Posted by : Angie May 16, 2020


            Na zona leste de Galar, a pequena cidade de Spikemuth aproximava-se da hora de almoço. As famílias que ali habitavam começavam a reunir-se à volta das mesas de suas casas, comentando sobre o assunto do momento: o início de mais uma Champion Cup.

            No interior de uma das casas, três irmãos terminavam a sua refeição caseira. O trio era formado por um homem e duas raparigas, visivelmente, mais novas.

            O irmão mais velho mantinha uma postura séria e formal, revelando o seu papel paternal na família. Vestia roupas pretas e brancas, com alguns apontamentos rosa. As suas botas brancas com espinhos, chegavam-lhe aos joelhos, enquanto o seu cabelo grisalho e preto descia pelas suas costas. O seu nome era Piers.



            A jovem que se sentava do outro lado da mesa era a segunda irmã mais velha. A sua pele pálida contrastava com toda a roupa escura que usava. Na cabeça, usava um laço branco, que segurava o seu curto cabelo. O nome da rapariga era Marley.


            O último membro ali presente era, por sinal, o mais novo da família. O nome da rapariga era Marnie e o seu rosto revelava uma expressão meiga e delicada. Vestia um vestido rosa e por cima usava um casaco preto de cabedal, o mesmo material das botas que calçava nos pés.


                - Aquela demonstração foi simplesmente sensacionalista! – reclamava o homem. – Ninguém consegue realmente perceber o efeito que o fenómeno Dynamax tem nos Pokémon.

            - Calma, Piers. – disse Marley. – O Leon só estava a exibir as capacidades do seu Charizard.

            - Não passa de uma manobra de distração para atrair novos Treinadores Pokémon… - contrapôs.

            - Como é que consegues dizer isso, sendo tu um Líder de Ginásio? – a outra menina perguntou curiosa.

            Piers observou a sua irmã mais nova e engoliu em seco, afastando os pensamentos e as palavras que ameaçavam sair da sua boca.

            - Ainda és demasiado nova para entender estes assuntos, Marnie. – respondeu rispidamente.

            - Eu acho que não te deves deixar influenciar pelo que o nosso irmão mais velho diz. – Marley, a irmã do meio, falou do outro lado da mesa. – Estás prestes a sair na tua jornada Pokémon e deves ter a oportunidade para fazer as tuas próprias escolhas. – a rapariga sorriu.

            - O que é que tu sabes sobre isso? – Piers ergueu o seu tom de voz. – Abandonas-te a tua família para poder fazer uma jornada!

            - Chama-se viajar, não abandonar. – corrigiu a jovem, irritada. – E talvez tenha feito isso porque queria a minha própria independência. E continuo a lutar por ela. Sempre! – exclamou.

            - Deves respeito a esta família, aos nossos pais! – respondeu o irmão mais velho.

            - Não os desrespeito por querer viajar pelo mundo, Piers! Cresce! – Marley parecia farta daquela conversa, que se repetia todas as vezes que ela estava presente.

            - Foi por quereres viajar pelo mundo fora que nos abandonaste, logo depois dos pais morrerem! – rebentou o Líder de Ginásio, arrependendo-se imediatamente.

            - Não vamos falar disso. – Marley disse numa voz firme. – E não te admito que me digas uma coisa dessas. – a rapariga lançou um sério olhar ao homem, que se remexeu na cadeira.

            Fez-se silêncio por longos minutos.

            Piers e Marley, os dois irmãos mais velhos, continuaram a comer em silêncio, enquanto Marnie, a irmã mais nova, encarava o prato com comida à sua frente. Aquelas discussões eram tão habituais que ela já não se incomodava quando elas aconteciam. Ela sabia que, por mais gritos que se dessem naquela casa, os três irmãos amavam-se incondicionalmente. A única coisa que a deixava atormentada era o facto de nenhum deles lhe ter alguma vez explicado o que acontecera no acidente que provocara a morte dos seus pais. O que ela sabia apenas é que tinha sido algo absolutamente fatal. E como ela era ainda um recém-nascido, não se lembrava de absolutamente nada. A única recordação que tinha dos seus pais eram as histórias contadas pelos dois irmãos.

