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- Wild | Capítulo 10
Posted by : Angie
Dec 29, 2019
Capítulo 10 - O destino quis que assim fosse
O sol
brilhava no céu limpo da Wild Area. Vários Pokémon aproveitavam o bom clima
para se divertirem no exterior, como era o caso de Susan, George, Tommy, Rory,
Peter, Nate e Carol, que se divertiam, de forma descontraída, no jardim da casa
da família.
No entanto,
o exterior da habitação estava decorado de uma maneira particular. Várias
decorações e efeitos de festa estavam pendurados pelo local, presos nos ramos
da árvore. Uma mesa de madeira, colocada ao comprido, continha várias taças de
diferentes espécies de Berries que podiam ser encontradas naquela área
da região. E, por último, uma espécie de púlpito, construído em pedra, estava
colocado em frente à grande mesa.
Aquele
banquete dava início a um dia muito importante e marcante para a família
Pokémon. Só faltava uma coisa, e, por sinal, a mais importante. Wild era a
razão daquela festa estar a ocorrer e o motivo pelo qual todas aquelas
criaturas de espécies variadas estavam ali presentes. Aquele não era só o seu
décimo aniversário como também a sua festa de despedida.
Alguns
momentos se passaram até a figura do rapaz atravessar, finalmente, a porta da
casa. Os Pokémon, que conversavam animadamente, fizeram silêncio enquanto Wild,
sem olhar para eles, caminhou até ao púlpito, onde abriu o envelope que
segurava nas suas mãos, retirando um conjunto de folhas manuscritas. O rapaz
encarou os papéis à sua frente, escritos por ele, e então começou.
- Obrigado a
todos por estarem aqui, neste dia tão especial. – começou, fazendo uma curta
pausa para, finalmente, observar atentamente todos os Pokémon presentes no
jardim à sua frente. – Hoje completo dez anos de vida! – gargalhou. – Tudo
graças a três Pokémon incríveis que me decidiram acolher no meio de uma
tempestade. Susan, George e Tommy, obrigado, do fundo do meu coração. – dizia,
tentando manter-se calmo. – Eu não sei o que vos passou pela cabeça naquele
dia, mas, a verdade é que agora estamos aqui reunidos graças a vocês. Desde
cedo associei a imagem de Susan a uma figura maternal, graças ao seu instinto
de proteção, e a de George ao lado paternal, devido a toda a segurança que me
transmitia. Já Tommy, sempre me pareceu como um irmão mais velho, alguém que eu
olhava e admirava com atenção. Foram eles os três que me forneceram um abrigo,
uma casa e, a cima de tudo, uma família. O meu pai sempre disse que não eramos
uma família muito convencional, mas eu nunca conheci outra realidade para além
desta. E, mesmo que eu saiba que aquela linda borboleta não me deu à luz, eu
sempre a vou considerar como uma mãe. E, se alguma vez conhecer realmente a
minha mãe biológica, eu vou lhe dizer que tu fizeste lindamente o papel dela. –
Wild sorriu e Susan limpava discretamente as lágrimas que lhe caíam pelo rosto.
– É claro que esta família não poderia estar completa sem a Rory, a minha irmã
mais nova, nascida de um ovo. Contigo aprendi que, não importa o tamanho, a
força ou a idade para enfrentarmos qualquer obstáculo ou desafio. Tudo o que
nós precisamos é ter força de vontade! – exclamou, recebendo uma gargalhada de
Wynaut, no meio do público. – A verdade é que os meus dez anos de vida também
contaram com a presença de vários amigos meus. O Peter foi, desde o primeiro
dia, o meu grande defensor e companheiro. Já perdi a conta de todas as
gargalhadas e artimanhas que fizemos juntos. Eu quero que todos saibam que
aquele pequenote ali ao fundo será sempre o meu melhor amigo! – exclamou o
rapaz, apontando para Bunnelby que saltitava de felicidade no meio dos outros
Pokémon. – Outra figura fundamental para o meu crescimento e evolução pessoal
foi o Nate, que começou como um adversário, quando me atacou e me deixou
marcado para o resto da vida. – disse, levantando a camisola e revelando a
cicatriz na sua barriga, ao mesmo tempo que todos os presentes se deixavam rir.
