Posted by : Angie May 16, 2021


                Com o início de mais um dia e já com as energias recarregadas depois do desafio do Turffield Stadium, Victor, Gloria e Hop voltavam-se a fazer à estrada, desta vez, explorando a Route 5 da região de Galar.

 

            A rota era composta por vários trilhos de terra, envoltos por uma grande diversidade natural. Várias ervas verdejantes, arbustos, grandes árvores, entre outras mais pequenas, cheias de Berries, coloriam os caminhos daquele local. Um pequeno lago era usado pelos treinadores para se refrescarem e divertirem com os seus Pokémon, ao mesmo tempo que outras criaturas selvagens também habitavam por ali.

 

            Os três amigos caminhavam lado a lado, de forma calma e pacífica. Victor era, de facto, o mais descontraído. Depois de conquistar o seu primeiro crachá, o rapaz sentia-se mais confiante quanto ao rumo da sua jornada e relativamente à força da sua equipa, que parecia ficar cada vez mais forte. Gloria, conhecida pela sua tagarelice, permanecia mais silenciosa e calma do que o normal. De alguma forma, o ocorrido durante a Gym Mission de Milo prejudicara um tanto o comportamento da jovem, que observava o local à sua volta de forma atenta. Também Hop estava mais sossegado do que o habitual. A derrota contra o Líder de Ginásio Grass-Type podia ter despertado outro incentivo que o moreno ainda desconhecia, mas que pretendia descobrir, com a ajuda dos seus Pokémon, que lhe deram uma segunda oportunidade, quando ele pensava que, realmente, estava tudo perdido.

 

            Enquanto caminhava, o grupo surpreendeu-se com a presença de um grande edifício no centro da rota. A casa erguia-se em tijolos rosa e, no topo, um telhado vermelho protegia a infraestrutura, onde se podia ler “Pokémon Nursery”. As paredes com grandes janelas espelhadas iluminavam o interior do edifício, enquanto vários canteiros floridos de diversas cores serviam como elementos decorativos no exterior do local. Alguns jovens treinadores, acompanhados pelos seus Pokémon, permaneciam junto do estabelecimento, que despertava cada vez mais o interesse dos três amigos.

 

            - O que é isto? – a gémea perguntou curiosa.

 

            - O Pokémon Nursery. – o irmão respondeu prontamente, lembrando-se daquela matéria dos vários livros que lera. – É um local onde vários treinadores depositam os seus Pokémon para serem cuidados por profissionais de saúde.

 

            - Querem entrar? – perguntou o moreno, tentando espreitar pelas grandes janelas do edifício

 

            Todos concordaram. Victor seguiu à frente, abrindo a porta encarnada que dava passagem para o interior do local. Um grande salão aparecia à frente dos olhos dos três jovens, que observaram o interior do edifício com toda a atenção.

 

            O chão de madeira servia de base para toda a divisão, decorada com várias plantas, prateleiras com livros e sofás coloridos. As paredes eram brancas e preenchidas por vários quadros com diferentes espécies Pokémon desenhadas. No centro do local, um balcão de madeira era rodeado por duas portas de cada lado.

 

            Uma senhora com um rosto amigável permanecia atrás do balcão, enquanto remexia em vários papéis. O tom da sua pele era moreno e o cabelo encaracolado que descia pelos ombros era louro. O trio aproximou-se em silêncio, tentando não perturbar o trabalho da mulher, que levantou a cabeça ao reparar na presença dos jovens.

 

            - Olá. – cumprimentou, de forma simpática. – Sejam bem-vindos ao Pokémon Nursery.

 

            - Que local tão bonito. – elogiou Gloria.

 

            - O que é, exatamente, o Pokémon Nursery? – perguntou Hop, logo a seguir.

 

            - Parece-me que são jovens treinadores. – ela murmurou, observando os três jovens com curiosidade. – Estou correta?

 

            - Está sim, senhora. – respondeu Victor.

