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- Capítulo 4
Posted by : Angie
May 16, 2020
Na zona leste de Galar, a pequena cidade de Spikemuth
aproximava-se da hora de almoço. As famílias que ali habitavam começavam a
reunir-se à volta das mesas de suas casas, comentando sobre o assunto do
momento: o início de mais uma Champion Cup.
No interior de uma das casas, três irmãos terminavam a
sua refeição caseira. O trio era formado por um homem e duas raparigas,
visivelmente, mais novas.
O irmão mais velho mantinha uma postura séria e formal,
revelando o seu papel paternal na família. Vestia roupas pretas e brancas, com
alguns apontamentos rosa. As suas botas brancas com espinhos, chegavam-lhe aos
joelhos, enquanto o seu cabelo grisalho e preto descia pelas suas costas. O seu
nome era Piers.
A jovem que se sentava do outro lado da mesa era a
segunda irmã mais velha. A sua pele pálida contrastava com toda a roupa escura
que usava. Na cabeça, usava um laço branco, que segurava o seu curto cabelo. O
nome da rapariga era Marley.
O último membro ali presente era, por sinal, o mais novo
da família. O nome da rapariga era Marnie e o seu rosto revelava uma expressão
meiga e delicada. Vestia um vestido rosa e por cima usava um casaco preto de
cabedal, o mesmo material das botas que calçava nos pés.
-
Aquela demonstração foi simplesmente sensacionalista! – reclamava o homem. –
Ninguém consegue realmente perceber o efeito que o fenómeno Dynamax tem nos
Pokémon.
- Calma, Piers. – disse Marley. – O Leon só estava a
exibir as capacidades do seu Charizard.
- Não passa de uma manobra de distração para atrair novos
Treinadores Pokémon… - contrapôs.
- Como é que consegues dizer isso, sendo tu um Líder de
Ginásio? – a outra menina perguntou curiosa.
Piers observou a sua irmã mais nova e engoliu em seco,
afastando os pensamentos e as palavras que ameaçavam sair da sua boca.
- Ainda és demasiado nova para entender estes assuntos,
Marnie. – respondeu rispidamente.
- Eu acho que não te deves deixar influenciar pelo que o
nosso irmão mais velho diz. – Marley, a irmã do meio, falou do outro lado da
mesa. – Estás prestes a sair na tua jornada Pokémon e deves ter a oportunidade
para fazer as tuas próprias escolhas. – a rapariga sorriu.
- O que é que tu sabes sobre isso? – Piers ergueu o seu
tom de voz. – Abandonas-te a tua família para poder fazer uma jornada!
- Chama-se viajar, não abandonar. – corrigiu a jovem,
irritada. – E talvez tenha feito isso porque queria a minha própria independência.
E continuo a lutar por ela. Sempre! – exclamou.
- Deves respeito a esta família, aos nossos pais! –
respondeu o irmão mais velho.
- Não os desrespeito por querer viajar pelo mundo, Piers!
Cresce! – Marley parecia farta daquela conversa, que se repetia todas as vezes que
ela estava presente.
- Foi por quereres viajar pelo mundo fora que nos
abandonaste, logo depois dos pais morrerem! – rebentou o Líder de Ginásio, arrependendo-se
imediatamente.
- Não vamos falar disso. – Marley disse numa voz firme. –
E não te admito que me digas uma coisa dessas. – a rapariga lançou um sério
olhar ao homem, que se remexeu na cadeira.
Fez-se silêncio por longos minutos.
Piers e Marley, os dois irmãos mais velhos, continuaram a
comer em silêncio, enquanto Marnie, a irmã mais nova, encarava o prato com
comida à sua frente. Aquelas discussões eram tão habituais que ela já não se
incomodava quando elas aconteciam. Ela sabia que, por mais gritos que se dessem
naquela casa, os três irmãos amavam-se incondicionalmente. A única coisa que a
deixava atormentada era o facto de nenhum deles lhe ter alguma vez explicado o
que acontecera no acidente que provocara a morte dos seus pais. O que ela sabia
apenas é que tinha sido algo absolutamente fatal. E como ela era ainda um
recém-nascido, não se lembrava de absolutamente nada. A única recordação que
tinha dos seus pais eram as histórias contadas pelos dois irmãos.
