro
lado do local, erguia-se outra colina. Nela, estavam desenhadas algumas
gravuras que se diziam ser lendárias, uma vez que, fosse qual fosse a altura do
ano, acontecesse o que acontecesse àquelas terras, aqueles desenhos não
desapareciam. Assemelhavam-se a uma criatura gigante, no meio, e, à sua volta, apresentavam-se
outras mais pequenas.
- Estás
pronto, amigo? – perguntou o rapaz, recebendo várias exclamações de Applin como
resposta. – A nossa aventura está quase a começar! Nem acredito. A minha avó
diz que ficará bem sozinha, mas eu tenho sempre algum receio. Pelo menos, sei
que estarei a orgulhar o desejo do meu querido avô. – o jovem levantou o olhar
para o céu laranja. – Sabes, andei a pensar muito nisto. Queria homenageá-lo de
uma forma única. Então lembrei-me. – Applin ouvia as palavras do rapaz com
atenção. – O meu avô era conhecido por adorar viver na natureza, no meio da sua
quinta, cultivando animadamente. Também aprendi isso com ele. Então, será que,
se eu me focasse em Pokémon Grass-Type, o estaria a homenagear? Agora
que penso, é das minhas especialidades preferidas também. – a pequena maça
saltitou do cimo da cabeça do rapaz para o seu colo, surpreendendo o jovem. O
Pokémon esbugalhou os seus olhos, soltando vários grunhidos animados, como se
estivesse a concordar com as palavras ditas. – Sim, também acho que ele iria
achar uma ótima ideia. – disse, sorrindo. – Está na altura de ficar mais forte!
• • •
Na Wild
Area, Milo treinava animadamente pelos trilhos de Dappled Grove. O jovem
exercitava o seu corpo, usando diversos instrumentos espalhados pelo local.
Saltava por cima de rochas, corria pela vegetação de erva e praticava
musculação, pegando em vários troncos de madeira. Praticar exercício físico era
fundamental para o rapaz, que via o seu corpo crescer de dia para dia.
O seu
companheiro, Applin, também se encontrava no local. Naquele momento, o Pokémon
enfrentava uma criatura selvagem. O corpo pequeno e bípede do Pokémon era
verde. No seu rosto amarelo existiam dois pequenos olhos e, no topo da cabeça, havia
uma semente.
- Budew, um
Pokémon Grass-Type e Poison-Type. – falou o Pokédex de
Milo. – O seu pólen é altamente tóxico. Este Pokémon é muito sensível às
alterações climáticas.
O jovem
observava os dois Pokémon que rapidamente se envolveram num combate aceso.
Enquanto Applin atacava com Astonish e se protegia recorrendo, várias
vezes, ao movimento Withdraw, Budew absorvia a energia do adversário com
a técnica Absorb. A batalha renhida entre as duas criaturas foi
interrompida quando Milo aproveitou a fraqueza da criatura selvagem para lançar
uma Ultra Ball. Sem grande dificuldade, concluiu a captura.
- Muito bem,
amigo! – exclamou o rapaz, apanhando a esfera do chão e acariciando o seu
Pokémon.
- Applin, um
Pokémon Grass-Type e Dragon-Type. – falou outra voz robótica. –
Mantem-se escondido, durante toda a sua vida, dentro de uma maçã, escapando aos
ataques dos seus maiores inimigos: as aves. A maçã não serve apenas de casulo,
mas também de alimento.
Milo
levantou-se rapidamente, surpreso por ouvir outro Pokédex no local. Virou-se na
direção do som, encontrando uma jovem, aparentemente da mesma idade, que
segurava um Pokédex na mão. Os seus cabelos eram negros e compridos e a sua
pele era morena.
- Quem és
tu?! – ele perguntou agitado.
- Desculpem
interromper o vosso treino. – disse a rapariga, esboçando um sorriso nos lábios.
– Observei-vos enquanto exercitavam. Gosto da vossa energia! – exclamou, levantando
os braços no ar. – Querem combater?
- Obrigado!
– o rapaz agradeceu, corando ligeiramente, enquanto colocava a mão por cima do
chapéu na sua cabeça. Não era comum receber elogios de treinadores
desconhecidos, muito menos de raparigas. – Com certeza! O meu nome é Milo. –
cumprimentou.
- Eu sou a
Nessa. – respondeu a jovem, segurando uma Dive Ball na mão, pronta para dar
início à disputa.
• • •
Milo permanecia de pé, concentrado e em silêncio,
enquanto observava o trabalho de vários homens e Pokémon, que construíam um
novo e enorme edifício na cidade de Turffield. Ao seu lado, um homem de fato
cinzento acompanhava-o. Rose esboçava um sorriso nos seus lábios.