 

            - Muito bem. – ela sorriu. – O Pokémon Nursery é uma pequena instituição onde vários trabalhadores de saúde se reúnem para cuidar de Pokémon de outros Treinadores. Imaginem que, por um determinado motivo, algum de vocês gostaria de deixar um Pokémon para treinar aqui, enquanto continuam a vossa jornada. Nós responsabilizamo-nos por fazer esse Pokémon crescer e tornar-se mais forte até ele voltar a ser resgatado pelo seu Treinador.

 

            - Isso é muito interessante. – murmurou a rapariga concentrada.

 

            - Deve ser um trabalho magnífico ver tantos Pokémon diferentes tornarem-se mais fortes. – apontou o moreno.

 

            - É bastante desafiante, sim. Mas não cuidamos apenas de Pokémon. Aqui também fazemos o tratamento de ovos Pokémon, antes de estarem prontos para nascerem.

 

            - Ovos Pokémon? – o gémeo arregalou os olhos.

 

            - Exatamente! – exclamou a mulher. – Não é incrível?

 

             - É mesmo! – concordou Hop animado.

 

            - Venham comigo. – a mulher falou, abandonando o seu lugar atrás do balcão de atendimento. – Vou mostrar-vos as nossas instalações. Venham, o nosso jardim fica lá atrás.

 

            A mulher caminhou até à porta que se encontrava do lado direito do balcão de atendimento, abrindo-a. Um pequeno alpendre de madeira dava para um caminho trilhado entre o enorme jardim verdejante daquele local. Arbustos floridos, árvores cheias de Berries e um pequeno riacho serviam de habitat a diferentes espécies Pokémon que por ali permaneciam, interagindo e treinando entre si de forma natural. O perímetro do jardim estendia-se por vários quilómetros e era marcado por uma vedação de madeira. Os três treinadores observavam tudo com a máxima atenção e surpresa.

 

            - Tantos Pokémon! – exclamou Gloria.

 

            - Atualmente, temos mais de vinte espécies a serem treinadas. – explicou a senhora. – Aproveitámos a natureza da Route 5 para construirmos o nosso próprio jardim. As cercas servem para separar os Pokémon nativos desta região com aquelas que por aqui chegam vindos de outras localidades, é claro. Tentamos respeitar e preservar a natureza de todos, sem interferir com o meio ambiente.

 

            - O vosso trabalho é bastante importante. – comentou Victor.

 

            - Sabem, eu fui uma Médica Pokémon durante vários anos. Mas, com o passar do tempo, a minha idade deixou-me mais frágil a toda a realidade dos Pokémon Center. Então, o Pokémon Nursery foi uma alternativa bastante feliz e agradável.

 

            - Que bonita história de vida. – murmurou Hop.

 

            - Gosto de estar aqui, no meio do habitat natural de todas estas espécies. É um dom poder vê-las crescer e cuidar de todos os ovos que temos guardados nas incubadoras do nosso armazém.

 

            - Quantas pessoas trabalham aqui? – questionou o gémeo.

 

            - Não muitas, na verdade. – a mulher soltou uma curta gargalhada. – A maior parte das pessoas são simples voluntários. Eu sou a única que me dedico realmente a este local.

 

            - Cuidar dos outros é um trabalho que nem todos conseguem realizar. Mas a senhora parece fazê-lo na perfeição. – sorriu Gloria.

 

            A jovem caminhou pelo local, observando com atenção e curiosidade as várias espécies Pokémon que desconhecia. Muito provavelmente, eram provenientes de outros locais e regiões que ela nunca visitara. No entanto, estavam todos ali reunidos, com um ar absolutamente natural. Era como se sentissem, realmente, em casa. Victor juntou-se à irmã, tirando apontamentos das várias criaturas para estudar mais tarde. Atrás de si, Hop aproximava-se dos diferentes Pokémon, interagindo com eles e alimentando-os com Berries do local. Todos aceitavam a comida de forma animada, retribuindo com sorrisos e exclamações de alegria.