– Apesar desse pequeno acidente, Nate foi, sem dúvida, quem mais me
surpreendeu. Ouvir e conseguir perceber a sua história e ponto de vista foi um
desafio, mas, agora, tenho a certeza que és um de nós, amigo! – Galvantula
esboçou um sorriso envergonhado, como se estivesse a agradecer ao próprio
rapaz. – Por último, temos a Carol. – murmurou, sentindo as suas bochechas
aquecerem. – Vou ser honesto. Contigo senti algo que nem sequer sabia que
existia. Foi estranho, ao início, mas depois passou. Sei que, no fundo, és uma
grande amiga. E tenho a certeza que iremos ter mais oportunidades para nadar juntos
no teu lindo lago. – o rapaz e a Pokémon sorriram, encarando-se por alguns
segundos até Wild voltar a olhar para o papel que permanecia no púlpito. –
Vocês são, sem dúvida alguma, a minha família e é aqui, com vocês, que eu me
sinto seguro.
Uma onda de
saudações, exclamações e até algum choro invadiu o local. Susan e George
abraçavam-se, orgulhosos por terem criado um jovem rapaz tão admirável como
Wild. Tommy tentava permanecer sério, mas, no fundo, o Pokémon adorava o seu
irmãozinho. Assim como Wynaut, que, juntamente com Bunnelby, saltitava e
sorria, feliz por ver o menino crescer. Nate limpava algumas lágrimas,
agradecendo por todo o carinho e aceitação da parte da família, depois de tudo
o que ele fizera. Já Carol permanecia calma e serena, sem nunca retirar os
olhos da figura de Wild, que continuava no topo do púlpito. O rapaz parecia ter
algo mais a dizer.
- No
entanto, sei que tenho de continuar a crescer. Crescer à minha maneira. E não o
posso fazer aqui, com vocês à minha volta e sempre prontos para me proteger.
Quero ser independente, conhecer sítios novos, ver Pokémon diferentes e fazer
novos amigos! – exclamou, agora não olhando para o papel, mas sim para todas as
criaturas à sua frente. – É por isso que eu, depois de tanto refletir, decidi
que vou sair numa jornada Pokémon pela região de Galar.
Fez-se
silêncio absoluto. Todos os Pokémon se entreolharam, incluindo Susan e George,
que logo se voltaram para a figura do rapaz.
- O quê?! –
Butterfree parecia surpreendida.
- Mãe… tu
sabes que este dia iria chegar. Eu nunca escondi a minha vontade de sair numa
jornada.
- Mas tu
ainda és tão pequeno…
- Eu sei que
o consigo fazer. E eu posso voltar de vez em quando para vos visitar.
- Se é isso
que tu queres, então acho que o deves fazer. – murmurou Bewear, esboçando um
pequeno sorriso. – Tenho a certeza que analisaste bem a situação antes de tomar
uma decisão definitiva. A tua mãe só não está pronta para se despedir de ti, deves
entender isso, com certeza.
- Claro que
sim, pai. – assentiu. – Mas sei que estarás ao lado dela para a ajudar.
- Posso-te
emprestar alguns livros meus, se quiseres. Precisas de aprender a ganhar
estratégia de combate! – exclamou Abomasnow. – Tens o meu apoio, irmãozinho.
- Obrigado!
- Mas eu vou
ter saudades tuas… - disse Wynaut.
- O teu
irmão vai voltar para te visitar a ti e a todos nós, querida. – afirmava
Milotic, que deslizou pelo chão do jardim de forma a aproximar-se do corpo da
pequena Pokémon para a confortar.
- Tenho a
certeza que ele vai ter saudades nossas! – riu Nate. – Até das nossas disputas.
- Espera lá.
