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- Capítulo 25
O
sol começava a esconder-se por trás dos grandes edifícios que formavam a cidade
de Motostoke. O final da tarde pintava o céu de cor-de-rosa à medida que os
operários das fábricas regressavam a casa, para junto das suas famílias. Ao
mesmo tempo, novos jovens chegavam à cidade, enquanto outros a abandonavam, uns
de cabeça baixa, outros com um sorrido radiante no rosto.
Victor,
Gloria e Hop encontravam-se no interior do Pokémon Center, junto do balcão de
atendimento central. Aguardavam que a Enfermeira Joy os recebesse para
depositarem os seus Pokémon na sala de repouso. No entanto, a agitação no local
era maior do que o costume, tendo em conta a quantidade de Treinadores Pokémon
que tinham participado no Gym Mission de Kabu.
-
Peço desculpa pela demora… - a mulher de cabelos rosa dizia de cabeça baixa,
organizando o balcão de trabalho. – A afluência hoje está a ser muito grande.
Oh! – exclamou, dando de caras com os rostos dos três jovens. – Victor, certo?
– perguntou. – Ainda bem que chegas. O teu ovo Pokémon está a atingir o seu
ponto de eclosão. – anunciou.
-
O-o quê?! – exclamou o rapaz, surpreso.
-
É teu, certo? Foste tu que deixaste um ovo Pokémon aos cuidados da nossa
enfermaria quando chegaste à cidade.
-
Sim, sim. – confirmou o rapaz, sem jeito. – Mas, para ser sincero, esqueci-me
um pouco disso, com toda a agitação de hoje. – confessou.
-
Bom, agora estás aqui, é o que interessa. Podem deixar os vossos Pokémon comigo
e acompanhar-me até à enfermaria. Tenho a certeza de que o teu novo amigo está
pronto para te receber. – sorriu.
O
gémeo assentiu, ainda surpreso. Os três amigos depositaram as suas Poké Balls
junto da enfermeira e acompanharam-na por uma porta atrás do balcão de
atendimento. Entraram numa sala espaçosa, de paredes azuis, cheias de macas
onde Pokémon descansavam, sofás onde jovens dormitavam junto dos seus
companheiros, e algumas incubadoras onde pequenas criaturas e alguns ovos
permaneciam.
-
Aqui está ele. – afirmou o rapaz, aproximando-se de uma incubadora onde um ovo
com apontamentos em roxo descansava.
-
Como podes verificar, as ranhuras na casca estão cada vez mais fortes e
profundas. Seja qual for o Pokémon que estiver no seu interior, parece-me que
está pronto para conhecer o mundo exterior. – explicou Joy, observando o objeto
pelo vidro.
-
Estou tão ansiosa para descobrir que Pokémon será! – exclamou Gloria,
recebendo, de imediato, um sinal da enfermeira para diminuir o tom de voz, de
forma a não incomodar os outros pacientes ali presentes. – Ah, desculpem. –
sussurrou.
-
Acho que conversar para o ovo será uma boa ideia. Aproxima-te dele, Victor.
Transmite-lhe confiança. Afinal, serás o seu melhor amigo, não é? – incentivou.
– Eu volto já, vou só atender aqueles jovens ali fora. – e, num passo
acelerado, abandonou a enfermaria, voltando para o balcão de atendimento do
estabelecimento.
O
gémeo fitou o pequeno objeto no interior da incubadora. Não o queria admitir,
mas sentia-se um pouco desiludido e triste consigo mesmo por não ter dedicado
mais tempo ao ovo que lhe fora oferecido depois do ataque da Team Yell ao
Pokémon Nursery.
-
Então? Fala com ele! – murmurou Hop, olhando pelo vidro da incubadora. – Tira-o
cá para fora. Toca-lhe. Sei lá.
Victor
assentiu e abriu a incubadora. Percebeu que a temperatura do ovo estava mais elevada
do que o habitual. Talvez aquela fosse outra indicação de que a eclosão estava bastante
próxima de acontecer. Colocou o pequeno objeto entre os dois braços, juntando-o
ao seu peito e deixou que aquele calor tomasse conta do seu corpo. Aquela era
uma sensação estranha e única. Era a primeira vez que sentia que, de facto, uma
vida dependia de si.
-
Olá, amiguinho. Como estás aí dentro? – perguntou, num tom de voz baixo e
meigo. – Aqui por fora está tudo bem. Hoje, eu e os meus amigos conquistámos
mais uma Badge. Foi um autêntico trabalho de equipa. Espero poder contar com a
tua ajuda no futuro. Tens aqui tantos amigos à tua espera para te conhecerem… e
imensas histórias para viver e testemunhar. – sorriu.
O
núcleo interno do ovo remexeu-se por alguns segundos, provocando mais
rachaduras na casca do objeto. Gloria foi obrigada a controlar-se para não
começar a gritar de entusiasmo. Hop abriu os olhos com força, observando os
movimentos do ovo com muita atenção.
-
Está quase! – exclamou.
-
Vem! Vem! Vem! – incentivou a rapariga.
-
Estamos todos à tua espera, amigo!
As
últimas palavras de Victor foram as necessárias para fazer com que a casca do
ovo se abrisse finalmente. As ranhuras começavam a aumentar de tamanho à medida
que a criatura no seu interior se remexia sem parar. A casca acabou por se
quebrar e cair ao chão. A única coisa que permaneceu no colo do jovem rapaz foi
um pequeno Pokémon.
Era
um lagarto bebé de cor roxa. As suas quatro patas eram curtas e gordas. Na
cabeça, quatro saliências triangulares acompanhavam a marca em forma de raio
enquanto a sua língua espreitava pela boca. A parte inferior do seu corpo
demarcava-se por um tom mais claro, assemelhando-se a uma fralda.
Ainda
atónito com toda a situação, o jovem usou o Rotom Phone para procurar
informações sobre o seu mais recente membro de equipa.
-
Toxel, um Pokémon Electric-Type e Poison-Type. – anunciou o robô.
– Armazena veneno no seu interior. Manipula a sua composição química para
produzir eletricidade. Apesar de fraca, a sua voltagem pode causa algum
desconforto.
-
Mas que querido… - maravilhou-se Gloria, apertando a bochecha do Pokémon.
-
Tem um aspeto mesmo fixe. – sorriu Hop.
-
Olá Toxel. Eu sou o Victor, o teu Treinador Pokémon. – apresentou-se o rapaz.
No
entanto, o pequeno lagarto ainda não parecia pronto para fazer amizades. Deixou
escapar um grunhido e das suas bochechas lançou um pequeno raio na direção dos
três amigos, que se assustaram. Com a ajuda de Nuzzle, Toxel conseguiu
soltar-se dos braços de Victor e correu pela sala de enfermaria, encontrando a
saída. O Pokémon bebé corria de forma descompensada. Não pensava, nem sabia
para onde ia. Só queria escapar daqueles humanos cheios de carinho para lhe
oferecer. Já no salão principal do estabelecimento, acabou por chocar contra uma
rapariga, que se surpreendeu por encontrar uma criatura tão pequena aos seus
pés.
-
Mas, o que temos aqui? – afirmou, pegando no lagarto com as suas mãos. – Olá amigo,
estás perdido?
-
Sonia!
