Posted by : Angie Mar 21, 2020


            O sol já ia alto no céu de Galar, anunciado a chegada do meio-dia. Na aldeia de Postwick, a pequena população que ali vivia já se encontrava de pé há algumas horas, afinal, os rebanhos de Wooloo, característicos daquela civilização, pastavam bem cedo, aproveitando os grandes terrenos e o ar fresco matinal.


            No lado este da aldeia, a casa da família Bennett concluía os últimos preparativos para a chegada de um convidado muito especial. O senhor e a senhora Bennett, proprietários de várias terras e de um enorme rebanho de Wooloo, preparavam-se para receber o seu filho mais velho, Leon que, por sinal, era o Campeão de Galar. O filho mais novo do casal, Hop, era o membro mais ansioso pela chegada do seu irmão.

            Hop encontrava-se a arrumar o quarto que partilhava com Leon. Nos últimos cinco anos, quando o mais velho partira na sua jornada, o rapaz não se preocupara com a desarrumação pois o outro não estava presente, no entanto, o Campeão da região estava de volta a casa, para uma rápida e inesquecível visita.

            - Está na hora! – exclamou a mãe do rapaz, de outra divisão da casa.

            Hop levantou-se e olhou à sua volta, certificando-se que estava tudo no seu devido lugar. Tinha de estar tudo perfeito para receber Leon. O rapaz queria impressionar o seu irmão mais velho, que ele tanto admirava. Afinal, ele era o seu verdadeiro herói.

            O jovem pegou na mochila verde, pousada sobre a cama, e colocou-a ao ombro, caminhando até ao espelho da divisão, observando o seu reflexo com atenção. O cabelo azul encontrava-se devidamente penteado e o seu rosto moreno parecia brilhar, iluminado pelos olhos dourados, que piscavam de vez em quando. A sua roupa era bastante simples, tal como ele, que não gostava de dar nas vistas. As calças e camisola que vestia eram pretas, assim como as sapatilhas desportivas que calçava. O que se destacava mais era o seu casaco de lã azul, criado a partir da matéria-prima fornecida pelos Wooloo da família.


            - Bora lá. – murmurou, dirigindo-se para a saída do quarto e fechando a porta atrás de si.

• • •

            Do outro lado de Postwick, a família Walter parecia agitada. Gloria encontrava-se no seu quarto, admirando a sua figura no espelho. A rapariga vestia um vestido rosa e aquecia-se com um casaco de malha cinzento, com desenhos de losangos e botões castanhos. Nos seus pés, calçava umas meias xadrez e umas botas castanhas. O topo da cabeça era protegido por uma boina verde escura, que prendia o seu cabelo, curto e castanho.


            Os seus grandes olhos escuros fitavam o rosto jovem e pálido da rapariga, que esboçava um pequeno sorriso. Aquele dia chegara finalmente e ela não podia estar mais feliz. Depois de ajeitar a mochila castanha que carregava nas costas, a rapariga saiu do quarto, deixando a divisão completamente desarrumada, depois de demorar horas a preparar-se.

            Noutra divisão da casa, Victor voltava a verificar a organização alfabética da sua coleção de livros. O quarto do rapaz parecia uma biblioteca em miniatura, afinal, o seu passatempo preferido era ler. O jovem vestia uma camisola vermelha com botões castanhos e umas calças azuis escuras, com bolsos ao xadrez. Uns sapatos castanhos protegiam os seus pés, enquanto a sua cabeça era aquecida por um gorro cinzento estampado. O rapaz pegou na sua mala de viagem, colocando-a às costas, e coçou a cabeça, pensando se havia algum livro que ele se esquecera de arrumar na mochila.


            - Olá, crominho. – a porta do quarto abriu-se e Gloria apareceu, lançando uma pequena gargalhada ao observar o rosto pensativo do seu irmão mais novo. – A mãe está à nossa espera lá em baixo.

            Victor assentiu simplesmente com a cabeça, sem responder verbalmente à irmã. O rapaz não gostava que os seus pensamentos fossem interrompidos, ou que a sua privacidade fosse violada, duas coisas que aconteciam naquele exato momento. Gloria, por outro lado, adorava provocar o rapaz nos seus tempos livres, que, na realidade, era a maior parte do tempo. Os dois gémeos tinham personalidades bastantes distintas uma da outra, no entanto, acabavam sempre por arranjar uma solução equilibrada para o funcionamento de uma boa relação.

