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- Capítulo 17
Com
o início de mais um dia e já com as energias recarregadas depois do desafio do
Turffield Stadium, Victor, Gloria e Hop voltavam-se a fazer à estrada, desta
vez, explorando a Route 5 da região de Galar.
A rota era composta por vários trilhos de terra, envoltos
por uma grande diversidade natural. Várias ervas verdejantes, arbustos, grandes
árvores, entre outras mais pequenas, cheias de Berries, coloriam os caminhos
daquele local. Um pequeno lago era usado pelos treinadores para se refrescarem
e divertirem com os seus Pokémon, ao mesmo tempo que outras criaturas selvagens
também habitavam por ali.
Os três amigos caminhavam lado a lado, de forma calma e
pacífica. Victor era, de facto, o mais descontraído. Depois de conquistar o seu
primeiro crachá, o rapaz sentia-se mais confiante quanto ao rumo da sua jornada
e relativamente à força da sua equipa, que parecia ficar cada vez mais forte.
Gloria, conhecida pela sua tagarelice, permanecia mais silenciosa e calma do
que o normal. De alguma forma, o ocorrido durante a Gym Mission de Milo
prejudicara um tanto o comportamento da jovem, que observava o local à sua
volta de forma atenta. Também Hop estava mais sossegado do que o habitual. A
derrota contra o Líder de Ginásio Grass-Type podia ter despertado outro
incentivo que o moreno ainda desconhecia, mas que pretendia descobrir, com a
ajuda dos seus Pokémon, que lhe deram uma segunda oportunidade, quando ele
pensava que, realmente, estava tudo perdido.
Enquanto caminhava, o grupo surpreendeu-se com a presença
de um grande edifício no centro da rota. A casa
erguia-se em tijolos rosa e, no topo, um telhado vermelho protegia a
infraestrutura, onde se podia ler “Pokémon Nursery”. As paredes com grandes
janelas espelhadas iluminavam o interior do edifício, enquanto vários canteiros
floridos de diversas cores serviam como elementos decorativos no exterior do
local. Alguns jovens treinadores, acompanhados pelos seus Pokémon,
permaneciam junto do estabelecimento, que despertava cada vez mais o interesse
dos três amigos.
- O que é isto? – a gémea perguntou curiosa.
- O Pokémon Nursery. – o irmão respondeu prontamente,
lembrando-se daquela matéria dos vários livros que lera. – É um local onde
vários treinadores depositam os seus Pokémon para serem cuidados por
profissionais de saúde.
- Querem entrar? – perguntou o moreno, tentando espreitar
pelas grandes janelas do edifício
Todos concordaram. Victor seguiu à frente, abrindo a
porta encarnada que dava passagem para o interior do local. Um grande salão
aparecia à frente dos olhos dos três jovens, que observaram o interior do
edifício com toda a atenção.
O chão de madeira servia de base
para toda a divisão, decorada com várias plantas, prateleiras com livros e
sofás coloridos. As paredes eram brancas e preenchidas por vários quadros com
diferentes espécies Pokémon desenhadas. No centro do local, um balcão de
madeira era rodeado por duas portas de cada lado.
Uma senhora com um rosto amigável permanecia atrás do
balcão, enquanto remexia em vários papéis. O tom da sua pele era moreno e o
cabelo encaracolado que descia pelos ombros era louro. O trio aproximou-se em
silêncio, tentando não perturbar o trabalho da mulher, que levantou a cabeça ao
reparar na presença dos jovens.
- Olá. – cumprimentou, de forma simpática. – Sejam
bem-vindos ao Pokémon Nursery.
- Que local tão bonito. – elogiou Gloria.
- O que é, exatamente, o Pokémon Nursery? – perguntou
Hop, logo a seguir.
- Parece-me que são jovens treinadores. – ela murmurou,
observando os três jovens com curiosidade. – Estou correta?
- Está sim, senhora. – respondeu Victor.