Victor,
Gloria e Hop apareceram no local. Tinham um ar aterrorizado e preocupado e os
seus cabelos estavam mais despenteados do que o normal.
-
Olá, outra vez. – cumprimentou a jovem. – Conhecem este pequenote?
-
É o Toxel. Acabou de nascer do meu ovo. – explicou o gémeo.
-
O teu ovo?! – exclamou, surpresa, diminuindo o nível de excitação logo a
seguir. – Oh, certo. Mas o que faz ele aqui?
-
Acho que ele não gostou muito de mim. – Gloria riu de nervoso.
-
Atacou-nos com a sua eletricidade. – explicou o moreno.
-
Oh, que menino mau comportado! – brincou Sonia, entregando-o a Victor.
Toxel
tentou fugir de novo, mas o rapaz já estava pronto para qualquer eventualidade,
usando luvas de borracha nas mãos. O pequeno lagarto acabou por desistir, encostando
o seu rosto ao ombro do jovem e permanecendo em silêncio.
-
E o que fazes por aqui? – perguntou a gémea. – Parece que nos andas a
perseguir.
-
Na verdade, andava mesmo à vossa procura. – admitiu. – Vi o vosso confronto com
o Kabu e não pude deixar de sentir um orgulho enorme! Venho congratular-vos e
convidar-vos para um jantar. Por minha conta!
-
Aceito! – exclamou Hop de imediato. – Desde que começámos a jornada que não
comemos nada de jeito. Merecemos uma refeição deliciosa!
-
Tenho de concordar… - riu Gloria.
-
Está decidido então. – afirmou o terceiro elemento. – Vou só chamar a
Enfermeira Joy para dar uma vista de olhos no Toxel. Preciso de descobrir se
este comportamento é normal.
• • •
A
televisão do escritório de Leon permanecia ligada. Desta vez, um noticiário
sensacionalista estava no ar. O jornalista que aparecia no enquadramento da
câmara estava de costas voltadas para o Pokémon Center de Motostoke.
-
É aqui que estão hospedados os três Treinadores Pokémon que hoje venceram a
Fire Badge de Kabu, um dos Líderes de Ginásio mais temidos de Galar. –
anunciava. – Esperamos que, a qualquer momento, os jovens de Postwick
atravessem aquelas portas para podermos falar sobre a experiência de vencer a
disputa no Motostoke Stadium.
O
jovem de cabelos azuis levantou-se do sofá em sobressalto, pegando no comando
do televisor e desligando o aparelho. Deixou escapar um longo suspiro e pegou na
sua capa, colocando-a aos ombros.
-
Não te preocupes, maninho. Vou-te salvar desses imbecis.
• • •
-
Então, o que disse a Enfermeira Joy? – Sonia perguntou, quando Victor regressou
junto do grupo no salão principal do Pokémon Center.
-
Explicou-me que este comportamento é normal em Pokémon recém-nascidos. Mas,
devo permanecer atento e perceber se atitudes destas se repetem ou não. Pode
mesmo tratar-se de um traço de personalidade de Toxel. Mas ainda é cedo para
fazer esse prognóstico.
-
Ele acabou de nascer do ovo e já está a dar problemas. – comentou Hop.
-
Tenho a certeza que não é nada de mais. – tranquilizou Gloria. – Seja o que
for, vamos ajudar-te no que pudermos. – sorriu.
-
Espero que sim. – o gémeo voltou-se para a ruiva. – Então e onde vamos jantar?
-
O Budew Drop Inn, onde ficámos hospedados durante a cerimónia de inauguração do
Gym Challenge, tem um restaurante com boa reputação. Vamos até lá?
O
trio concordou e preparou-se para sair do interior do estabelecimento. Quando
as portas se abriram, deram, de imediato, de caras com vários jornalistas,
microfones, câmaras e flashes. Uma onda de perguntas inundou o local e os
amigos ficaram sem reação. Sonia colocou-se à frente dos mais novos, tentando protegê-los
de alguma maneira.
-
Por favor, privacidade! – exclamou, tapando a cara.
-
Qual é a sensação de vencer contra o Kabu?! – exclamou um jornalista.
-
Sentem-se preparados para desafiar os restantes Líderes de Ginásio de Galar?! –
perguntou outro.
-
Quem são os vossos principais rivais no Gym Challenge? É claro que podem ser
amigos, mas, no fundo, estão a competir uns contra os outros. – interveio mais
um.
Victor,
Gloria e Hop entreolharam-se sem dizer uma única palavra. Nunca tinham
imaginado que a vitória contra Kabu pudesse provocar toda aquela revolução
mediática. Sonia permanecia à frente do grupo, mas as tentativas de tentar
proteger os três amigos eram corrompidas pelas sucessivas intervenções dos
repórteres presentes no local.
A
atenção do grupo voltou-se para o céu, quando um bater de asas se fez ouvir
cada vez mais próximo. Um grande dragão encarnado pousou na rua em frente do
Pokémon Center, revelando a figura do Campeão de Galar. Leon segurava uma
expressão séria no rosto, observando toda aquele cenário que lhe era tão
familiar. No entanto, não era por isso que o jovem o aceitava de bom agrado.
Pelo contrário, repudiava por completo as tentativas de invasão de privacidade
por parte dos meios de comunicação social.
-
Venham, depressa! – chamou, voltando-se para o grupo de amigos.
O
trio de Postwick precipitou-se na direção de Charizard. Leon ajudou cada um
deles a subir para o dorso do Fire-Type. Todos, à exceção de Sonia, já
se encontravam prontos para abandonar o local e fugir das questões
impertinentes dos jornalistas.
-
Tu também, Sonia! – exclamou o jovem de cabelos azuis.
A
ruiva hesitou, fitando o rosto do rapaz, afastando depois o olhar para a figura
de Charizard.
-
Eu fico bem. Já estou habituada a ser deixada para trás.
-
Oh, vá lá, Sonia. Ambos sabemos que também odeias este tipo de coisas.
Leon
esticou o braço e abriu a mão na direção da investigadora. Atrás da jovem, mais
flashes faziam-se brilhar e novas perguntas ecoavam pelo local.
-
O Campeão de Galar, Leon, também está aqui presente! – exclamou um repórter.
-
Veio salvar o seu irmão, o pequeno Hop, como um verdadeiro herói? – perguntou
outro.
Sonia
olhou por cima do ombro e deixou escapar um suspiro. A seguir, voltou-se para a
frente e pegou a mão de Leon, subindo para o dorso de Charizard.
-
Que fique explicito que isto não significa nada. – afirmou, num tom sério.
-
Segurem-se! – exclamou Leon, antes de Charizard levantar voo.
O
bater de asas do dragão de fogo era demasiado forte. Rapidamente as pessoas nas
ruas da cidade ganharam o tamanho de uma formiga, à medida que os diferentes
edifícios iam ficando mais pequenos. No horizonte, os cinco jovens conseguiam
observar o sol esconder-se atrás das montanhas, enquanto sobrevoavam a cidade
operária.
-
Uau! – exclamou Hop. – Como é que nunca me tinhas levado a passear com o
Charizard antes?
Leon
riu.
-
Qual é o vosso destino, passageiros? – perguntou.
-
Budew Drop Inn. – Sonia respondeu, num tom curto e seco.