 

• • •

 

            O helicóptero preto da Team Yell sobrevoava os céus de Galar. No seu interior, Carter e Gale encontravam-se na cabine do piloto, controlando a trajetória da viagem, enquanto os bancos no outro compartimento eram ocupados por vários membros do grupo.

 

            - Senhores passageiros. – Carter pegou no microfone, que se encontrava acima da sua cabeça, apontando-o na direção da boca. No interior da cabine dos passageiros, a sua voz ecoou por várias colunas. – Estamos prestes a chegar ao nosso destino.

 

            Do outro lado, ouviu-se uma onda de exclamações e aplausos ansiosos. Por algum motivo, todos estavam animados para chegar ao local.

 

            - Esta é a primeira missão que estamos a desenvolver como equipa. – Gale retirou o objeto da mão do rapaz ao seu lado, apontando-o para os seus lábios. – Não vamos falhar! – exclamou.

 

            - Todos sabem qual é o plano. Sigam o protocolo que estudámos anteriormente.

 

            - Está na altura de roubarmos alguns Pokémon. – riu a mulher, provocando outra onda de exclamações por parte dos outros membros da equipa.

 

• • •

 

            O trio acabou por almoçar no jardim do Pokémon Nursery. A gerente do estabelecimento preparou uma simpática refeição para todos eles, que se reuniram debaixo do alpendre do jardim, aproveitando a calmaria daquele local.

 

            - Então, quantas Badges já conquistaram?

 

            - Desafiámos apenas o Líder de Ginásio de Turffield. – respondeu Victor. – Eu consegui vencer o combate. Foi altamente renhido.

 

            - O Milo é um grande especialista Grass-Type. Antigamente, costumava visitar-nos com alguma regularidade. Agora, com certeza, é mais complicado com todos os desafios que tem.

 

            - Eu perdi redondamente contra ele. – murmurou Hop.

 

            - E eu não sei liderar rebanhos de Wooloo. – Gloria encolheu os ombros, de forma irónica.

 

            - Por vezes, uma derrota não é algo completamente negativo. – falou a mulher. – Com certeza, conseguiram aprender alguma coisa com essa experiência. Não podem é, de facto, baixar os braços e desistir. Nada na vida acontece por mero acaso. É preciso lutar para atingir os nossos objetivos.

 

            Os três assentiram e concordaram com as palavras sábias da mulher, com uma experiência de vida tão grande.

 

            No entanto, a conversa entre o grupo foi interrompida por uma explosão que se fez ouvir no local. Uma nuvem de fumo invadiu várias árvores do jardim, fazendo com que os Pokémon que ali habitavam se assustassem e fugissem, enquanto deixavam escapar exclamações assustadas.

 

            Os três jovens, acompanhados pela gerente do Pokémon Nursery, correram na direção do local, na tentativa de perceber o que se passava. No entanto, tudo o que encontraram foi um grande helicóptero pousado sobre uma área descampada do jardim. À sua frente, um grupo de pessoas com roupas escuras era liderado por um homem e uma mulher. Os dois vestiam o mesmo uniforme, mas tinham marcas de tinta roxa pintadas no rosto.

 

            Victor, Gloria e Hop surpreenderam-se com a presença daquelas duas figuras no local. Naquele momento, um misto de sentimentos invadiu os seus corpos. Os dois atacantes da cerimónia de abertura do Gym Challenge, que tinham colocado as vidas de todos em risco, estavam agora à sua frente.

 

            - Vo-vocês… - gaguejou Gloria.

 

            - Para trás, pirralha! – gritou Gale, num tom autoritário.

 

            - O que pensam que estão a fazer? – Hop sentia o seu corpo aquecer gradualmente.

 

            - Vamos levar os Pokémon que aqui estão! – anunciou Carter.

 

            - Vocês não podem fazer isso! – contrapôs Victor.

 

            - O Pokémon Nursery é suposto ser um estabelecimento calmo e seguro para todas as criaturas que aqui habitam! Não podem levar estes Pokémon, eles já pertencem a outros treinadores. – a voz da gerente do estabelecimento revelava preocupação.

