Posted by : Angie Jul 18, 2020


            Hop fechou a grande porta de madeira da casa de Magnolia atrás de si. A brisa matinal tocou o seu rosto, fazendo com que o rapaz despertasse. À sua volta, a Route 2 parecia adormecida. Ao longe, conseguia ver o sol a surgir timidamente na linha do horizonte.

            O rapaz cerrou os seus punhos e começou a caminhar na direção do jardim da propriedade da Professora. Parou junto à margem do lago, observando atentamente a calmaria do local. Por momentos, perdeu-se no som relaxado da sua respiração, mas logo a seguir voltou a atenção para o seu foco principal. Levou a sua mão até ao bolso do casaco que vestia e pegou nas duas Poké Balls, arremessando-as ao ar. As figuras de Grookey e Wooloo apareceram à sua frente, um pouco confusas com as circunstâncias em que se encontravam.

            - Desculpem acordar-vos tão cedo. – começou o rapaz, coçando a cabeça. – Mas é por uma boa causa! Vamos ter o nosso primeiro combate hoje! – exclamou, recebendo exclamações de entusiasmo das duas criaturas como resposta. – Por isso mesmo, acho que nos devemos preparar. O meu irmão Leon contava-me que, antes de qualquer combate, o Treinador deve sempre treinar os seus Pokémon. E, uma vez que nós nunca tivemos a oportunidade de testar os vossos poderes, acho que esta é a altura perfeita. – explicou, esboçando um sorriso. – Concordam comigo?

            Grookey e Wooloo acenaram afirmativamente e começaram a seguir as indicações ordenadas pelo jovem. Os dois Pokémon lutaram entre si, ou contra objetos do local, colocando à prova técnicas que já conheciam. Grookey movia-se agilmente, utilizando o seu ramo de madeira para atacar com Branch Poke, uma técnica apreendida com o auxílio de Hop. Já Wooloo, utilizava o seu corpo esférico para rebolar pela superfície, escapando aos ataques do seu companheiro de equipa.

            O treino prolongou-se por várias horas, sendo acompanhado pelo nascer do sol, que, naquele momento, já se encontrava alto no céu azul de Galar. Hop, Grookey e Wooloo, no entanto, só se aperceberam do passar do tempo quando a porta da casa se abriu, revelando as figuras dos gémeos Walter e das mulheres Magnolia.

            - Treino matinal? – saudou Victor, aproximando-se do rapaz.

            - Acho que lhe podes chamar isso. – Hop sorriu, passando a mão pela sua testa suada.

            Estás pronto? – perguntou Sonia, aproximando-se também.

            - Sim, estamos. – Hop voltou-se para os seus Pokémon e sorriu.

            - Mal posso esperar para ver isto! – exclamou Gloria entusiasmada.

            Depois de alimentar Grookey e Wooloo com algumas Oran Berries e regressar as duas criaturas para o interior das suas Poké Balls, Hop e Sonia caminharam até à arena de combate onde Magnolia, Victor e Gloria já se encontravam. O moreno e a ruiva ocuparam os dois lados do campo, observando as figuras um do outro frente a frente.

            - O combate entre Hop e Sonia está prestes a começar! – exclamou Magnolia, no centro do local. – O primeiro treinador que conseguir vencer os dois Pokémon do adversário é o vencedor. Preparados? Comecem!

            Hop sentiu o nervosismo tomar conta do seu corpo. Havia muita coisa em jogo, especialmente a sua reputação como Treinador Pokémon. Ele queria seguir as pisadas de Leon e, como tal, não podia perder o seu primeiro desafio. Desse por onde desse, ele teria de conseguir vencer. Do outro lado do campo, Sonia parecia mais tensa do que o normal. A rapariga queria mostrar ao moreno o seu verdadeiro poder, uma vez que nunca o conseguiu mostrar realmente ao seu irmão, Leon. Aquele era um momento importante para os dois.

            - Wooloo, sai cá para fora! – Hop lançou uma das cápsulas ao ar, revelando o corpo da pequena ovelha, que se posicionou no centro da arena, pronta para o combate.