O
jovem de cabelos compridos assentiu e transmitiu as indicações ao Flying-Type.
A rota de Charizard começou a descer gradualmente, à medida que o percurso se
aproximava do hotel localizado no noroeste de Motostoke. O Pokémon pousou as
suas patas sobre o rooftop do edifício. De seguida, um a um, saltaram
para o solo do telhado.
-
Estão entregues. – afirmou.
-
Obrigado pela ajuda! – exclamou Victor.
-
Foi mesmo a tempo. – concordou Gloria. – Como sabias onde estávamos?
-
Estavam a falar de vocês em todos os noticiários. – explicou. – Pensei que
precisassem de um pequeno resgate.
-
E estavas certo. – assentiu Hop. – E se viesses jantar connosco? Também
mereces. Afinal, foste tu que nos ofereceste os nossos Pokémon Inicial e nos
salvaste agora.
Leon
voltou o olhar para Sonia, que tentava manter-se séria e minimamente simpática.
-
É como quiserem. – deu de ombros. – Vocês são as estrelas do dia de hoje. – e
virou-se na direção da porta que dava acesso ao interior do edifício.
Leon
esboçou um pequeno sorriso. Depois de saltar do dorso de Charizard e pisar o
solo do rooftop, lembrou-se que fora naquele mesmo local que vira pela
última vez a sua ex-companheira de jornada. Deixou escapar um curto suspiro,
afastando as memórias passadas da sua mente. Depois de retroceder o Fire-Type
para o interior da Poké Ball, seguiu os restantes elementos do grupo para o
interior do estabelecimento.
• • •
Leon
descia a escadaria de Motostoke, adentrando a infinita Wild Area sem qualquer
hesitação. Os seus cabelos azuis já passavam dos ombros, enquanto os olhos
dourados permaneciam brilhantes, como era habitual. Parecia apressado e
ansioso.
Atrás
do jovem, seguia um Pokémon bípede e de corpo encarnado. Os olhos da criatura
eram azuis e a barriga de cor creme. Os seus braços e pernas compridos
terminavam com três garras afiadas. O seu focinho comprido fazia destacar a
saliência no topo da cabeça. No final da cauda encarnada, uma chama de tamanho
mediano ardia.
-
Esperem por mim!
Sonia
corria atrás dos dois. O seu cabelo ruivo estava despenteado e levava uma
expressão cansada no rosto.
-
Depressa, Sonia! Quero mesmo mostrar-te isto! – exclamou o rapaz.
-
Podes ter calma, Leon? – a jovem parou a meio da escadaria, apoiando as mãos
nas suas pernas enquanto tentava controlar a respiração. – Ainda há minutos
venceste o Raihan numa batalha, o teu Pokémon Inicial acabou de evoluir e agora
o Raihan está chateado!
-
Ele apenas tem mau perder. – respondeu. – Não consegue aceitar que os meus
Pokémon são mais forte do que aquela tartaruga aquática que ele tem.
-
Mas nós somos companheiros de jornada! – contrapôs. – É suposto não ficar
ninguém para trás. Podias, ao menos, tentar falar com ele e resolver as coisas…
-
Podemos voltar depois de te mostrar isto. Vá lá! É importante para mim! –
suplicou.
Sonia
suspirou.
-
Primeiro, deixa-me registar as novas informações do Charmeleon no Pokédex.
Tenho a certeza de que a minha avó vai ficar agradecida.
A
jovem puxou da sua mala a tiracolo e retirou um instrumento eletrónico do seu
interior, apontando-o à criatura que permanecia no meio dos dois humanos.
-
Charmeleon, um Pokémon Fire-Type e a forma evoluída de Charmander. –
falou o robô. – Tem uma natureza bárbara. Durante as batalhas, chicoteia os
adversários com a sua cauda e arranha-os com as suas presas afiadas. Quando
fica agitado, é capaz de incendiar tudo ao seu redor.
-
Potente! – exclamou Leon, pouco surpreendido com as informações apresentadas.
-
Tens de ter cuidado com tanta força nas tuas mãos. – murmurou a amiga,
guardando o aparelho.
-
Eu sei, tenho tudo sob controlo. – sorriu. – Enfim, estás pronta para
continuar? Temos uma caminhada pela frente!
-
Mas, afinal, onde é que me queres levar?
• • •
O
restaurante do Budew Drop Inn era decorado em tons escarlate e ciano, com
alguns apontamentos em dourado. O salão, grande e espaçoso, fornecia lugar a
várias mesas redondas com serviços de loiça que reluziam à luz dos enormes
candelabros presos no teto. As cadeiras almofadadas tornavam o espaço mais
acolhedor e reconfortante.
Os
empregados do estabelecimento caminhavam de um lado para o outro, numa
coreografia que parecia previamente estudada. O local era frequentado por
adultos com vestes formais e rostos sérios que conversavam num tom de
secretismo. Em contraste, o grupo de cinco jovens, que usavam roupas comuns,
conversava alegremente sobre temas aleatórios.
Depois
de fazerem os seus pedidos, tendo em conta os preços mais acessíveis, cada um
devorou o seu prato com o máximo prazer. Victor e Gloria deliciavam-se com um
Magikarp assado e batatas fritas, uma refeição que os fazia lembrar os pratos
cozinhados pela sua mãe, em Postwick. Hop e Leon devoravam uma linguiça de
Pignite, acompanhado por puré de batata e molho de cebola. Sonia, por sua vez,
contentava-se com um simples prato vegetariano, cheio de legumes e hortaliças
cultivados nas quintas de Turffield.
Enquanto
os rapazes conversavam animadamente, as duas jovens permaneciam mais calmas,
conversando serenamente sobre os episódios vividos ao longo das últimas
semanas. Os dois mais velhos não tinham voltado a trocar nenhuma palavra desde
que estavam sentados à mesa. Vez ou outra, Leon lançava um olhar curioso a
Sonia, mas a ruiva ignorava completamente as tentativas de contacto do
ex-companheiro, tentando evitar causar mau ambiente.
-
Não acredito que tens um Toxel. Isso é mesmo fixe. – afirmava Leon.
-
Vou ter de o educar, tal como uma criança. – riu Victor, colocando uma espinha
do peixe na borda do prato.
-
Com certeza vai ser um bom menino, tal como tu. – Gloria fez uma careta.
-
Mas o facto de estarem aqui hoje, mais unidos do que nunca, é ótimo. – apontou
a mais velha.
-
Cada um com as suas duas Badges. – Hop sorriu.
-
Eu acho que deviam tentar conquistar as três Badges iniciais. Certamente, vos
daria uma maior experiência e preparação para os futuros desafios. – insistiu
Leon. – Já para nem falar de que, quanto mais poder demonstrarem, mais
patrocinadores conseguirão arranjar no futuro. E com toda a exposição mediática
que tiveram hoje…
-
Acho que tivemos uma boa dose de experiências por agora. – a gémea falou num
tom melancólico, recordando-se de vários momentos passados. – Entre ginásios,
encontros aleatórios com a Team Yell, novas amizades… crescemos muito. E vamos
continuar a melhorar enquanto equipa. – garantiu.
-
Sim! – concordou Sonia. – Nunca deixem que essa união se apague.