Marnie lembrava-se, no entanto, de toda a sua infância e
da maneira heroica como Piers cuidara dela, de forma independente. Apesar de
ser seu irmão, o rapaz assumia um papel paternal no que tocava às duas irmãs.
Foi ele quem cuidara das duas raparigas quando elas eram ainda pequenas,
mantendo o Ginásio da família a funcionar ao mesmo tempo. Na verdade, Piers era
o Líder de Ginásio de Spikemuth, o mestre Dark-Type. Mantinha o seu
cargo por vários anos e, como tal, era uma personalidade admirada por alguns
jovens da cidade.
Por outro lado, Marley optou por viajar para outra região
para iniciar a sua jornada Pokémon. A jovem explorou Sinnoh por alguns anos,
onde acabou por ser uma das cinco integrantes dos Stat Trainers, especializando
os seus Pokémon no Status Speed. Mas a rapariga continua a explorar diferentes
áreas do Mundo Pokémon, viajando regularmente e visitando a sua família de vez
em quando. Naquele momento, ela estava presente devido à sua irmã mais nova,
prestes a sair na sua própria aventura.
- Não devíamos discutir, especialmente hoje. – murmurou
Piers, voltando-se para Marley que continuava com uma feição séria.
- Tu é que começaste. – ripostou. – Mas sim, não podemos
deixar que as nossas diferenças controlem a forma como agimos. Principalmente
hoje. É o dia da Marnie. – dizia, esboçando um meigo sorriso para a sua irmã.
A mais nova sorriu de volta e cruzou os talheres no
prato, terminando a sua refeição.
- Eu tenho algo a dizer. – começou. – Se eu quero
participar no Gym Challenge e vencer a Champion Cup, eu tenho de o fazer da
melhor maneira possível. Desde cedo, vejo o Piers a usar Pokémon Dark-Type
para defender o Ginásio da cidade. E eu quero fazer o mesmo. Quero ser a Campeã
de Galar com os meus Pokémon Dark-Type! – exclamou.
- Escolher uma especialização não é uma tarefa fácil, e
fazê-la assim, tão cedo… - murmurou Marley. – Tens a certeza?
- Absoluta! – confirmou. – Eu quero deixar-vos
orgulhosos! E quero mostrar a todos o poder destes Pokémon.
- Sendo assim, penso que estás pronta para receber o meu
presente.
Piers colocou a última garfada de comida dentro da sua
boca e depois de se limpar, levantou-se da cadeira e caminhou para fora da
divisão, voltando momentos depois com uma Poké Ball na mão.
- O que é isso? – perguntou a rapariga curiosa.
- O teu Pokémon Inicial, é claro. – disse, entregando o
aparelho à sua irmã mais nova. – É todo teu.
Marnie pegou na Poké Ball e observou-a por alguns
segundos. No interior daquele instrumento, o seu companheiro estava à espera de
ser conhecido. A rapariga sorriu e lançou o aparelho ao ar, fazendo com que um
pequeno raio de luz invadisse a divisão da casa.
Aos poucos, um pequeno Pokémon apareceu no meio dos três
irmãos. A criatura assemelhava-se a um pequeno roedor com membros curtos e um
forte tronco. A maior parte do seu corpo era colorido por um pelo amarelo, à
exceção do seu lado esquerdo, de cor preta, e do lado direito, castanho. A
criatura tinha apenas um dente frontal e as suas bochechas eram cor de rosa. O
pequeno Pokémon observava tudo ao seu redor, com um ar curioso e sorridente.
- Que fofinho! – exclamou Marley.
- Este é o Morpeko, um Pokémon Electric-Type e
também Dark-Type. – explicou Piers.
- Dois em um! Espetacular! – exclamou a irmã do meio.
Marnie, no entanto, continuava em silêncio, observando
sorridente o seu Pokémon Inicial.
- Gostas? – perguntou o homem.
- Adoro! – respondeu de forma sincera.
- E aqui está, a tua Carta de Recomendação, escrita por
mim. – disse o irmão, entregando um envelope à rapariga. – Como Líder de
Ginásio, tenho o que é preciso para recomendar novos Treinadores Pokémon. E eu sei
o quanto tu admiras estas criaturas. – disse, esboçando um sorriso. Talvez o
primeiro naquele dia.