            Os dois saíram do quarto e desceram as escadas da casa, encontrando a sua mãe, de pé, na sala. A senhora Walter usava uma camisa branca debaixo de um macacão de ganga. Os seus cabelos morenos e compridos estavam apanhados num rabo de cavalo, revelando os traços do seu rosto. Nos seus olhos castanhos, usava uns óculos que melhoravam a sua visão. A mulher aguardava os gémeos com um sorriso no rosto.

            - Finalmente! – disse. – Tenho um presente para vocês antes de irmos.

            Os dois irmãos entreolharam-se e voltaram os seus olhares curiosos para a mulher à sua frente, que entregou uma pequena caixa a cada um deles. Depois de a abrirem facilmente, Victor e Gloria encontraram um aparelho eletrónico de última geração. Era um Rotom Phone, com um ecrã tátil e uma traseira do formato do Pokémon.


            Os jovens soltaram uma exclamação de surpresa.

            - Adoro! – disse Gloria.

            - Com os vossos Rotom Phones, podem manter-se em contacto com o mundo, estejam onde estiverem. Tirar fotografias, enviar mensagens, fazer chamadas, ou até consultarem o vosso Pokédex! – explicou, sorrindo. – Quero que estejam sempre seguros, portanto usem-nos bem.

            - Isto é um belo presente, mãe. – murmurou Victor, agradecendo de forma de sincera.

            - Ainda bem que gostaram da surpresa. – sorriu. – Agora está na altura de ir! Já estamos atrasados!

            Os dois irmãos assentiram e, depois de arrumarem os eletrónicos nas respetivas malas, dirigiram-se para a saída do edifício, acompanhados pela sua mãe.

            Já no exterior, a família atravessou o jardim da casa, cuidadosamente plantado e tratado pela senhora Walter, que todos os dias regava as suas plantas.

            Do topo da colina onde moravam, era possível avistar toda a aldeia de Postwick e os campos infinitos que a rodeavam. No centro da civilização, um grupo de pessoas começava a reunir-se para o encontro previamente marcado. Já atrasados, os Walter decidiram apressar-se, descendo rapidamente a colina que fazia o cruzamento entre o caminho para sua casa e a entrada para Slumbering Weald, uma mítica floresta que ninguém se atrevia a explorar graças à construção de vários mitos lendários em seu redor. Depois de atravessarem a ponte de pedra, por onde passava o rio que fornecia água à população de Postwick, a família aproximou-se do grupo de habitantes que se reunia no centro da aldeia.

            O local era composto por um jardim com algumas árvores e um pequeno lago, onde, normalmente, a população se reunia para encontros informais. Também ali existiam uma grande mesa de madeira e um fogão elétrico, que as pessoas podiam usar livremente para fazerem refeições comunitárias. No centro do local, um pequeno campo de batalha permanecia inutilizado.

            - Victor, Gloria!

            Hop apareceu do meio da população, cumprimentando os dois gémeos e a senhora Walter, que o receberam com um sorriso simpático. O rapaz, no entanto, parecia impaciente, já farto de esperar.

            - Chegámos a tempo? – perguntou Gloria agitada, olhando em seu redor. – Onde está o teu irmão?

            - Lá vem ele! – exclamou Victor.

            No alto do céu, Charizard podia ser visto a voar a toda velocidade, carregando nas suas costas o corpo de Leon, o Campeão de Galar. Em rápidos segundos, os dois companheiros aproximavam-se do grupo de habitantes de Postwick, que os aguardavam ansiosamente. O dragão de fogo pousou, finalmente, as suas grandes garras no solo da aldeia e o treinador saltou das suas costas, sendo aplaudido pelos presentes pela sua chegada.

            - Voltei a casa! – exclamou o Campeão.

            - Finalmente!

            Hop correu para abraçar o seu irmão. Os dois rapazes envolveram-se num abraço sentido e demorado, que podia durar para sempre. Por mais tempo que estivessem separados, os dois nunca iriam esquecer a forte ligação que os unia. Naquele momento, o senhor e a senhora Bennett também se aproximaram.