- Muito bem. – ela sorriu. – O
Pokémon Nursery é uma pequena instituição onde vários trabalhadores de saúde se
reúnem para cuidar de Pokémon de outros Treinadores. Imaginem que, por um
determinado motivo, algum de vocês gostaria de deixar um Pokémon para treinar
aqui, enquanto continuam a vossa jornada. Nós responsabilizamo-nos por fazer
esse Pokémon crescer e tornar-se mais forte até ele voltar a ser resgatado pelo
seu Treinador.
- Isso é muito interessante. – murmurou a rapariga
concentrada.
- Deve ser um trabalho magnífico ver tantos Pokémon diferentes
tornarem-se mais fortes. – apontou o moreno.
- É bastante desafiante, sim. Mas não cuidamos apenas de
Pokémon. Aqui também fazemos o tratamento de ovos
Pokémon, antes de estarem prontos para nascerem.
- Ovos Pokémon? – o gémeo arregalou os olhos.
- Exatamente! – exclamou a mulher. – Não é incrível?
- É mesmo! –
concordou Hop animado.
- Venham comigo. – a mulher falou, abandonando o seu
lugar atrás do balcão de atendimento. – Vou mostrar-vos as nossas instalações.
Venham, o nosso jardim fica lá atrás.
A mulher caminhou até à porta que se encontrava do lado
direito do balcão de atendimento, abrindo-a. Um pequeno
alpendre de madeira dava para um caminho trilhado entre o enorme jardim
verdejante daquele local. Arbustos floridos, árvores cheias de Berries e um
pequeno riacho serviam de habitat a diferentes espécies Pokémon que por ali
permaneciam, interagindo e treinando entre si de forma natural. O perímetro do
jardim estendia-se por vários quilómetros e era marcado por uma vedação de
madeira. Os três treinadores observavam tudo com a máxima atenção e surpresa.
- Tantos Pokémon! – exclamou Gloria.
- Atualmente, temos mais de vinte espécies a serem
treinadas. – explicou a senhora. – Aproveitámos a natureza da Route 5 para
construirmos o nosso próprio jardim. As cercas servem para separar os Pokémon nativos
desta região com aquelas que por aqui chegam vindos de outras localidades, é
claro. Tentamos respeitar e preservar a natureza de todos, sem interferir com o
meio ambiente.
- O vosso trabalho é bastante importante. – comentou
Victor.
- Sabem, eu fui uma Médica Pokémon durante vários anos.
Mas, com o passar do tempo, a minha idade deixou-me mais frágil a toda a realidade
dos Pokémon Center. Então, o Pokémon Nursery foi uma alternativa bastante feliz
e agradável.
- Que bonita história de vida. – murmurou Hop.
- Gosto de estar aqui, no meio do habitat natural de
todas estas espécies. É um dom poder vê-las crescer e cuidar de todos os ovos
que temos guardados nas incubadoras do nosso armazém.
- Quantas pessoas trabalham aqui? – questionou o gémeo.
- Não muitas, na verdade. – a mulher soltou uma curta
gargalhada. – A maior parte das pessoas são simples voluntários. Eu sou a única
que me dedico realmente a este local.
- Cuidar dos outros é um trabalho que nem todos conseguem
realizar. Mas a senhora parece fazê-lo na perfeição. – sorriu Gloria.
A jovem caminhou pelo local, observando com atenção e
curiosidade as várias espécies Pokémon que desconhecia. Muito provavelmente,
eram provenientes de outros locais e regiões que ela nunca visitara. No
entanto, estavam todos ali reunidos, com um ar absolutamente natural. Era como
se sentissem, realmente, em casa. Victor juntou-se à irmã, tirando apontamentos
das várias criaturas para estudar mais tarde. Atrás de si, Hop aproximava-se dos
diferentes Pokémon, interagindo com eles e alimentando-os com Berries do local.
Todos aceitavam a comida de forma animada, retribuindo com sorrisos e exclamações
de alegria.