- Tens tudo o que precisas. – murmurou Marley.
- Obrigado aos dois. – falou a rapariga, sorrindo. – Sem
vocês nada disto seria possível.
- Tu fazes o teu próprio destino. – sussurrou Piers. – E
eu tenho a certeza que o pai e a mãe estariam orgulhosos de ti neste momento.
Os três irmãos envolveram-se num abraço apertado. Apesar
das suas diferenças, todos faziam com que aquela família continuasse a
funcionar. E isso era fruto do esforço de cada um.
• • •
Apesar de ser um dia de semana normal, as ruas de
Motostoke permaneciam cheias de gente. Muitas iam para os seus trabalhos, nas
famosas fábricas da cidade, outras simplesmente passeavam e admiravam os
modernos sistemas de engenharia que compunham a cidade.
Rose caminhava apressadamente pelas ruas, usando o seu
fato cinzento de marca. Ao seu lado, uma mulher alta e elegante acompanhava o
seu passo apressado. Usava um vestido encarnado e preto, da mesma cor dos seus
saltos altos. Por cima, usava uma grande camisa branca, que esvoaçava enquanto
caminhava. Os seus longos cabelos loiros caíam-lhe pelas costas, revelando o
seu rosto pálido e severo.
Os dois encaminharam-se para uma rua secundária da
cidade, onde a luz do sol era tapada pelos outros edifícios à volta. Rose olhou
em redor, um tanto confuso, até pousar a sua atenção sobre uma grande porta de
madeira que dava entrada para o prédio à sua frente. Por cima da porta, era
possível ler-se, numa placa já gasta e velha, “Motostoke Orphanage”.
- Tens a certeza que é aqui, Oleana?
- Absoluta. – a mulher respondeu prontamente. – Achas que
eles iam manter um orfanato à vista de toda a gente?
Rose assentiu ao ouvir as palavras da mulher e arrastou o
seu corpo até à porta, abrindo-a calmamente.
As duas personalidades entraram no edifício, dando de
caras com uma sala decorada com mobília antiga e um cheiro intenso de
naftalina. A receção do orfanato era composta por um sofá velho, uma mesa com
algumas rachaduras, e um grande balcão, onde uma senhora de óculos redondos lia
um livro calmamente. Ao reparar na presença do homem e da mulher, a senhora deu
um pequeno salto e fechou o livro, pousando-o sobre o balcão.
- Presidente Rose! – exclamou a mulher, saindo detrás do
balcão e caminhando em direção ao homem. – Estávamos mesmo à sua espera.
- Muito boa tarde. – cumprimentou o Presidente de forma
simpática, apertando a mão da senhora. – Esta é a minha secretária, Oleana.
As duas mulheres cumprimentaram-se com um aperto de mão.
Oleana, no entanto, mantinha uma expressão severa no rosto, provocando um certo
desconforto na senhora mais velha.
- Querem tomar alguma coisa? – perguntou delicadamente. –
Um café, um chá, uma água…
- Não é necessário, muito obrigado. – agradeceu Rose.
- Não temos muito tempo. – afirmou Oleana. – Pode
indicar-nos onde fica o quarto do jovem? – perguntou.
- Oh, eu posso levar-vos até lá, com certeza. – sorriu a
senhora.
- Talvez seja melhor nós fazermos isto à nossa maneira.
O tom de voz de Oleana ficou ainda mais sério. A diretora
do orfanato franziu a sobrancelha e voltou-se para Rose, que permanecia em
silêncio, esboçando o seu sorriso encantador.
- Como os senhores quiserem. – respondeu vagamente,
voltando para trás do balcão. – Último quarto do corredor à esquerda.
Rose agradeceu mais uma vez e voltou a caminhar, desta
vez entrando num corredor sombrio, onde se encontravam os quartos dos jovens
que ali vivam. Oleana observava com atenção as paredes pintadas e escritas do
corredor, ao mesmo tempo que o chão de soalho rangia a cada passo que os dois
davam.
Momentos depois, já se encontravam em frente à porta indicada
pela mulher da receção. Rose deu uma última olhada a Oleana, que assentiu, e
depois bateu à porta. Não demorou muito para que alguém a abrisse, deixando
passar raios de luz para o corredor mal iluminado.