            Marnie lembrava-se, no entanto, de toda a sua infância e da maneira heroica como Piers cuidara dela, de forma independente. Apesar de ser seu irmão, o rapaz assumia um papel paternal no que tocava às duas irmãs. Foi ele quem cuidara das duas raparigas quando elas eram ainda pequenas, mantendo o Ginásio da família a funcionar ao mesmo tempo. Na verdade, Piers era o Líder de Ginásio de Spikemuth, o mestre Dark-Type. Mantinha o seu cargo por vários anos e, como tal, era uma personalidade admirada por alguns jovens da cidade.

            Por outro lado, Marley optou por viajar para outra região para iniciar a sua jornada Pokémon. A jovem explorou Sinnoh por alguns anos, onde acabou por ser uma das cinco integrantes dos Stat Trainers, especializando os seus Pokémon no Status Speed. Mas a rapariga continua a explorar diferentes áreas do Mundo Pokémon, viajando regularmente e visitando a sua família de vez em quando. Naquele momento, ela estava presente devido à sua irmã mais nova, prestes a sair na sua própria aventura.

            - Não devíamos discutir, especialmente hoje. – murmurou Piers, voltando-se para Marley que continuava com uma feição séria.

            - Tu é que começaste. – ripostou. – Mas sim, não podemos deixar que as nossas diferenças controlem a forma como agimos. Principalmente hoje. É o dia da Marnie. – dizia, esboçando um meigo sorriso para a sua irmã.

            A mais nova sorriu de volta e cruzou os talheres no prato, terminando a sua refeição.

            - Eu tenho algo a dizer. – começou. – Se eu quero participar no Gym Challenge e vencer a Champion Cup, eu tenho de o fazer da melhor maneira possível. Desde cedo, vejo o Piers a usar Pokémon Dark-Type para defender o Ginásio da cidade. E eu quero fazer o mesmo. Quero ser a Campeã de Galar com os meus Pokémon Dark-Type! – exclamou.

            - Escolher uma especialização não é uma tarefa fácil, e fazê-la assim, tão cedo… - murmurou Marley. – Tens a certeza?

            - Absoluta! – confirmou. – Eu quero deixar-vos orgulhosos! E quero mostrar a todos o poder destes Pokémon.

            - Sendo assim, penso que estás pronta para receber o meu presente.

            Piers colocou a última garfada de comida dentro da sua boca e depois de se limpar, levantou-se da cadeira e caminhou para fora da divisão, voltando momentos depois com uma Poké Ball na mão.

            - O que é isso? – perguntou a rapariga curiosa.

            - O teu Pokémon Inicial, é claro. – disse, entregando o aparelho à sua irmã mais nova. – É todo teu.

            Marnie pegou na Poké Ball e observou-a por alguns segundos. No interior daquele instrumento, o seu companheiro estava à espera de ser conhecido. A rapariga sorriu e lançou o aparelho ao ar, fazendo com que um pequeno raio de luz invadisse a divisão da casa.

            Aos poucos, um pequeno Pokémon apareceu no meio dos três irmãos. A criatura assemelhava-se a um pequeno roedor com membros curtos e um forte tronco. A maior parte do seu corpo era colorido por um pelo amarelo, à exceção do seu lado esquerdo, de cor preta, e do lado direito, castanho. A criatura tinha apenas um dente frontal e as suas bochechas eram cor de rosa. O pequeno Pokémon observava tudo ao seu redor, com um ar curioso e sorridente.


            - Que fofinho! – exclamou Marley.

            - Este é o Morpeko, um Pokémon Electric-Type e também Dark-Type. – explicou Piers.

            - Dois em um! Espetacular! – exclamou a irmã do meio.

            Marnie, no entanto, continuava em silêncio, observando sorridente o seu Pokémon Inicial.

            - Gostas? – perguntou o homem.

            - Adoro! – respondeu de forma sincera.

            - E aqui está, a tua Carta de Recomendação, escrita por mim. – disse o irmão, entregando um envelope à rapariga. – Como Líder de Ginásio, tenho o que é preciso para recomendar novos Treinadores Pokémon. E eu sei o quanto tu admiras estas criaturas. – disse, esboçando um sorriso. Talvez o primeiro naquele dia.