– disse Susan. – Se vais sair numa jornada, precisas de um Pokémon. Não podes
andar por aí sozinho!
- Um Pokémon
inicial. – explicou Tommy. – A mãe tem razão.
- Eu sei. –
concordou Wild. – E eu sei quem vou levar comigo. – disse, sorrindo. – O Peter
vai ser o meu Pokémon inicial! Quem melhor que ele para me acompanhar nesta
aventura?
Bunnelby,
que até então permanecera em silêncio, saltitou pelo jardim, revelando um
sorriso de uma orelha a outra e deixando escapar uma gargalhada.
- Tu sabias
disto tudo? – perguntou George.
- É claro
que sim! – respondeu Peter. – E não podia estar mais feliz! – dizia, enquanto
saltitava até ao púlpito, aterrando em cima da cabeça do rapaz. – Eu e o meu
melhor amigo vamos explorar a região de Galar! – gritou.
Todos se
deixaram rir naquele momento. Apesar de surpresos e um tanto nervosos, ninguém
conseguia deixar de estar feliz por aquele acontecimento. Wild estava prestes a
sair numa jornada acompanhado do seu companheiro.
- Acho que
temos muito que celebrar então! – exclamou Susan, cedendo à decisão do seu
filho e aceitando a sua escolha. – Vamos comer!
O dia, que antes
permanecia alegre e ensolarado, transformou-se totalmente. Uma tempestade
trouxe consigo grossas gotas de chuva e um vento descontrolado, que obrigaram a
família e os amigos de Wild a abrigarem-se dentro de casa.
Carol, Tommy
e Susan preparavam mais comida na cozinha que, naquela altura, mais parecia um
restaurante. Na enorme sala de estar, George vigiava os elementos mais novos,
que brincavam alegremente.
Naquele
momento, o corpo de Butterfree entrava a esvoaçar pela divisão, indo ao
encontro de Bewear, que permanecia em silêncio a observar a tempestade lá fora,
através da grande janela de vidro.
- Querido? –
aproximou-se a borboleta, fazendo o Pokémon despertar. – Estás bem?
- Estava só
aqui a pensar… - murmurou. – Esta tempestade relembra-me o dia que encontrámos
o nosso querido menino.
Susan não
podia deixar de concordar mais com o seu amado. Tal como no dia onde encontrara
aquela mulher a abandonar uma criança inocente na Wild Area, naquele momento,
as fortes rajadas de vento abanavam as árvores e arbustos de toda aquela
localidade. Não se avistavam Pokémon na rua, provavelmente estariam todos
abrigados nos seus esconderijos. E também não haviam rastos de treinadores
Pokémon. A Wild Area parecia triste e deserta, tal como no dia em que Wild ali
chegou.
- Eu
concordei com a decisão dele, mas… eu vou sentir muito a sua falta. – soluçou
George, deixando que as lágrimas rolassem pelo seu rosto.
- Oh meu
amor, claro que vais. – Susan tentou acalmar o Pokémon. – Mas nós sabemos que o
Peter irá lá estar para ele… teremos que simplesmente confiar no destino.
- E se ele
encontrar aquela mulher, Carol? E se ele nos trocar?
- Quer
queiramos, quer não, nós não podemos controlar a vida de Wild. – afirmou a
mulher, de uma maneira séria e madura. – Ajudámo-lo a crescer. Ensinamos-lhe
tudo aquilo que conseguimos. Agora está na altura dele crescer por si mesmo. –
sorriu, com os olhos a brilhar. – Não é isso que os verdadeiros pais fazem?
- Tu és uma
ótima mãe. – confessou George. – Nós todos somos tão sortudos por te ter…
- Não digas tolices.
Somos todos uns felizardos por nos termos uns aos outros! – exclamou.
Os dois
Pokémon envolveram-se num abraço sentido e infinito. Atrás de si, as crianças
da família pareciam brincar alegremente, sem sequer se aperceberem do que se
passava. No entanto, algo do lado exterior da casa chamou à atenção de Wild.
- O que é
aquilo?!