- Turffield Stadium, finalmente, a ser construído! –
exclamou, abrindo os braços.
- Com todo este tamanho, certamente irá demorar algum
tempo até estar terminado. – comentou o jovem.
- Não julgues as capacidades destes homens e Pokémon,
Milo! – brincou o homem. – Estas novas instalações são necessárias para o novo
formato da Pokémon League de Galar. Vai ser um fenómeno!
- Espero que sim.
- Por falar nisso. – Rose limpou a sua garganta e virou o
seu corpo na direção de Milo, que também se virou. – Parabéns. Passaste no teu
exame de admissão. Serás o próximo Líder de Ginásio de Turffield. Especialista
em Grass-Type. – anunciou, de forma animada.
O rapaz permaneceu imóvel, sem dizer nada. Parecia que
não conseguia acreditar nas palavras que o homem à sua frente dizia. Tantos
anos de esforço e luta seriam finalmente recompensados.
- Está a falar a sério? – perguntou incrédulo.
- Claro que sim, rapaz! – Rose gargalhou. – Tenho a
certeza de que serás ótimo neste trabalho. És um jovem forte, destemido e
reconhecido por toda a cidade. Todos te adoram, sabias?
- Não. Não sabia… - murmurou, enquanto os seus olhos
começavam a brilhar calmamente.
- Eu sei o quanto sofreste com a morte dos teus avós. O
teu avô, foi a tua maior inspiração para partires numa jornada. E a tua avó,
infelizmente, partiu muito recentemente. – Rose falou num tom de voz baixo e
delicado. – Por fora, podes parecer um rapaz poderoso e sem sentimentos, mas,
no fundo, és tão frágil como qualquer outra pessoa. Eu sei que serás um ótimo
adversário para todos os Treinadores Pokémon que decidirem participar no Gym
Challenge de Galar. Todos terão alguma coisa a aprender contigo, com certeza.
Milo sorriu em silêncio, sentindo as suas bochechas corarem
lentamente. Voltou o seu corpo para a frente, encarando todos os materiais que
começavam a dar forma ao Turffield Stadium. O estádio onde seria Líder de
Ginásio. O seu grande objetivo estava, finalmente, atingindo. O jovem voltou o
seu olhar para o céu, enquanto passava a mão pelo chapéu de palha na sua
cabeça. Se os seus avós tivessem vivos, certamente, estariam orgulhosos do seu
neto.
• • •
Turffield Stadium estava ao rubro. O público nas bancadas
do estádio aplaudia o encerramento de mais um combate de Milo contra uma jovem
treinadora, que levara a melhor. Depois de entregar o merecido prémio à sua
desafiante, o jovem observou a rapariga de cabelos escuros a afastar-se com o
seu Morpeko ao ombro.
Agora como Líder de Ginásio, o rapaz usava um uniforme
único e exclusivo Grass-Type. A t-shirt era branca com vários
apontamentos verdes nas mangas e, no centro, estava desenhada uma folha, que
representava os Pokémon da natureza. Os seus calções verdes tinham escrito o
número “831”, que representava o alimento preferido da dieta de Milo: vegetais.
À cintura, usava um cinto, onde deixava suspensas as suas Poké Balls. Nos pés,
calçava umas botas pretas com alguns apontamentos verdes, ideais para a prática
da agricultura.
Milo lidava bem com a derrota. Ele tinha plena
consciência do seu poder e valor. Se usasse os seus Pokémon mais fortes contra
treinadores iniciantes, todos acabariam por perder. Ser um Líder de Ginásio
implicava saber avaliar o nível e o poder de cada Treinador Pokémon, de forma a
escolher uma equipa devidamente equilibrada para combater.
Naquele momento, o jovem abandonava a arena, deixando
para trás o ruído de vários espectadores. O trabalho daquele dia estava dado
como terminado. Caminhou pelos corredores interiores do edifício, até chegar ao
seu escritório, onde o seu assistente já o aguardava.
- Belo trabalho, Milo! – exclamou ele, como fazia todos
os dias.
- Esta última treinadora era particularmente especial. –
falou o jovem.
- Marnie.
- Sim, sim, Marnie. – repetiu o Líder de Ginásio. – O seu
irmão é o Piers. Aqueles Pokémon Dark-Type têm um poder diferente nas
mãos dela. Gostei. – ele falava, enquanto remexia nos papéis em cima da sua
secretária.
- Se o Piers é o seu irmão então ela tem um ótimo
professor. – comentou o assistente. – De qualquer das maneiras, temos novos
desafiantes agendados para amanhã. É um trio, vindo de Postwick. Chegaram ontem
à noite à cidade e hoje de manhã vieram diretos ao estádio.