            - Antes de teres a oportunidade de combater contra o meu Ivysaur, vais ter de enfrentar o meu grande companheiro de jornada. – começou a ruiva, pegando numa Poké Ball. – Apresento-te o Yamper!

            Um pequeno cão apareceu à frente de Sonia. O seu corpo era castanho, com alguns apontamentos amarelos por todo o seu pelo. A cauda tinha o formato de um raio e o seu rabo era esculpido em forma de coração. A criatura quadrupede permanecia com a sua língua de fora, pronta para qualquer indicação da sua treinadora.


            Hop usou o seu Rotom Phone para descobrir mais informações sobre aquele Pokémon.

            - Yamper, um Pokémon Electric-Type. – disse o aparelho eletrónico. – Este Pokémon é usado por humanos para comandar hordas de Pokémon. Quando corre, gere energia na sua cauda.

            - Oh não… - murmurou Victor, do lado de fora do campo.

            - O que foi? – Gloria parecia confusa.

            - Nenhum de nós sabia que a Sonia tinha um Yamper… - falou o rapaz. – Acho que o Hop não estava à espera disso.

            - Ele sabe o que fazer, com certeza. Afinal, é irmão do Leon. – a gémea encolheu os ombros.

            - O Hop não é o Leon. – sublinhou Victor, voltando a atenção para o campo de batalha.

            - Vamos começar com Growl. – ordenou o moreno.

            Wooloo emitiu um ruído que, ao atingir a figura de Yamper, fez com que o seu status de ataque diminuísse.

            - Tackle!

            Yamper saiu disparado na direção de Wooloo que, sem qualquer indicação do seu treinador, permaneceu imóvel, deixando-se atingir pelo adversário. O que surpreendeu a maioria foi o resultado do choque. Wooloo moveu-se apenas alguns centímetros e Hop esboçava um sorriso orgulhoso.

            - Sabes, Sonia, durante o nosso treino matinal descobri que Fluffy é a habilidade do Wooloo. E, segundo o Pokédex, o dano causado por ataques de contacto direto diminuem em metade. Se a isso adicionares o efeito do Growl anterior...

            - Já percebi a tua estratégia, Hop. – cortou Sonia. – Vejo que o Leon te ensinou bem. Mas não é por isso que me vais vencer tão facilmente.

            - Isso é o que vamos ver. Wooloo, usa Tackle agora!

            Aproveitando a proximidade de Yamper, Wooloo lançou-se contra a criatura Electric-Type, atingindo-a com o seu corpo de lã. O Pokémon de Sonia sofreu alguns danos, mas nada suficientemente forte para o derrotar.

            - Nós também temos as nossas estratégias, Hop. – afirmou a ruiva, remexendo nos óculos que usava na cabeça. – Nuzzle!

            Yamper começou a correr à volta do campo de batalha, ativando a corrente elétrica que se localizava no interior do seu corpo. A cauda em forma de raio começava a mostrar pequenos feixes de luz. A eletricidade que ali se formava foi utilizada para atacar Wooloo que não só sofreu os danos do ataque, como ficou também paralisado.

            - Pokémon com paralisia elétrica têm 25% de chance de falhar um ataque e a sua velocidade diminui em 50%, Hop! – exclamou Victor. – Tem cuidado!

            - Temos tudo controlado, certo Wooloo? – afirmou Hop. – Vamos atacar com Tackle!

            A pequena ovelha tentou sair do local e realizar as ordens indicadas pelo treinador, mas o seu corpo estava completamente paralisado.

            - Tens a certeza, querido Hop? – Sonia deixou-se rir. – Bite!

            Sem mais demoras, Yamper correu na direção de Wooloo, atacando a ovelha com uma forte mordida. O Pokémon de Hop deixou escapar um último grito, antes de cair no chão inconsciente.

            - Oh não… - murmurou Hop, observando o corpo de Wooloo. – Pensava que…

            - Nem tudo está perdido, ainda tens o Grookey! – exclamou Victor, tentando animar o rapaz que estava visivelmente abalado.