Todos os
elementos ali presentes se aproximaram da janela para observar aquele
acontecimento que nunca antes tinha ocorrido. Um helicóptero preto descia dos
céus em direção à propriedade da família de Wild. Era uma viatura
consideravelmente grande e viajava a alta velocidade. Mesmo em andamento, a
porta da viatura abriu-se e uma Pokébola foi lançada ao ar, revelando uma
criatura de três cabeças. O seu corpo era colorido por tons escuros de azul e
roxo e nas suas costas seis asas permitiam que o Pokémon voasse pelos céus da
Wild Area. Os olhos negros de Hydreigon davam-lhe um ar ameaçador e
intimidante.
- Que Pokémon é aquele?! – Carol estava surpreendida.
- É muito
assustador! – gritou Rory visivelmente perturbada.
O olhar de
Hydreigon penetrou a casa onde todos os elementos se encontravam. Sem nenhum dó
de piedade, o Pokémon abriu a sua boca e uma esfera branca começou a ser
formada à frente do seu rosto. Hyper Beam era o nome daquela técnica
que, momentos depois, fora lançada pelo dragão, atingindo a casa da família de
Wild.
Num segundo,
tudo mudou.
Wild
acordou. Sentiu os seus pulmões sujos e tossiu descontroladamente durante
alguns segundos. O seu instinto de sobrevivência fez com que o menino abrisse
os olhos, tentando procurar respostas, mas sem sucesso. Estava escuro e não
conseguia mexer o seu corpo. Estava preso. Tento gritar, mas o som era abafado
por todos os materiais à sua volta. Sentia-se ferido, cansado e desmotivado.
Estava pronto para desistir. Mas então lembrou-se. Se ele estava ali, onde
estava o resto da sua família e dos seus amigos?
- Eu
consigo. – sussurrou baixinho.
Recorrendo à
pouca força que tinha, o rapaz levantou os seus braços, desviando o tronco que
prendia o seu corpo. Agora já conseguia ver o céu. Continuava a chover e várias
gotas começaram a cair no seu rosto. O rapaz esboçou um fraco sorriso e passou
a língua pelos lábios, sentido o sabor da chuva. Encolhendo o seu corpo por
entre os materiais que o rodeavam, o menino conseguiu, com alguma dificuldade,
colocar-se em pé.
Agora,
conseguia observar todo o cenário de destruição à sua volta. Encontrava-se em
cima dos restos da casa da sua família. Dias, semanas, meses e anos de trabalho
e dedicação encontravam-se agora completamente desfeitos e destruídos. O rapaz
sentiu várias lágrimas rolarem pelas suas bochechas, lembrando-se de todas as
memórias que vivera naquela casa. A ideia de algum dia a ver destruída parecia
impossível. No entanto, esse pesadelo aconteceu realmente. E estava ali, diante
dos seus olhos.
- Presumo
que tu sejas o Wild.
Uma voz
grave e masculina fez-se ouvir no local. Wild virou o seu corpo rapidamente,
encontrando uma figura vestida de preto dos pés à cabeça. A sua voz
irreconhecível, juntamente com o capuz que escondia o rosto daquele ser,
tornavam o cenário bastante misterioso e sinistro. Ao seu lado, o Pokémon de
três cabeças permanecia em posição de ataque, pronto para qualquer ordem.
Atrás da
figura desconhecida, a família e os amigos de Wild encontravam-se presos numa
jaula de ferro. Tal como o menino, estavam feridos, mas todos eles permaneciam
acordados a observar atentamente o desenrolar daquela cena. O helicóptero preto
também se encontrava ali estacionado, com dois seguranças armados à porta.
- Quem és
tu?! E o que é que se está a passar?! – gritou, visivelmente alterado.
- Calma,
rapaz… - disse o homem num tom irónico. – A diversão ainda mal começou! –
gargalhou.
- Deixa o
meu filho em paz! – gritou Susan, que lutava para sair da jaula, mas era eletrocutada
sempre que tocava as barras de ferro.