            - Tens tudo o que precisas. – murmurou Marley.

            - Obrigado aos dois. – falou a rapariga, sorrindo. – Sem vocês nada disto seria possível.

            - Tu fazes o teu próprio destino. – sussurrou Piers. – E eu tenho a certeza que o pai e a mãe estariam orgulhosos de ti neste momento.

            Os três irmãos envolveram-se num abraço apertado. Apesar das suas diferenças, todos faziam com que aquela família continuasse a funcionar. E isso era fruto do esforço de cada um.

• • •

            Apesar de ser um dia de semana normal, as ruas de Motostoke permaneciam cheias de gente. Muitas iam para os seus trabalhos, nas famosas fábricas da cidade, outras simplesmente passeavam e admiravam os modernos sistemas de engenharia que compunham a cidade.

            Rose caminhava apressadamente pelas ruas, usando o seu fato cinzento de marca. Ao seu lado, uma mulher alta e elegante acompanhava o seu passo apressado. Usava um vestido encarnado e preto, da mesma cor dos seus saltos altos. Por cima, usava uma grande camisa branca, que esvoaçava enquanto caminhava. Os seus longos cabelos loiros caíam-lhe pelas costas, revelando o seu rosto pálido e severo.


            Os dois encaminharam-se para uma rua secundária da cidade, onde a luz do sol era tapada pelos outros edifícios à volta. Rose olhou em redor, um tanto confuso, até pousar a sua atenção sobre uma grande porta de madeira que dava entrada para o prédio à sua frente. Por cima da porta, era possível ler-se, numa placa já gasta e velha, “Motostoke Orphanage”.

            - Tens a certeza que é aqui, Oleana?

            - Absoluta. – a mulher respondeu prontamente. – Achas que eles iam manter um orfanato à vista de toda a gente?

            Rose assentiu ao ouvir as palavras da mulher e arrastou o seu corpo até à porta, abrindo-a calmamente.

            As duas personalidades entraram no edifício, dando de caras com uma sala decorada com mobília antiga e um cheiro intenso de naftalina. A receção do orfanato era composta por um sofá velho, uma mesa com algumas rachaduras, e um grande balcão, onde uma senhora de óculos redondos lia um livro calmamente. Ao reparar na presença do homem e da mulher, a senhora deu um pequeno salto e fechou o livro, pousando-o sobre o balcão.

            - Presidente Rose! – exclamou a mulher, saindo detrás do balcão e caminhando em direção ao homem. – Estávamos mesmo à sua espera.

            - Muito boa tarde. – cumprimentou o Presidente de forma simpática, apertando a mão da senhora. – Esta é a minha secretária, Oleana.

            As duas mulheres cumprimentaram-se com um aperto de mão. Oleana, no entanto, mantinha uma expressão severa no rosto, provocando um certo desconforto na senhora mais velha.

            - Querem tomar alguma coisa? – perguntou delicadamente. – Um café, um chá, uma água…

            - Não é necessário, muito obrigado. – agradeceu Rose.

            - Não temos muito tempo. – afirmou Oleana. – Pode indicar-nos onde fica o quarto do jovem? – perguntou.

            - Oh, eu posso levar-vos até lá, com certeza. – sorriu a senhora.

            - Talvez seja melhor nós fazermos isto à nossa maneira.

            O tom de voz de Oleana ficou ainda mais sério. A diretora do orfanato franziu a sobrancelha e voltou-se para Rose, que permanecia em silêncio, esboçando o seu sorriso encantador.

            - Como os senhores quiserem. – respondeu vagamente, voltando para trás do balcão. – Último quarto do corredor à esquerda.

            Rose agradeceu mais uma vez e voltou a caminhar, desta vez entrando num corredor sombrio, onde se encontravam os quartos dos jovens que ali vivam. Oleana observava com atenção as paredes pintadas e escritas do corredor, ao mesmo tempo que o chão de soalho rangia a cada passo que os dois davam.

            Momentos depois, já se encontravam em frente à porta indicada pela mulher da receção. Rose deu uma última olhada a Oleana, que assentiu, e depois bateu à porta. Não demorou muito para que alguém a abrisse, deixando passar raios de luz para o corredor mal iluminado.

            - Boa tarde. – saudou Rose.