- Boa tarde. – saudou Rose.
- Olá, senhor Presidente. – respondeu o jovem de forma
educada.
- Esta é a Oleana, a minha secretária. – repetiu o homem.
- Muito boa tarde. – disse a mulher, esboçando um fraco
sorriso.
- Entrem, por favor.
O rapaz abriu mais a porta, dando espaço para que os dois
entrassem no pequeno quarto. As paredes da divisão eram decoradas com
fotografias de vários Pokémon coladas à pressa. A cama antiga parecia que se ia
desmontar a qualquer momento e a luz da secretária falhava constantemente. As
condições não eram, de facto, as melhores.
Rose e Oleana colocaram-se de frente para o rapaz que os
observava em silêncio, mas com grande curiosidade. Muito provavelmente, era a
primeira vez que ele conhecia pessoas tão importantes. Ou, talvez, aquela fosse,
de facto, a primeira vez que alguém o visitava naquele orfanato.
A pele do rapaz era clara, assim como os seus cabelos
platinados. Vestia um longo casaco roxo, que fazia a cor dos seus olhos
sobressair, e umas calças brancas. Nos pés, calçava umas sapatilhas
confortáveis. O rapaz, no entanto, parecia não ter expressão alguma no seu
rosto. Parecia completamente apático.
- Vejo que estás a usar o casaco que te enviei, Bede. –
sorriu Rose.
- Serve-me na perfeição. – admitiu.
- Esse logotipo que tens nas tuas costas pertence à
empresa Macro Cosmos. – explicou Oleana. – Percebes a responsabilidade que tens
em usá-lo?
- Penso que sim. – respondeu, encolhendo os ombros. – Mas
porque estão a fazer isto?
- Isto o quê? – questionou a mulher.
- Ajudar um órfão desconhecido.
Fez-se silêncio durante alguns segundos. Bede baixou a
cabeça, observando o chão riscado do quarto, enquanto Rose e Oleana se
entreolhavam em silêncio.
- Queremos ajudar-te. – disse o Presidente. – A ti e a
todos os jovens que se encontram na tua situação. Temos de começar por algum
lado.
- Sabemos que tens bons resultados na escola que
frequentas. E é evidente que gostas de Pokémon. – dizia, observando as imagens
espalhadas pela divisão.
- Segundo as cartas que trocámos, os Fairy-Type
são os teus preferidos, não é mesmo?
Bede assentiu, ainda desconfiado com toda aquela boa
vontade. Ao longo de toda a sua vida, ninguém quis saber da sua existência e
agora ele tinha a oportunidade com que sempre sonhara à sua frente.
- Temos alguns presentes para ti. – murmurou Oleana,
retirando uma Poké Ball da sua mala e entregando-a a Rose.
- Se vais viajar por Galar, precisas de um Pokémon
Inicial. – começou o homem. – Capturei este especialmente para ti.
O Presidente estendeu a mão com o aparelho na direção de
Bede. O rapaz encarou o rosto do homem com atenção e voltou o olhar para a Poké
Ball que segurava na sua mão. Depois de deixar escapar um curto suspiro, o
jovem pegou no instrumento e pressionou o botão que se encontrava no centro da
esfera, fazendo com que esta se abrisse.
Um feixe de luz apareceu no local, tomando a forma de um
pequeno Pokémon que agora se encontrava de pé sobre o chão de madeira. O seu
corpo rosa destacava-se pelos membros finos e compridos, ao contrário da grande
cabeça do Pokémon, que parecia usar uma máscara na zona dos seus olhos. O seu
nariz era grande, assim como as duas orelhas com detalhes encarnados.
O Pokémon começou a saltitar pelo quarto, revelando a sua
energia. Bede observou-o atentamente por alguns segundos. Era um Pokémon que
ele nunca vira antes. Era uma criatura completamente nova. Mas, de alguma
forma, isso despertava um grande interesse nele.
- Aqui tens o teu Rotom Phone. – Oleana estendeu um
aparelho eletrónico à frente do rapaz. – Podes usá-lo para te comunicares com
outras pessoas e consultares o Pokédex.
Em silêncio, Bede pegou no telemóvel de última tecnologia
e apontou-o na direção do Pokémon que saltava em cima da sua cama.