-
Estes gémeos nunca se vão ver livres de mim! – brincou o moreno.
-
Eu acho que é importante mantermos uma relação saudável e equilibrada entre
todos. É normal haver alguma disputa, mas sabemos que, no final do dia, estamos
lá uns para os outros. – falou Victor. – Até mesmo os nossos Pokémon são
companheiros.
Fez-se
um longo silêncio depois das palavras do gémeo. Houve uma rápida, e constrangedora,
troca de olhares entre Leon e Sonia. O jovem remexeu nos cabelos azuis,
enquanto a ruiva baixou o olhar para o seu prato, remexendo na comida. O tema
da conversa não agradava nenhum dos dois.
-
Espero que nos mantenhamos assim. – murmurou Gloria. – Mas, para ser franca,
vocês os dois não são um grande exemplo para isso. Com que então, ex-companheiros
de jornada que não dirigem a palavra um ao outro e mal se olham durante um
jantar entre amigos. – atirou, sem qualquer hesitação. – Espero que não sejamos
nós no futuro.
Victor
deu uma cotovelada na irmã, que protestou em resposta. Hop encheu a boca de
comida, Leon engoliu em seco e Sonia voltou o olhar para a amiga ao seu lado. O
seu rosto estava mais vermelho do que o costume.
-
Não faças isso. – murmurou.
-
Acho que está na altura de resolverem as coisas, não? Nós os três gostamos imenso
de vocês. Podíamos até passar mais tempo juntos, mas torna-se difícil quando
não se podem ver um ao outro. – a gémea encolheu os ombros. – Penso que esta
seria uma boa oportunidade para colocarem os vossos mal-entendidos atrás das
costas.
-
Eu gosto de ver a Sonia. – respondeu Leon, arqueando uma sobrancelha.
-
Não é assim tão simples, Gloria. – riposta a ruiva, ignorando as palavras do
jovem de cabelo de azul.
-
Eu não queria causar mau ambiente, nem dar razão à Gloria, mas o que ela está a
dizer é verdade. – concordou Hop. – Sonia, eu sei que fui um pouco duro contigo
no início, mas aprendi a respeitar-te, apesar das desavenças com o meu irmão.
Talvez esteja na hora de amadureceres e resolveres esse problema.
A
ruiva petrificou. No rosto, carregava uma expressão séria. Posou os talheres no
prato e cruzou os braços à frente do peito, em posição de defesa.
-
O problema que eu tenho por resolver é mais grave do que qualquer um de vocês
sequer imagina. – disse, numa voz grave. – Nenhum de vocês faz ideia do que
aconteceu entre mim e o Leon, portanto, agradecia que não se intrometessem.
-
Eles estavam apenas a tentar ajudar… - murmurou Victor, tentando apaziguar a
tensão do momento.
-
Se querem saber o que aconteceu, então perguntem ao incrível Leon. – ironizou a
ruiva. – Ele é o fantástico Campeão de Galar que todos respeitam. No entanto,
ninguém o conhece realmente.
Agora
era o rosto de Leon que se avermelhava. Pequenas gotas de suor começavam a
formar-se no topo da sua testa morena.
-
O que queres dizer com isso?! – exclamou Hop, do outro lado da mesa, saindo em
defesa do seu irmão.
-
Pergunta-lhe diretamente. Já alguma vez lhe perguntaste o que aconteceu,
sequer? Porque é que assumem logo que fui eu que causei o problema? –
defendeu-se Sonia.
Os
olhares dos três desafiantes voltaram-se para Leon, que agora tinha o rosto
trancado.
-
Não Sonia. Isso não vai acontecer. – disse numa voz rouca.
-
O que tens para esconder, Leon? – provocou a outra.
-
Eu não vou contar absolutamente nada.
-
Devias ter vergonha na cara. – cuspiu, num tom de grande desprezo. – Andas por
aí como se fosses um grande exemplo, quando na verdade…
-
Chega! – Hop bateu com os punhos na mesa, provocando um grande ruido no local.
Os outros clientes do restaurante voltaram-se para o grupo, desagradados com a
situação. – Eu exijo saber, de uma vez por todas, o que aconteceu há cinco anos
atrás! Chega de segredos! – falava, alternando o olhar entre Leon e Sonia. –
Quem vai falar?
-
Isso é algo que o teu irmão te deve contar. Eu não o vou fazer por ele. Já fiz
muito. Demasiado, até. – disse, num tom decidido.
A
atenção de Hop voltou-se para Leon. O Campeão de Galar sentiu o olhar do seu
irmão mais novo cortar-lhe a respiração. Receava a sua reação àquilo que ele
tanto escondia. No fundo, sabia que o que fizera fora errado. Mas não estava
pronto para o admitir em voz alta. Muito menos, ao seu pequeno irmão, uma das
pessoas que o mais idolatrava desde sempre. O seu principal admirador.
-
Hop… eu não… eu não consigo… - gaguejou.
-
Leon, eu sou o teu irmão. Já não sou nenhuma criança. Tenho o direito de saber
aquilo que te causa desconforto, acho eu. Talvez te possa ajudar.
-
Não é isso…
-
Seja o que for. – o mais novo aclarou a voz. – Eu vou estar aqui para te ouvir
e apoiar. – garantiu. – Deixa-me ajudar-te a resolver isto.
Leon
esfregou as mãos na cara e despois deixou escapar um longo suspiro. Talvez
aquele fosse, finalmente, o momento de revelar toda a verdade sobre aquele
assunto que tanto o atormentava, por mais que ele lutasse para que tal não
acontecesse.
-
Aqui não. – murmurou, por fim. – Vamos para outro sítio.
• • •
North
Lake Miloch localizava-se no noroeste da região sul da Wild Area. Leon e Sonia,
acompanhados por Charmeleon, subiam uma grande colina daquela zona. Ali
existiam várias árvores e arbustos de grande porte. Era uma zona que servia de
habitat a várias espécies Pokémon.
O
jovem caminhava de um lado para o outro, como se estivesse à procura de algo.
Alguns metros atrás, Sonia observava a bela paisagem do topo da colina.
Conseguia identificar alguns locais da Wild Area por onde já tinha passado com
os seus companheiros de jornada. No entanto, aquele sítio era inteiramente
novo. E a ruiva não fazia ideia do que o amigo lhe queria mostrar.
-
Então… é aqui? – perguntou num tom confuso.
-
Eu acho que sim… pelo menos, era. – respondeu.
-
Mas, do que estás a falar, afinal?
-
Sonia, eu acho que se te contar apenas, tu não vais acreditar em mim. Mas era
uma coisa mesmo… magnífica. – os olhos dourados voltaram a brilhar.
-
Conta-me! – pediu.
Leon
deu uma rápida vista de olhos à sua volta, certificando-se que não havia ali
mais ninguém. Não podia correr o risco de mais gente o ouvir dizer aquelas
coisas. Sonia era das poucas pessoas em quem ele confiava realmente.
-
Uma vez, no início da nossa viagem, eu e o Charmander viemos treinar para a
Wild Area. – começou. – E conhecemos um menino.
-
O que é que isso tem de extraordinário?
-
Tu não percebes… o menino vivia com Pokémon. A família dele era um grupo de
Pokémon selvagens. – ele fez uma pequena pausa. – E o mais chocante é que ele
conseguia falar com os Pokémon.