            - Querido… - murmurou a mulher, sendo abraçada pelo seu filho. – Senti tanto a tua falta.

            - E eu tuas, mãe. – respondeu o rapaz.

            - Não se esqueçam de mim! – brincou o homem, juntando-se à família.

            Naquele momento, parecia que o Campeão de Galar, como era retratado pelos meios sociais, deixava de existir. Leon era apenas um jovem treinador com imenso talento, mas que, naquele momento, só queria abraçar a sua família, de quem ele tanto sentia saudade. Depois de ter iniciado a sua jornada, há exatamente cinco anos atrás, aquela era a primeira vez que o rapaz estava de volta à aldeia que o vira crescer.

            - Gloria e Victor, são vocês? – questionou Leon, depois de cumprimentar a sua família. – Cresceram imenso! – brincou.

            Gloria e Victor esboçaram um fraco sorriso, tentando esconder a vergonha e a timidez que sentiam no momento, afinal, mesmo à sua frente encontrava-se o Treinador Pokémon mais forte da região e que os dois igualmente admiravam.

            - E parece que também ficaram sem voz. – riu a mãe dos gémeos.

            - Olá senhora Walter. – cumprimentou Leon educadamente, recebendo um largo sorriso como resposta.

            - Estou só fascinado com o teu Charizard. – murmurou Victor, que observava atentamente o Pokémon.

            - A vossa apresentação foi fantástica! – exclamou Gloria, recordando o evento da noite anterior.

            - Obrigado! – sorriu Leon, revelando os seus dentes perfeitamente alinhados. Na verdade, quase tudo em si era perfeito, até mesmo o cabelo comprido, que brilhava com os raios de sol. – Mas chega de falar de mim. Estou aqui por vocês. – o ambiente no local ficou mais sério. Victor, Gloria e Hop, encontravam-se agora frente a frente com o Campeão. Os três entreolharam-se e assentiram, dando permissão para que o mesmo pudesse continuar. – A Professora Magnolia pediu-me que os vos lesse esta carta. – dizia, enquanto retirava um envelope do bolso. Depois de o abrir, o jovem limpou a garganta, dando início à leitura. – “Caros Victor Walter, Hop Bennett e Gloria Walter. Esta foi a ordem pela qual vocês se classificaram no exame de preparação para a Pokémon League de Galar. Assim, declaro que, os três, se encontram aptos para participarem nos respetivos desafios do Gym Challenge e Champion Cup desta região. Deste modo, esta carta serve como comprovativo de todo o vosso esforço e dedicação durante os cinco anos que estudaram, sob o meu conhecimento. Cada um de vocês tem o direito de escolher um dos Pokémon Iniciais que envio através do Leon. Escolham com sabedoria. Votos de uma boa jornada.” – os três jovens sentiam uma euforia a percorrer o seu corpo. Finalmente, o momento que aguardavam há tanto tempo chegara. E eles não podiam estar mais felizes. – Prontos para conhecerem os vossos futuros companheiros? – perguntou Leon, deitando, mais uma vez, a mão ao bolso. – Aqui estão eles!

            Três Poké Balls foram atiradas ao ar. Um feixe de luz invadiu o local, ao mesmo tempo que os corpos de três Pokémon se começavam a formar sob o solo da aldeia. Todos os presentes deixavam escapar exclamações de surpresa e excitação, enquanto os três treinadores iniciantes observavam, em silêncio e com atenção, as criaturas à sua frente.

            O primeiro Pokémon assemelhava-se a um pequeno macaco de pelo verde, á exceção das extremidades do seu corpo, como as mãos, pés, cauda, orelhas e nariz, que eram coloridos por diferentes tons acastanhados. Já o rosto da criatura era colorido por uma espécie de máscara amarela, que rodeava os seus grandes olhos escuros. No topo da cabeça do macaco, era possível observar-se duas folhas, presas com um pequeno pau de madeira.


            A segunda criatura apresentava características físicas de um coelho branco, com apontamentos em tons de amarelo e laranja nos pés, nas mãos, no pescoço e nas grandes orelhas. As suas pernas fortes e compridas destacavam-se, dando um ar atlético ao Pokémon.