            Hop assentiu em silêncio. Depois de recuperar o corpo de Wooloo para o interior da sua Poké Ball, o moreno lançou o seu segundo e último Pokémon para dentro do campo de batalha. Grookey apareceu com um ar sério, erguendo o seu ramo de madeira com orgulho.

            - Grookey, infelizmente o Wooloo não conseguiu derrotar o Yamper, portanto está tudo nas tuas mãos! – exclamou o treinador, recebendo a atenção da criatura Grass-Type. – Vamos começar com Scratch!

            O macaco saltitou na direção de Yamper, que se tentou esquivar do ataque, mas o Pokémon de Hop era mais rápido, atingindo-o.

            - Usa Spark agora! – gritou Sonia.

            À volta do corpo de Yamper, uma corrente elétrica começou a ganhar forma. O Pokémon quadrupede concentrou o seu poder naquele golpe, que lançou na direção de Grookey, que foi arremessado no ar, caindo do outro lado do campo.

            - Grookey! – exclamou Hop assustado.

            O macaco estremeceu no chão ao ouvir a voz do seu treinador. Mesmo ferido, conseguiu levantar-se do chão, com a ajuda do seu ramo de madeira, que usava agora para se segurar de pé. Grookey voltou o seu olhar para Yamper, que o observava em silêncio. Ele tinha de conseguir vencer o seu primeiro combate. Não porque o seu treinador assim o pedia, mas por ele mesmo. Num impulso, saiu disparado na direção do Electric-Type, atacando-o várias vezes com Branch Poke. Yamper caiu no chão, ferido e cansado.

            - Termina com ele! Usa Scracth! – pediu Hop uma última vez.

            Grookey aproximou-se mais uma vez do corpo de Yamper, erguendo as suas garras no ar, pronto para atacar.

            - Bite, agora!

            No último segundo, Yamper levantou-se, aproveitando a proximidade de Grookey para um último ataque. O macaco Grass-Type, de guarda baixa, acabou por ser atingindo num golpe fulminante. O Pokémon de Hop caiu no chão inconsciente.

            - Wooloo e Grookey estão inconscientes! – exclamou Magnolia. – Sonia é a vencedora deste combate!

            Hop correu até ao corpo de Grookey, segurando o Pokémon nos seus braços. O pequeno macaco acordou, confuso, e olhou o treinador com indiferença e rancor. Tudo o que Grookey desejava era poder vencer o seu primeiro combate, mas Hop não fora capaz de ordenar os seus Pokémon para os levar até à vitória.

            - Eu sei que a culpa é minha. – murmurou o rapaz para o Pokémon, que permaneceu em silêncio e com um ar hostil.

            Sem dizer mais nada, o moreno colocou o macaco no interior da sua Poké Ball e baixou o rosto, escondendo a vergonha que sentia no momento. Ele não conseguira vencer o seu primeiro combate. Pelo contrário, Sonia conseguiu vencer os seus dois Pokémon, num piscar de olhos, utilizando apenas o seu Yamper. Hop nem sequer tivera a oportunidade de lutar contra Ivysaur. O rapaz estava desiludido com ele mesmo.

            - Vai correr melhor para a próxima. – murmurou Gloria, que se aproximava acompanhada de Victor.

            - Deste o teu melhor, amigo. – disse o rapaz.

            - Não dei nada. – ripostou Hop de forma fria. – Desiludi os meus Pokémon.

            - O que estás a dizer?! As tuas estratégias foram muito boas, para um treinador iniciante como tu. – afirmou Sonia, aproximando-se também do trio.

            - Como conseguiste? – questionou Hop, voltando a sua atenção para a ruiva.

            - O quê?

            - Vencer-me só com o teu Yamper. Quer dizer, eu sou assim tão fraco?

            - Não, nada disso Hop! Não te martirizes! – exclamou a investigadora. – Mas sabes que eu tenho mais experiência, certo? Eu e o Yamper já nos conhecemos há bastante tempo.

            - Eu tentei seguir os conselhos do meu irmão… - murmurou o moreno.