 

            - Isso é que tem piada! – riu o homem com um megafone nas mãos. – Vocês aí, atrás deles!

 

            O grupo de funcionários da Team Yell dispersou-se pelo local e começou a correr atrás das várias criaturas que por ali existiam, tentando apanhá-las com recurso a algumas técnicas e mecânicas um tanto duvidosas. Os Pokémon, por sua vez, começaram a fugir de forma descontrolada, deixando escapar várias exclamações de surpresa e até mesmo medo.

 

            - Não vamos permitir que faças isso! – o moreno retirou uma Poké Ball da sua mala.

 

            - N-nem eu! – apoiou Gloria, tentando superar o medo que sentia, colocando-se ao lado do seu amigo.

 

            - Muito bem, miúdos. – riu Gale. – Enquanto vocês ficam aí a brincar, eu vou procurar os ovos Pokémon. – e saiu disparada, em direção ao interior do estabelecimento.

 

            - Oh não! – a mais velha barafustou. – Os ovos Pokémon são a grande especialização do Pokémon Nursery. Eles não podem cair em mãos erradas!

 

            - Eu vou protegê-los. – afirmou Victor, com convicção. – Não se preocupe! – e saiu disparado, atrás da coordenadora da Team Yell.

 

• • •

 

            Gale abriu a porta que se encontrava do lado esquerdo do balcão do Pokémon Nursery Do outro lado, encontrou uma grande sala, composta por alguns corredores formados por vários armários de madeira. No interior de cada um, milhares de ovos Pokémon permaneciam dentro de incubadoras a uma temperatura perfeitamente alinhada e saudável.

 

            A jovem retirou uma Poké Ball do bolso e lançou-a ao ar, revelando a figura de um pequeno felino de pelo roxo com várias manchas brancas. Os seus olhos verdes destacavam-se, assim como as marcas rosa que cresciam até às orelhas pontiagudas.

 


            A Pokémon começou a caminhar pelo local, em silêncio, enquanto a sua treinadora observava à sua volta com atenção, pensando numa forma de levar todos os ovos daquele lugar de uma vez só. Perdida nos seus planos, Gale surpreendeu-se ao ouvir uma voz robótica atrás de si.

 

            - Purrloin, uma Pokémon Dark-Type. – disse o Pokédex de Victor, que permanecia de pé, à entrada da divisão. – Diverte-se a roubar os outros e a provocá-los de forma frustrante. Pode atacar com as suas garras de forma incontrolável.

 

            A mulher virou-se, encontrando o rapaz atrás de si, de rosto trancado e com uma Poké Ball em riste. Talvez o roubo que tinha planeado durante vários dias não fosse assim tão fácil de executar como ela pensava.

 

            - Sai daqui. – disse, num tom sério.

 

            Victor estremeceu. A voz cortante daquela mulher soava ainda mais assustadora quando ele estava sozinho com ela.

 

            - N-não posso. – murmurou.

 

            - Achas mesmo que vais travar os planos da Team Yell? – gargalhou.

 

            - Quais são os vossos planos, sequer? A vossa tentativa de roubarem os Pokémon de todos os treinadores presentes na cerimónia de abertura do Gym Challenge foi um autêntico fiasco. Mas, porquê?

 

            - Não percebes, miúdo? Tu fazes parte do problema! – lançou a mulher num tom ríspido.

 

            - O que é que eu fiz de mal? – Victor parecia confuso.

 

            - Tu e os teus amiguinhos insinuaram que nós éramos ladrões! Por causa de vocês, todo o nosso plano deu errado.

 

            - Esse é o nome que se dá a pessoas que roubam aquilo que não é delas, não é? Então é o que vocês são! – exclamou o rapaz, deixando que as palavras escapassem pela sua boca com cada vez mais facilidade. – E, do que depender de mim, o vosso plano não vai ser sucedido novamente.