- Nós não te
fizemos mal nenhum! Porque é que nos estás a fazer isto?! – protestava George.
- Diz-me
Wild, o que é que os teus papás estão para ali a dizer? – provocou o homem.
- Papás? – o
menino cerrou os punhos. – Como é que tu sabes sequer que eu consigo perceber o
que eles dizem?! – estranhou ele.
- Oh Wild… -
a figura começou a caminhar de um lado para o outro, ignorando completamente a
chuva que continuava a cair com cada vez mais intensidade. – Eu sei tudo! Sei
que a tua verdadeira mãe te abandonou. Sei que cresceste com estes estranhos
Pokémon. – dizia, apontando para a jaula onde estavam presos. – E sei que, de
alguma maneira, desenvolveste essa tua capacidade de comunicar com eles. Falar
com eles. Entender a sua linguagem. Tu fazes alguma ideia do quão anormal isso
é?
- Anormal? –
repetiu o menino.
- Pois
claro! Ninguém tem essa tua capacidade. Apenas tu.
- Isso é uma
coisa má? – questionou, ingenuamente.
- É
horrível! – gargalhou o homem. – E chegou-me aos ouvidos que pensas em sair
numa jornada por Galar? O quão estranho seria quando as pessoas começassem a
descobrir essa tua anormalidade!
- Não
prestes atenção ao que ele diz, amigo! – gritava Peter.
- O que tu
tens é um dom! – exclamou Tommy, preocupado com toda aquela situação.
- Calem-se!
– gritou o homem, sendo acompanhado pelo Hydreigon ao seu lado que rugia de
fúria. – Ainda bem que não percebo o que vocês dizem! Patéticos!
- Patético
és tu!
Wild saltou
para cima do corpo do homem, fazendo com que os dois caíssem ao chão e se
envolvessem numa luta corpo a corpo. O rapaz desferiu vários murros e pontapés
pelo corpo do desconhecido, mas a estatura do adulto era maior e mais forte,
daí ele conseguir facilmente tomar o controlo daquela situação.
- Chega!
O homem
levantou-se do chão, pegando em Wild pelo pescoço. O rapaz sentiu a sua visão
desfocar e o ar parecia não chegar aos seus pulmões.
- Tu és uma
desgraça. – a raiva e o ódio na voz do homem eram nítidos para todos os
presentes no local. Claramente tinha motivos desconhecidos para se sentir
assim. - Uma completa distração. Não posso permitir que arruínes os meus planos!
O homem
soltou o corpo de Wild, fazendo com que este caísse de joelhos no chão. O menino
sentia-se tonto e fraco, sem saber o que fazer.
- Está na
altura de te despedires da tua família. – afirmou. – Se não te armares em
espertinho, eu prometo que irei tomar, devidamente, conta deles.
Wild fitou o
rosto escondido do homem por alguns segundos, refletindo sobre a proposta.
Apesar de ser apenas uma criança, ele sabia perfeitamente qual seria o fim
daquele encontro. Assentiu com a cabeça e levantou-se calmamente do chão. Virou
o seu corpo na direção da jaula onde os Pokémon estavam presos e arrastou o seu
corpo até ao local.
- Wild… -
Carol choramingava. – Não desistas, por favor.
- Eu vou dar
cabo daquele tipo! – gritava Nate.
- Vocês não
podem fazer nada. – murmurou o menino, encarando o chão.
- Não foi
isso que me ensinaste, Wild… - Rory falava com uma voz fraca, tentando
controlar o choro.
- Temos que
aceitar o destino. – o menino levantou a cabeça, encarando todos aqueles
Pokémon que tanto significavam para si. – Eu nunca iria poder agradecer ou
compensar-vos por tudo aquilo que fizeram por mim. Mas agora posso. O destino quis que assim fosse. – dizia, esboçando um
fraco sorriso.
- Eu não
acredito no que estou a ouvir! – exclamou Susan. – Tu não te vais sacrificar
por nós!