            - Olá, senhor Presidente. – respondeu o jovem de forma educada.

            - Esta é a Oleana, a minha secretária. – repetiu o homem.

            - Muito boa tarde. – disse a mulher, esboçando um fraco sorriso.

            - Entrem, por favor.

            O rapaz abriu mais a porta, dando espaço para que os dois entrassem no pequeno quarto. As paredes da divisão eram decoradas com fotografias de vários Pokémon coladas à pressa. A cama antiga parecia que se ia desmontar a qualquer momento e a luz da secretária falhava constantemente. As condições não eram, de facto, as melhores.

            Rose e Oleana colocaram-se de frente para o rapaz que os observava em silêncio, mas com grande curiosidade. Muito provavelmente, era a primeira vez que ele conhecia pessoas tão importantes. Ou, talvez, aquela fosse, de facto, a primeira vez que alguém o visitava naquele orfanato.

            A pele do rapaz era clara, assim como os seus cabelos platinados. Vestia um longo casaco roxo, que fazia a cor dos seus olhos sobressair, e umas calças brancas. Nos pés, calçava umas sapatilhas confortáveis. O rapaz, no entanto, parecia não ter expressão alguma no seu rosto. Parecia completamente apático.


            - Vejo que estás a usar o casaco que te enviei, Bede. – sorriu Rose.

            - Serve-me na perfeição. – admitiu.

            - Esse logotipo que tens nas tuas costas pertence à empresa Macro Cosmos. – explicou Oleana. – Percebes a responsabilidade que tens em usá-lo?

            - Penso que sim. – respondeu, encolhendo os ombros. – Mas porque estão a fazer isto?

            - Isto o quê? – questionou a mulher.

            - Ajudar um órfão desconhecido.

            Fez-se silêncio durante alguns segundos. Bede baixou a cabeça, observando o chão riscado do quarto, enquanto Rose e Oleana se entreolhavam em silêncio.

            - Queremos ajudar-te. – disse o Presidente. – A ti e a todos os jovens que se encontram na tua situação. Temos de começar por algum lado.

            - Sabemos que tens bons resultados na escola que frequentas. E é evidente que gostas de Pokémon. – dizia, observando as imagens espalhadas pela divisão.

            - Segundo as cartas que trocámos, os Fairy-Type são os teus preferidos, não é mesmo?

            Bede assentiu, ainda desconfiado com toda aquela boa vontade. Ao longo de toda a sua vida, ninguém quis saber da sua existência e agora ele tinha a oportunidade com que sempre sonhara à sua frente.

            - Temos alguns presentes para ti. – murmurou Oleana, retirando uma Poké Ball da sua mala e entregando-a a Rose.

            - Se vais viajar por Galar, precisas de um Pokémon Inicial. – começou o homem. – Capturei este especialmente para ti.

            O Presidente estendeu a mão com o aparelho na direção de Bede. O rapaz encarou o rosto do homem com atenção e voltou o olhar para a Poké Ball que segurava na sua mão. Depois de deixar escapar um curto suspiro, o jovem pegou no instrumento e pressionou o botão que se encontrava no centro da esfera, fazendo com que esta se abrisse.

            Um feixe de luz apareceu no local, tomando a forma de um pequeno Pokémon que agora se encontrava de pé sobre o chão de madeira. O seu corpo rosa destacava-se pelos membros finos e compridos, ao contrário da grande cabeça do Pokémon, que parecia usar uma máscara na zona dos seus olhos. O seu nariz era grande, assim como as duas orelhas com detalhes encarnados.


            O Pokémon começou a saltitar pelo quarto, revelando a sua energia. Bede observou-o atentamente por alguns segundos. Era um Pokémon que ele nunca vira antes. Era uma criatura completamente nova. Mas, de alguma forma, isso despertava um grande interesse nele.

            - Aqui tens o teu Rotom Phone. – Oleana estendeu um aparelho eletrónico à frente do rapaz. – Podes usá-lo para te comunicares com outras pessoas e consultares o Pokédex.

            Em silêncio, Bede pegou no telemóvel de última tecnologia e apontou-o na direção do Pokémon que saltava em cima da sua cama.