 

            A Poké Ball de Sobble foi lançada ao ar, revelando o corpo do pequeno anfíbio azul, que parecia pronto para enfrentar o seu novo adversário.

 

            - Devias questionar-te sobre os motivos por trás das ações de cada pessoa. – murmurou a mulher, cerrando o punho. – Purrloin, ataca com Fake Out.

 

            O pequeno felino correu na direção do anfíbio, batendo as duas patas à frente do seu rosto. A batida provocou uma onda de energia, que atingiu o Water-Type com toda a força, arremessando-o contra um dos armários do local.

 

            - Uau. – Victor abriu a boca, surpreendendo-se com todo aquele poder.

 

            - Depois da derrota ridícula que sofremos contra o Leon, decidimos dar uma atualização nas nossas equipas. – explicou a mulher. – Fury Swipes!

 

            Sobble fora novamente atacado, desta vez com vários turnos de arranhões afiados que formaram feridas por todo o seu corpo. O Pokémon exclamou de dor, enquanto o seu treinador procurava uma maneira de solucionar aquele problema.

 

            - Tenta usar Water Gun!

 

            O anfíbio abriu a boca, soltando um pequeno jato de água contra o corpo de Purrloin, que se afastou de imediato, dando espaço para que Sobble se soltasse finalmente.

 

            - Scratch.

 

            - Pound!

 

            Os dois Pokémon lançaram-se na direção um do outro, envolvendo-se em ataques que não pareciam surtir efeito algum, enquanto soltavam grunhidos enraivecidos.

 

            - Desiste! – exclamou Gale.

 

            - Isso querias tu. Sobble, usa Water Pulse!

 

            O anfíbio afastou-se da luta corpo a corpo e começou a formar uma bolha de água, que logo lançou na direção de Purrloin, atingindo o Dark-Type em cheio. O pequeno felino caiu fraco no chão molhado. Victor deixou escapar um suspiro, aliviado por ter ganho a disputa, mas logo voltou à realidade, reparando nos pequenos estragos que o primeiro confronto provocara na divisão do estabelecimento. Vários objetos estavam fora do sítio e o chão apresentava algumas poças de água.

 

            - Era suposto seres mais forte do que isso! – a mulher gritou, recuperando o corpo da Pokémon para o interior da esfera bicolor. – Mas agora é que vais ver quem manda aqui!

 

            Outra Poké Ball foi lançada ao ar, revelando o corpo de Woobat. O Pokémon começou a voar à volta da sala, observando o local com atenção.

 

            - Não vou permitir que saias daqui com estes ovos Pokémon! – protestou o rapaz. – Eles são inocentes! Não têm nada a ver com os vossos planos!

 

            - Se eu não os posso ter, então tu também não. – o tom na sua voz parecia mais sério que nunca. – Usa Gust por toda a sala!

 

            Woobat bateu as suas asas, criando alguma agitação pela divisão do estabelecimento. Algumas caixas e arquivos pousados em prateleiras caíram ao chão, ao mesmo tempo que os armários de madeira abanavam com o vento provocado pelo Pokémon.

 

            - O que estás a fazer?! – o treinador olhou à sua volta, preocupado com as intenções da mulher. – Não podes destruir este sítio!

 

            - Tarde demais, Victor. – murmurou com um olhar negro. – Air Cutter!

 

• • •

 

            Enquanto os vários funcionários da Team Yell corriam atrás das criaturas do Pokémon Nursery, Carter enfrentava Gloria e Hop numa batalha dupla. À frente da rapariga, Gossifleur preparava-se para assumir o controlo da batalha, apoiada por Wooloo, que estava pronto para seguir as indicações do seu treinador.

 

            Do lado do coordenador da Team Yell, Sableye mantinha a sua pose de combate, acompanhado por uma criatura com o corpo azul-escuro. O Pokémon segurava-se nos seus dois pés pretos, a mesma cor das suas mãos. Na barriga, duas listras brancas marcavam o seu peito, ao mesmo tempo que duas bochechas laranjas rodeavam a sua boca aberta, revelando os dentes brancos e alinhados da criatura. Os seus olhos, no entanto, destacavam-se pela sua coloração amarela.