- Impidimp, Pokémon Dark-Type e Fairy-Type.
– começou o aparelho numa voz robótica. – É conhecido por invadir as casas de
humanos e roubar tudo o que consegue. Através do seu nariz, absorve o
sentimento de medo e frustração das outras pessoas e Pokémon, revitalizando a
sua energia.
- Interessante. – murmurou, apontando a Poké Ball para o
Pokémon e fazendo com que ele voltasse para dentro da cápsula.
- É teu, se quiseres. – disse Rose.
- Aceito os vossos presentes. – respondeu, cedendo
finalmente.
- Ótimo! – exclamou Oleana, sorrindo. – Por último… -
dizia, enquanto voltava a remexer na sua mala. – Aqui está.
A mulher retirou uma pulseira brilhante do interior da
sua mala. Um líquido reluzia e remexia-se dentro do acessório.
- Uma Dynamax Band. – explicou Rose.
- Orgulho-me de ter sido a primeira cientista a criar
este magnífico instrumento. – dizia a mulher, voltando-se para Bede. – Este é o
trabalho que realizamos na Macro Cosmos. Tudo para que jovens treinadores, como
tu, possam aproveitar a energia máxima destas criaturas. Por favor, aceita esta
Dynamax Band.
Bede estremeceu. Observava atentamente o líquido que se
encontrava no interior daquela pulseira e imaginava o poder infinito que ela
continha. Mas parecia impossível atingir tal pensamento. Assim como parecia
impossível ele aceitar aquele presente tão raro e único.
- Eu não posso… - murmurou.
- Ora, claro que podes! – Rose deixou-se rir. – Sendo teu
patrocinador, não posso permitir que andes por aí sem uma Dynamax Band. Não
percebes, Bede? Este poder existe para ser usado! E tu, sob a minha proteção,
mereces mais que ninguém. – explicou.
- Sabes quem é o atual Campeão de Galar? O Leon. – dizia
Oleana. – Ele também foi patrocinado por nós há cinco anos atrás. E olha para
onde ele está agora! – exclamou.
- E não é isso que tu queres, Bede? Ser o melhor? –
insistiu o Presidente. – Só tens de aceitar este presente. Com certeza, saberás
como o usar da melhor maneira.
A oferta parecia irrecusável. Tudo o que ele queria
estava ali, aos seus pés. A única coisa que continuava a faltar era a confiança
de Bede em si mesmo e naqueles totais desconhecidos, que simplesmente o queriam
ajudar.
- Está bem. – disse finalmente. – Vou tentar dar o meu
melhor.
- Eu sei que vais. – sorriu Rose.
Depois de assinarem vários papéis sobre os patrocínios de
Bede e outras informações devidamente explicadas por Rose e Oleana, o jovem
recebeu a sua Carta de Recomendação, onde Rose realçava os bons resultados do
rapaz e a sua grande admiração pelas criaturas Pokémon. Outro ponto tocado fora
a necessidade que as crianças órfãs, como era o caso de Bede, têm no que diz
respeito ao acesso a uma formação Pokémon devidamente qualificada.
- Penso que não falta nada. – murmurou Oleana, arrumando
toda a papelada dentro da sua mala.
- Dentro de alguns dias vou apresentar a cerimónia de
abertura do Gym Challenge, aqui mesmo, em Motostoke. – explicou Rose. – Porque
não aproveitas estes dias para começar a conhecer e treinar o Impidimp?
- Ouvi dizer que a Wild Area é um ótimo local para isso.
– apontou a mulher.
- Talvez… - murmurou Bede pensativo.
Rose e Oleana despediram-se do jovem treinador e, sem
perderem mais tempo, saíram da pequena divisão, voltando para o corredor
obscuro do orfanato.
- Ele é… interessante. – murmurou o Presidente ao fechar
a porta atrás de si.
- Este foi fácil. – murmurou Oleana. – Ao contrário desta
espelunca, que precisa severamente de uma requalificação. – bufou.
• • •
A floresta que rodeava a cidade de Spikemuth parecia
totalmente adormecida. A escuridão da noite, acompanhada das grandes árvores e
dos seus galhos infinitos serviam de fundo para um encontro misterioso que
ocorria naquele exato momento. Um grande grupo de pessoas estava ali reunido em
silêncio. Pareciam aguardar algo ou alguém.