• • •
O helicóptero preto da Team Yell sobrevoava os céus de
Galar. No seu interior, Carter e Gale encontravam-se na cabine do piloto,
controlando a trajetória da viagem, enquanto os bancos no outro compartimento
eram ocupados por vários membros do grupo.
- Senhores passageiros. – Carter pegou no microfone, que
se encontrava acima da sua cabeça, apontando-o na direção da boca. No interior
da cabine dos passageiros, a sua voz ecoou por várias colunas. – Estamos
prestes a chegar ao nosso destino.
Do outro lado, ouviu-se uma onda de exclamações e aplausos
ansiosos. Por algum motivo, todos estavam animados para chegar ao local.
- Esta é a primeira missão que estamos a desenvolver como
equipa. – Gale retirou o objeto da mão do rapaz ao seu lado, apontando-o para
os seus lábios. – Não vamos falhar! – exclamou.
- Todos sabem qual é o plano. Sigam o protocolo que
estudámos anteriormente.
- Está na altura de roubarmos alguns Pokémon. – riu a
mulher, provocando outra onda de exclamações por parte dos outros membros da
equipa.
• • •
O trio acabou por almoçar no jardim do Pokémon Nursery. A
gerente do estabelecimento preparou uma simpática refeição para todos eles, que
se reuniram debaixo do alpendre do jardim, aproveitando a calmaria daquele
local.
- Então, quantas Badges já conquistaram?
- Desafiámos apenas o Líder de Ginásio de Turffield. –
respondeu Victor. – Eu consegui vencer o combate. Foi altamente renhido.
- O Milo é um grande especialista Grass-Type.
Antigamente, costumava visitar-nos com alguma regularidade. Agora, com certeza,
é mais complicado com todos os desafios que tem.
- Eu perdi redondamente contra ele. – murmurou Hop.
- E eu não sei liderar rebanhos de Wooloo. – Gloria
encolheu os ombros, de forma irónica.
- Por vezes, uma derrota não é algo completamente
negativo. – falou a mulher. – Com certeza, conseguiram aprender alguma coisa
com essa experiência. Não podem é, de facto, baixar os braços e desistir. Nada
na vida acontece por mero acaso. É preciso lutar para atingir os nossos
objetivos.
Os três assentiram e concordaram com as palavras sábias
da mulher, com uma experiência de vida tão grande.
No entanto, a conversa entre o grupo foi interrompida por
uma explosão que se fez ouvir no local. Uma nuvem de fumo invadiu várias
árvores do jardim, fazendo com que os Pokémon que ali habitavam se assustassem
e fugissem, enquanto deixavam escapar exclamações assustadas.
Os três jovens, acompanhados pela gerente do Pokémon
Nursery, correram na direção do local, na tentativa de perceber o que se
passava. No entanto, tudo o que encontraram foi um grande helicóptero pousado
sobre uma área descampada do jardim. À sua frente, um grupo de pessoas com
roupas escuras era liderado por um homem e uma mulher. Os dois vestiam o mesmo
uniforme, mas tinham marcas de tinta roxa pintadas no rosto.
Victor, Gloria e Hop surpreenderam-se com a presença
daquelas duas figuras no local. Naquele momento, um misto de sentimentos
invadiu os seus corpos. Os dois atacantes da cerimónia de abertura do Gym
Challenge, que tinham colocado as vidas de todos em risco, estavam agora à sua
frente.
- Vo-vocês… - gaguejou Gloria.
- Para trás, pirralha! – gritou Gale, num tom
autoritário.
- O que pensam que estão a fazer? – Hop sentia o seu
corpo aquecer gradualmente.
- Vamos levar os Pokémon que aqui estão! – anunciou
Carter.
- Vocês não podem fazer isso! – contrapôs Victor.
- O Pokémon Nursery é suposto ser um estabelecimento
calmo e seguro para todas as criaturas que aqui habitam! Não podem levar estes
Pokémon, eles já pertencem a outros treinadores. – a voz da gerente do
estabelecimento revelava preocupação.