            O último assemelhava-se a um pequeno anfíbio. O seu corpo era colorido por diferentes tons de azul, realçando os grandes olhos da criatura, da mesma cor. A cauda enrolada ocultava o seu verdadeiro comprimento, enquanto a barbatana, no topo da cabeça, se destacava pela sua cor amarela.


            - Que fofos! – exclamou Gloria, visivelmente impressionada com as três criaturas.

            - São todos tão diferentes… - murmurou Victor.

            - Apresento-vos o Grookey, o Inicial Grass-Type, que usa o seu pau de madeira para recuperar flores e folhas murchas. – anunciou Leon, enquanto o pequeno macaco escalava os ramos da árvore do jardim. – A seguir temos o Fire-Type Scorbunny, que aumenta o seu poder flamejante através do desporto que pratica. – naquele momento, o coelho corria às voltas no campo de combate, mostrando os seus verdadeiros dotes atléticos. – O último é Sobble, o Inical Water-Type e o mais tímido dos três, capaz de contagiar todos os que o rodeiam com o seu choro. – dizia, enquanto o pequeno anfíbio mergulhava no lago do local, camuflando o seu corpo na água.

            - Quem vai ser o primeiro a escolher? – questionou Hop já impaciente.

            - Penso que o mais correto é seguir a vossa ordem de classificação. Assim, o Victor escolhe primeiro, depois o Hop e a Gloria é a última. – sugeriu. – Alguém se opõe?

            Nenhum dos três se pronunciou contra a sugestão de Leon. Os três Pokémon Iniciais alinharam-se dentro das linhas do campo de batalha, encarando os jovens e o resto da população da aldeia, que os observavam atentamente.

            Naquele momento, toda a atenção se voltou para Victor, o primeiro a escolher, por mérito próprio. O olhar do rapaz alterava-se de uma criatura para a outra. Um momento de silêncio fez-se no local, enquanto o gémeo Walter mais novo avaliava calmamente cada um dos Pokémon. O comportamento dos três era visivelmente distinguível e, para Victor, isso era uma questão fundamental. Grookey era, sem dúvida, o que se comportava da pior forma, batendo com o seu pau de madeira em todos os objetos à sua volta. Scorbunny era o mais energético, alongando os seus membros, como se preparasse para correr uma maratona. E Sobble era o mais tímido e sossegado, a sua presença passava quase despercebida.

            - Eu escolho o Sobble. – anunciou. O pequeno anfíbio levantou o seu olhar na direção do treinador. O Pokémon observou a cara do rapaz com atenção e os dois esboçaram um pequeno sorriso um ao outro, estabelecendo uma conexão imediata. Victor aproximou-se do Pokémon Inicial e baixou o seu corpo, ficando mais perto do corpo da criatura. – Aceitas-me como teu treinador?

            O Inicial Water-Type acenou afirmativamente com a cabeça e subiu para o colo do rapaz, que voltou para junto do grupo, com um sorriso estampado na cara.

            Agora era a vez de Hop fazer a sua escolha. O rapaz, no entanto, revelava um ar relaxado e descontraído, como se já tivesse a sua decisão tomada. Em silêncio, caminhou até um dos Pokémon presentes no local.

            - Sinto que eu e tu vamos ser grandes amigos. – disse, observando a criatura à sua frente, que o encarava com curiosidade. – Escolho-te como meu Pokémon Inicial, Grookey.

            O pequeno macaco permaneceu no seu lugar, com um ar sério no rosto. Depois de pegar no seu pau de madeira, o Pokémon saltou no ar e bateu na cabeça do seu novo treinador, provocando uma onda de risos no local. Para Hop, no entanto, aquele comportamento parecia um pouco estranho.

            - Eventualmente vão chegar lá. – comentou Leon, em forma de brincadeira.

            Depois de Hop voltar para junto do grupo, acompanhado por Grookey que caminhava pelo chão, restava apenas um Pokémon para ser escolhido.

            Gloria observava atentamente o corpo de Scorbunny, que permanecia em silêncio no centro do local, recebendo a atenção de toda a gente. A rapariga saltitou na sua direção com um sorriso animado no rosto.

            - Tecnicamente não te escolhi, mas quero que saibas que irias ser a minha escolha de qualquer maneira. – sorriu. – Pareces ser muito querido, Scorbunny. Queres ser meu amigo?