            - Fizeste o teu melhor, Hop. – Magnolia juntou-se aos jovens, recebendo a atenção de todos. – Mesmo sendo um treinador iniciante, é notório o esforço que tiveste com os teus Pokémon. Mas é óbvio que a Sonia tem mais experiência que tu. Eu sei que, se continuares assim, serás um excelente treinador no futuro.

            - Mas o Grookey parecia tão desiludido…

            - É normal, afinal os Pokémon também têm sentimentos. – respondeu a mulher. – Pensava que te tinha ensinado isso. Como treinador, o teu trabalho é saber lidar com as emoções dos teus Pokémon. Tens de saber dar a volta por cima e sair vitorioso! – exclamou, mexendo os braços no ar.

            - Vitorioso é coisa que eu não sou… - murmurou o moreno.

            - Chega desta conversa. – cortou a Professora. – Vamos para dentro preparar o almoço. Já tenho as vossas Dynamax Band prontas e vocês devem partir ainda hoje de volta para Wedgehurst, correto?

            O grupo concordou com a mais velha e acompanharam-na de volta para o interior do edifício.

            Hop, no entanto, continuava perdido nos seus pensamentos depressivos. O rapaz estava desiludido com ele mesmo e sentia vergonha do seu trabalho. Teria de arranjar uma maneira de seguir os conselhos de Leon e Magnolia, recuperando a confiança dos seus Pokémon, especialmente de Grookey.

• • •

            Já passava da hora de almoço. Naquela altura do dia, a Route 2 era invadida por vários treinadores, que procuravam combater uns com os outros, ou simplesmente expandir a sua equipa, capturando novos Pokémon.

            Marnie encontrava-se no meio dos mantinhos de erva do local, acompanhada pelo seu Morpeko que se esquivava de um ataque de uma criatura selvagem. O Pokémon assemelhava-se a uma pequena raposa de pelo castanho. Os seus membros pequenos contrastavam com a sua grande cabeça e cauda gigante. Os olhos amarelos da raposa fitavam a figura de Marnie que, naquele momento, procurava informações no Pokédex.


            - Nickit, um Pokémon Dark-Type. – começou. – Astuto e cauteloso, este Pokémon sobrevive roubando a comida dos outros. Depois, elimina os seus rastos com a ajuda da sua cauda felpuda.

            - Então foi assim que roubaste o meu almoço! – exclamou Marnie. – Para teu azar, o Morpeko é um grande defensor dos seus alimentos. Thunder Shock!

            A alta velocidade de Morpeko era imbatível. Das pequenas bochechas, o Pokémon lançou raios elétricos que atingiram o corpo de Nickit, fazendo-o cair no chão fraco. Podia ser um ladrão astuto, mas as suas capacidades de combate não eram, sem dúvida, as melhores.

            Marnie aproveitou a fraqueza do Dark-Type para arremessar uma Poké Ball que guardava dentro da sua mala. O corpo de Nickit transformou-se numa luz branca, que depois foi sugada para o interior da cápsula esférica. A rapariga observou atentamente o instrumento que, depois de três vibrações concluiu, finalmente, a primeira captura de Marnie.

            - Boa! – exclamou a menina, felicitando Morpeko e apanhando a Poké Ball do chão, guardando-a. – Um novo amigo. – sorriu, enquanto o ratinho subia para o seu ombro, onde acompanhava normalmente a treinadora. – Acho que estamos perto da casa da Professora Magnolia. Segundo o que o Piers disse, é aquela ali, mesmo a seguir à ponte. – explicava, enquanto apontava para a casa do outro lado do rio.

            Marnie continuou a sua caminhada alegremente. A rapariga estava feliz por poder, finalmente, viajar pela região de Galar, e descobrir novos locais, pessoas e Pokémon. A cidade de Spikemuth, por vezes, começava a tornar-se pequena para uma menina tão sonhadora como ela. Admirava todas as pequenas experiências que fizera até então, desde andar de comboio, viajar sozinha, até capturar o seu primeiro Pokémon selvagem. Tudo com a ajuda de Morpeko que, desde o primeiro momento, não largara a sua treinadora. Os dois partilhavam desde então uma forte ligação.