- Isso é que tem piada! – riu o homem com um megafone nas
mãos. – Vocês aí, atrás deles!
O grupo de funcionários da Team Yell dispersou-se pelo
local e começou a correr atrás das várias criaturas que por ali existiam,
tentando apanhá-las com recurso a algumas técnicas e mecânicas um tanto
duvidosas. Os Pokémon, por sua vez, começaram a fugir de forma descontrolada,
deixando escapar várias exclamações de surpresa e até mesmo medo.
- Não vamos permitir que faças isso! – o moreno retirou
uma Poké Ball da sua mala.
- N-nem eu! – apoiou Gloria, tentando superar o medo que
sentia, colocando-se ao lado do seu amigo.
- Muito bem, miúdos. – riu Gale. – Enquanto vocês ficam
aí a brincar, eu vou procurar os ovos Pokémon. – e saiu disparada, em direção
ao interior do estabelecimento.
- Oh não! – a mais velha barafustou. – Os ovos Pokémon
são a grande especialização do Pokémon Nursery. Eles não podem cair em mãos
erradas!
- Eu vou protegê-los. – afirmou Victor, com convicção. –
Não se preocupe! – e saiu disparado, atrás da coordenadora da Team Yell.
• • •
Gale abriu a porta que se encontrava do lado esquerdo do
balcão do Pokémon Nursery Do outro lado, encontrou uma grande sala, composta
por alguns corredores formados por vários armários de madeira. No interior de
cada um, milhares de ovos Pokémon permaneciam dentro de incubadoras a uma
temperatura perfeitamente alinhada e saudável.
A jovem retirou uma Poké Ball do bolso e lançou-a ao ar,
revelando a figura de um pequeno felino de pelo roxo com várias manchas
brancas. Os seus olhos verdes destacavam-se, assim como as marcas rosa que
cresciam até às orelhas pontiagudas.
A Pokémon começou a caminhar pelo local, em silêncio,
enquanto a sua treinadora observava à sua volta com atenção, pensando numa
forma de levar todos os ovos daquele lugar de uma vez só. Perdida nos seus
planos, Gale surpreendeu-se ao ouvir uma voz robótica atrás de si.
- Purrloin, uma Pokémon Dark-Type. – disse o Pokédex
de Victor, que permanecia de pé, à entrada da divisão. – Diverte-se a roubar os
outros e a provocá-los de forma frustrante. Pode atacar com as suas garras de
forma incontrolável.
A mulher virou-se, encontrando o rapaz atrás de si, de
rosto trancado e com uma Poké Ball em riste. Talvez o roubo que tinha planeado
durante vários dias não fosse assim tão fácil de executar como ela pensava.
- Sai daqui. – disse, num tom sério.
Victor estremeceu. A voz cortante daquela mulher soava
ainda mais assustadora quando ele estava sozinho com ela.
- N-não posso. – murmurou.
- Achas mesmo que vais travar os planos da Team Yell? –
gargalhou.
- Quais são os vossos planos, sequer? A vossa tentativa
de roubarem os Pokémon de todos os treinadores presentes na cerimónia de
abertura do Gym Challenge foi um autêntico fiasco. Mas, porquê?
- Não percebes, miúdo? Tu fazes parte do problema! –
lançou a mulher num tom ríspido.
- O que é que eu fiz de mal? – Victor parecia confuso.
- Tu e os teus amiguinhos insinuaram que nós éramos
ladrões! Por causa de vocês, todo o nosso plano deu errado.
- Esse é o nome que se dá a pessoas que roubam aquilo que
não é delas, não é? Então é o que vocês são! – exclamou o rapaz, deixando que
as palavras escapassem pela sua boca com cada vez mais facilidade. – E, do que
depender de mim, o vosso plano não vai ser sucedido novamente.