            O coelho de fogo respondeu prontamente, saltando de alegria, enquanto desferia pontapés e murros no ar. Gloria deixou-se rir com a boa disposição do seu Pokémon.

            - Eu acho que ele quer combater. – reparou Leon.

            - É verdade, Scorbunny? Queres combater? – perguntou a jovem, recebendo um aceno como resposta. – Sendo assim, o que achas de desafiarmos o meu irmão para um primeiro combate? – disse em voz alta.

            Victor sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo. O rapaz estremeceu e virou-se para Gloria, que o observava atentamente, como se aguardasse uma resposta. Não só ela, mas toda a população de Postwick ali presente esperava poder testemunhar o primeiro confronto entre os gémeos Walter.

            O rapaz, no entanto, não foi capaz de dar uma resposta. Por sua vez, o pequeno Sobble, que até então permanecia sossegado no seu colo, saltou para o campo de batalha, aceitando o desafio de Scorbunny.

            - Acho que isso é um sim. – murmurou Victor. – Espero não me arrepender disto.

            A população da aldeia vibrou com aquele momento. Todos se encaminharam para os bancos do jardim para observarem o combate de estreia dos dois treinadores. Pela primeira vez em muito tempo, Postwick servia de fundo para um confronto Pokémon.

            Os dois gémeos dirigiram-se para direções opostas, ocupando os dois lados do campo de batalha. Por sua vez, Leon e Hop, acompanhados de Charizard e Grookey, permaneciam no centro, servindo como árbitros do confronto.

            Scorbunny e Sobble entreolhavam-se. O inicial de Gloria demonstrava um maior à vontade em campo, enquanto o de Victor permanecia um pouco alerta. Por outro lado, os dois treinadores pareciam concentrar-se nos Rotom Phones, que usavam para descobrir novas informações sobre o seu adversário, através do Pokédex incorporado.

            - Scorbunny, o Pokémon Inicial Fire-Type da região de Galar. – falou o aparelho de Victor, numa voz robótica. – O poder do fogo, no interior do seu corpo, aumenta com o exercício físico que Scorbunny pratica.

            - Sobble, o Pokémon Inicial Water-Type da região de Galar. – disse, do outro lado do campo, o telemóvel de Gloria. – Quando fica assustado, Sobble é capaz de transmitir o seu choro e inseguranças para os seus adversários.

            - Estão todos prontos? – Leon perguntou em voz alta, recebendo acenos afirmativos dos dois lados do campo. – Comecem!

            - Scorbunny, usa Tackle! – ordenou Gloria.

            O coelho saiu disparado na direção de Sobble que, sem nenhuma indicação do seu treinador, acabou por ser atingido pelo Tacle do adversário. A criatura de água rebolou por alguns metros, deixando Victor alarmado.

            - Estás bem, amigo? – perguntou o rapaz, sem saber muito bem o que fazer. Apesar de ser o melhor classificado, a nível teórico, na prática o resultado parecia ser diferente. – Sabes usar alguma técnica para atacares o Scorbunny?

            O anfíbio levantou-se e recompôs-se rapidamente. Seguindo as indicações do seu treinador, Sobble começou a correr na direção do adversário, preparando-se para atingi-lo com Pound, no entanto, o inicial de Gloria conseguiu esquivar-se graças ás ordens rápidas da treinadora.

            - Vocês são muito lentos! – exclamou. – Growl.

            Sem sair do seu lugar, Scorbunny abriu a boca, lançando um alto grito, que se espalhou por todo o local. Victor observou a cena com atenção, tentando relembrar-se dos efeitos daquela técnica. Com certeza tinha-a estudado anteriormente.

            - O status do ataque do Sobble diminuiu. – murmurou. – Inteligente.

            - Pensas demasiado, maninho! – exclamou Gloria, sem perder tempo. – Tackle, mais uma vez!

            A rapariga e o seu Pokémon Fire-Type não esperaram mais. O coelho voltou a atingir o pequeno anfíbio, que desta vez rebolou até aos pés do seu treinador, onde acabou por perder a consciência. Num estágio tão precoce, onde os dois se encontravam, a criatura mais ágil e rápida levaria sempre a melhor, apesar da força e do poder de cada um.