            - Impidimp, Pokémon Dark-Type e Fairy-Type. – começou o aparelho numa voz robótica. – É conhecido por invadir as casas de humanos e roubar tudo o que consegue. Através do seu nariz, absorve o sentimento de medo e frustração das outras pessoas e Pokémon, revitalizando a sua energia.

            - Interessante. – murmurou, apontando a Poké Ball para o Pokémon e fazendo com que ele voltasse para dentro da cápsula.

            - É teu, se quiseres. – disse Rose.

            - Aceito os vossos presentes. – respondeu, cedendo finalmente.

            - Ótimo! – exclamou Oleana, sorrindo. – Por último… - dizia, enquanto voltava a remexer na sua mala. – Aqui está.

            A mulher retirou uma pulseira brilhante do interior da sua mala. Um líquido reluzia e remexia-se dentro do acessório.

            - Uma Dynamax Band. – explicou Rose.

            - Orgulho-me de ter sido a primeira cientista a criar este magnífico instrumento. – dizia a mulher, voltando-se para Bede. – Este é o trabalho que realizamos na Macro Cosmos. Tudo para que jovens treinadores, como tu, possam aproveitar a energia máxima destas criaturas. Por favor, aceita esta Dynamax Band.

            Bede estremeceu. Observava atentamente o líquido que se encontrava no interior daquela pulseira e imaginava o poder infinito que ela continha. Mas parecia impossível atingir tal pensamento. Assim como parecia impossível ele aceitar aquele presente tão raro e único.

            - Eu não posso… - murmurou.

            - Ora, claro que podes! – Rose deixou-se rir. – Sendo teu patrocinador, não posso permitir que andes por aí sem uma Dynamax Band. Não percebes, Bede? Este poder existe para ser usado! E tu, sob a minha proteção, mereces mais que ninguém. – explicou.

            - Sabes quem é o atual Campeão de Galar? O Leon. – dizia Oleana. – Ele também foi patrocinado por nós há cinco anos atrás. E olha para onde ele está agora! – exclamou.

            - E não é isso que tu queres, Bede? Ser o melhor? – insistiu o Presidente. – Só tens de aceitar este presente. Com certeza, saberás como o usar da melhor maneira.

            A oferta parecia irrecusável. Tudo o que ele queria estava ali, aos seus pés. A única coisa que continuava a faltar era a confiança de Bede em si mesmo e naqueles totais desconhecidos, que simplesmente o queriam ajudar.

            - Está bem. – disse finalmente. – Vou tentar dar o meu melhor.

            - Eu sei que vais. – sorriu Rose.

            Depois de assinarem vários papéis sobre os patrocínios de Bede e outras informações devidamente explicadas por Rose e Oleana, o jovem recebeu a sua Carta de Recomendação, onde Rose realçava os bons resultados do rapaz e a sua grande admiração pelas criaturas Pokémon. Outro ponto tocado fora a necessidade que as crianças órfãs, como era o caso de Bede, têm no que diz respeito ao acesso a uma formação Pokémon devidamente qualificada.

            - Penso que não falta nada. – murmurou Oleana, arrumando toda a papelada dentro da sua mala.

            - Dentro de alguns dias vou apresentar a cerimónia de abertura do Gym Challenge, aqui mesmo, em Motostoke. – explicou Rose. – Porque não aproveitas estes dias para começar a conhecer e treinar o Impidimp?

            - Ouvi dizer que a Wild Area é um ótimo local para isso. – apontou a mulher.

            - Talvez… - murmurou Bede pensativo.

            Rose e Oleana despediram-se do jovem treinador e, sem perderem mais tempo, saíram da pequena divisão, voltando para o corredor obscuro do orfanato.

            - Ele é… interessante. – murmurou o Presidente ao fechar a porta atrás de si.

            - Este foi fácil. – murmurou Oleana. – Ao contrário desta espelunca, que precisa severamente de uma requalificação. – bufou.

• • •

            A floresta que rodeava a cidade de Spikemuth parecia totalmente adormecida. A escuridão da noite, acompanhada das grandes árvores e dos seus galhos infinitos serviam de fundo para um encontro misterioso que ocorria naquele exato momento. Um grande grupo de pessoas estava ali reunido em silêncio. Pareciam aguardar algo ou alguém.