-
O quê?! – exclamou. – Leon, isso não é possível!
-
É pois! Eu vi com os meus próprios olhos. Estive reunido com a sua família
aqui, nesta colina, onde eles tinham a sua casa numa árvore. – descreveu.
-
Mas, como? Uma criança a viver com Pokémon? Na Wild Area? Isso não é possível!
-
É sim. Acredita em mim.
-
Porque é que me estás a dizer isto agora? Podias ter contado logo depois de
presenciares isso tudo.
-
Eu não iria andar por aí a contar que conheci um miúdo na Wild Area que vive e
fala com Pokémon. – explicou. – E, para além disso, ele próprio pediu-me para
eu não contar…
-
Então ele não queria que soubessem. – apontou a ruiva, pensativa. – Bom, eu
estou curiosa agora. Onde fica essa tal casa?
-
Eu pensava que era aqui… - Leon olhou em volta. – Espera. O que é aquilo?
Alguns
metros à frente, uma pilha de destroços amontoados destoava da paisagem
verdejante do resto do local. Leon precipitou-se até ao local, sendo acompanhado
por Sonia. Charmeleon seguiu os humanos, sempre com um ar meio desconfiado no
rosto.
-
O que é isto?
Pedaços
de madeira de variados tamanhos sobrepunham-se de forma aleatória no meio
daquele local. Outros materiais, como folhas, flores, vidros, ou até mesmo
tecidos, podiam ser observados no meio daquela confusão. No entanto, nenhum dos
dois jovens esperava encontrar o que viu a seguir.
-
N-não… - gaguejou Leon, com os seus olhos arregalados.
Sonia
voltou o seu olhar na direção para onde o rapaz apontava. Foi então que deu de
caras com um pequeno corpo no meio de todos os destroços. Parecia um pequeno rapaz.
As suas roupas estavam sujas e ensanguentadas. A sua pele estava roxa. Os olhos,
no entanto, permaneciam abertos, penetrando o céu sem vida.
-
L-Leon… aquele é…
-
O Wild. – vociferou. – Ele está… morto.
• • •
O
grupo regressou ao Pokémon Center de Motostoke, novamente com a ajuda da boleia
de Charizard. Naquele momento, encontravam-se no quarto alugado pelo trio de
desafiantes. Victor, Gloria e Hop estavam sentados na cama. Leon, permanecia de
pé, relatando o sucedido enquanto caminhava de forma agitada pela divisão.
Sonia, por sua vez, sentava-se no pequeno sofá ao canto do quarto.
-
O quê?! – Hop parecia atordoado.
-
Vocês encontraram o corpo daquele miúdo que apareceu nas notícias… - murmurou
Victor.
-
Mas, ele falava mesmo com Pokémon?! – Gloria estava incrédula com toda a
história.
-
Bom, nós já sabemos que ele morreu, então vocês não o conseguiram ajudar. Mas
chamaram as autoridades, certo? – questionou o gémeo, com o cérebro a funcionar
à velocidade da luz.
Sonia
não respondeu. Permanecia apática e em silêncio, enquanto o seu olhar fitava o
chão da divisão.
-
Não exatamente… - murmurou o Campeão de Galar.
-
Leon, tu encontraste uma criança morta! – exclamou o mais novo. – O que é que
fizeram depois?
• • •
Os
dois jovens companheiros ficaram petrificados, de frente para aquele cenário de
destruição. As mãos de Leon tremiam. O rapaz sentia o nervosismo e a ansiedade tomarem
conta do seu corpo como nunca acontecera antes. Nem mesmo quando estava prestes
a desafiar um Líder de Ginásio. Ver um rosto conhecido sem vida, daquela
maneira tão desumana, era terrível para ele. Sonia, ao seu lado, deixava que os
seus olhos se enchessem de água que rolava pelas bochechas em forma de lágrimas.
Apesar de não ter qualquer tipo de relação com aquela criança, não conseguia
deixar de imaginar que uma vida fora totalmente desperdiçada.
-
O que achas que aconteceu? Um acidente? Uma disputa?
-
Não sei. – o rapaz respondeu vagamente. O seu olhar parecia perdido.
-
Nós temos que chamar alguém. – murmurou a rapariga, tentando controlar o choro.
– Precisamos de ajuda. – Leon permanecia em silêncio. O seu olhar parecia
perdido no corpo sem vida de Wild. – Talvez a minha avó nos possa ajudar, ou
até mesmo o Rose.
-
Não. – foi a única coisa que o rapaz de cabelos azuis conseguiu dizer, sem
afastar o olhar.
-
O quê?
-
Não vamos chamar ninguém. Não podemos.
-
Não podemos?! – a ruiva repetiu, agora num tom de voz mais histérico do que o
habitual, fazendo o rapaz virar o olhar para ela. – Nós devemos! Não o podemos
deixar aqui sozinho.
-
Que diferença faz? Olha para ele. Já está morto.
Aquelas
palavras tão diretas e frias quebraram o coração de Sonia. Ela não queria
acreditar que o seu melhor amigo, o seu companheiro de viagem, acabara de dizer
uma crueldade daquelas.
-
O que é que tu queres dizer com isso?! – balbuciou, com os olhos novamente em
água.
-
Vamos embora. Vamos fazer de conta que não vimos nada, que nem sequer estivemos
aqui.
-
Não, não podemos… ele é uma criança! – gritou.
-
Era. – corrigiu. – Nós ainda somos alguém. Temos um futuro pela frente. Ele
não.
-
Não, Leon, eu não acredito no que tu estás a dizer, por favor… pensa bem. Não o
podemos abandonar aqui.
-
Eu não estou disposto a prejudicar a minha jornada e a minha carreira enquanto
Treinador Pokémon por causa de um miúdo que nem sequer tinha uma família
verdadeira! – explodiu, deixando a rapariga ainda mais chocada. – Não posso.
Pensa no que seria se isto se tornasse publico, Sonia. A tua avó iria sofrer.
Os meus pais, o meu irmão. O próprio Rose que nos está a patrocinar… todo o
esforço até agora iria cair por terra
-
É só sobre isso que tu te importas?! A fama e os patrocínios?! – ela levantou
os braços no ar, completamente irritada com aquilo que estava a ouvir.
-
É o meu futuro. – afirmou, com um olhar decidido. – E o teu também, se
quiseres.
Fez-se
uma longa pausa de silêncio. Charmeleon, que ainda se encontrava no local,
observava a discussão dos dois amigos com muita atenção. Ao fundo, a brisa do
vento fazia com que os arbustos verdejantes se remexessem e os ramos das
árvores se abanassem.
-
Não. – vociferou Sonia. – Recusou-me a fazer seja o que for contigo se é essa a
tua decisão. – concluiu, num tom sério.
-
Mas…
-
Leon, não! – exclamou, numa voz decidida. – Recuso-me a acreditar que, para ser
bem-sucedida, tenho de passar por cima seja de quem for! Não preciso de ser
cúmplice da morte de uma criança inocente para ser feliz.
-
Sonia, pensa na polémica que isto vai ser… “Dois jovens encontram uma criança
morta na Wild Area”. Essa será a manchete de todos os noticiários. Vai ser de
loucos! – exclamou.