- Interessante. – respondeu o jovem, arrumando as suas Poké Balls no cinto. – Vamos ver se estão à nossa altura.
Sei que já faz um bom tempo que não comento, mas porque não aparecer justamente com o primeiro capítulos de 2021? Aproveito para desejar um bom ano e muita saudade para ti e para os familiares!
ReplyDeleteCapítulo 13. Sobre o Milo!
Acho o Milo um personagem muito carismatico e interessante, assim como boa parte dos ldieres de ginasio de Galar, que na minha opinião, consegue ser os melhores lideres da franquia, tanto em Design quanto em carisma e novamente, fizeste um incrivel trabalho contando a história dele.
Eu pensava que seria um capítulo apenas para demonstrar o personagem, mas foste muito mais a fundo e aprofundaste o personagem, conhecemos-o agora, sabemos a sua personalidade, relação com os pokémon e com a sua familia e a próxima batalha que tivermos que involva o personagem será muito mais interessante!
Novamente, um ótimo capítulo <3
Olá companheiro! Que bom te ver por aqui novamente. O novo ano já começou e nós por cá continuamos, a tentar dar cor à nossa imaginação, não é verdade?
DeleteConcordo quando dizes que os Líderes de Ginásio de Galar são bastante carismáticos e com melhor design de toda a franquia. Se assim não fosse nem faria sentido na minha opinião. Afinal, com o tempo, é suposto haver uma certa evolução na dinâmica da franquia.
Relativamente a Milo, tudo o que disseste é verdade. Não quero um simples Líder de Ginásio que sirva como rival aos protagonistas, como um obstáculo que eles devem derrubar a todo o custo. Eles também são personagens e têm a sua personalidade individual. É importante partilhar a sua história para que os leitores fiquem mais familiarizados com cada um deles. E, daqui em diante, este será o principal objetivo dos capítulos focados em Líderes de Ginásio!
Ainda bem que gostaste. No próximo capítulo vamos ver como os três protagonistas se saem contra Milo! Palpites?
Até lá!
Eae Angie, tudo certo?
ReplyDeleteE vamos de mais um capítulo! Olha, eu não esperava um capítulo inteiro focado no Milo, mas devo dizer que me surpreendi. É uma história simples, mas bem cativante. A melhor parte é ele malhando e a Nessa olhando. Se corou dá para shippar, essa é a lei. Vamos ver como está a relação dos dois nos dias de hoje.
Gosto como você mostrou o desenvolvimento da Marnie sem necessariamente focar nela. Imagino que você não queira mostrar uma batalha com o mesmo líder várias vezes.
Uma coisa que achei meio estranha: e enfermeira Joy cuida de humanos também?
No mais, foi um ótimo capítulo. Até mais, Angie!
Ah pois, Alefu! Em Aventuras em Galar temos um capítulo dedicado a todos os Líderes de Ginásio, uma vez que eles também são personagens e não apenas simples barreiras que devem ser ultrapassadas. Fico feliz por ter gostado da história mais familiar e tradicional de Milo.
DeleteSim! Milo e Nessa é para shippar mesmo! Aguarda só mais um pouquinho para perceber como está a relação dos dois na atualidade. Vai ver que se surpreende.
A Enfermeira Joy também cuida de humanos sim. Os Pokémon Center são utilizados para cuidar das criaturas, mas também oferecem conforto noturno e hospitalar aos meros mortais. Aqui faz-se de tudo!
Este deve ser um dos meus capítulos favoritos até agora (desculpem pessoal, adoro conteúdo com elementos um pouco mais trágicos hehehe). Não esperava um capitulo com backstory do Milo, um dos lideres de ginásio, e achei fenomenal a forma como foi incluído na fanfic.
ReplyDeleteGostei muito da forma como foi tão simples e tu deixou a coisa fluir à sua maneira. Obrigado mais uma vez por esta leitura tão agradável.
Shiiii os teus comentários são agradáveis! Obrigado por isso.
DeleteEu queria muito incluir a backstory de todos os Líderes de Ginásio (e outros personagens para além dos protagonistas) na narrativa principal de Aventuras em Galar, em vez de criar conteúdos extras que pudessem ser "evitados" pelos leitores. A verdade é que estas personagens também fazem parte da história, portanto merecem o seu destaque!
Fico feliz por teres gostado da forma como incorporei a narrativa de Milo ao longo dos anos, até aos dias da história atual. Eu adoro investigar e abraçar a vida das personagens que os protagonistas encontram ao longo da sua jornada. Torna a história mais rica e complexa e isso é ótimo para os leitores mas também para mim, enquanto escritor, poder dar liberdade à minha criatividade e sair um pouco do núcleo principal dos protagonistas. Agora já podes contar com o mesmo para os próximos Líderes de Ginásio daqui em diante!