- Aquele
homem é nitidamente louco! – gritava George desesperado.
- E eu sou
uma aberração. – afirmou Wild.
- Não estás
autorizado a dizer uma coisa dessas! – contrapôs Butterfree.
- Vocês são
criaturas Pokémon. E eu sou um humano. Como é possível que eu consiga
compreender-vos?
- Nós não
sabemos! Mas não é por isso que és um anormal, Wild! – argumentou Abomasnow. –
Tu és o meu irmãozinho!
- Desculpem.
– lamentou o rapaz. – Mas eu não posso permitir que vos aconteça algo de mal
por minha causa.
Sem dizer
mais nada, Wild virou costas ao grupo de Pokémon. Uma onda de gritos,
exclamações e lamentações inundou o local. Susan não queria acreditar que o seu
filho iria sacrificar-se por ela. George lamentava-se por não conseguir
defender o rapaz. Tommy, Rory e Peter gritavam para que ele voltasse e não
desistisse. Nate choramingava, desejando poder sair daquela jaula e enfrentar
aquele homem desconhecido. E Carol lamuriava-se por não poder passar mais tempo
com o humano por quem se apaixonara.
O rapaz
caminhou até ao centro do local e levantou o seu olhar para a figura de preto
que o observava atentamente. As gotas de água continuavam a cair intensamente
no seu rosto e, por algum motivo, aquele era o melhor sentimento que Wild
sentia naquele momento. Quase que o fazia esquecer de todo o medo, confusão e
indignação que nutria. Por rápidos segundos, o rapaz relembrou todos os
momentos felizes que passara com aqueles Pokémon. Esboçou um sorriso,
lembrando-se de tamanha felicidade. Nunca mais iria sentir aquilo. Mas eles
mereciam todo aquele sacrifício.
- Estou
pronto. – afirmou com convicção.
De baixo da
sua máscara, o homem esboçou um sorriso vitorioso. Nada nem ninguém iriam
colocar-se no seu caminho. E aquele momento era prova disso. Sem dizer mais
nada, levantou o seu braço direito e Hydreigon, que permanecia ao seu lado, elevou
o seu corpo no ar.
- Outrage!
A chuva
continuava a cair na Wild Area e o som das gotas de água a caírem pela terra do
local era a única coisa que ali se ouvia.
Já não havia
nenhum sinal de Susan, George, Tommy, Rory, Peter, Nate ou Carol ali. O homem
desconhecido e o seu Hydreigon também já não estavam presentes. E o helicóptero
já não se encontrava estacionado no local.
Pelo
contrário, o cenário de destruição e luta era a única coisa que ali permanecia
e era visível para qualquer um que ali passasse. A árvore que antes servia de
base para a casa da família Pokémon encontrava-se destruída, assim como todos
os seus pertences. E entre os destroços, o corpo de Wild encontrava-se caído no
chão. Os seus olhos permaneciam abertos, encarando o céu infinito. No seu
peito, uma garra de dragão atravessava o seu corpo de um lado ao outro. O
menino já não respirava.
Wild estava
morto.
Oh meu Arceus.
ReplyDeleteQue belo especial, uma ótima experiência.
Não sei o que dizer, sei que fiz poucos comentários ao longo da sua historia mas saiba que gostei de cada um, particularmente o capítulo 8 com a aparição do Leon, mas devo dizer, que o capítulo 9 não ficou nada atrás, surgimento do Ethan foi uma total supressa para mim, mas mais supressa ainda foi este capítulo que foi como uma faca no estomago.
Wild morrer? Não esperava esse plot twist. Fiquei tão triste por ele e pela família, ver a evolução dele como personagem, a sua inocência, as relações com os outros personagens, ele finalmente escolher o que quer fazer da vida para no final… ir tudo por água a baixo. Quem será aquele homem? Um membro da família de Wild? Hmmmmm…. Espero obter respostas na história principal.