A Poké Ball de Sobble foi lançada ao ar, revelando o
corpo do pequeno anfíbio azul, que parecia pronto para enfrentar o seu novo
adversário.
- Devias questionar-te sobre os motivos por trás das
ações de cada pessoa. – murmurou a mulher, cerrando o punho. – Purrloin, ataca
com Fake Out.
O pequeno felino correu na direção
do anfíbio, batendo as duas patas à frente do seu rosto. A batida provocou uma
onda de energia, que atingiu o Water-Type com toda a força, arremessando-o contra um dos
armários do local.
- Uau. – Victor abriu a boca,
surpreendendo-se com todo aquele poder.
- Depois da derrota ridícula que sofremos
contra o Leon, decidimos dar uma atualização nas nossas equipas. – explicou a
mulher. – Fury Swipes!
Sobble fora novamente atacado, desta
vez com vários turnos de arranhões afiados que formaram feridas por todo o seu
corpo. O Pokémon exclamou de dor, enquanto o seu treinador procurava uma
maneira de solucionar aquele problema.
- Tenta usar Water Gun!
O anfíbio abriu a boca, soltando um
pequeno jato de água contra o corpo de Purrloin, que se afastou de imediato,
dando espaço para que Sobble se soltasse finalmente.
- Scratch.
- Pound!
Os dois Pokémon lançaram-se na
direção um do outro, envolvendo-se em ataques que não pareciam surtir efeito
algum, enquanto soltavam grunhidos enraivecidos.
- Desiste! – exclamou Gale.
- Isso querias tu. Sobble, usa Water Pulse!
O anfíbio afastou-se da luta corpo a
corpo e começou a formar uma bolha de água, que logo lançou na direção de
Purrloin, atingindo o Dark-Type em cheio. O pequeno felino caiu fraco no chão
molhado. Victor deixou escapar um suspiro, aliviado por ter ganho a disputa,
mas logo voltou à realidade, reparando nos pequenos estragos que o primeiro
confronto provocara na divisão do estabelecimento. Vários objetos estavam fora
do sítio e o chão apresentava algumas poças de água.
- Era suposto seres mais forte do
que isso! – a mulher gritou, recuperando o corpo da Pokémon para o interior da
esfera bicolor. – Mas agora é que vais ver quem manda aqui!
Outra Poké Ball foi lançada ao ar,
revelando o corpo de Woobat. O Pokémon começou a voar à volta da sala,
observando o local com atenção.
- Não vou permitir que saias daqui
com estes ovos Pokémon! – protestou o rapaz. – Eles são inocentes! Não têm nada
a ver com os vossos planos!
- Se eu não os posso ter, então tu
também não. – o tom na sua voz parecia mais sério que nunca. – Usa Gust por toda a sala!
Woobat bateu as suas asas, criando
alguma agitação pela divisão do estabelecimento. Algumas caixas e arquivos
pousados em prateleiras caíram ao chão, ao mesmo tempo que os armários de
madeira abanavam com o vento provocado pelo Pokémon.
- O que estás a fazer?! – o
treinador olhou à sua volta, preocupado com as intenções da mulher. – Não podes
destruir este sítio!
- Tarde demais, Victor. – murmurou
com um olhar negro. – Air
Cutter!
• • •
Enquanto os vários funcionários da Team Yell corriam
atrás das criaturas do Pokémon Nursery, Carter enfrentava Gloria e Hop numa
batalha dupla. À frente da rapariga, Gossifleur preparava-se para assumir o
controlo da batalha, apoiada por Wooloo, que estava pronto para seguir as
indicações do seu treinador.
Do lado do coordenador da Team Yell, Sableye mantinha a
sua pose de combate, acompanhado por uma criatura com o corpo azul-escuro. O
Pokémon segurava-se nos seus dois pés pretos, a mesma cor das suas mãos. Na
barriga, duas listras brancas marcavam o seu peito, ao mesmo tempo que duas
bochechas laranjas rodeavam a sua boca aberta, revelando os dentes brancos e
alinhados da criatura. Os seus olhos, no entanto, destacavam-se pela sua
coloração amarela.