            Momentos depois, uma figura singular apareceu por de trás de uns arbustos. As suas vestes negras não permitiam reconhecer a sua identidade, mas nenhum dos presentes se parecia intimidar por essa razão.

            - Está na altura de mudarmos as coisas de uma vez por todas! – murmurou o homem, num tom de voz sério em que todos os presentes o pudessem escutar. – Quem está comigo?

            O grupo presente levantou os braços e gritou num só som. Qualquer que fosse o objetivo que estivessem a tentar atingir, todos pareciam dispostos a sacrificar-se para tal.

            - O que vamos fazer exatamente? – um dos presentes perguntou.

            - Vamos deixar de nos esconder nas sombras. – respondeu prontamente. – Vamos para as ruas. Vamos gritar. Vamos protestar. E para isso, conto com a ajuda de dois elementos fundamentais. Carter e Gale, juntem-se a mim, por favor.

            Um rapaz e uma rapariga saíram do meio do grupo e caminharam na direção do líder desconhecido do grupo, colocando-se ao lado dele.

            - A partir de agora, estes são os vossos coordenadores. Devem obedecer todas as indicações fornecidas por eles, entendido? Na minha ausência, são a eles que devem respeito. – explicava. – E se houver algum problema, alguma inconveniência, eles irão reportá-la a mim. E eu mesmo irei resolver a situação em causa. Compreendido? – perguntou, recebendo um aceno positivo por parte de todos.

            - Lutamos juntos para o mesmo objetivo. – murmurou o rapaz, Carter.

            - Vamos mostrar a toda a gente quem é que manda em Galar! – gritou a rapariga, conhecida por Gale.

            - Agora vão! – ordenou. – Devemos começar a preparar-nos para a estreia da derradeira Team Yell! – exclamou, lançando uma gargalhada estridente.

  

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  1. Opa, um capitulo mais calminho mas mesmo assim otimo! Gostei bastante!

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    1. Oi Shiny!

      Muito obrigado pelo seu feedback. Este foi um capítulo mais calmo, de forma a conhecer novas personagens e dar início a outras histórias.

      Até ao próximo!

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    2. Depois de jogar o jogo e me apaixonar por Galar que a fanfic está a bater diferente kkk

      A Team Yell para mim é uma das melhores coisas deste jogo kkk adorei eles

      O Piers e a Marnie estão entre as minhas personagens favoritas desta geração

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    3. Não vou mentir, surpreende-me que a Team Yell seja a tua parte favorita de Galar! O seu propósito em Aventuras em Galar é, porém, diferente da narrativa dos jogos. Piers e Marnie terão as suas participações recorrentes ao longo da narrativa, portanto aproveita!

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  2. Eae Angie!

    Vemos o ponto de vista de outros personagens que vão ser presentes na história.
    Marley de Sinnoh? A mesma que aparece em AeS? Conexões, amigo. A situação familiar dela parece complicada, apesar de que no final eles ainda gostam um do outro. Eu lembro de ter ouvido algo sobre o gym dark não ser oficial ou algo do tipo. Talvez tenha haver com o Piers não ser muito fã do Leon.
    Saindo de uma situação familiar conturbada pra alguém que nem família tem. Será que o Rose está ajudando o Bede só por pura caridade? Boto muita fé não.
    Pelo que eu vi no trailer dos jogos a team Yell é só um grupo fanático pela Marnie. Mas parece que você vai usar eles de forma diferente...

    Bem, é isso. Até o próximo!

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    1. Alefu!

      Este capítulo marca o início das histórias paralelas de personagens mais secundárias de Aventuras em Galar. A verdade é que nunca gostei muito de introduzir personagens exclusivamente com os protagonistas, pelo que decidi dedicar alguns capítulos apenas para elas. Vai ver que isso é algo que se vai repetir ao longo da temporada. Espero que goste desse formato.

      É verdade, sim. Marley, personagem de Aventuras em Sinnoh, é irmã da pequena Marnie. Ainda me lembro de conversar com o Canas sobre essa pequena ligação e de discutirmos alguns detalhes. Penso que ficou interessante e curioso para o futuro da relação entre ambas, para além de estabelecer ligações entre as diversas histórias da Aliança.