-
Se o Gym Challenge e toda a infraestrutura da Pokémon League de Galar está
assente nessas condições fúteis e sem significado, então eu não quero fazer parte
disso.
-
Não podes estar a falar a sério. – ripostou o outro.
-
Posso sim. Eu nem sequer consegui vencer um único Gym Challenge até agora. Não
é como se perdesse grande coisa.
-
Eu é que te perco a ti.
Sonia
não respondeu. Leon baixou a cabeça, escondendo o seu rosto vermelho, e deu
alguns passos na direção da rapariga, aproximando-se dela.
-
Não. – disse, afastando-se. – Nem penses nisso.
-
Sonia, vá lá! Tu sabes que eu gosto de ti!
O
olhar da jovem concentrou-se nos olhos dourados do rapaz. Não conseguia
acreditar que ele decidira dizer aquilo naquele exato momento. Com uma criança
morta mesmo ao seu lado.
-
Eu não quero ter nada a ver contigo, Leon. As tuas prioridades são diferentes
das minhas. Não. Chega.
O
rapaz engoliu em seco. O seu rosto ficou ainda mais vermelho. Sentia as suas
veias fervelharem, ao mesmo tempo que a vergonha e o arrependimento começavam a
ganhar espaço no seu pensamento consciente. Voltou o seu olhar para o corpo sem
vida de Wild, um amigo que ele esperava encontrar, mas os planos saíram-lhe ao
contrário. Depois, fitou o rosto de Sonia. Os seus olhos estavam molhados e as
lágrimas continuavam a rolar pelas bochechas. No entanto, ela continuava em
silêncio e com um ar hesitante. Como se ainda estivesse à espera de que o seu
amigo voltasse atrás e se arrependesse de tudo o que dissera anteriormente. No
fundo, Leon também desejava que pudesse voltar atrás no tempo e esquecer a
ideia ridícula de apresentar Sonia a Wild e à sua família. No entanto, era
tarde de mais para mudar fosse o que fosse.
-
Certo. – murmurou, por fim, recompondo a mochila nas suas costas. – Vamos
embora. – disse, voltando-se para Charmeleon. – Estamos por nossa conta.
E
virou costas a Sonia, que abriu a boca em estado de choque. O Fire-Type
fitou o rosto da rapariga por alguns segundos. Parecia triste por abandonar a
amiga. Mas ele era totalmente leal ao seu Treinador Pokémon. Sonia assentiu,
sentindo o seu coração aquecer com a pequena demonstração de afeto de
Charmeleon. A seguir, a criatura virou costas e correu para alcançar a figura
do rapaz de cabelos azuis que, num instante, desapareceu pelos caminhos
infinitos da Wild Area.
Sonia,
finalmente sozinha, deixou-se cair no chão de terra. Ignorou os seus joelhos
sujos e deixou que as lágrimas rolassem. Sentia a tristeza dentro de si. A
desilusão, a solidão e a incompreensão também começavam a ganhar forma,
tornando o seu coração cada vez mais apertado. Os seus olhos voltaram a
focar-se no corpo de Wild. Por mais negatividade que sentisse, pelo menos,
ainda podia fazer alguma coisa para ajudar aquele pobre ser humano.
• • •
Victor,
Gloria e Hop estavam de queixo caído. Não conseguiam acreditar nas palavras que
os mais velhos acabavam de relatar. Parecia tudo tão surreal. Os dois gémeos
entreolhavam-se em silêncio, temendo o impacto que aquelas informações teriam
nas suas vidas. Ao seu lado, o moreno permanecia de cara trancada, encarando o
seu irmão mais velho com um olhar distante.
-
Como conseguiste fazer isso? – perguntou finalmente, numa voz rouca.
-
Hop, eu não sabia o que fazer… eu entrei em pânico! – choramingou o mais velho.
-
Em pânico estava o Wild! – exclamou. – Sozinho e abandonado. Sem proteção, sem
família. E um amigo que lhe virou as costas quando ele mais precisava!
-
Eu arrependo-me todos os dias do que fiz! Eu sei que foi errado! – suplicou. –
Eu não deveria ter deixado a Sonia sozinha, não devia.
Hop
baixou o olhar para o chão. As palavras que saiam da boca do seu irmão
começavam a soar cada vez mais ridículas e sem fundamento. O sentimento de desilusão
começava a tomar conta do seu corpo.
-
Estás bem, amigo? – Victor sussurrou ao seu ouvido, mas o moreno não respondeu.
-
Espera… - murmurou Gloria. – Se foste um cobarde e deixaste a Sonia sozinha,
então o que aconteceu depois? – perguntou, fazendo com que todos os olhares dos
presentes se voltassem para a ruiva.
• • •
Depois
de se recompor e organizar, minimamente, a sua mente, Sonia levantou-se do
chão, limpando os joelhos sujos de terra. Deixou escapar um longo suspirou, à
medida que ganhava coragem para fazer o que era necessário. Levou a mão à sua
carteira e lançou uma Poké Ball ao ar.
O
brilho da cápsula revelou um Pokémon quadrupede de pele esverdeada com várias
manchas escuras. Nas suas costas, um bulbo verde marcava presença, germinando
uma planta no seu interior. Os olhos vermelhos da criatura observavam a jovem
ruiva atentamente, ao mesmo tempo que o Pokémon soltava grunhidos da sua grande
boca.
-
Bulbasaur, preciso da tua ajuda… - murmurou, baixando-se para cumprimentar o
companheiro. – Eu sei que não participamos em muitas batalhas, mas, por favor…
Sonia
retirou o Pokédex do interior da sua mala. Como, habitualmente, não necessitava
da ajuda do seu Pokémon Inicial, ainda desconhecia grande parte dos seus
atributos.
-
Bulbasaur, o Pokémon Inicial Grass-Type e Poison-Type da região
de Kanto. – informou o robô. – A semente nas suas costas acompanha o seu
crescimento. O Pokémon utiliza os nutrientes desta semente para gerar energia.
-
Muito bem… - murmurou, analisando as várias informações que iam surgindo na
tela. – Será que podes usar Vine Whip para afastar estes destroços, por
favor?
O
Pokémon assentiu. Duas lianas surgiram das suas costas e, em simultâneo,
pegaram em vários destroços caídos no local, afastando-os para os lados. Quando
o caminho até ao corpo de Wild ficou livre, a jovem treinadora ordenou que o
Pokémon parasse para descansar.
Depois
de ganhar coragem, caminhou calmamente pelo trilho, agora mais livre, e aproximou-se
do corpo sem vida do rapaz. Agora de mais perto, conseguia distinguir o seu tom
de pele moreno por de trás da cor roxa e sem vida que o consumia. O seu cabelo
louro estava despenteado, enquanto os olhos esverdeados insistiam em encarar o
céu.
A
ruiva baixou-se e passou a mão pelo rosto do menino, cerrando as pálpebras da
criança. Talvez, daquela maneira, pudesse descansar mais tranquilamente. Mais a
baixo, no seu peito, uma garra de dragão penetrava o seu corpo. Aquela fora,
sem qualquer dúvida, a causa da sua morte e talvez até de toda aquela
destruição à sua volta.