- Croagunk, um Pokémon Poison-Type e Fighting-Type. – falou o Rotom Phone que a rapariga segurava. – As
suas bochechas são cheias de veneno que, depois de diluído, se torna um
instrumento medicinal.
- Tackle! – ordenou Hop, sem perder tempo.
- Razor
Leaf! – exclamou Gloria.
Enquanto Wooloo saiu disparado na
direção de Croagunk, as folhas cortantes de Gossifleur eram lançadas na direção
de Sableye. O Poison-Type conseguiu escapar ao ataque da ovelha do moreno,
ao contrário de Sableye, que se deixou atingir pelo Grass-Type.
- Sableye, Shadow
Sneak. Croagunk, Poison Sting.
Os ataques dos
dois Pokémon atingiram os adversários de cada um. A sombra do Ghost-Type atingiu o corpo de Gossifleur, enquanto o espigão
venenoso penetrava o corpo de Wooloo. As duas criaturas, no entanto,
recuperaram-se rapidamente dos movimentos utilizados.
- Double
Kick.
- Sweet
Scent.
Mais uma vez, a ovelha saiu
disparada na direção de Croagunk, desta vez pontapeando-o com as suas patas. Ao
mesmo tempo, a flor de Gloria rodopiava pelo ar, emanando o seu aroma calmo e
pacifico, que deixou os dois adversários mais relaxados. Os Pokémon de Carter
sentiram o seu corpo enfraquecer calmamente.
- Não deixem estes pirralhos vencer!
– gritou. – Astonish e Mud
Slap.
Apesar dos dois Pokémon se
esforçarem para realizarem os dois ataques, os músculos dos seus corpos estavam
demasiado fracos para os concluir. Era como se tivessem deixado de ter forças.
- Os vossos planos maléficos não se
vão realizar! – exclamou Gloria, com o punho cerrado. – Leafage!
- Wooloo, usa Defense Curl!
Enquanto a pequena ovelha protegia o
seu corpo com uma onda de energia, a Grass-Type preparava várias folhas, que se envolveram num
tornado giratório, que logo a seguir foram lançadas na direção dos dois
adversários. Os Pokémon caíram ao chão, sentindo o poder daquela técnica contra
os seus corpos.
- Miúdos irritantes! – protestou o
homem, visivelmente enervado. – Scratch e Revenge!
Gossifleur escapou, sem problemas,
ao ataque de Sableye. No entanto, do outro lado, Wooloo deixou-se apanhar pelo
movimento de Croagunk, que era super efetivo contra a espécie da ovelha. O
Pokémon de Hop caiu ao chão, grunhindo de dor.
- A batalha ainda agora começou! –
gargalhou Carter.
Os dois jovens treinadores
observavam a cena com atenção. Wooloo parecia cada vez mais fraco enquanto, do
outro lado, Gossifleur continuava a flutuar no ar, pronta para continuar a
disputa. No entanto, antes que se pudessem pronunciar, outra voz gritou mais
alto.
- Abortar missão!
Gale saía do interior do
estabelecimento a toda a velocidade. Os seus cabelos estavam mais despenteados
do que anteriormente. Ao seu lado, Woobat voava pelo ar, acompanhando a
rapariga, que corria em direção ao helicóptero da organização.
- O quê?! – Carter piscou os olhos,
confuso.
- Estes miúdos são um verdadeiro
pesadelo! – exclamou a mulher. – Não vamos fazer nada com eles aqui. Só nos
complicam os planos!
- Mas… mas… esta era a nossa
oportunidade… - murmurou o outro.
- Eu certifiquei-me que, se nós não
podemos ficar com os ovos Pokémon, então mais ninguém pode! – exclamou a
mulher, abrindo as portas do helicóptero para todos os funcionários entrarem na
viatura.