      Interessante sublinhar essa dinâmica familiar. É algo que vai continuar a ser explorado ao longo da temporada. Piers é o irmão mais velho de Marnie e, em alguns temas, os dois divergem de opinião. Mas como é que isso poderá ocorrer quando os irmãos só se têm uns aos outros? Qual a importância da família para estas personagens?

      É verdade, o nosso Bede cresceu num orfanato e olha quem decide aparecer para o ajudar... o famoso Rose, não é verdade? E ele não vem sozinho, não. Se acha que não é caridade, então o que será isso?

      A Team Yell foi das minhas equipas vilãs menos preferidas de sempre. E sorte a minha que tinha que trabalhar com ela para desenvolver essa história, não é? Vai daí que decidi mudar drasticamente o seu propósito. Aqui, o seu objetivo não passa por serem a claque de Marnie. Mas não se preocupe, em breve os mistérios dessa organização começarão a ser levantados.

      Continue por aqui, adoro receber o seu feedback!

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  3. Os rivais de Galar são excelentes! A Marnie é minha protegida, e o Bede é o rival que eu amei odiar enquanto joguei o Shield. Eu cheguei a comentar isso com o pessoal do grupo, mas eu acho muito interessante que os dois passam aquela mensagem de não julgar o livro pela capa. A Marnie usa Pokémons do tipo Dark e é um amorzinho, enquanto o Bede usa Pokémons do tipo Fairy e é um cara desagradável (que melhora sua atitude lá pro final do jogo, é verdade).

    Gostei de como você introduziu os dois, cada um com seu background bem definido. Ambos são órfãos, mas possuem contextos familiares bem distintos. Marnie ainda tem os irmãos mais velhos para cuidar dela, e por isso teve condições de ter uma vida normal. Aliás, antes que eu deixe escapar, achei legal você trazer a Marley pra história como irmã deles. Eu gosto muito quando esses personagens mais antigos são trazidos de volta, mesmo se for por pouco tempo.

    Mas continuando, o Bede por outro lado não teve ninguém que o amparasse, e essa vida difícil que ele levou no orfanato pode sim ser uma razão para o comportamento dele. É alguém que nunca teve nada, e está tendo a oportunidade da vida dele. Com certeza ele não vai querer perdê-la à toa e voltar aos dias de dificuldade, então isso pode torná-lo mais obsessivo. Primeiro ele vai correr atrás do pote de ouro no final do arco-íris, e depois que o tiver ele vai poder se preocupar em consertar as relações que ele arruinou ao longo do caminho. Provavelmente este deve ser o pensamento dele.

    E no fim, uma pequena introdução à Team Yell, que promete dar dor de cabeça pra todo mundo nos próximos capítulos. Vamos ver que tipo de situação pode vir deles.

    Até a próxima! õ/

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    1. Shadow! É verdade, os rivais de Galar são ótimos para trabalhar diversos conceitos. É interessante mencionar essa questão dos Type de cada um deles, pois eu não me lembro de alguma vez ter feito essa associação, mas achei excelente.

      Eu gosto de criar as histórias das personagens e de as revelar aos poucos. Pelo menos, revelar aquilo que faz sentido agora. Isso não quer dizer que não haja mais por revelar de cada uma delas. Tal como apontou, o facto de ambos serem órfãos não significa que a vida dos dois seja semelhante. Realmente, não é. E isso é o que torna as coisas ainda mais interessantes. Ambos podiam ter ficado no lugar um do outro, mas o destino não quis que se assim fosse.

      Felizmente, tive permissão para trazer Marley para Galar e criar uma família de três irmãos bem diferentes! A participação dela vai ser bem curta, mas planeio trazê-la de volta no futuro! Quanto a Bede, acho muito interessante fazer essa análise com base naquilo que foi apresentado neste capítulo. Será que vamos encontrar um Bede implacável ao longo da jornada? E quanto a essa evolução que falou, será que vai mesmo acontecer?

      A Team Yell foi introduzida finalmente! Posso, desde já, revelar que a missão do grupo é bastante diferente daquela que ocupam nos jogos. Espero que goste dessa adaptação!

      Continue em frente, querido Shadow! A jornada está agora a começar.

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