Sonia
olhou em seu redor, certificando-se que permanecia sozinha. Depois, levou a sua
mão até à enorme presa de dragão e retirou uma parte daquele objeto afiado. Uma
espécie de amostra, que esperava poder tornar-se útil no futuro.
O
olhar da rapariga desceu mais alguns centímetros, parando junto dos calções
pretos que o menino vestia. Num dos seus bolsos, espreitavam vários pergaminhos
de papel. A jovem pegou nas várias cartas escritas e então reparou que a maior
parte delas estavam ensopadas em água, o que dificultava, claramente, a sua
leitura. No entanto, ela sabia que poderia usar os materiais do laboratório da
sua avó para tentar desvendar aquele mistério.
Depois
de confirmar que não havia mais nenhuma pista no local, a jovem afastou-se do
cadáver. Aproximou-se da figura de Balbusaur, que a observava atentamente, e voltou
a retirar o seu Rotom Phone do interior da mala. Limpou as suas bochechas
molhadas e recompôs-se antes de estabelecer a ligação.
-
Sonia! Querida, como estás? – a voz doce de Magnolia fez-se ouvir do outro
lado, ao mesmo tempo que o sorriso da avó se formava na tela do aparelho
eletrónico.
A
ruiva, no entanto, não conseguiu esconder o medo e a tristeza que sentia. As
lágrimas voltaram a rolar pelo seu rosto e as palavras saíram no meio de um
choro descontrolado.
-
Avó… por favor… - soluçou. – Preciso da tua ajuda.
• • •
-
Eu contei-lhe apenas que tinha encontrado o corpo do Wild, por mero acaso. Não referi
que estiveste presente. – explicou. – A equipa policial e médica de Motostoke
apareceu de imediato. A minha avó também chegou, entretanto. Fizeram-me várias
questões, é claro. Mas não passou disso. O caso nunca foi resolvido.
-
Mas, como é que nunca foste associada ao caso através dos media? – perguntou
Victor.
-
A minha avó pediu para que mantivessem essa informação em sigilo. – explicou.
-
Então, ainda não se sabe realmente o que aconteceu ao Wild, é isso? –
questionou a gémea.
-
Infelizmente, sim. Nem sequer se sabe e identidade dos seus pais biológicos.
Talvez isso fosse uma ajuda.
-
E essa garra de dragão que falaste. Alguma pista sobre o Pokémon a quem possa
pertencer esse objeto? – o rapaz voltou a perguntar.
-
Não. É muito complicado este tipo de investigação. Principalmente, quando é
tudo feito de forma tão secreta. Pelo menos, sabemos que pertence a um Dragon-Type.
-
Então e os manuscritos que encontraste? Conseguiste identificar alguma coisa?
-
Sim. – suspirou. – Era uma carta de despedida e de agradecimento do Wild para
toda a sua família Pokémon. Ele e o seu melhor amigo, um Bunnelby chamado
Peter, iam sair numa jornada juntos. – a ruiva sorriu, com os olhos molhados. –
Conseguem imaginar no potencial que um rapaz como ele teria? Uma pessoa capaz
de comunicar com Pokémon… seria um verdadeiro fenómeno.
-
Fico contente que ele tenha considerado a minha sugestão. – murmurou Leon,
fazendo com que todos os outros se calassem.
-
Talvez ele merecesse mais o título de Campeão de Galar do que tu. – cuspiu Hop,
num tom áspero.
-
Talvez tenhas razão. – assentiu. – Mas já não havia nada que nós pudéssemos
fazer.
-
Havia imensa coisa que tu deverias ter feito, Leon. – o moreno levantou-se da
cama, ficando frente a frente ao irmão. O seu rosto parecia cada vez mais
vermelho, à medida que a fúria tomava conta do seu corpo. – Primeiro, deverias
ser mais humilde. Sabes o que aconteceu quando eu e os pais ouvimos esta
notícia, em Postwick? Nós pensávamos que fosses tu! – exclamou. – Sabíamos o
quanto tu adoravas treinar pela Wild Area. Tentámos contactar-te, mas não
atendias. Uma, duas, três, dez, mil vezes! Estava a bater tudo certo. Mas
depois, lá tiveste a decência de nos contactar.
-
Desculpa, eu…
-
Não! – cortou. – Tu nunca vais sentir o medo que eu senti, enquanto esperava
que tu desses algum sinal de vida. E, no entanto, tu tinhas encontrado e
abandonado a pobre criança. O teu amigo Wild. Tu não és verdadeiro amigo de ninguém!
– gritou. – Destruíste a tua amizade com o Raihan por brigas competitivas.
Perdeste a Sonia para conseguires dar voz ao teu ego. E agora perdeste-me a
mim.
Hop
deu meia-volta e caminhou na direção dos seus pertences, colocando a mochila às
costas.
-
Não, Hop, vá lá. – a voz de Leon estava cada vez mais fraca. – Tu és o meu
irmãozinho.
-
E tu eras o meu herói! – gritou. – A pessoa que mais me inspirava. O irmão que
eu sempre idolatrei e admirei. Sabes que cheguei a pensar em desistir do Gym
Challenge quando perdi contra o Milo? Senti-me fraco, impotente, uma nódoa
negra. Como se pudesse ser uma vergonha para ti eu ser teu irmão. Olha quem é a
vergonha da família agora! Oh… se os pais soubessem disto… - murmurou.
Os
olhos de Hop pareciam arder, à medida que os de Leon perdiam o brilho. Os
gémeos observavam tudo com atenção e Sonia permanecia em silêncio, sentido uma
espécie de remorso por toda aquela situação.
-
Vais-lhes contar? – o mais velho perguntou.
-
Não. Fá-lo tu, se tiveres coragem sequer. Aparentemente, não te podes associar
a problemas ou escândalos para não manchar a tua imagem perfeita, não é? Bom,
não precisas de te preocupar mais. A partir de agora, será cada um por si. –
afirmou num tom convicto. – Não sou mais teu irmão. – e abriu a porta do
quarto, saindo da divisão sem dizer mais nada.
-
Espera!
-
Hop! Onde vais?!
Victor
e Gloria levantaram-se num salto, correndo atrás do rapaz pelo estabelecimento
hospitalar. Hop, no entanto, ignorava as exclamações dos amigos, correndo pelos
corredores à medida que as lágrimas rolavam pelas suas bochechas. Tudo o que
ele conseguia sentir era tristeza e desilusão.
• • •
Leon
e Sonia, por sua vez, não se mexeram. Ambos permaneciam nos mesmos lugares no
interior do quarto. Os olhos do Campeão de Galar observavam a figura da jovem
ruiva, que se levantava do sofá, preparando-se para abandonar também o local.
-
Isto é tudo culpa tua. – murmurou numa voz grave.
-
Leon. – Sonia aproximou-se do rapaz, fitando-o com um rosto sério. – Devias
aprender, de uma vez por todas, com os erros do passado. Se não aceitares o que
fizeste, não podes conhecer quem realmente és no presente.
O
jovem não foi capaz de dizer mais nada. A ruiva observou por momentos aquele
rosto abatido. Os seus destinos poderiam ter sido muito diferente, no entanto,
as escolhas de cada um não se intercetavam.