 


            - Croagunk, um Pokémon Poison-Type e Fighting-Type. – falou o Rotom Phone que a rapariga segurava. – As suas bochechas são cheias de veneno que, depois de diluído, se torna um instrumento medicinal.

 

            - Tackle! – ordenou Hop, sem perder tempo.

 

            - Razor Leaf! – exclamou Gloria.

 

            Enquanto Wooloo saiu disparado na direção de Croagunk, as folhas cortantes de Gossifleur eram lançadas na direção de Sableye. O Poison-Type conseguiu escapar ao ataque da ovelha do moreno, ao contrário de Sableye, que se deixou atingir pelo Grass-Type.

 

            - Sableye, Shadow Sneak. Croagunk, Poison Sting.

 

            Os ataques dos dois Pokémon atingiram os adversários de cada um. A sombra do Ghost-Type atingiu o corpo de Gossifleur, enquanto o espigão venenoso penetrava o corpo de Wooloo. As duas criaturas, no entanto, recuperaram-se rapidamente dos movimentos utilizados.

 

            - Double Kick.

 

            - Sweet Scent.

 

            Mais uma vez, a ovelha saiu disparada na direção de Croagunk, desta vez pontapeando-o com as suas patas. Ao mesmo tempo, a flor de Gloria rodopiava pelo ar, emanando o seu aroma calmo e pacifico, que deixou os dois adversários mais relaxados. Os Pokémon de Carter sentiram o seu corpo enfraquecer calmamente.

 

            - Não deixem estes pirralhos vencer! – gritou. – Astonish e Mud Slap.

 

            Apesar dos dois Pokémon se esforçarem para realizarem os dois ataques, os músculos dos seus corpos estavam demasiado fracos para os concluir. Era como se tivessem deixado de ter forças.

 

            - Os vossos planos maléficos não se vão realizar! – exclamou Gloria, com o punho cerrado. – Leafage!

 

            - Wooloo, usa Defense Curl!

 

            Enquanto a pequena ovelha protegia o seu corpo com uma onda de energia, a Grass-Type preparava várias folhas, que se envolveram num tornado giratório, que logo a seguir foram lançadas na direção dos dois adversários. Os Pokémon caíram ao chão, sentindo o poder daquela técnica contra os seus corpos.

 

            - Miúdos irritantes! – protestou o homem, visivelmente enervado. – Scratch e Revenge!

 

            Gossifleur escapou, sem problemas, ao ataque de Sableye. No entanto, do outro lado, Wooloo deixou-se apanhar pelo movimento de Croagunk, que era super efetivo contra a espécie da ovelha. O Pokémon de Hop caiu ao chão, grunhindo de dor.

 

            - A batalha ainda agora começou! – gargalhou Carter.

 

            Os dois jovens treinadores observavam a cena com atenção. Wooloo parecia cada vez mais fraco enquanto, do outro lado, Gossifleur continuava a flutuar no ar, pronta para continuar a disputa. No entanto, antes que se pudessem pronunciar, outra voz gritou mais alto.

 

            - Abortar missão!

 

            Gale saía do interior do estabelecimento a toda a velocidade. Os seus cabelos estavam mais despenteados do que anteriormente. Ao seu lado, Woobat voava pelo ar, acompanhando a rapariga, que corria em direção ao helicóptero da organização.

 

            - O quê?! – Carter piscou os olhos, confuso.

 

            - Estes miúdos são um verdadeiro pesadelo! – exclamou a mulher. – Não vamos fazer nada com eles aqui. Só nos complicam os planos!

 

            - Mas… mas… esta era a nossa oportunidade… - murmurou o outro.

 

            - Eu certifiquei-me que, se nós não podemos ficar com os ovos Pokémon, então mais ninguém pode! – exclamou a mulher, abrindo as portas do helicóptero para todos os funcionários entrarem na viatura.