            - Sobble está fora de combate! – anunciou Leon. – Gloria e Scorbunny são os vencedores!

            O público aplaudiu a prestação dos treinadores. Ao mesmo tempo, a dupla vencedora envolveu-se num alegre abraço e Victor pegava no pequeno Sobble, que agora choramingava nos seus braços.

            - Está tudo bem, amigo. – murmurou o rapaz, esboçando um pequeno sorriso e tentando reconfortar o Pokémon. – Com o tempo, iremos melhorar.

            - Fomos incríveis, não fomos? – do outro lado do campo, Gloria e Scorbunny continuavam a celebrar. A rapariga estava surpresa com ela mesma pela atitude demonstrada num clima de combate. – Tenho a certeza que não iria conseguir sem ti, Scorbunny. – sorriu ela, recebendo uma simpática exclamação do Pokémon.

            De cado lado do campo de batalha, o sentimento era diferente. Victor sentia-se desiludido com ele mesmo, afinal foi graças ao seu lento raciocínio que Sobble perdera o seu primeiro combate. Talvez a teoria, que aprendera durante cinco anos, não fosse assim tão fundamental. Do outro lado, Gloria, surpresa com ela mesma, admirava a força e o poder de Scorbunny. A rapariga sabia perfeitamente que não vencera graças ao seu conhecimento. O mérito era todo do Pokémon.

            Os gémeos entreolharam-se. Apesar de, naquele momento, serem rivais um do outro, eles sabiam que, no final, continuavam a ser parceiros de vida. E os dois ainda tinham muito para crescer juntos.

  



{ 10 comments... read them below or Comment }

  1. Yooo Angie <3

    Tudo bem?
    Estamos apenas começando e já recebemos a presença dos iniciais de Galar.

    Mas antes de falar deles, vamos falar em como deve ser ruim ser parente do Leon. Imagina a reunião de família? Sua mãe vira pra você e fala "Seu primo já é campeão de Galar. E tu, o que é?" kkkkkkk

    Piadas a parte, é legal ver esse lado familiar do Leon, tenho certeza que ele será um excelente personagem.

    Hop, Gloria e Victor vão fazer sua jornada juntos? É um bom trio de protagonista
    Agora sei porque a bolsa do Victor é enorme, ele ta levando todos os livros de casa kkkkkkk

    CARAMBA. E ELE ESCOLHEU O SOBBLE! Eu estava apostando no Grookey. Foi uma maravilhosa surpresa, acho que eles combinam.

    Acho a Gloria uma graça, mas o Victor tem um espaço maior no meu coração:3

    Excelente capítulo Angie, estou esperando o 3 ❤

    See ya

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    1. Oi querida Star!

      Realmente não deve ser nada fácil ser da família de Leon! Imagina só o que vai na cabeça de Hop! Oooops... será que falei de mais?

      Victor, Gloria e Hop vão ser o trio protagonista sim! Está pronta para isso? A escolha dos iniciais para cada um deles foi bastante interessante mas fácil, na verdade. Parece que caiu tudo na perfeição, como deveria realmente de ser. Não tive de forçar nada. E isso foi muito bonito, mesmo. Agora vamos observar o desenvolvimento da relação entre todos eles.

      Espero que com o tempo as personagens se possam destacar por si mesmas. Os próximos capítulos começarão a focar em histórias mais densas e que irão acompanhar grande parte do desenvolvimento dos personagens individualmente. Aí vai dar para conhecer um pouco melhor cada um deles!

      Obrigado por mais um comentário, Star! Até!

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  2. Hello, Hello Angie!!!

    Como vais, amigo?

    Finalmente, após ter lido o seu capítulo, faz quê? Desde o seu lançamento? Só tive oportunidade para comenta-lo agora e espero que não se importe pela demora ~rs ( Até rimou).

    Enfim, após um capítulo cheio de emoção, todo aquele discurso que me faz relembrar os jogos, agora temos um capítulo realmente focado verdadeiramente nos irmãos protagonistas, o amigo Hop e os seus iniciais. Fico extremamente contente que seja um trio de protagonistas, até porque, diferente da maioria eu acho o Hop um personagem bem carismático e que pode ser muito desenvolvido com a história base que nos deram nos jogos, quando aos irmãos, espero ver um bom trabalho seu ( coisa que já sei que irá acontecer ).