A
investigadora saiu do quarto, finalmente, deixando o Campeão de Galar, mais uma
vez, sozinho. O rapaz deixou o seu corpo cair junto à parede, sentando-se no
chão. Levantou os seus joelhos e escondeu o rosto inchado no meio das pernas,
deixando a frustração e a tristeza abandonarem o seu corpo em forma de
lágrimas.
• • •
Victor
e Gloria seguravam a figura de Hop no meio da rua cercada pela noite. A saída
da cidade de Motostoke ficava mesmo à sua frente e, do outro lado, a Wild Area
era atormentada pela escuridão. Os dois gémeos suplicavam para que o terceiro
elemento do grupo mantivesse a calma e não fizesse nada que se pudesse
arrepender mais tarde.
-
Eu só quero ficar sozinho. – repetiu Hop. – Por favor!
-
Mas para onde vais a meio da noite? – questionava Victor.
-
Sozinho, ainda por cima! Queres ser atacado pela Team Yell, é isso? – exclamava
Gloria.
-
Eu percebo que estejam preocupados, mas eu preciso mesmo de ficar a sós comigo
mesmo. – suplicou. – Não serei uma boa companhia para vocês. E não vos quero
arruinar o resto da jornada.
-
Mas o que estás para aí a dizer?!
-
Juntos somos mais fortes, lembras-te?
Hop
baixou a cabeça, escondendo-a no meio da escuridão. Os seus olhos voltaram a
encher-se de lágrimas.
-
Eu preciso de perceber quem sou sem o Leon. E não consigo fazer isso com vocês
por perto. Eu sei que se preocupam comigo. Mas eu não preciso das vossas
lamentações agora.
-
Tens a certeza, Hop? – Victor suspirou.
-
Sim, tenho.
-
Mas, então, quando é que nos vamos voltar a encontrar? – a pergunta de Gloria
fez os corações dos três jovens estremecerem.
-
Em breve, espero eu.
O
moreno abriu os braços e envolveu os dois gémeos num abraço caloroso. A
incerteza dos tempos futuros podia ser muita, no entanto, cada um deles sabia
que, acontecesse o que acontecesse, estariam lá sempre para se apoiarem. Até
mesmo em momentos onde os seus caminhos se separavam.
-
Tem cuidado, amigo. – pediu Victor.
-
Não faças nada estúpido. – brincou a gémea.
-
Isso vai ser bastante difícil. – riu Hop.
O
jovem moreno virou costas aos dois amigos. À sua frente, a escadaria que dava
acesso à Wild Area iluminava-se no meio da escuridão. Um pequeno arrepio
percorreu o corpo do rapaz. Fechou os olhos e inspirou fundo. Ainda conseguia
sentir a tristeza dentro da sua mente. No entanto, a vontade de partir à
descoberta, não só do mundo exterior, como do seu próprio universo interior,
era muito maior do que qualquer outro sentimento.
Mais
atrás, Victor e Gloria observavam o amigo a desaparecer pela noite. Os cabelos
ruivos de Sonia, no entanto, aproximavam-se a passos largos da dupla.
-
Onde está o Hop? – perguntou.
-
Ele precisa de estar sozinho por uns tempos. – respondeu a gémea.
-
Decidimos que seria o melhor para ele, depois de tudo o que aconteceu hoje. –
explicou o rapaz. – Em breve, voltaremos a estar juntos.
-
Vocês não imaginam o perigo que é percorrer a Wild Area durante a noite! –
exclamou a mais velha, preocupada. – Ele não pode ficar sozinho.
-
Sonia, tem calma. A culpa não é tua. – murmurou Gloria, tentando tranquilizar a
amiga.
-
Pode não ser inteiramente, mas, em parte, sinto-me responsabilizada por todo
este drama. – confessou. – Eu vou atrás dele. Garanto-vos que, da próxima vez
que o encontrarem, ele ainda estará inteiro!
E
sem dar mais oportunidade para que nenhum dos gémeos respondesse, a ruiva tomou
o mesmo caminho que o moreno, desaparecendo pela noite da Wild Area.
Visivelmente
abalados com o desenrolar de toda a situação, os dois irmãos decidiram
regressar para o Pokémon Center. A partir de agora, seriam o único companheiro
um do outro. Caminharam em silêncio. Depois de tanta discussão, não havia
grande coisa para dizer. E, pela primeira vez, era agradável estar em sossego.
-
Ele foi-se embora?
Leon
atravessava as portas automáticas do Pokémon Center, abandonando o estabelecimento
na altura em que os dois jovens se aproximavam.
-
Sim, foi. – Victor respondeu de forma curta. Por mais que não quisesse admitir,
depois de ouvir os relatos do passado, a sua perspetiva sobre o Campeão de
Galar tinha mudado drasticamente.
-
Eu não sei o que fazer mais. Por favor, ajudem-me. – pediu, deitando as mãos à
cabeça, despenteando o seu cabelo.
-
Nós não te podemos ajudar. – Gloria respondeu prontamente. – Tu destruíste o
teu próprio futuro para alcançar um simples título. Mas, acabaste por perder
tudo pelo caminho. Espero que saibas o quão ridículo és. Perdeste toda a
credibilidade para nós.
A
gémea não esperou que o mais velho respondesse. Voltou a caminhar, desta vez na
direção da porta de entrada do Pokémon Center. Victor também não voltou a abrir
a boca, precipitando-se para acompanhar a irmã que caminhava de forma
destemida.
-
Por favor, não contem a ninguém. Peço-vos. É um segredo. – o medo era palpável
na voz de Leon.
Os
dois irmãos não responderam. As portas do edifício fecharam-se atrás deles e
Leon voltou a ficar sozinho. Começava a fartar-se daquele sentimento de solidão
e perda constante. Levantou a cabeça, observando o céu negro.
Com
toda a poluição atmosférica provocada pela indústria de Motostoke, os fumos das
fábricas impediam que se vissem as estrelas no céu. Era apenas uma noite
escura, sem qualquer luminosidade, sem vida.
E assim, depois de um jantar de Linguiça de Pignite e Magikarp assado, concluímos a primeira temporada de Aventuras em Galar! E Que grande marco que este Capitulo foi! Fechado com chave de ouro!
ReplyDeleteFinalmente descobrimos um pouco do passado entre Sonia e Leon, e por instantes eu julguei que ambos tinham concordado em esconder um corpo kkk.
Apesar de o contexto não ter sido o melhor, voltar a rever o Wild trouxe otimas memórias do especial da fanfic, não acredito que ganhei tanta nostalgia a Galar nestes últimos quatro anos.
Senti um pouco de pena do Hop, espero que ele não faça sozinho nenhuma asneira!
Agora que venha a próxima temporada! E que mais mistérios se resolvam!
Finalmente, chegou o final da Temporada 1! Este foi um grande marco para mim e fico contente que também tenha esse impacto nos leitores.
DeleteNovas informações são reveladas e segredos são desvendados. Wild está de volta, em circunstâncias muito diferentes daquelas em que o conhecemos durante o especial. As ações de cada um têm consequências para todos os elementos à sua volta e agora vamos descobrir o impacto na própria história. Qual será o futuro destas personagens?
Fico muito feliz em saber que sentes nostalgia ao ler Aventuras em Galar, Shii! De facto, também me sinto dessa forma quando viajo pelas localidades desta região magnífica. Ainda há muita história por contar! Bom saber que não estou sozinho!