            Sem se aperceberem, os dois já estavam à frente da entrada do único edifício da Route 2. Marnie levou a mão até à campainha da casa e com o dedo indicador pressionou-a, fazendo com que a campainha soasse no interior de todo o edifício. Momentos depois, a porta abriu-se, revelando a figura de uma senhora de bata branca.

            - Professora Magnolia? – perguntou Marnie.

            - Eu mesma, menina. – sorria a mulher. – Em que posso ajudar?

            - Boa tarde! – cumprimentou a treinadora, esboçando um grande sorriso. – O meu nome é Marnie. Venho da cidade de Spikemuth. O meu irmão disse-me que deveria conhecer a Professora Magnolia no início da minha jornada, portanto aqui estou eu. – explicou, deixando escapar um pequeno riso.

            - Spikemuth? – Magnolia repetiu, dando voltas na sua cabeça. – Espera! És a irmã do Piers?

            - Sou sim.

            - Oh, com certeza! Por favor, entra!

            Magnolia abriu a porta por completo, deixando a rapariga passar para o interior da sua casa. As duas caminharam até à sala, onde se sentaram no sofá.

            - Tem uma casa muito bonita. – elogiou Marnie, olhando em volta as prateleiras cheias de livros e os quadros de pintura coloridos.

            - Obrigado querida. – a senhora sorriu. – Mas então, o Piers deixou finalmente que a sua irmã mais nova saísse numa jornada. Muito bem. – comentou.

            - Não podia ficar em casa para sempre. – riu a rapariga. – Na verdade, foi ele que me ofereceu o meu Pokémon Inicial. – ela dizia, enquanto Morpeko, no seu ombro, acenava sorridente para Magnolia.

            - Oh, que querido! – exclamou a Professora, cumprimentando o Pokémon de volta. – Vejo que são bons amigos.

            - Acho que sim. – sorriu a treinadora. – A minha irmã, Marley, também me ofereceu um Rotom Phone antes de voltar a partir para mais uma das suas viagens.

            - Interessante. – comentou Magnolia. – Isso significa que agora o teu irmão está sozinho?

            - Ele e eu. – a rapariga encolheu os ombros. – Mas ele tem o Ginásio para liderar e eu uma jornada para fazer. Para além disso, nunca estamos sozinhos quando temos os nossos Pokémon, não é verdade?

            - É verdade sim, Marnie. – a mulher sorriu. – Que pena, gostaria que conhecesses um grupo de treinadores que saiu daqui ainda há pouco. Talvez se encontrem noutra ocasião. – disse ela. – Agora que penso nisso… acho que tenho um presente para ti!

            Antes mesmo que Marnie pudesse questionar Magnolia, a mulher levantou-se do sofá e abandonou a divisão, voltando momentos depois com uma caixa nas suas mãos.

            - Aqui está. – disse, colocando a caixa no colo da treinadora.

            - O que é isto, Professora? – perguntou a rapariga confusa.

            - Abre, por favor.

            Marnie assentiu e começou a abrir a caixa de cartão colorida. No interior, uma pulseira reluzia um brilho peculiar. A bracelete branca era decorada com uma listra vermelha e azul. Era uma Dynamax Band.


            - Oh, não. – murmurou a rapariga.

            - Oh, sim! – fez Magnolia. – É uma Dynamax Band, querida. Fiz algumas para os treinadores que saíram daqui há pouco e sobrou uma. Talvez seja o destino mesmo. – gargalhou.

            - Eu não posso aceitar…

            - Porquê?

            - O meu irmão é absolutamente contra este fenómeno Dynamax. Não posso desiludi-lo desta maneira. – explicou.

            - Marnie. – Magnolia inclinou o seu corpo na direção da rapariga, encarando-a seriamente. – Se tu queres ser uma verdadeira Treinadora Pokémon, deves fazê-lo à tua maneira. Não podes ignorar uma mecânica tão potente como esta apenas porque o teu irmão não é a favor dela.