    Ver que o Leon apesar de extremamente famoso ainda não ter esquecido a sua família e possuir esse vinculo com eles, principalmente com o seu irmão é muito legal e interessante. Afinal, muitos famosos acabam por se separar um pouco da sua família a fim de ''evitar'' problemas com a media ou coisa do género. Felizmente Leon não é um deles.

    EU PENSEI QUE O VICTOR IA PEGAR UM GROOKEY!

    Mas um Sooble não é nada mau, mau é perder possuindo vantagem, né menino Victor?

    Apesar de curta, a batalha serviu muito bem para demonstrar ainda mais a personalidade dos dois irmãos e a suas ''diferenças'' no modo de batalha ~rs

    O que acontecerá no próximo, em? Estou ansioso e agora, AVENTURA
    REALMENTE COMEÇOU.

    Até a próxima!

    Welfie

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    1. Oi amigo!

      Senti falta do seu comentário lá no capítulo 1, mas está perdoado agora! Depois de observamos a abertura de mais uma edição anual da Champion Cup, por Rose, os reis de Galar e o próprio Leon, partimos para conhecer os verdadeiros protagonistas da nossa história.

      De facto, Leon mantém uma relação com a sua família. Ele é mesmo assim. Apesar de não estar sempre presente como gostaria, continua a amar e a visitar os seus familiares sempre que possível, como desta vez. É ele quem oferece os Iniciais a Victor, Gloria e Hop.

      A escolha de cada inicial para cada um dos protagonista fez-se de uma forma bastante automática, diria. Sinto que cada peça caiu onde era o seu exato local. E isso tornou o processo muito mais fácil e interessante.

      Opá, a batalha entre Victor e Gloria foi bastante aleatória. Eu pensei em não fazê-la, mas depois pensei que poderia dar um significado mais interessante ao acontecimento. No fundo, vemos uma diferença entre a razão e a emoção, ou a teoria e a prática, que parece distinguir muito bem os dois gémeos Walter. Apesar de ter melhores notas, Victor não consegue vencer a sua irmã num combate, quando, dos três, ela é a pior com resultados teóricos. E o que é que isso quer dizer? Ninguém sabe realmente. Talvez seja sorte. Talvez nada dessas distinções importe. Quem sabe? Nem mesmo eu!

      O próximo capítulo vai dar continuidade a este núcleo de personagens e conta com mais uma cena bastante icónica dos jogos. O que será?

      Espero que se mantenha aí para ver! Até lá!

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  3. Diga, Angie!

    Antes de mais nada eu queria te parabenizar pela conclusão da primeira temporada da história. Não tivemos a chance de conversar no momento em que você alcançou esse marco, mas é realmente um grande feito! Parabéns por ter chegado tão longe! Ver a forma como você tem se dedicado à história só nos deixa com a certeza de que Galar está em boas mãos. Agora tanto eu quanto você temos uma segunda temporada pra botar na ativa, então vamos continuar nos incentivando pra poder concluir mais essa etapa! :D

    Agora voltando o foco à história, claro. Galar tem ótimos iniciais, apesar de eu até ter preferências aqui eu tenho pra mim que é um trio muito bem equilibrado e interessante. Por isso até fiquei curioso pra ver qual critério você utilizaria para distribuí-los entre os protagonistas, e vejo que você resolveu associá-los com base nas personalidades. Victor e Sobble são a cara um do outro, o Grookey e o Hop idem. E não seria diferente com Gloria e Scorbunny. Acho que foi a melhor distribuição que você poderia ter feito mesmo, combinaram bastante! E como já temos o primeiro membro de cada time, eu fico ansioso pensando em como cada um dos três vai montar sua equipe ao longo da jornada.

    Outro ponto interessante do capítulo foi como você conseguiu trazer com naturalidade diferentes relações familiares. Esse início tem sido bem focado nas relações entre irmãos, no capítulo anterior tivemos mais foco no Victor e na Gloria, e agora além deles terem atraído a atenção no final com a batalha, tivemos momentos entre Leon e Hop, além é claro dos dois com os seus pais. Você conseguiu transmitir muito bem o clima familiar. As interações entre eles passaram com bastante clareza o que cada personagem estava sentindo. Isso requer habilidade, e eu me impressiono toda vez que vejo alguém fazer algo do tipo.