Momentos depois, uma figura singular apareceu por de trás
de uns arbustos. As suas vestes negras não permitiam reconhecer a sua
identidade, mas nenhum dos presentes se parecia intimidar por essa razão.
- Está na altura de mudarmos as coisas de uma vez por
todas! – murmurou o homem, num tom de voz sério em que todos os presentes o
pudessem escutar. – Quem está comigo?
O grupo presente levantou os braços e gritou num só som.
Qualquer que fosse o objetivo que estivessem a tentar atingir, todos pareciam
dispostos a sacrificar-se para tal.
- O que vamos fazer exatamente? – um dos presentes
perguntou.
- Vamos deixar de nos esconder nas sombras. – respondeu
prontamente. – Vamos para as ruas. Vamos gritar. Vamos protestar. E para isso,
conto com a ajuda de dois elementos fundamentais. Carter e Gale, juntem-se a
mim, por favor.
Um rapaz e uma rapariga saíram do meio do grupo e
caminharam na direção do líder desconhecido do grupo, colocando-se ao lado
dele.
- A partir de agora, estes são os vossos coordenadores.
Devem obedecer todas as indicações fornecidas por eles, entendido? Na minha
ausência, são a eles que devem respeito. – explicava. – E se houver algum
problema, alguma inconveniência, eles irão reportá-la a mim. E eu mesmo irei
resolver a situação em causa. Compreendido? – perguntou, recebendo um aceno
positivo por parte de todos.
- Lutamos juntos para o mesmo objetivo. – murmurou o
rapaz, Carter.
- Vamos mostrar a toda a gente quem é que manda em Galar!
– gritou a rapariga, conhecida por Gale.
- Agora vão! – ordenou. – Devemos começar a preparar-nos
para a estreia da derradeira Team Yell! – exclamou, lançando uma gargalhada
estridente.
Opa, um capitulo mais calminho mas mesmo assim otimo! Gostei bastante!
ReplyDeleteOi Shiny!
DeleteMuito obrigado pelo seu feedback. Este foi um capítulo mais calmo, de forma a conhecer novas personagens e dar início a outras histórias.
Até ao próximo!
Depois de jogar o jogo e me apaixonar por Galar que a fanfic está a bater diferente kkk
DeleteA Team Yell para mim é uma das melhores coisas deste jogo kkk adorei eles
O Piers e a Marnie estão entre as minhas personagens favoritas desta geração
Não vou mentir, surpreende-me que a Team Yell seja a tua parte favorita de Galar! O seu propósito em Aventuras em Galar é, porém, diferente da narrativa dos jogos. Piers e Marnie terão as suas participações recorrentes ao longo da narrativa, portanto aproveita!
DeleteEae Angie!
ReplyDeleteVemos o ponto de vista de outros personagens que vão ser presentes na história.
Marley de Sinnoh? A mesma que aparece em AeS? Conexões, amigo. A situação familiar dela parece complicada, apesar de que no final eles ainda gostam um do outro. Eu lembro de ter ouvido algo sobre o gym dark não ser oficial ou algo do tipo. Talvez tenha haver com o Piers não ser muito fã do Leon.
Saindo de uma situação familiar conturbada pra alguém que nem família tem. Será que o Rose está ajudando o Bede só por pura caridade? Boto muita fé não.
Pelo que eu vi no trailer dos jogos a team Yell é só um grupo fanático pela Marnie. Mas parece que você vai usar eles de forma diferente...
Bem, é isso. Até o próximo!
Alefu!
DeleteEste capítulo marca o início das histórias paralelas de personagens mais secundárias de Aventuras em Galar. A verdade é que nunca gostei muito de introduzir personagens exclusivamente com os protagonistas, pelo que decidi dedicar alguns capítulos apenas para elas. Vai ver que isso é algo que se vai repetir ao longo da temporada. Espero que goste desse formato.
É verdade, sim. Marley, personagem de Aventuras em Sinnoh, é irmã da pequena Marnie. Ainda me lembro de conversar com o Canas sobre essa pequena ligação e de discutirmos alguns detalhes. Penso que ficou interessante e curioso para o futuro da relação entre ambas, para além de estabelecer ligações entre as diversas histórias da Aliança.