- O que fizeste?! – a dona do
estabelecimento estava estupefacta com tamanha crueldade.
- As coisas não precisavam de ser
desta maneira. – murmurou Gale. – Se não se metessem no nosso caminho tudo
seria mais fácil.
- Retirar! – ordenou Carter,
entrando no interior do veículo.
Não demorou muito para que todos os
elementos da Team Yell se reunissem no interior do helicóptero que, sem
demoras, levantou voo novamente. Enquanto Gloria e Hop observavam o veículo a
afastar-se no horizonte, a gerente do estabelecimento olhava em volta, analisando
o cenário de destruição e confusão causado.
- O que é que acabou de acontecer? –
murmurou Hop, ainda em êxtase.
- Victor… - pensou Gloria,
voltando-se para o interior do Pokémon Nursery. – Victor, onde estás?!
A rapariga correu para o interior do
estabelecimento, sendo seguida por Hop e a mulher mais velha. Ao entrarem na
outra divisão do local, deram de caras com um cenário de destruição assustador.
Vários armários estavam caídos pelo chão, prateleiras e arquivos pareciam
destruídos e, o mais preocupante, eram as incubadoras partidas e os vários ovos
rachados pelo chão do local. A dona do estabelecimento deixou escapar uma
exclamação de agonia ao ver as suas criações destruídas. Ao mesmo tempo, Gloria
surpreendeu-se ao encontrar o corpo do irmão caído debaixo de vários objetos. O
rapaz estava ferido, mas permanecia consciente.
- Desculpem. – a voz de Victor saiu fraca
e rouca. – Não os consegui proteger.
• • •
A tarde já ia a meio. Depois da Médica do Pokémon Nursery
cuidar dos ferimentos na perna de Victor, os três treinadores permaneceram no
local para ajudarem a limpar e arrumar todos os estragos causados. No jardim,
Gloria reunia os Pokémon que, agora mais calmos, aceitavam as Berries que a
rapariga lhes oferecia. Hop, por sua vez, permanecia em silêncio, pensando no
verdadeiro objetivo de todo aquele ataque.
- Ela disse que nós fazíamos parte do problema. –
murmurou o gémeo.
- Isso não faz sentido. – protestou a rapariga.
- O meio não justifica o fim. – falou o moreno. – Eles
não podem roubar Pokémon de outras pessoas para atingirem um objetivo maior.
- Tens razão, jovem. – concordou a mais velha, que
regressava do interior do edifício com uma incubadora nas suas mãos. – De
qualquer maneira, o objetivo deles não foi totalmente concluído. E um ovo
Pokémon conseguiu salvar-se no meio de todo o caos. – sorriu, num tom
visivelmente aliviado.
- Ainda bem! – Gloria exclamou, levantando os braços no
ar.
- O bem vence sempre. – sorriu Hop.
- Fico contente. Assim pode continuar a sua criação de
ovos Pokémon. – disse Victor, ainda que sentisse alguma culpa por não conseguir
proteger os restantes.
- Na verdade, eu acho que ele saiu ileso porque tu, acima
de tudo, o tentaste proteger. Penso que o mais justo é ficares com ele. –
anunciou.
- O-o quê? – gaguejou.
- Por favor, Victor. Faz todo o sentido. Tu tentaste proteger
todos os ovos. Era impossível. Mas conseguiste salvar, pelo menos, um. E, pelo
meio, ainda te feriste. Os cortes na tua perna vão diminuir o ritmo da vossa
viagem, com certeza.
- Mas…
- Vá lá. Este ovo é teu.
A mulher esticou os braços, colocando a incubadora com o
ovo no seu interior à frente dos olhos do treinador. O rapaz observou o objeto
com atenção, refletindo na ideia. Talvez a senhora tivesse razão. Apesar não
ter conseguido proteger, totalmente, os ovos do estabelecimento, ele fez tudo o
que estava ao seu alcance. E, por causa disso, chegou mesmo a magoar-se a ele
mesmo. Talvez aquela fosse uma pequena recompensa por todo o esforço realizado.