            - É difícil.

            - Eu percebo que sim, querida, mas não rejeites esta oferta. Guarda esta Dynamax Band contigo e usa-a apenas quando te sentires preparada.

            Marnie calou-se e o silêncio instalou-se na divisão. De facto, se ela queria ser realmente independente, não deveria continuar a seguir as ordens ou os pedidos feitos pelo seu irmão. Mas, ao mesmo tempo, a rapariga também não queria dar-lhe razões para o próprio se chatear com ela.

            - Vou aceitar. Mas só a vou usar quando tiver realmente a certeza que estou pronta para tal. – disse. – Mais uma coisa… não comente nada disto com o meu irmão, pode ser?

            • • •

            O céu alaranjado antecedia à caída da noite em Galar. Victor, Gloria, Hop e Sonia já se encontravam de volta a Wedgehurst. O grupo encontrava-se naquele momento na estação de comboios da cidade, mais conhecida como Wedgehurst Station. As paredes do local eram construídas de tijolos encarnados que contrastavam com os azulejos brancos e brilhantes do chão do estabelecimento. Para além do grande balcão da receção, ali existiam ainda máquinas de conveniência com produtos alimentares e expositores com várias bugigangas.


            - Aqui têm os vossos bilhetes. – disse a rececionista da bilhetaria do estabelecimento. – O comboio de Wedgehurst com destino a Motostoke parte dentro de cinco minutos.

            - Obrigado. – sorriu Victor, entregando os outros bilhetes a Gloria e Hop, que se encontravam ao seu lado.

            - Tudo pronto? – perguntou Sonia, que se encontrava em frente ao trio.

            - Acho que sim… - murmurou Gloria, triste por ter que se despedir da sua nova amiga. – Quando nos voltamos a ver? – perguntou.

            - Em breve, talvez. – sorriu a ruiva. – Entretanto, continuem a capturar Pokémon e a evoluírem como treinadores! Eu acredito em vocês.

            - Vamos tentar. – murmurou Hop vagamente.

            - Obrigado por toda a ajuda, Sonia! – exclamou Victor.

            - Até um dia, pessoal! – acenou a jovem.

            Depois de se despedirem da ruiva, o trio atravessou as cancelas de segurança, passando para a plataforma de embarque, onde um grande comboio cinzento já aguardava todos os viajantes. Ao entrarem por uma das portas de serviço, dirigiram-se para os lugares indicados nos bilhetes, atravessando o mar de gente que se encontrava no interior daquela carruagem. Minutos depois, conseguiram finalmente sentar-se nos bancos almofadados e confortáveis do expresso.

            - Finalmente, podemos descansar um pouco depois de tanta caminhada. – suspirou Victor.

            - Em breve estaremos em Motostoke! – exclamou Gloria ansiosa. – Uma cidade completamente nova, com novos Pokémon e pessoas para conhecer!

            - Espero que sim... – murmurou Hop, tentando esconder a tristeza que sentia no momento. O resultado do seu primeiro combate ainda estava presente na sua mente.

            Minutos depois, o comboio começou a circular, abandonando o interior da Wedgehurst Station, e revelando o céu pintado pelas cores do pôr-do-sol daquele dia. Mais um que chegava ao fim.

            Os três treinadores encostaram-se nos bancos, aproveitando para relaxar com aquela magnífica paisagem como fundo. Mesmo no meio de todo o ruído presente no interior do comboio, aquele era o momento ideal para se desligarem do mundo exterior. Ao mesmo tempo, o expresso continuava a circular a alta velocidade pelos caminhos de ferro, fazendo com que as novas aventuras ficassem cada vez mais perto dos jovens aventureiros.

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{ 6 comments... read them below or Comment }

  1. Eae, Angie!

    E temos a batalha prometida. Como esperado, a Sônia venceu, e com apenas um pokémon ainda. Mas o Hop foi bem, coitado.
    Marnie quase se encontra com nossos protagonistas. Vai ser divertido vê-los em suas respectivas aventuras até o fatídico encontro.
    Me pergunto por que o Piers é contra o dynamax...
    E é isso, até o próximo!