Interessante sublinhar essa dinâmica familiar. É algo que vai continuar a ser explorado ao longo da temporada. Piers é o irmão mais velho de Marnie e, em alguns temas, os dois divergem de opinião. Mas como é que isso poderá ocorrer quando os irmãos só se têm uns aos outros? Qual a importância da família para estas personagens?
É verdade, o nosso Bede cresceu num orfanato e olha quem decide aparecer para o ajudar... o famoso Rose, não é verdade? E ele não vem sozinho, não. Se acha que não é caridade, então o que será isso?
A Team Yell foi das minhas equipas vilãs menos preferidas de sempre. E sorte a minha que tinha que trabalhar com ela para desenvolver essa história, não é? Vai daí que decidi mudar drasticamente o seu propósito. Aqui, o seu objetivo não passa por serem a claque de Marnie. Mas não se preocupe, em breve os mistérios dessa organização começarão a ser levantados.
Continue por aqui, adoro receber o seu feedback!
Os rivais de Galar são excelentes! A Marnie é minha protegida, e o Bede é o rival que eu amei odiar enquanto joguei o Shield. Eu cheguei a comentar isso com o pessoal do grupo, mas eu acho muito interessante que os dois passam aquela mensagem de não julgar o livro pela capa. A Marnie usa Pokémons do tipo Dark e é um amorzinho, enquanto o Bede usa Pokémons do tipo Fairy e é um cara desagradável (que melhora sua atitude lá pro final do jogo, é verdade).
ReplyDeleteGostei de como você introduziu os dois, cada um com seu background bem definido. Ambos são órfãos, mas possuem contextos familiares bem distintos. Marnie ainda tem os irmãos mais velhos para cuidar dela, e por isso teve condições de ter uma vida normal. Aliás, antes que eu deixe escapar, achei legal você trazer a Marley pra história como irmã deles. Eu gosto muito quando esses personagens mais antigos são trazidos de volta, mesmo se for por pouco tempo.
Mas continuando, o Bede por outro lado não teve ninguém que o amparasse, e essa vida difícil que ele levou no orfanato pode sim ser uma razão para o comportamento dele. É alguém que nunca teve nada, e está tendo a oportunidade da vida dele. Com certeza ele não vai querer perdê-la à toa e voltar aos dias de dificuldade, então isso pode torná-lo mais obsessivo. Primeiro ele vai correr atrás do pote de ouro no final do arco-íris, e depois que o tiver ele vai poder se preocupar em consertar as relações que ele arruinou ao longo do caminho. Provavelmente este deve ser o pensamento dele.
E no fim, uma pequena introdução à Team Yell, que promete dar dor de cabeça pra todo mundo nos próximos capítulos. Vamos ver que tipo de situação pode vir deles.
Até a próxima! õ/
Shadow! É verdade, os rivais de Galar são ótimos para trabalhar diversos conceitos. É interessante mencionar essa questão dos Type de cada um deles, pois eu não me lembro de alguma vez ter feito essa associação, mas achei excelente.
DeleteEu gosto de criar as histórias das personagens e de as revelar aos poucos. Pelo menos, revelar aquilo que faz sentido agora. Isso não quer dizer que não haja mais por revelar de cada uma delas. Tal como apontou, o facto de ambos serem órfãos não significa que a vida dos dois seja semelhante. Realmente, não é. E isso é o que torna as coisas ainda mais interessantes. Ambos podiam ter ficado no lugar um do outro, mas o destino não quis que se assim fosse.
Felizmente, tive permissão para trazer Marley para Galar e criar uma família de três irmãos bem diferentes! A participação dela vai ser bem curta, mas planeio trazê-la de volta no futuro! Quanto a Bede, acho muito interessante fazer essa análise com base naquilo que foi apresentado neste capítulo. Será que vamos encontrar um Bede implacável ao longo da jornada? E quanto a essa evolução que falou, será que vai mesmo acontecer?
A Team Yell foi introduzida finalmente! Posso, desde já, revelar que a missão do grupo é bastante diferente daquela que ocupam nos jogos. Espero que goste dessa adaptação!
Continue em frente, querido Shadow! A jornada está agora a começar.