E oque irá acontecer a família de Wild? Agora sem casa, sem um membro querido da família, acredito que alguns poderão despertar um ódio por humanos, por terem destruído tudo que lhes restava…. Espero encontra-los em breve. Muito obrigado por esta história, Angie e fico muito orgulhoso por ter conseguido termina-la com chave de ouro.
Que 2020 seja melhor ainda!
Oi companheiro!
DeletePenso que foi o primeiro leitor a terminar de ler "Wild", por isso tenho que lhe dar os meus parabéns por aguentar até aqui e o meu grande obrigado por ler e comentar nos capítulos! Isso significa muito para mim, mesmo!
Os capítulos 8 e 9 foram muito especiais para mim, pois permitiu que outros personagens fora da família de Wild pudesse participar, dando início a uma série de acontecimentos que mais tarde se iriam ter o seu fim no capítulo 10.
Como apontou muito bem, Wild, de fato, morreu. Ele podia ser uma criança completamente feliz mas, por algum motivo, esse homem teve de estragar tudo e vir matá-lo.E agora, claro, todas as suas questões fazem imenso sentido.
Quem matou Wild? Onde estão os seus Pokémon? O meu conselho é, se quer realmente descobrir a verdade dessas questões, deve esperar e ler AVenturas em Galar! As respostas poderão ser descobertas lá!
Até então!
Caralho por esse final eu não esperava, que incrível! Foi uma otima experiência! Adorei o clima de mistério e mal posso esperar por respostas. Até mais!
ReplyDeleteQue bom ver você por aqui, Shiny!
DeleteObrigado por ler a história de Wild e da sua família nada tradicional! E ainda bem que não esperava por esse final, o meu trabalho é tentar surpreender todos vocês.
Se quer respostas, aconselho a acompanhar a história principal de Aventuras em Galar. Mais cedo ou mais tarde vamos começar a perceber o que aconteceu. Está tudo ligado!
Obrigado por comentar e vemos-nos por aí!
Ele morreu.
ReplyDeleteEu sabia disso e esqueci. Te falei, sempre esqueço os finais.
É realmente um mistério o que vai acontecer. Não saber quem foi esse cara que matou todos e destruiu tudo... Mas acabou a história de Wild. Mal posso esperar para ler e descobrir. Até a próxima!
White!
DeleteÉ verdade, sim. O desfecho negro e macabro de Wild aconteceu. O mistério que rodeia a sua morte será resolvido, com tempo, na história principal de Aventuras em Galar, portanto espero vê-la por lá também!
Até!
Chegamos ao fim dessa jornada que... Nem começou! kkkkkkkk Como assim?
ReplyDeleteDiga Angie! Tudo bem?
Olha, eu vou ser sincero com você. O Dento estragou a surpresa quando me obrigou a ler a timeline, mas ainda assim você fez esse capítulo acontecer com tanta maestria que nem parecia que eu tinha tomado um spoiler. Eu ainda consegui ficar chocado com a forma como as coisas ocorreram, e o fim trágico de Wild levanta várias questões que agora ficam sem resposta. Será que teremos noção do que realmente aconteceu quando estivermos acompanhando Aventuras em Galar?
Achei incrível como você conduziu a história de forma tão amigável e de repente uma brusca mudança de atmosfera joga tudo pros ares. Fator surpresa pelo visto é uma de suas grandes armas kkkkkkk
Nos despedimos de Wild. É até estranho depois de acompanhar todo esse desenvolvimento do personagem saber que ele não estará mais por aí. Mas como o próprio título diz, o destino quis que assim fosse.
Até a próxima! õ/
Hey Shadz!
DeleteFinalmente chegou até aqui! E como disse é, de facto, uma sensação estranha a forma tão abrupta como a história de Wild muda e termina. Mas, por alguma razão ainda desconhecida, as coisas tiveram de ocorrer assim. Não o veremos na história principal de Aventuras em Galar, mas teremos certamente a resolução do mistério por trás da identidade do seu assassino.
Ficarei à sua espera pelos capítulos, companheiro! Desde já, agradeço por acompanhar esta jornada tão querida para mim.