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    1. Alefu, as suas apostas estão a acertar, não é verdade? A Sonia tomou conta do Hop com apenas um Pokémon, mesmo depois de um treino intenso do jovem. Mas a experiência entre os dois não se compara, claramente. Será que essa derrota vai causar algum efeito em Hop?

      Ah eu adoro criar essas situações de diversas narrativas que quase se cruzam. Porque essa é a realidade, não é? Por quantas pessoas nos cruzamos na rua, sendo que cada uma leva a sua trajetória, o seu caminho, o seu ponto de chegada em mente? Então é claro que isso também acontece aqui e eu gosto de a representar desta maneira, aproveitando, ao mesmo tempo, para dar alguma visibilidade às personagens mais secundárias.

      Continue desse lado!

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  2. Capitulo 7 e já notei uma diferença significativa na tua forma de escrever. Gostei de ver como evoluis-te em tão poucos capítulos. Mal posso esperar para ler os próximos!

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    1. Uau fico muito admirado por alguém ter reparado nisso! Espero que seja uma evolução positiva. Obrigado Shiii <3

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  3. Diga, Angie!

    E no fim das contas, quem venceu a batalha foi mesmo a Sonia, que apesar do nervosismo conseguiu superar o Hop com sua experiência. O garoto, por sua vez, já dá seus primeiros sinais de que precisa trabalhar um pouco a sua parte mental. Se ele ficar se martirizando por qualquer derrota desse jeito, não vai conseguir ir muito longe. No fim das contas, a sombra do Leon acaba pesando sobre os ombros dele, que se coloca numa posição de não causar prejuízo à reputação do irmão.

    Gostei também da maneira como você fez o Grookey ficar frustrado ao final da batalha também! É um aspecto que eu já venho prestando atenção desde os capítulos passados, mas mais uma vez eu tenho que comentar como é interessante ver o seu trabalho com as personalidades de cada Pokémon, inserindo os traços de cada um deles de maneira tão sutil e natural na história que os tornam personagens vivos de fato, ao invés de serem apenas mascotes.

    Fiquei triste que a Marnie não chegou a tempo de encontrar o grupo principal. Por um momento achei que ela conseguiria, mas logo depois veio o balde de água fria kkkkkkkk Mas ok, eu sei que você não atrasou esse encontro à toa. Imagino que quando eles se esbarrarem a gente vai ver alguma coisa interessante acontecendo. E olha só, ela já pegou um Nickit também. Fazendo jus à especialidade da família, que são os Dark-type! Assim como o Blipbug que a Gloria capturou anteriormente, Nickit é outro Pokémon que usei na minha equipe no Pokémon Shield. Muita gente criticou o Thievul, mas eu particularmente gostei bastante dele. Espero que ele consiga ajudar a Marnie a progredir bastante na jornada dela.

    E vamos rumo à Motostoke!

    Até a próxima! õ/

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    1. Shadow!

      O resultado do combate entre Hop e Sonia reflete a experiência dos dois treinadores. É claro que, neste momento da história, Hop ainda é um jovem inexperiente, ao contrário de Sonia que já viajou por Galar. Apesar da grande vontade de Hop vencer, Sonia consegue dominar o confronto.

      Agradeço pela atenção aos pequenos detalhes que vou implementando no que toca à personalidade dos Pokémon. Afinal, são uma parte muito importante desta aventura! Sem eles não estaríamos aqui.

      Quanto a Hop, o seu conflito interno estará no centro da narrativa durante toda a Temporada 1. Espero que goste desta viagem de altos e baixos! Prepare-se para o que ainda está por vir.

      É verdade, ainda não foi desta que Marnie se cruzou com o nosso grupo de protagonistas. Eu gosto de ir revelando um pouco do ponto de situação destas personagens mais secundárias para que elas não fiquem esquecidas. Isso não significa que elas se cruzem com o núcleo principal. Aliás, gosto muito de trabalhar esses grupos paralelos ao longo dos capítulos. Mas o encontro entre todos está para breve! Continue e verá!

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