 

            - O que fizeste?! – a dona do estabelecimento estava estupefacta com tamanha crueldade.

 

            - As coisas não precisavam de ser desta maneira. – murmurou Gale. – Se não se metessem no nosso caminho tudo seria mais fácil.

 

            - Retirar! – ordenou Carter, entrando no interior do veículo.

 

            Não demorou muito para que todos os elementos da Team Yell se reunissem no interior do helicóptero que, sem demoras, levantou voo novamente. Enquanto Gloria e Hop observavam o veículo a afastar-se no horizonte, a gerente do estabelecimento olhava em volta, analisando o cenário de destruição e confusão causado.

 

            - O que é que acabou de acontecer? – murmurou Hop, ainda em êxtase.

 

            - Victor… - pensou Gloria, voltando-se para o interior do Pokémon Nursery. – Victor, onde estás?!

 

            A rapariga correu para o interior do estabelecimento, sendo seguida por Hop e a mulher mais velha. Ao entrarem na outra divisão do local, deram de caras com um cenário de destruição assustador. Vários armários estavam caídos pelo chão, prateleiras e arquivos pareciam destruídos e, o mais preocupante, eram as incubadoras partidas e os vários ovos rachados pelo chão do local. A dona do estabelecimento deixou escapar uma exclamação de agonia ao ver as suas criações destruídas. Ao mesmo tempo, Gloria surpreendeu-se ao encontrar o corpo do irmão caído debaixo de vários objetos. O rapaz estava ferido, mas permanecia consciente.

 

            - Desculpem. – a voz de Victor saiu fraca e rouca. – Não os consegui proteger.

 

• • •

 

            A tarde já ia a meio. Depois da Médica do Pokémon Nursery cuidar dos ferimentos na perna de Victor, os três treinadores permaneceram no local para ajudarem a limpar e arrumar todos os estragos causados. No jardim, Gloria reunia os Pokémon que, agora mais calmos, aceitavam as Berries que a rapariga lhes oferecia. Hop, por sua vez, permanecia em silêncio, pensando no verdadeiro objetivo de todo aquele ataque.

 

            - Ela disse que nós fazíamos parte do problema. – murmurou o gémeo.

 

            - Isso não faz sentido. – protestou a rapariga.

 

            - O meio não justifica o fim. – falou o moreno. – Eles não podem roubar Pokémon de outras pessoas para atingirem um objetivo maior.

 

            - Tens razão, jovem. – concordou a mais velha, que regressava do interior do edifício com uma incubadora nas suas mãos. – De qualquer maneira, o objetivo deles não foi totalmente concluído. E um ovo Pokémon conseguiu salvar-se no meio de todo o caos. – sorriu, num tom visivelmente aliviado.

 

            - Ainda bem! – Gloria exclamou, levantando os braços no ar.

 

            - O bem vence sempre. – sorriu Hop.

 

            - Fico contente. Assim pode continuar a sua criação de ovos Pokémon. – disse Victor, ainda que sentisse alguma culpa por não conseguir proteger os restantes.

 

            - Na verdade, eu acho que ele saiu ileso porque tu, acima de tudo, o tentaste proteger. Penso que o mais justo é ficares com ele. – anunciou.

 

            - O-o quê? – gaguejou.

 

            - Por favor, Victor. Faz todo o sentido. Tu tentaste proteger todos os ovos. Era impossível. Mas conseguiste salvar, pelo menos, um. E, pelo meio, ainda te feriste. Os cortes na tua perna vão diminuir o ritmo da vossa viagem, com certeza.

 

            - Mas…

 

            - Vá lá. Este ovo é teu.

 

            A mulher esticou os braços, colocando a incubadora com o ovo no seu interior à frente dos olhos do treinador. O rapaz observou o objeto com atenção, refletindo na ideia. Talvez a senhora tivesse razão. Apesar não ter conseguido proteger, totalmente, os ovos do estabelecimento, ele fez tudo o que estava ao seu alcance. E, por causa disso, chegou mesmo a magoar-se a ele mesmo. Talvez aquela fosse uma pequena recompensa por todo o esforço realizado.