    Victor foi o primeiro colocado dos novos treinadores capacitados, mas no fim das contas a Gloria, que foi a "pior" do trio, o venceu na batalha. É a prova de que o conhecimento e a experiência são complementares, mas não são a mesma coisa. Teoria e prática caminham lado a lado na evolução de um treinador, e negligenciar uma das duas pra dar total atenção à outra pode trazer grandes problemas no futuro. Essa derrota serviu para que Victor tenha esse aviso logo cedo, então podemos dizer que ele foi sortudo.

    Ótimo capítulo, amigo! Em breve estarei de volta pra ver os próximos.

    Até! õ/

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    1. Olá companheiro! Desde já, agradeço pelas palavras tão queridas. Confesso que passei os últimos meses um pouco afastado, mas é bom regressar e encontrar comentários sobre o meu trabalho, por isso agradeço do fundo do coração. Agora corre que há uma temporada inteira por ler!

      Quanto ao Capítulo 2, é bastante curioso voltar a esta altura da história e perceber todo o caminho que os personagens ainda terão por percorrer. No entanto, agradeço as palavras relativamente à escolha dos Pokémon Iniciais. A minha escolha pessoal foi o próprio Sobble, no entanto, planeio, no futuro, fazer uma gameplay com cada um deles. A verdade é que todos são fofos à sua maneira, isso ninguém pode negar!

      A relação familiar sempre foi bastante importante para o meu desenvolvimento pessoal. Portanto, acho que tal facto se reflete nesta história. Da mesma maneira, acho que é bastante comum existir essa lacuna no mundo Pokémon e, para ser bastante honesto, ao longo da temporada as famílias permanecem mais ausentes. No entanto, quis aproveitar este início de jornada e a saída de casa de cada um destes jovens para sublinhar um pouco mais esse lado paternal. Para além disso, as relações entre os vários irmãos são, provavelmente, a drama principal da primeira temporada de Aventuras em Galar. Até ao último capítulo, há reviravoltas em cada uma destas relações. Por isso, fico feliz que tenha gostado!

      É verdade. Essa dualidade entre prática e teoria sempre esteve bastante presente na minha realidade académica. Como tal, decidi aproveitar um pouco dessa dinâmica para a própria história, que serve também como forma de distinguir a personalidade e a atuação dos dois irmãos, neste caso Victor e Gloria. A jovem levou a melhor, mas acredita que o rapaz não irá baixar os braços tão cedo.

      Quero muito continuar a ver esses comentários por aqui, portanto, boa leitura!

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  4. Yo

    A velha questão de teoria vs realidade. Creio que os pokemon escolhidos foram perfeitos cada um considerando a personalidade que você deu a eles. Acho que senti um foreshadowing ali com o Hop e o Grokey. Será que veremos um drama futuro trabalhando a relação dos dois?

    E é isso, até o próximo capítulo!

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    1. Oi Alefu! Que bom que é entrar no blog e encontrar os seus comentários! Agradeço muito!

      É verdade, a escolha dos Pokémon Iniciais é sempre um exercício interessante de se fazer. Para mim, a decisão foi bastante automática, tendo em conta a personalidade e a história prevista de cada protagonista individualmente. E a partir daí é decidir e montar a equipa das personagens.

      Curioso apontar essa questão da relação entre Hop e Grookey. Será que tem razão? É esperar para ver...

      Até ao Capítulo 3!

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  5. A escolha do primeiro Pokémon é sempre um momento muito especial. Gostei muito de quem ficou com quem. É mesmo a cara de cada personagem (pelo menos de acordo com a impressão inicial que eu tenho de cada um)

    Mal posso esperar para conhecer melhor estas crianças, elas parecem muito fofas kkkkk

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    1. Sim, a escolha dos Pokémon Iniciais para cada personagem foi muito influenciada pela personalidade de cada um, isso ficou bem explicito! Fico contente por teres gostado. Aproveito para perguntar: qual é o teu Pokémon Inicial de Galar favorito?

      Chamaste Victor, Gloria e Hop de crianças? Eles são adolescentes, no auge do seu crescimento e emoções. Os melhores protagonistas para uma coming-of-age story!

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