- Está bem. – murmurou, finalmente. – Eu aceito.
• • •
O avião da Team Yell continuava a sobrevoar a região de
Galar, à medida que a tarde começava a chegar ao fim.
- Crianças patéticas! – protestou Gale, batendo no
volante de controlo.
- Não acredito que os nossos planos voltaram a sair
furados por causa deles. – bufou Carter, ao seu lado. – O que é que o chefe vai
pensar disto?
- Não havia escapatória possível. – admitiu a outra. –
Pelo menos, destruímos todos os ovos que existiam. Isso conta para alguma
coisa.
- Quantos menos Pokémon existirem, menos treinadores nos
incomodam. – concordou o homem.
Os dois calaram-se. Apesar da missão ter terminado de
forma imprevisível, ambos sabiam que o verdadeiro objetivo da Team Yell não
seria fácil de realizar. No entanto, não era impossível. E eles acreditavam,
realmente, que podiam construir uma sociedade Galarian bem melhor do que aquela
que já existia.
• • •
A luz dourada do final da tarde iluminava o caminho de
Victor, Gloria e Hop que, naquele momento, atravessavam a ponte da Route 5.
Como fundo, os treinadores observavam a fantástica paisagem da aparente
infinita Wild Area, enquanto a brisa do final do dia os acompanhava.
O gémeo segurava o seu ovo nos dois braços e era
acompanhado pela sua irmã que, depois de tanto insistir, o auxiliava a
caminhar. As dores que continuava a sentir na sua perna dificultavam o ritmo da
caminhada. Por sua vez, Hop permanecia à frente dos dois, liderando o caminho
até ao próximo destino.
- Ainda não acredito que não fui capaz de travar a Gale.
– murmurou o rapaz, que continuava a pensar no confronto daquela tarde.
- Fizeste o melhor que podias. – respondeu a rapariga. –
E olha o que aconteceu…
- Precisas de ir a um Pokémon Center o mais rápido
possível. – comentou o moreno. – Estás aí a coxear. Não estás com dores?
- Eu estou bem. – cortou, ignorando as dores que sentia.
- Pelo menos, no meio de toda esta confusão, conseguiste
receber um ovo Pokémon. – sorriu Gloria.
- Lá isso é verdade. – concordou Hop. – Mas que Pokémon
estará lá dentro?
- Isso ainda é um mistério. – Victor concentrou o seu olhar no objeto que segurava. – Mas, em breve, logo iremos descobrir.
Eae Angie!
ReplyDeleteParece que eles não se recuperaram da experiência no ginásio. Por sinal, então eles vão contatar a jornada deles? E quanto ao gym dessa cidade, eles vão voltar depois? Se bem que em Galar tem mais que 8 ginásios então talvez a ideia seja conseguir 8 vitórias dos 10 ginásios.
E novament a team Yell ataca e ainda não sei o que eles querem no final.
Victor inspirado por sua vitória no ginásio vai em direção ao perigo. Se me lembro bem ele brigou com os amigos por discutirem com a tem Yell na cerimônia de abertura. Menino mudou.
E acho que é isso, Angie. Até o próximo capítulo!
Alefu, ficou pensativo sobre essa questão dos Gym Challenges, não é? Mas é isso mesmo, temos vários Líderes de Ginásio espalhados por Galar. E, quem sabe, voltar mais tarde pode sempre ser uma opção, certo?
DeleteA Team Yell volta a surgir, desta vez semeando o pânico no Pokémon Nursery. Mas, felizmente, os nossos heróis conseguem ajudar a resolver o incidente. Bom apontamento que teve sobre Victor. Parece que o seu comportamento está a mudar, não é? O seu lado racional parece começar a ceder à parte mais emocional... interessante.
Continua em frente, em breve encontrará Hulbury! Até lá!
Por Arceus, que omelete gostosa.
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