 


            - Está bem. – murmurou, finalmente. – Eu aceito.

 

• • •

 

            O avião da Team Yell continuava a sobrevoar a região de Galar, à medida que a tarde começava a chegar ao fim.

 

            - Crianças patéticas! – protestou Gale, batendo no volante de controlo.

 

            - Não acredito que os nossos planos voltaram a sair furados por causa deles. – bufou Carter, ao seu lado. – O que é que o chefe vai pensar disto?

 

            - Não havia escapatória possível. – admitiu a outra. – Pelo menos, destruímos todos os ovos que existiam. Isso conta para alguma coisa.

 

            - Quantos menos Pokémon existirem, menos treinadores nos incomodam. – concordou o homem.

 

            Os dois calaram-se. Apesar da missão ter terminado de forma imprevisível, ambos sabiam que o verdadeiro objetivo da Team Yell não seria fácil de realizar. No entanto, não era impossível. E eles acreditavam, realmente, que podiam construir uma sociedade Galarian bem melhor do que aquela que já existia.

 

• • •

 

            A luz dourada do final da tarde iluminava o caminho de Victor, Gloria e Hop que, naquele momento, atravessavam a ponte da Route 5. Como fundo, os treinadores observavam a fantástica paisagem da aparente infinita Wild Area, enquanto a brisa do final do dia os acompanhava.

 

            O gémeo segurava o seu ovo nos dois braços e era acompanhado pela sua irmã que, depois de tanto insistir, o auxiliava a caminhar. As dores que continuava a sentir na sua perna dificultavam o ritmo da caminhada. Por sua vez, Hop permanecia à frente dos dois, liderando o caminho até ao próximo destino.

 

            - Ainda não acredito que não fui capaz de travar a Gale. – murmurou o rapaz, que continuava a pensar no confronto daquela tarde.

 

            - Fizeste o melhor que podias. – respondeu a rapariga. – E olha o que aconteceu…

 

            - Precisas de ir a um Pokémon Center o mais rápido possível. – comentou o moreno. – Estás aí a coxear. Não estás com dores?

 

            - Eu estou bem. – cortou, ignorando as dores que sentia.

 

            - Pelo menos, no meio de toda esta confusão, conseguiste receber um ovo Pokémon. – sorriu Gloria.

 

            - Lá isso é verdade. – concordou Hop. – Mas que Pokémon estará lá dentro?

 

            - Isso ainda é um mistério. – Victor concentrou o seu olhar no objeto que segurava. – Mas, em breve, logo iremos descobrir.


                  

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  1. Eae Angie!

    Parece que eles não se recuperaram da experiência no ginásio. Por sinal, então eles vão contatar a jornada deles? E quanto ao gym dessa cidade, eles vão voltar depois? Se bem que em Galar tem mais que 8 ginásios então talvez a ideia seja conseguir 8 vitórias dos 10 ginásios.
    E novament a team Yell ataca e ainda não sei o que eles querem no final.
    Victor inspirado por sua vitória no ginásio vai em direção ao perigo. Se me lembro bem ele brigou com os amigos por discutirem com a tem Yell na cerimônia de abertura. Menino mudou.
    E acho que é isso, Angie. Até o próximo capítulo!

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    1. Alefu, ficou pensativo sobre essa questão dos Gym Challenges, não é? Mas é isso mesmo, temos vários Líderes de Ginásio espalhados por Galar. E, quem sabe, voltar mais tarde pode sempre ser uma opção, certo?

      A Team Yell volta a surgir, desta vez semeando o pânico no Pokémon Nursery. Mas, felizmente, os nossos heróis conseguem ajudar a resolver o incidente. Bom apontamento que teve sobre Victor. Parece que o seu comportamento está a mudar, não é? O seu lado racional parece começar a ceder à parte mais emocional... interessante.

      Continua em frente, em breve encontrará Hulbury! Até lá!

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